O Fastlane é um evento que na opinião da maioria é um tanto desnecessário e que por isso podia muito bem não acontecer, no entanto não somos nós que mandamos e a WWE parece não querer abdicar deste PPV, portanto o mais provável é continuarmos a protestar anos após ano até nos fartarmos. No entanto, apesar de ser um evento desnecessário, não significa que não nos ofereça bom wrestling e o Fastlane deste ano teve bastante bem nesse aspeto, não houve combates 5 estrelas, mas o número de combates e segmentos bem executados excedeu o número de combates e segmentos que não o foram e portanto considero este Fastlane um bom “aperitivo” antes da WrestleMania.

Para começar a noite, tivemos o habitual Kickoff, no qual alguém tem de lutar em frente a uma plateia que se encontra ainda longe de estar cheia e neste evento essa honra coube aos New Day (Big E e Xavier Woods) e à mais recém-formada tag-team de Nakamura e Rusev, que mais uma vez são relegados para o Kickoff. Não esperava um clássico, visto que era um combate de Kickoff, que ainda por cima foi anunciado nas redes sociais, mas gostei do combate, nada me salta a memória para além das caras do Rusev sempre que não conseguia fazer o pin, mas foi bastante agradável, tal como os 4 intervenientes deste combate já nos habituaram.

More Than Words #58 – Análise: WWE Fastlane

Não se pode demonstrar a frustação face ao Booking apenas através do Twitter.

O evento própriamente dito começou uns minutos depois deste confronto e também com um combate de Tag-Team, com a diferença de que este era pelos títulos de equipas do SmackDown. Os campeões The Usos enfrentaram novamente a aliança improvável de Shane McMahon e The Miz e tal como no Royal Rumble, onde se enfrentaram pela primeira vez, estas duas equipas proporcionaram-nos mais um bom combate. Na minha opinião o destaque deste combate vai para The Miz, que esteve incansável neste combate, saindo da sua zona de conforto. Todos os outros tiveram muito bem, mas foi o Miz que mais me surpreendeu pela positiva. O resultado era o esperado, os Usos saíram como campeões e a única dúvida que os fãs tinham na cabeça, era se iriamos já ter um Heel Turn e se sim, quem o faria. As dúvidas foram respondidas e foi Shane quem traiu o seu parceiro, atacando-o por trás e brutalizando-o à frente do seu pai. Eu estava a torcer por um turn de Shane em vez do Miz e fico feliz que tenha acontecido e mais ainda que tenha sido bem executado. Estou cada vez mais investido em toda esta história entre o Shane e o Miz, quem diria.

More Than Words #58 – Análise: WWE Fastlane

A Grande questão é: Qual Miz é que ele vai enfrentar?

Investido foi algo que eu não tive no combate seguinte. A seguir foi a vez do combate pelo título feminino do SmackDown, no qual a campeã fantasma Asuka defendeu o seu título contra Mandy Rose. Acho que ninguém tinhas grandes expectativas para este combate e ainda bem, porque ao menos assim ninguém ficou desiludido. O combate não foi de todo bom, eu esqueci-me da sua existência logo após o PPV e isso nunca é bom sinal. A construção quase inexistente para este combate e a pouca experiência de Mandy enquanto lutadora a solo, foram fatores que condenaram este combate à mediocridade e é uma pena, porque a Asuka definitivamente merece melhor. Bem, pelo menos a vencedora foi a acertada!

More Than Words #58 – Análise: WWE Fastlane

Quanto te perguntam porque é que não és tu que estás a lutar pelo título em vez da tua amiga.

Quem merece melhor não é só Asuka, Kofi também não teve uma noite fácil, pensou que ia ter a oportunidade que sempre quis e foi enganado por Vince, que o colocou num combate handicap contra os The Bar. Logicamente que o Kofi perdeu, isso já era mais que garantido, resta saber se isto foi algo para enterrá-lo de vez ou se foi uma boa jogada por parte da WWE para que o Kofi ganhasse ainda mais simpatia por parte do público. Acredito mesmo que seja a segunda hipótese e espero que não nos desapontem e que a KofiMania se torne num sonho tornado realidade.

More Than Words #58 – Análise: WWE Fastlane

A desilusão no rosto de Kofi, quase que apetece perguntar: – Problemas no Paraíso?

Sonho tornado realidade é o que podem dizer os Revival que pela primeira vez fizeram parte do main card de um PPV, ainda por cima como campeões. Estes defenderam os títulos contra Chad Gable e Bobby Roode e contra a equipa maravilha de Ricochet e Aleister Black. O combate foi bastante bom como se esperava considerando estas três equipas e apenas o final me deixou algo desiludido por ter sido algo anti-climático. Houve sequências de spots bastante boas, em particular aquela entre o Chad Gable, o Dash Wilder e o Ricochet, o Ricochet esteve em alta como sempre, à exceção daquele botch no hurricarana, em que quase partiu o pescoço, o Black também esteve muito bem, enfim… foi um bom combate de tag-teams e na minha opinião, superior ao que estamos habituados a ver no Main Roster em termos de qualidade. Os Revival levaram a melhor, mas no entanto não foram os últimos a rir, essa honra pertenceu a Black e a Ricochet, também não se pode ter tudo!

More Than Words #58 – Análise: WWE Fastlane

Por momentos confundi a WWE com a Marvel.

É verdade que nem sempre se pode ter tudo, mas também é verdade que muitas vezes acabamos por ter o que queremos e foi isso que aconteceu neste evento. Rey Mysterio e Andrade tinham sido relegados para o Kickoff, mas na hora H foram colocados onde merecem, que é no main card, passando a fazer parte de um Fatal-4-Way juntamente com R-Truth e com o campeão dos EUA, Samoa Joe, pelo título deste último. Já tínhamos visto este combate no último SmackDown antes do Fastlane e foi muito bom e o combate de domingo foi tão bom ou melhor que esse. Foi um combate muito bom, com um ritmo acelarado, tanto os 4 homens em ringue como as suas managers tiveram muitíssimo bem, o Mysterio parece só ficar mais ágil com a idade, o R-Truth idem aspas, o Andrade é uma máquina e merece ser campeão num futuro próximo e o Joe é simplesmente brutal. A par do combate pelo título da WWE, este foi talvez o melhor combate do PPV. Parabéns aos 4, especialmente ao Joe, que por sinal fica muito bem com um título à cintura.

More Than Words #58 – Análise: WWE Fastlane

Recuso-me a acreditar que este homem tem 44 anos,  por mais DDP Yoga que possa ter feito, não é normal mexer-se assim.

Quem também fica muito bem com títulos à cintura é a Sasha e a Bayley, que defenderam os seus títulos contra Nia Jax e Tamina. Sobre este combate não me vou prolongar muito, pois não houve nada que me cativasse ou me surpreendesse, foi aquilo que tinha de ser. É óbvio que a Sasha e a Bayley são bastante superiores às suas adversárias em termos de qualidade em ringue e este combate foi mais uma prova disso. Não tenho nada contra a Nia e contra a Tamina enquanto pessoas, mas a verdade é que estas em ringue não são capazes de acompanhar Sasha e Bayley, no entanto parece que não foi a última vez que as vimos lutar pelos títulos, a julgar pelo segmento final onde atacaram Beth Phoenix e  Natalya, que apareceu em seu auxílio. Parece que vamos ter um triple-threat na WrestleMania, o que a mim não me interessa muito. Mas pronto, chega de negatividade, pelo menos as campeãs são as acertadas e espero que se mantenham assim por mais algum tempo.

More Than Words #58 – Análise: WWE Fastlane

Começou com o AJ Styles, mas parece que há mais provas de que a WWE quer começar uma parceria com a Pantene.

Tal como espero que Sasha e Bayley se mantenham como campeãs por mais algum tempo, também espero que esta gimmick do Daniel Bryan dure mais tempo. Neste momento este está intocável, tanto em ringue como em microfone e este combate só veio confirmar isso. Antes do evento, estava estipulado que este combate seria um 1 vs 1 entre Bryan e Owens, mas Greg Hamilton anunciou antes do combate que este tinha passado a ser uma triple-threat e quem entrou foi Mustafa Ali, que por não se chamar Kofi, não teve grande reação do público. O combate foi na minha opinião o melhor do PPV, Mustafa Ali, que ao ínicio não obteve reação do público, foi conquistando-o durante o combate com mais uma excelente exibição, Kevin Owens também esteve muito bem e mostra que apesar de todo o seu tempo fora, está melhor que nunca, apesar de quase ter morrido após um Tope Con Hilo, se não estou em erro e Daniel Bryan, tal como eu referi, está intocável, não faz menos que uma excelente performance em ringue. Atrevo-me a dizer que a seguir da fase de herói adorado pelo público, este é o melhor Daniel Bryan que já vi e é um prazer poder vê-lo em ringue. Em termos de spots, tenho de destacar basicamente tudo aquilo que Ali fez e o final do combate, que foi um spot que só os melhores é que fazem. Excelente combate e espero que o próximo adversário seja mesmo Kofi Kingston.

More Than Words #58 – Análise: WWE Fastlane

Mustafa Ali antes do combate: – Se calhar é melhor não arriscar muito, acabei agora de sair de lesão, o melhor é jogar pelo seguro.

Mustafa Ali durante o combate: ↑

O Penúltimo combate da noite foi Becky vs Charlotte, em que caso Becky ganhasse seria adicionada ao combate entre Ronda e Charlotte na WrestleMania. A estipulação por si já era estúpida, visto que Becky ganhou a Rumble e isso já lhe devia garantir um lugar na WrestleMania, mas pronto, perdoa-se. O que não se perdoa é aquele final de combate. Primeiro, porque é que a Ronda quer uma triple-threat em vez de um singles match, se isso piora a situação dela? Segundo, a Becky em nada beneficiou deste combate, não foi uma badass, foi apenas alguém que precisou de ajuda para obter aquilo que queria, o que vai um bocado contra a sua gimmick e terceiro achei estranho a Charlotte não ter atacado nem a Ronda, nem a Becky e ter ficado simplesmente a assistir, como se nada daquilo lhe incomodasse muito. Enfim, esta história podia ser muito simples e talvez a mais interessante na Road To WrestleMania, no entanto a WWE arranjou forma de a complicar e torná-la confusa, ainda têm 4 semanas para se remediarem, espero que aproveitem.

More Than Words #58 – Análise: WWE Fastlane

Olhem para a cara da Ronda, parece que acabou de saír do Madame Tussauds.

O Main-Event foi The Shield vs Drew McIntyre, Baron Corbin e Bobby Lashely, no que foi promovido como o último combate dos The Shield enquanto grupo, visto que o Ambrose está de saída. Não há dúvida nenhuma de que este combate girou em torno dos The Shield, isto foi práticamente uma demonstração do porquê deles terem tido o sucesso que tiveram e portanto não podia ser um mau combate. Vimos suicide dives em simultâneo, triple powerbombs, brawls na plateia e um momento de highflyer por parte de Rollins, tudo aquilo pelo qual os Shield se tornaram populares. Em relação aos seus oponentes não há muito a dizer, Corbin esteve surpreendentemente bem e aquele Deep Six é mais bonito de se ver a cada dia que passa, o Drew foi o Drew, portanto, uma máquina e o Lashley cumpriu o seu papel.

Se este foi o último combate dos The Shield, o que eu não acredito (vejam o caso do End Of An Era) então esta foi uma despedida perfeita. Era óbvio que estes iriam arrecadar a vitória e que Roman faria o pin, mas mesmo assim não deixou de ser emocionante, o estado de êxtase de Rollins que soltou uma asneira após o combate, o sorriso de Roman e a lágrima no canto do olho de Ambrose, foram tudo momentos que permitiram uma atmosfera emocional, que não se sentiu apenas em Cleveland. Eu não acredito que este tenha sido o último combate deles, assim como também não estou convencido de que o Ambrose se vai embora, talvez também por ser difícil vê-lo saír, mas a quantidade de vezes que já referiram que este irá sair não pode ser coincidência e cheira-me que após este RAW, que quando sair este artigo já terá acontecido, vamos ter Ambrose vs Reigns na WrestleMania, onde Reigns irá tentar convencer este a ficar na WWE. Mas lá está, isto posso ser apenas eu a não querer ver a minha stable favorita a desmoronar-se de vez e a arranjar desculpas para tal não acontecer. Espero que esteja errado e que esta não seja a Last Motherfucking Time.

More Than Words #58 – Análise: WWE Fastlane

Optei por não arranjar nada cómico para legendar esta imagem, prefiro prestar homenagem a estes três senhores que me marcaram enquanto fã de Wrestling. #BelieveInTheShield

Obrigado a todos os que leram este artigo, peço desculpa ter-me alongado muito, mas é o que dá, não se preocupem que o da WrestleMania terá duas partes. Mesmo assim espero que tenham gostado e vemo-nos para a semana com mais um More Than Words.

6 Comentários

  1. As legendas nas photos sao magicas.

  2. Ricardo6 anos

    Apesar de ser um PPV escusado, há que admitir que foi muito bom.

    Realmente aquele segmento da Becky, Ronda e Charlotte tornou-se aborrecido, já não cativa ninguém. O facto de ter ganho o Royal Rumble devia garantir à Becky a WM e não terem de andar neste engonho…

    PS: The Shield <3

    PS2: Aquele Mustafa Ali é uma máquina, tal como o Ricochete e o Black. Sangue novo, muito bem vindo!

    • Sim, concordo totalmente, o que fizeram foi complicar demasiado algo que podia ser simples e eficaz, não eram necessárias tantas voltas para construir esta storyline. O combate vai ser de certeza espetacular e é disso que vamos falar depois do evento, mas a construção deixa um bocado a desejar.

  3. Não costumo gostar dos Fastlanes e sinceramente se não acontecesse não iria ficar nada incomodado mas este até que teve momentos interessantes.

    Combate pelo título dos Estados Unidos, com Samoa Joe, Rey, Truth e Andrade só poderia sair coisa boa.

    Asuka… merece melhor, parece que foi posta de parte pela WWE.

    Mustava X KO X DB – muito bom também, espero um dia ver o Mustafa como campeão. Pelo menos dos títulos do mid card.

    ME – Os Shields já sabemos o que a casa gasta mas os seus oponentes também estiveram a altura do Main Event. Teve de tudo este combate. Por favor droppem essa gimmick do Baron Corbin e tragam de volta o Lone Wolf.
    Espero que não seja a última vez, o Dean é provavelmente o membro que mais gosto da stabe seguido do Seth. Ou se calhar o contrário, mas tenho a certeza que o Roman está no terceiro lugar XD.

    Esqueci por completo de mencionar o Heel turn do Shane. Sou fã do Miz heel, mas confesso que estou interessado em ver no que isso ia dar. Não liguei nenhuma a tag team que eles formaram e mal via a hora deles separarem-se.

    Gostei de ler o artigo, foi a primeira vez 🙂

    • Obrigado 🙂, podes contar um destes sempre que acontece um PPV na WWE ou quase sempre.

      Concordo com tudo o que disseste, tirando talvez o facto de quereres que o Baron Corbin volte a ter a gimmick de Lone Wolf. Sinceramente, acho que esta gimmick de heel manipulador e cobarde assenta-lhe bem e tirando o pormenor de lutar vestido como um funcionário de uma empresa, não tenho nada contra este Corbin. É certo que não tem combates 5 estrelas e nunca vai parar a uma lista do Meltzer, mas cumpre sempre bem o seu papel.