More Than Words #44 – Desilusão Atrás De Desilusão

Esta sexta-feira às 15/16h de Portugal, sentei-me à frente do ecrã do meu computador e como não tinha mais nada de interessante para fazer, pus-me a ver o tão polémico PPV da WWE na Arábia Saudita, Crown Jewel, tentando abstrair-me de toda a confusão política por detrás do evento, para desfrutar apenas de um bom show de wrestling (pensava eu).

Começo por assistir ao Kickoff, Shinsuke Nakamura vs Rusev, mas rapidamente me distraio ao ponto de ficar com um olho no combate e com o outro no telemóvel. Isto claro, não pela qualidade dos intervenientes do combate, mas sim por ser um combate de Kickoff, que ainda por cima foi marcado à última da hora e cuja frequência com que um título muda de mãos se conta pelos dedos. Para surpresa de ninguém, Nakamura saiu vitorioso, dando uma cabeçada nas Crown Jewels de Rusev para manter assim, por desqualificação, o título que raramente defende.

O combate foi tão importante, que nem há fotos no site oficial da WWE.

O evento em si começou com a World Cup, que tem como tradução, Campeonato Do Mundo e que na WWE, esse mundo é constituído apenas pelos Estados Unidos Da América, pelo menos a julgar pelos participantes do torneio. Ora bem, esse torneio começou com os quatro combates do quartos de final e foram eles: Randy Orton vs Rey Mysterio, The Miz vs Jeff Hardy, Seth Rollins vs Bobby Lashley e Dolph Ziggler vs Kurt Angle. Do primeiro quero destacar a excelente mobilidade de Mysterio que aos 43 anos mexe-se melhor que muitos que ainda não estão na casa dos trintas. Do segundo não há nada que eu possa destacar, já tinha visto este combate no SmackDown e este não foi melhor, nem pior, foi apenas mais um. O terceiro foi na minha opinião o melhor combate desta ronda e se tivesse mais tempo poderia inclusive ser um dos melhores de todo o torneio, gostei da química entre Rollins e Lashley. E o quarto foi o combate mais fresco destes 4 e era aquele pelo qual nutria mais interesse, que maioritariamente derivava do facto de ser o primeiro singles match de Angle na WWE. O combate não desapontou, devido novamente ao tempo que lhe foi dado não foi nada por aí por além, mas foi um bom combate e entreteu.

Seguiram assim para as semifinais Mysterio, Miz, Rollins e Ziggler.

Alguém veja o B.I deste homem. E não, não sou o Trump, é apenas para verificar se ele não está a mentir na idade.

O que vale é que lhe doem as costas…

Este é a força do dinheiro. Não estou a falar do evento, é mesmo desta demonstração de força de Lashley.

Uma imagem que reflete bem a carreira de Ziggler na WWE.

Depois dos quartos de final deste torneio, seguiu-se o primeiro dos três combates do evento com títulos em jogo, New Day vs The Bar, com Big Show a acompanhar os últimos. Sinceramente já estou um bocado farto da feud entre estas duas tag-teams e este combate não fez muito para me entusiasmar. Foi um combate de tag-team ao estilo WWE e não foi nada que não tenhamos já visto estas duas equipas fazerem. E tal como escrevi no meu artigo sobre o Super-Showdown, este não foi o melhor combate entre elas e sei perfeitamente que a qualidade destas vai muito além do que apresentaram tanto neste combate, como no do super-showdown. Mas pronto, agora os The Bar ganharam no Big Show um aliado e este foi decisivo na vitória destes, que deixaram assim a Arábia Saudita com os títulos ainda na sua posse.

Após este combate pelos títulos de tag-team do SmackDown, a World Cup prosseguiu e tiveram lugar as semifinais do torneio, nomeadamente, Rey Mysterio vs The Miz e Dolph Ziggler vs Seth Rollins. Ora nestes dois combates tudo menos aquilo que eu previa, aconteceu. The Miz derrotou Mysterio de forma limpa, ainda que de forma não muito convicente e Ziggler derrotou Seth Rollins, com o auxílio do seu amigo escocês McIntyre. Sobre os combates não há grande coisa a dizer, Mysterio vs The Miz também já o tínhamos visto, mas não deixou de ser bom e Rollins vs Ziggler então, já o tínhamos visto uma data de vezes e isso não fez com que estes dois deixassem de nos proporcionar um grande combate. Terminada assim as semifinais, fico estupefacto com uma final Miz vs Ziggler que tanto eu, como certamente, quase todas as pessoas que estavam a assistir, não estávamos minimamente à espera.

E eu a pensar que um árbitro devia ser imparcial, reparem só na sua cara de fanboy.

É impressão minha ou o Rollins está a escolher o sítio onde quer levar porrada?

Conhecendo já a final deste torneio (pensávamos todos nós), seguiu-se a vez de AJ Styles e Samoa Joe medirem forças e mostrarem como é que se faz. E nos 11 minutos que tiveram para brilhar, a verdade é que não o conseguiram fazer. Não me levem a mal, eu não desgostei do combate e não achei de todo mau, eu acho que o problema prende-se com o facto destes dois terem elevado a fasquia a um ponto, em que qualquer combate mediano que eles tenham, seja imediatamente classificado como mau, quando não é verdade. O final foi mau, sem dúvida, acho que o combate não deveria ter acabado daquela maneira, mas acho que maior motivo para a desilusão que muitos fãs tiveram depois deste combate, se deve maioritariamente a essa fasquia alta que estes nos foram habituando e não propriamente ao combate em si, que não foi nada do outro mundo, mas que comparado a todo o evento foi mais que razoável. Enfim, Styles continua assim o seu longo reinado e Joe continua a não conseguir ganhar um título na WWE.

Joe devia estar neste momento à procura de uma solução para conseguir ganhar o título ou de uma maneira de entrar discretamente na residência dos Styles.

Terminou assim o combate de AJ Styles e Samoa Joe e terminou assim a parte do PPV em que a WWE teve piedade dos fãs. Logo a seguir a este combate, seguiu-se o aguardado Braun Strowman vs Brock Lesnar, onde o vencedor iria ganhar o título que foi infelizmente deixado vago, por Roman Reigns. Antes deste combate eu estava quase certo de que a WWE não poderia fazer outra coisa, se não dar o título a Strowman. Era uma escolha óbvia, pensava eu, Strowman ganhava e a seguir iria entrar numa feud com McIntyre. No entanto não foi nada disso que aconteceu e a WWE decidiu espetar não uma faca, mas sim uma espada nas costas de todos os fãs. Tudo começa com Baron Corbim, que estava a assistir ao combate, a atacar Strowman com o título, sabe-se lá porquê. E a partir daí, Lesnar controlou todo o combate com o seu arsenal de dois moves, fez Braun Strowman parecer um rookie do Performance Center e conquistou pela segunda vez um título que tem o mesmo valor de qualquer réplica que esteja à venda nuns loja. inacreditável como é que a WWE, no espaço de 3 minutos consegue destruir a credibilidade de um lutador e de um título, que mais uma vez irá andar não sei quantos meses sem ser visto. Até ao Survivor Series Brock.

Uma imagem de Brock Lesnar, com o brinquedo que conseguiu de volta e que vai levar para outro sítio para brincar com outras pessoas.

Como se não bastasse toda esta revolta face ao facto de Lesnar ter ganho outra vez o título, eis que a WWE nos consegue surpreender com uma decisão ainda mais absurda do que a anterior. Cega finalmente a final da World Cup, Miz e Ziggler começam o seu combate, tudo começa por correr dentro da normalidade, até que chega um momento em que Miz cai para fora do ringue e supostamente se lesiona. Há uma grande confusão relativamente à continuação do combate e eis que o nada egocêntrico Shane McMahon decide continuar o combate, substituindo The Miz por ele próprio, aproveitando o cansaço do seu adversário numa atitude extremamente nobre e nada oportunista, ganha o combate e proclama-se a si próprio o Melhor Do Mundo. Depois disto não restam dúvidas de que a WWE consegue presentear-nos com boa comédia e de que os McMahon não só gerem o negócio, como são o centro dele.

Parabéns ao novo Melhor Do Mundo! Quem dera a Styles ou a Omega terem um átomo da qualidade em ringue deste senhor.

Depois destes dois choques que fizeram a maior parte dos fãs, incluido eu próprio, questionar-se sobre o porquê de ainda assistirmos a esta companhia, chegou o último combate da noite para de certa forma responder a esse porquê. Os DX e os Brothers Of Destruction fazem as suas entradas, que ainda são capazes de prender qualquer um ao ecrã e depois disso, foi o que se estava à espera.

Um combate lento devido à idade dos 4 participantes envolvidos, em que Undertaker fez jus ao sua alcunha de Deadman mas não pelos motivos que deram origem ao nome, Kane é já uma sombra daquilo que era e apesar de se mexer melhor que o “irmão”, já é visto muitos como o Prefeito de Knox County e não como Big Red Machine, Shawn Michaels foi o melhor deles todos, fazendo inclusive um Moonsault, algo que eu não estava realmente à espera, mas que não salvou o combate, nem a máscara de Kane e Triple H também já não é o The Game, por mais que tente e a prova disso foi a sua lesão no final do combate, que infelizmente vai ter que ser o motivo para que ele se afaste do ringue, enquanto lutador, por uns tempos. Os DX saíram vencedores, depois de um Sweet Chin Music de Michaels, mas o que vai ficar presente na memória dos fãs são os vagarosos 27 minutos que nos mostraram que a idade apesar de tudo, não é só um número.

Acabo este artigo com esta bonita imagem de Shawn Michaels, careca, que já não parte corações às raparigas, mas que ainda o consegue fazer a todos os que o acompanharam durante a infância.

Obrigado a todos os que leram este artigo, espero que tenham gostado, pelo menos mais do que gostaram do PPV, peço mais uma vez desculpa pela extensão do artigo e vemo-nos para a semana com mais um More Than Words.