É a primeira vez que estou a fazer um artigo de análise a um PPV do NXT, aliás, é a primeira vez que estou a fazer um artigo sobre o NXT e acho que não há melhor forma de começar do que com uma análise a um dos melhores Takeovers de sempre, que é o que acabamos por dizer sempre que um PPV desta “terceira brand” acontece. Na minha opinião, aquilo que me faz considerar este PPV um dos melhores de sempre do NXT, é o facto de todos os combates, independentemente de terem sido por um título ou não, terem parecido importantes, isto é, à exceção do primeiro “combate”, se é que aquilo possa ter essa designação, o resto foi tudo tratado com a mesma importância, os 4 combates, que realmente foram combates, para mim foram 4 main-events, uns com melhor qualidade que outros, como é natural, mas 4 quatro grandes combates, em que qualquer um poderia ter sido o main-event, caso este PPV não se chamasse War Games.
Ora o primeiro combate/momento da noite foi inesperado. Não sei se alguém já estava a contar com isto, mas eu não e portanto quando começa a ecoar pelo Staples Center, a música do recém-chegado Matt Riddle, fiquei completamente surpreendido e um pouco confuso, afinal o que é o homem estava ali a fazer? Com isto apareceu o Kassius Ohno e pelos vistos isto foi uma espécie de introdução do Matt Riddle a um público maior e este em menos de 20 segundos despachou Ohno, com uma potente joelhada no rosto deste último. Portanto, como este combate durou tanto como a participação de Heath Slater no último Royal Rumble, não tenho nada a dizer sobre ele, apenas quero dizer que o Matt Riddle com o booking certo é capaz de ter um grande sucesso no NXT e quem sabe no Main Roster, mas quanto a isso é melhor não dizer nada.
No próximo Takeover é capaz de já aparecer calçado, a não ser que queira sofrer o mesmo que Rusev há uns anos atrás.
A esta introdução de Riddle ao Universo da WWE, seguiu-se o verdadeiro primeiro combate da noite, que marcou talvez o último confronto entre Shayna Baszler e Kairi Sané pelo título feminino do NXT. Estas duas atletas já se defrontaram inúmeras vezes, já se conhecem uma outra em ringue, como ningúem e o resultado foi mais do mesmo, um combate de muita qualidade. Primeiro de tudo, a Shayna Baszler nasceu para ser Heel. Ela desempenha este papel melhor que qualquer superstar femina da WWE atualmente, tirando talvez a Nia Jax neste momento. Ela não é uma lutadora que dá espetáculo, não é aquela que faz manobras incríveis, é simplesmente aquela que está ali para magoar e destruír e isso faz melhor que ningúem neste momento. E Kairi é uma excelente babyface, que cumpre sempre bem o seu papel, mas que mais uma vez não conseguiu derrotar a sua adversária
Segundo, tal como após cada Takeover, eu estou sempre a dizer o mesmo depois dum combate entre estas duas, este foi talvez o melhor, no entanto houve algo que a meu ver não fez muito sentido, que foi o facto de as faces, a Dakota Kai e a Io Shirai terem só aparecido no instantes finais do combate, quando podiam perfeitamente ter acompanhado Kairi durante o combate todo, tal como fizeram as heels, mas pronto, isso são apenas pormenores.
Uma feud com as four-horsewomen seria o ideal, mas pelo meio ainda acontece alguma coisa e vão parar todas a uma espiral infinita de combates com as Riott Squad no RAW.
De seguida foi a vez de Aleister Black e Johnny Gargano ou Johnny Takeover, como preferirem, resolverem as suas diferenças em ringue e não só fizeram isso, como nos proporcionaram um excelente e brutal combate de wrestling. Para quem gosta de combates em que os wrestlers quase que se matam um ao outro, com socos e pontapés, então este combate foi para vocês. Estes dois demonstraram uma química fenomenal em ringue, Gargano mostrou um lado mais cruel, tentando através de táticas cobardes resolver o combate e Aleister foi o mesmo de sempre, o gajo com quem ninguém se devia meter.
O combate foi excelente tecnicamente, como era já esperado, mas aquilo que mais me cativou foi o storytelling, maioritariamente na parte final. O Gargano a tentar enganar o Aleister Black para ganhar o combate, a forma como Aleister se enfureceu de tal maneira com Gargano que deu direito a dois Black Mass e a catchprase antes do último: “I will absolve you of your sins”, foram pormenores espetaculares que fizeram deste combate algo que deve ser seguido como exemplo pelos lutadores mais novos. Black saiu assim vencedor, consagrou a sua vingança e quanto a Johnny Gargano fica tudo em aberto. Para onde é que ele irá a seguir?
Pela cara dele, se calhar já sabe que vai parar ao Main Roster.
Após este combate, a pergunta na cabeça de todos os fãs era: Como é que o próximo combate vai superar isto? A verdade é que se não superou, esteve lá muito perto. Ciampa e Dream surpreenderam-me bastante e fizeram um excelente combate, se calhar não melhor que o anterior tecnicamente, o que era muito díficl, mas a nível de emoção, enquanto que no primeiro estive bem sentado o tempo todo, no segundo já estava sentado na borda da cadeira cada vez que Dream ia fazer o pin.
Primeiro de tudo, quer apenas dizer que o talento que Velveteen Dream possui com 23 anos é profundamente assustador, sem sombra de dúvidas ele nasceu para o Wrestling. Se o homem faz isto com 23 anos, imaginem daqui a 10, este homem é uma estrela e só espero que não suba já ao main roster, porque ainda não estou preparado para ver aquilo que Vince muito provavelmente irá fazer com ele, que é muito possivelmente metê-lo numa feud brutal com No Way José. Mas se estou a elogiar Dream, também tenho de elogiar o ainda campeão Tommaso Ciampa, que é um heel do outro mundo, é uma autêntica esponja de heat, sabe ganhá-lo como ninguém e trata o título como se da sua vida se tratasse. Sobre o combate em si, para além de já ter ter dito que foi excelente, quero acrescentar que adorei o facto de o Dream ter-se vestido à Hollywood Hulk Hogan, ele sabe sempre como gerar burburinho, gostei dos false finishes e gostei do facto de me ter prendido ao ecrã e ter despertado emoções em mim, que num combate do main roster, raramente aparecem.
Ele aos 23 anos está ocupado a fazer combates deste nível! 23 anos! Aos 23 vou estar eu a ganhar trocos na Telepizza.
Por último, tivemos o nosso main-event, o combate que dá nome ao PPV, que é o War Games entre os Undisputed Era e a equipa de Ricochet, Pete Dunne e os War Raiders. E que combate que foi. Este 8 gladiadores deram tudo o que tinham em ringue e conseguiram possivelmente superar o combate War Games do ano passado.
O óbvio momento de destaque foi o impressionante duplo moonsault de Ricochet do topo da jaula, do qual não sei como, Ricochet saiu intacto. Mas é preciso ainda destacar um inúmero rol de coisas que aconteceram neste combate, tais como, a estratégia dos UE, ao trancarem Pete Dunne na jaula, após Bobby Fish ter atirado a chave para o meio do público e o trabalho de equipa destes, que fazem deles a stable mais coesa em toda a WWE neste momento, a mobilidade de cruiserweight de um dos membros dos War Raiders, nomeadamente Hanson Rawe, que tal como Mauro Ranallo disse, não se devia conseguir mexer daquela forma, a continuidade do spot entre O’Reilly e as cadeiras, o pin em simultâneo do Ricochet e do Pete Dunne. Enfim…, este combate foi sem dúvida ótimo, foi um caos no bom sentido da palavra e culminou com um excelente visual de Ricochet e Pete Dunne a celebrarem no topo da jaula, estes dois fazem ou devem fazer parte do futuro da WWE, espero que tenhas visto alguma coisa Vince.
Acabo este artigo com uma bonita imagem de dois dos campeões do NXT. À esquerda o homem contra quem eu não gostava de entrar num duelo de polegares e à direita o homem do qual a gravidade não se esqueceu, mas que preferiu ignorar.
Obrigado a todos os que leram este artigo, espero que tenham gostado e amanhã sai a parte 2 da análise a este fim-de-semana de PPV’s com a minha análise ao Survivor Series.
3 Comentários
Adorei a análise
Obrigado
Excelente análise. Eu sinceramente só espero que o Black só suba ao main roster depois do Vince bater as botas. Se for antes ainda fica a lutar pelos título de tag team sucessivamente. O Gargano está mais que visto que vai para o 205 live