Já falei disto num artigo anterior, mas volto aqui a repeti-lo, Elias é um caso de sucesso na WWE. Podem dizer que ele beneficiou de não ter pressão, visto que ninguém tinha expectativas quando este apareceu pela primeira vez no roster, a vaguear pelo backstage do Monday Nigh Raw e até podem dizer que este não fez nada de especial até agora para ser considerado um sucesso. Mas para mim, passar de um “desconhecido” do NXT para um dos wrestlers mais over no plantel do Raw e com um combate agendado pelo título intercontinental, este mês, no MITB, é considerado um caso de sucesso e Elias definitivamente merece-o.

Ficar over na WWE por mérito próprio, é algo extremamente complicado de se fazer nos tempos que correm, que o diga Rusev, que coitado, não pode dizer que tem o mesmo sucesso. Aquele que Vince não quer ver brilhar ou que não quer ver brilhar tanto, são lhe cortadas imediatamente as pernas. No entanto, felizmente para Elias, isso não foi o que se sucedeu, ao invés de lhe cortarem as pernas, ajudaram-no a andar. Elias dispôs de todo o tempo do mundo para demonstrar aquilo que vale e soube aproveitá-lo ao máximo, conseguindo ficar over por ele próprio, algo raríssimo de acontecer na WWE neste momento. Quando eu digo raríssimo eu não me esqueço de casos recentes como o de Braun Strowmanm, por exemplo, que tal como Elias conseguiu ficar over por si mesmo. A principal diferença entre estes dois casos, é o facto de Strowman ser um “Big Guy” que desde logo obteve o apoio de Vince, enquanto que Elias só o foi ganhando ao longo do tempo. Com isto não estou a dizer que Strowman não merece o apoio que tem de Vince, muito pelo contrário, apenas acho que é mais notável aquilo que Elias conseguiu fazer, dentro dos seus limites.

More Than Words #27 – Sucesso no Midcard

Quando eu digo “dentro dos seus limites”, não estou a dizer que Elias é um wrestler limitado em termos de talento, nada disso, estou apenas a dizer que ele está limitado a uma certa categoria, a uma certa posição dentro da WWE, pelo menos neste momento, que é a posição de Midcarder. Elias, pelo menos com esta gimmick, está condenado a ter um lugar cativo no midcard, o que apesar da conotação negativa da expressão utilizada, não é uma coisa má. Aliás, ser midcarder é uma posição bastante inevejável dentro da WWE. Não se tem a pressão do main-event, mas também não se tem a indiferença do Lower Card, é um meio termo na “pirâmide hierárquica” da WWE e quem faz parte dele pode-se considerar sortudo, especialmente sendo-se um “Upper Midcarder” como Elias está a ser vendido neste momento.

Muitas pessoas vêm o mid-card como uma divisão de superstars que não têm talento suficiente para estar no main-event, mas a mim não me parece que isso seja a forma mais correta de o analisar. Do meu ponto de vista, o mid-card é sim, uma plataforma de preparação para o main-event e aqueles que nunca saem de lá, como Cesaro ou Kofi Kingston, não saem pois são extremamente bons e confiáveis no papel que desempenham. O midcard tem cada vez mais importância na WWE, e isso pode-se verificar pelo campeão intercontinental ser Seth Rollins, alguém que já tem mais que provas dadas no main-event e que num futuro próximo lá voltará. Por estes motivos, aqueles que passam toda ou quase toda a sua carreira no mid-card, não deviam ser apelidados de underrated. Nem toda a gente consegue estar no main-event e secalhar o melhor para as suas carreiras é mesmo isso, não estar no main-event.

Uma passagem rápida pelo main-event, como o fez Kofi Kingston há já uns anos atrás, não faz mal a ninguém, é apenas uma forma de testar se o wrestler tem os requesitos para ser main-eventer, o problema é estar lá tempo suficiente para ser considerado um main-eventer. Nem todos são capazes disso na WWE e não há vergonha nenhuma em não o ser. Secalhar muitos dos wrestlers que passam carreiras no mid-card, são mais talentosos e mais confiáveis do que alguns que são considerados main-eventers. E possivelmente apenas não ascendem na hierarquia da WWE, pois não são top sellers de merchandise ou não têm aquele look de superstar que Vince quer. Por isso, o termo midcarder não devia ser dito como um termo pejurativo, mas sim como uma forma de dizer que o wrestler conseguiu cimentar o seu lugar na maior companhia de wrestling do mundo, algo que nem todos podem-se gabar de o fazer.

More Than Words #27 – Sucesso no Midcard

Voltando agora a Elias, eu considero-o uma história de sucesso, pois apesar de ainda não ter cimentado o seu lugar na hierarquia da WWE, como Kofi ou Cesaro, este conseguiu passar de um “zé ninguém” para alguém que o público adora, mesmo sendo um Heel. O sorriso discreto na cara de Elias, quando este vê o público a responder às suas catchphrases e a interagir com ele, é um sorriso de algúem que sabe que mesmo que não ascenda ao main-event, já tem quase uma carreira feita, apesar desta ainda só ter 1 ano. É o sorriso de alguém que sabe que pelo menos no midcard, tem uma posição segura na hierarquia da WWE, sendo que há uns dois anos atrás, a sua posição na WWE era tudo menos segura.

E mesmo que Elias não ascenda ao main-event, nem consiga atingir o seu potencial máximo, aquilo que ele conseguiu e está a conseguir fazer até agora no midcard da WWE, é incrível. E se daqui a um ano ele continuar nesta posição, Elias já se poderá dar ao luxo de dizer que conseguiu ser bem sucedido dentro da WWE, Pois com uma gimmick musical, algo que na WWE costuma fracassar logo à primeira tentativa e sem ter tido nada de parecido com uma carreira de sucesso no NXT, ter o ímpeto e o apoio do público que tem, é sem dúvida uma grande vitória, que pode culminar dia 17 com a conquista do título mais prestigiado do Raw neste momento. E se isto de facto acontecer, Elias irá sem dúvida alguma cimentar o seu lugar no mid-card da WWE e provar não é preciso estar no main-event para ser alguém dentro da WWE.

More Than Words #27 – Sucesso no Midcard

E tu?

  • O que achas da posição de Elias neste momento?
  • Achas que é possível ter uma carreira de sucesso apenas no midcard?
  • Onde é que vês Elias daqui a um ano? Main Event? Mid-card? Lower Card?

Obrigado a todos os que leram este artigo, este foi um bocado mais pequeno que o normal, peço desculpa não ter conseguido publicar o meu artigo a semana passada, mas devido a compromissos escolares não tive tempo de escrever nada. Espero que entendam e vemo-nos no próximo fim de semana com mais um More Than Words.

4 Comentários

  1. Anónimo6 anos

    Apesar de não ser esta a resposta às perguntas, não posso deixar de dizer que, apesar de perceber o ponto de vista, não é tão linear assim a separação entre “cards”. De facto, não se querer ser main-event ou não ter estaleca para se chegar lá, tem de ser visto como um fracasso. Porquê? Porque isso implica mais prestígio, mais fama, mais tempo de antena, mais aparecimento em shows não-televisivos e mais dinheiro.
    Claro que há pessoas como o Dolph Ziggler ou o The Miz que podem não se importar tanto com isso porque acabam por ter carreiras bastante relevantes (que o diga o The Miz que é o melhor IC que já vi -acompanho isto desde o RR que antecedeu a WM21-). Mas temos outros que não é bem assim. À cabeça, CM Punk, claro. Era um homem que queria estar sempre no main event e apesar de ter aceite ficar um ano sem a rota do título e sem alguns dos main events dos shows semanais e dos ppv, custou-lhe ver um prestigiado Batista chegar, ver e vencer e ele ficar “reduzido” a um match com o HHH na WM (apesar de ser um dos main events em termos de nome em qualquer card esse match). Temos ainda outros como Styles (que quis vir logo para o main roster ao invés de passar pelo NXT -e a carreira fala por si claro, mas o Bobby Rhode e o Nakamura também por lá passaram-), Lesnar, Cena, etc.
    Em resumo, o que estou a tentar escrever é que tens meia razão. De facto a conotação negativa é um erro mas não ambicionar ou não conseguir ser mais é um fracasso.

    Quanto às perguntas: Elias é claramente um sólido mid-card. É melhor nas mic skills do que in-ring (não desfazendo) e nos tempos que correm, em que várias pessoas gostam mais do entretenimento do que a luta livre propriamente dita, técnica e assim (basta pensar no nº de reposts que o saldo do Ricochet teve nos últimos dias e no nº de reposts que teve um match estilo Zayn vs Neville pelo NXT title).
    Acredito que vai ter uma carreira interessante. Talvez no ‘B’ show, possa ter uma passagem com alguma credibilidade campeão, mas não o vejo a ser a “cara da companhia”, como vejo o Braun, por exemplo. No entanto, eu diria que já ao tempo que o Finn Balor devia de estar no main event e ter o título mas a verdade é que até agora nada.

    • Obrigado por teres comentado. Eu percebo a tua perspetiva, para alguns wreslers não chegar ao main- event é um fracasso, mas acho que ainda assim, é possível ter sucesso no midcard, eu acho que isso tem a ver com a perspetiva de sucesso que cada um tem. Para mim o sucesso pode ser atingido sem chegar ao topo, no wrestling ganhar títulos e ter uma posição segura no midcard da WWE, que é a companhia número 1 de wrestling. O que eu quis dizer no fundo com este artigo, foi que não interessa o patamar em que se está, o sucesso de um wrest ler é determinado maioritariamente pelos feitos e conquistas que este vai fazendo ao longo da sua carreira, independentemente do patamar onde se está.

      • Anónimo6 anos

        Isso concordo em absoluto. Aliás, acho que chegar aos main shows da WWE já motivo de orgulho, quanto mais fazer uma carreira de sucesso por lá mesmo que seja no lower card. 🙂

  2. Anónimo6 anos

    O que achas da posição de Elias neste momento?

    Acho que esta na posiçao que merece tendo em conta que tem gente a frente na fila do main-event mas merece totalmente la chegar em uns meses.

    Achas que é possível ter uma carreira de sucesso apenas no midcard?

    Não. Pondo os topicos como referes sim claro que é gratificante e digno de registo estar nessa posiçao na maior empresa do mundo mas nao deixa de ser o heel que apanha dos main eventers e essa imagem vai passar na tv quando der o raw. para um fa entendido do assunto isso nao é um problema mas para um fa geral vai sempre ter essa associação.

    Onde é que vês Elias daqui a um ano? Main Event? Mid-card? Lower Card?

    vejo exatamente na mesma posiçao que agora.