Há dois dias atrás surgiu o rumor de que o adversário de Brock Lesnar para o Royal Rumble em 2018 ainda estava por decidir e que o plano original era ter Finn Balor a defrontar o Universal Champion neste evento. Porém, segundo rumores, esses planos foram mudados, visto que Vince McMahon achava que Finn Balor não estava “Over” o suficiente para defrontar Brock Lesnar no Royal Rumble.
Ora Balor reagiu a esta notícia de forma perspicaz ao publicar fotos no twitter em qule “jogava” com a palavra over postando imagens de forma bastante humorística. O problema é que tudo este humor e toda esta perspicácia, apenas pode ser mostrada nas redes sociais.
Quando Balor entra em ringue e faz uma promo, ele não pode mostrar toda esta perspicácia e sentido de humor que cativa os fãs, ele tem que dizer aquilo que lhe dão, que não passam de frases robóticas e forçadas, que ele próprio deve-se perguntar porque é que está a dizer aquilo. Finn Balor está bastante “Over” com os fãs, ao contrário do que Vince pensa, mas poderia estar mais se lhe fosse dada alguma liberdade nas promos.
Mas este problema não se extende só a Finn Balor, este problema estende-se a todos os wrestlers que têm que seguir o guião à risca, não podendo implementar um pouco da sua personalidade naquilo que estão a dizer, parecendo mais robôs que seres humanos.
Um exemplo disso é Apollo Crews, que desde a sua chegada ao main roster parece um robô que foi programado apenas para sorrir e fazer umas acrobacias aqui e acolá. Apollo Crews é um lutador cheio de potencial, com uma habilidade em ringue indiscútivel e o físico ideal para um lutador, o seu único problema é não poder mostrar qualquer personalidade, não há nada que se possa identificar em Apollo Crews para além de dar bons combates e sorrir e isso não chega para um lutador ter uma reação por parte do público.
A reação não precisa de ser boa, aliás basta olhar para por exemplo Elias, que sempre que parece é vaiado por insultar o público através das suas músicas. Pode não ser uma gimmick de main-event, mas a personalidade está lá e os fãs reagem perante isso. Agora, há aqueles wrestlers como Finn Balor ou Shinsuke Nakamura, que pelo seu estatuto e o seu carisma, conseguem ter sempre uma reação, independentemente daquilo que lhes mandarem dizer.
Mas wrestlers como Apollo Crews ou Jason Jordan, que não têm o estatuto ou o carisma de Balor e de Nakamura, não conseguem obter uma reação do público dando apenas bons combates, eles precisam de mostrar personalidades que façam com que os fãs os adorem ou os odeiem, mas que pelo menos reajam.
Outra coisa que me faz bastante confusão, é o facto de só determinados lutadores terem liberdade de dizer o que quiserem e outros terem que seguir à risca as instruções que lhes são dadas.
Um exemplo disso foi o tão falado segmento entre John Cena e Roman Reigns que aumentou subitamente o interesse de muitos fãs nesta rivalidade. Neste segmento John Cena destruiu Roman Reigns verbalmente, de tal forma que me fez ficar com pena de Reigns. Não por ter sido destruído por John Cena no microfone, porque as mic-skills de Cena estão a anos-luz das de Roman Reigns, mas sim porque fiquei com a sensação que Cena disse aquilo que lhe bem apeteceu e Reigns estava muito limitado por aquilo que lhe mandaram dizer.
Eu não estou a dizer para darem total liberdade aos wrestlers durante as promos, mas podiam, em certas ocasiões, dar um livre passe a um lutador já com mais estatuto e em quem Vince tenha mais confiança. Eu acho que neste segmento entre John Cena e Roman Reigns, se o segundo tivesse a mesma liberdade que Cena teve, talvez as coisas tivessem ficado mais equilibradas e Reigns não teria sido destruído daquela maneira.
Voltando outra vez à questão da personalidade, eu acho que este é um aspeto que tem que ser obrigatoriamente definido. Não basta apenas um lutador ter muito talento em ringue para conseguir ganhar o apoio dos fãs. Todos as lendas do wrestling se destacaram pelas suas personalidades.
The Rock pela maneira como se referia a si próprio na terceira pessoa e por todas as catchprases que foi criando ao longo dos tempos, Stone Cold Steve Austin pela forma como enfrentava o seu chefe e por toda a sua atitude de badass, Undertaker pela sua entrada icónica e por conseguir mostrar a sua personalidade sem ter que abrir a boca ou mesmo John Cena pelos seus discursos fervurosos e pelo rap que fazia anteriormente.
Tudo isto são características que fizeram estes quatro lutadores destacarem-se tornarem-se lendas do wrestling, sem isto provavelmente seriam apenas mais um wrestler que passou pela WWE. E é isto que Apollo Crews, Jason Jordan, Kalisto, e todos os membros do 205 live, à exceção de Enzo Amore e Drew Gulak, vão sofrer se não lhes for dada algum tipo de característica e personalidade que os faça distinguir dos restantes lutadores.
São as falas robóticas e forçadas que, se não derem lugar a uma maior liberdade nas promos, vão impedir lutadores como Finn Balor ou Shinsuke Nakamura de se tornar lendas da WWE. E é esta reduzida limitação nas promos que irá condicionar a evolução das mic-skills de um lutador como Roman Reigns, que, se for a aposta da WWE como próxima cara da empresa, precisa de melhorá-las.
Ou seja para um wrestler sem bem sucedido na WWE, precisa de mostrar traços de personalidade.
Obrigado a quem leu este artigo e vemo-nos no próximo More Than Words.
10 Comentários
Obrigado eu por os artigos que escreves 🙂 são artigos que dão vontade de ler e reler 🙂 continuação amigo
Muito obrigado, agradeço o apoio.
Excelente artigo. Nada a discordar.
Obrigado.
Melhor artigo que já li em toda minha vida. Impressionante.
Muito obrigado, a sério. São comentários como este que me fazem querer continuar a postar artigos.
O Finn Bàlor poderia ser um wrestler ainda mais excepcional do que já é com mais liberdade em promos, um grande exemplo disso é o Kenny Omega, cuja liberdade na NJPW fez com que virasse um sucesso entre fãs que nem mesmo se importavam com outras empresas que não fossem a WWE, como eu mesmo.
Parabéns. Ótimo artigo, falou tudo o que muitos fãs da WWE pensam, me incluo nisso, e não deixou de ser objetivo em nenhum momento.
Gostaria que os lutadores tivessem mais personalidades, mas é totalmente compreensível o motivo da WWE não dar liberdade a eles. Vocês tem de entender que isso é um negocio milionário acima de tudo, para ter um contrato com uma grande emissora eles não podem arriscar que alguém fale algo que não deveria em Live TV, e sem falar que a WWE é uma empresa e capital aberta. Se a NJPW e a ROH tivessem contratos com alguma grande emissora do USA ou fosse uma empresa de capital aberta, haveria uma queda na qualidade dos seus shows e também teriam mais lutadores genéricos. gostando ou não vivemos em uma época do politicamente correto, por isso é necessário eles se policiarem, pois uma classificação PG é mais lucrativa.
Concordo com tudo ! Apenas discordo da parte “se o reigns for a cara da empresa”.. ja todos percebemos q nao é um “se” mas sim uma certeza absoluta ! Abraço