A palavra que esteve na boca dos fãs após o Royal Rumble deste ano foi a palavra previsível. Muitos fãs queixaram-se de que os vencedores dos 2 Royal Rumble Matches, foram bastante previsíveis, não havendo nenhuma surpresa no que toca aos vencedores e têm toda a razão. O que eu não percebo é a conotação altamente negativa que é dada à previsibilidade, especialmente num caso destes, em que os vencedores são favoritos do público e cujas vitórias fazem todo o sentido em termos de storyline.

No entanto, este PPV não foi apenas construído por estes 2 combates, mais 8 combates fizeram parte do card do Royal Rumble deste ano(o que para mim é um abuso) e neste artigo vou dar a minha opinião sobre todos eles.

Começamos pelo Kickoff, que teve 3 combates, todos com os títulos em jogo. Sobre o primeiro, nem me vou pronunciar, quando vi que ia acontecer um combate pelos títulos de Tag-Team do Raw, torci um bocado um nariz, quando descobri que o Roode e o Gable iriam enfrentar a equipa de Rezar e Scott Dawson, torci o corpo todo. Acho que este combate teve um propósito, que era: em caso de vitória as duas equipas (AOP e Revival) ganhariam oportunidades pelos títulos, mas para mim o único propósito foi apenas tentar que o público conseguisse distinguir os dois membros dos AOP.

A seguir a este combate inesperado, foi a vez de Rusev e Nakamura medirem em forças pelo Título dos Estados Unidos e Nakamura, de forma algo inesperada, levou a melhor sobre o búlgaro. Eu classifico este combate como razoável, visto que podia perfeitamente pertencer a um episódio semanal do SmackDown Live. Não me fez confusão o spot da Lana, visto que teve continuidade momentos mais tarde, mas confesso que não estava à espera de ver Rusev perder já o título, agora resta ver o que é que eles vão fazer com Nakamura após o seu  primeiro reinado fantasma.

More Than Words #54 – Análise: WWE Royal Rumble 2019

O facto de ele ter passado de uma vitória do Rumble para um lugar no Kickoff, no espaço de um ano, faz me mais confusão do que este tipo de fatos que ele agora usa. 

O último combate do kickoff pertenceu aos suspeitos do costume, os cruiserweights. Este ano tivemos uma Fatal-4-Way entre Buddy Murphy, Hideo Itami, Akira Tozawa e Kalisto e confesso que apesar de não ter prestado assim muita atenção ao combate, achei bastante agradável. Os combates de cruiserweights têm geralmente esta qualidade e o de ontem não desapontou, tivemos spots criativos, grandes demonstrações de atleticismo e no final o vencedor esperado ganhou. Gostava que o Itami tivesse ganho, mas não fico nada descontente que o Murphy tenha retido, ele é um excelente representante e campeão da divisão de Cruiserweights e faz todo sentido continuar como tal.

More Than Words #54 – Análise: WWE Royal Rumble 2019

Aqui podemos ver Murphy a pensar no que seria a sua carreira se ainda fizesse parte de uma tag-team com o Blake.

O PPV em si abriu com Asuka vs Becky Lynch e na minha opinião não podia ter sido aberto de melhor maneira. Já estava à espera de um bom combate entre estas duas e as expectativas não foram de maneira alguma defraudadas. Asuka e Becky têm uma excelente química em ringue, basta ver aquelas transições no final do combate e o final foi o esperado, Asuka reteve. Há pessoas que não gostaram de ver a Becky a desistir, mas eu pessoalmente não achei que lhe tenha afetado muito, até porque esta ganhou o Rumble a seguir. Aliás, até acho que só contribuiu para valorizar a imagem Asuka enquanto campeã e se há coisa que ela precisa neste momento é credibilidade.

More Than Words #54 – Análise: WWE Royal Rumble 2019

Os gritos da Asuka podem ser um bocado intensos, basta olhar para o árbitro que parece que estar muito próximo de verter uma lágrima.

A este combate, seguiu-se o menos importante combate do card principal, que opôs os campeões de tag-team do SmackDown, The Bar, à aliança recente e peculiar de The Miz e Shane McMahon. Como eu disse no artigo de previsões da equipa do Wrestling.PT, eu até acho esta storyline entre o Miz e o Shane algo interessante ou pelo menos capaz de entreter e posteriormente ao combate e ao terem ganho os títulos, a minha opinião permanece a mesma. O combate não foi nada de especial, mas não foi de todo aborrecido. Se gostava de ver o The Miz em voos mais altos? Claro que gostava. Se gostava de não ver Shane McMahon na programação semanal do SmackDown? Também gostava. Mas o que é certo é que a relação entre estes dois, por ser tão descabida e peculiar, acaba por entreter e sempre tira os títulos da rota triangular Bar-Usos-New Day que tem marcado a divisão nos últimos anos. Por isso, não me importo de os ver como campeões, mas espero que isto não dure muito tempo, quero ver um Miz na rota do título da WWE e Shane na rota do Backstage.

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Caso se esqueçam que ele é o melhor do mundo, tomem uma imagem que ilustra bem a potência dos seus murros. Não tenhas cuidado não McGregor… 

Ora por falar em potência de murros, o combate que se seguiu foi a ex-UFC Ronda Rousey vs Sasha Banks e que grande combate que foi. Primeiro de tudo. quero mais uma ver dar os parabéns à Ronda por mais um grande combate, a sua transição de MMA para o Wrestling é tão sublime como as suas transições em ringue e confesso que ela é das wrestlers que mais gosto de ver lutar atualmente. No entanto, é preciso mais do que uma pessoa para dar um grande combate e náo há melhor pessoa para tal do que Sasha Banks. O resultado já era prevísivel, Ronda mantém o título, mas a Sasha não saiu nada prejudicada deste combate.

Independentemente de ela ter servido apenas de carne para canhão, como se costuma dizer, a verdade é que por momentos deu para acreditar que ela conseguiria derrotar a Ronda e isso aliado uma excelente prestação em ringue, dão alguma credibilidade a Sasha, que tanto precisa. Além disso, também gostei bastante da demonstração de respeito no final do combate, deu para ver que gostaram de trabalhar juntas.

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Eu adoro esta manobra e cada vez que olho para esta foto, cada vez mais quero um Ronda Rousey vs Telma Monteiro, book it Vince.

Logo a seguir a este combate, tivemos o primeiro Royal Rumble Match da noite, mas eu irei falar dele no final do artigo, juntamente com o masculino. Portanto, o combate individual que se seguiu a este, foi AJ Styles vs Daniel Bryan e para para ser sincero não gostei muito do combate. Não sei se foi pelas elevadas expectativas que tinha ou até mesmo o facto de ser ter seguido a uma Rumble, mas a verdade é que este combate não me agradou muito. Não estou a dizer que o combate não foi bom, um combate não precisa de ter manobras de high-flying ou um ritmo acelarado para ser bom, apenas não é bem o estilo de combate a que eu gosto de assistir.

Ainda não consegui chegar a uma conclusão no que respeita ao facto de o Rowan ter aparecido para ajudar o Bryan e provavelmente não vou chegar até ao próximo episódio do SmackDown, mas fico contente que o Bryan tenha mantido o título, pois não só gosto dele, como da sua gimmick e acho que teria sido uma decisão errada tirar-lhe já o título. Quanto ao AJ, acho que lhe espera um adversário cujas iniciais do nome deram origem a um finisher.

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Alguém que meta um logótipo da Pantene nesta imagem.

O último singles match da noite, foi pelo título Universal, onde Brock Lesnar defendeu o seu título contra Finn Bálor. O combate não foi nada que eu não tivesse à espera, ou seja, foi bom. O selling do Lesnar é só espetacular e mais uma vez provou que quando está interessado num combate, ele acaba sempre por entregar. O Bálor teve os seus momentos, como já era de se esperar e após o Coup De Grace, eu cheguei mesmo a acreditar que o combate podia acabar ali e que o David iria de facto vencer o Golias. Mas não foi isso que aconteceu, Lesnar venceu com um Kimura, o que não estava nada à espera e vai entrar assim, muito provavelmente, como campeão para a WrestleMania. Quanto a Bálor, tendo em conta que também não saiu nada prejudicado do combate, espero que também consiga ter uma posição de destaque no Card da WrestleMania.

More Than Words #54 – Análise: WWE Royal Rumble 2019

Quando percebes que o teu cliente não merece ser campeão, mas não podes fazer nada contra isso, porque ele é uma besta de 130 Kg capaz de matar um urso polar com suplexes.

Por fim, vou analisar os dois rumbles matches da noite, que na minha opinião não superaram os do ano passado, mas que até foram bastante bons. Ora bem, no combate feminino quero destacar a performance de todas as lutadoras do NXT, em particular de Rhea Ripley, que é uma excelente Powerhouse cheia de potencial e de Kacy Cantazaro, que tem mais atleticismo num dedo, do que eu no corpo todo, quero destacar a performance da Ember Moon, que tem sido sempre fantástica neste tipo de combates, o pop da entrada da Alexa e aquele mortal fenomenal, a prestação de Bailey que não sei como ainda consegue estar over e claro, a vitória da Becky e a forma como esta entrou no combate, aquele pop ainda me arrepia, agora é só esperar pelo desafio à Ronda.

Na negativa quero apontar aquela interação estranha entre Alicia Fox e Maria Kanellis, a sério, eu não percebi o que é que raio foi aquilo, a outra interação estranha entre Zelina Vega e Hornswoggle, o facto de Liv Morgan ter sido eliminada mais rápido do que o tempo que demora a dizer o seu primeiro nome, o facto de terem usado o “Kofi Spot”, não uma, não duas, mas três vezes ao longo do combate e o facto de terem existido demasiados momentos mortos no combate, em que nada se passava. No geral não posso dizer que tenha sido mau, mas o do ano passado deu a 10 a 0 ao deste ano e se não fossem os momentos finais entre Becky, Charlotte e Nia e a vitória da primeira, se calhar daria mais.

More Than Words #54 – Análise: WWE Royal Rumble 2019

Eu nem preciso de pôr legenda aqui, a imagem fala por si.

No combate masculino, o ritmo já foi mais animado, por vezes até animado de mais, mas acho que sofreu muito por se suceder a quase 6 horas de PPV, o que naturalmente deixou os fãs cansados para a Rumble e que levou a que mesmo a vitória de Rollins, um favorito dos fãs, fosse um momento algo anti-climático. Já agora, por falar em anti-climático, também não gostei muito de o Rollins ter estado o combate quase todo fora do ringue, acaba por ir um bocado contra a sua reputação iron-man nos combates.

Neste combate quero destacar, mais uma vez, as prestações de todos os talentos do NXT, Aleister Black, Johnny Gargano, Pete Dunne estiveram todos muito bem e foram apresentados como estrelas, quero destacar também as prestações de Almas e de Ali, que foram fantásticos para variar, alguns spots de comédia como os de Curt Hawkins e Titus O’Neil, que foram bem feitos e a forma como Drew McIntyre foi apresentado, apesar de ter sido eliminado por Ziggler.

Pela negativa, não posso deixar de referir a excessiva utilização de comédia neste combate, aquele segmento do No Way José, por exemplo, foi completamente desnecessário, a eliminação de Drew por parte de Ziggler, aquela eliminação relâmpago do campeão intercontinental e a forma como Strowman, após este combate, está completamente perdido no Card, o que não é culpa deste combate, visto que é algo já anterior, mas que acaba por estar relacionado. Enfim, tal como o combate feminino, este também teve uns furos abaixo do ano passado, mas teve uma semelhança, o vencedor foi o acertado, mal posso esperar por ver Rollins a derrubar a finalmente derrubar a besta.

More Than Words #54 – Análise: WWE Royal Rumble 2019

Acabo este artigo com a melhor imagem de 2019. Eu ainda não acredito que isto não é um dos 10.00o memes feitos com o RKO.

As minhas desculpas por um artigo tão extenso, mas quando um Card tem 10 combates, é difícil não me alongar muito. Espero que tenham gostado à mesma da análise e vemo-nos para a semana com mais um More Than Words.

4 Comentários

  1. Ismael Cabral6 anos

    Credo ahahahahahah essas legendas são perfeitas para as fotos.

  2. Gostei imenso do teu artigo. Tal como tu, eu também gostei das royal rumble matches,também houveram cenas que me desagradaram e no masculino trocaria algumas participações por outras mas no geral acho que foram bons combates e para ser sincero até preferi o royal rumble feminino deste ano ao do ano passado. Não compreendo é haver muita malta a não ter gostado e a criticar mas bom…Muita gente também nunca está contente com nada e os anos passam e os comentários são sempre os mesmos: ” Pior Rumble da história” ”bla bla bla…”
    Mais uma vez bom artigo
    PS: admira-me não teres feito outro sobre o takeover xD curtia saber a tua opinião mas compreendo que cada um tem a sua vida e a disponibilidade ou vontade pode não ser a ideal.

    • Muito obrigado, eu também gostava te de ter escrito um artigo sobre o Takeover, mas infelizmente não consegui arranjar tempo para o fazer.

      Em relação ao que disseste, de haver muita malta a queixar-se, vão sempre existir pessoas que vão achar que é o pior combate de sempre ou neste caso o pior Rumble de sempre, é inevitável, não dá para agradar a todos.