No passado domingo teve lugar o primeiro Stomping Grounds da WWE, se já pelo nome a expectativa não era muita, então depois de olhar para o card esta era quase nula. Num card em que o main event é Seth Rollins vs Baron Corbin, um combate que já tínhamos visto no Super Showdown e que não deixou ningúem de boca aberta senão para bocejar e onde a maior parte dos combates já tínhamos visto, não havia assim nenhum ponto de interesse que me desse vontade de assisir ao PPV. Mas a verdade é que assisti. Não era para o fazer, mas quando vi que o feedback online estava a ser bom, resolvi dar uma chance e de facto esse feedback não era descabido, foi um PPV bastante agradável, nada de especial, mas num nível acima do que eu estava à espera.
O PPV começou naturalmente com o Kickoff, que teve apenas um combate e que foi sem surpresas o dos cruiserweights. Confesso que não vi o combate na sua totalidade, mas do que vi, foi um combate bastante bom, especialmente para o que costumam ser a maioria dos combates de Kickoff. Foi um combate de ritmo acelerado, como é típico dos cruiserweights e foi-lhes dado tempo, ou seja, tudo fluiu naturalmente sem que parecesse que estavam ser apressados. Tivemos mudança de título, Drew Gulak é o novo campeão e acho que foi uma boa decisão por parte da WWE, o Gulak tem mais do que capacidade para carregar a divisão de cruiserweights e espero que não seja apenas um campeão transitório.
O PPV em si começou com as mulheres. Becky Lynch defendeu mais uma vez o seu título contra Lacey Evans. Não achei que o combate tenha sido bom, mas também não achei que tenha sido mau e na minha opinião os cânticos “You Can’t Wrestle” dirigidos a Lacey foram algo exagerados. O combate não foi nada de especial, mas a verdade é que ela tem mostrado melhorias em ringue e acredito que ela possa vir a ser uma boa lutadora. Quanto à vencedora, era o único desfecho que fazia sentido, a Becky ainda ainda está bastante over com o público e merece continuar o reinado. Gostei bastante do final do combate, acho que só contribiu para tornar o finisher da Becky mais credível.
Anda aí a chamar “nasties”a toda a gente, mas afinal…
A seguir tivemos um combate de tag team, Sami Zayn e Kevin Owens enfrentaram os New Day (Big E e Xavier Woods) e para um combate que foi anunciado à ultima da hora e que não tem grande impacto em termos de storyline, foi bastante agradável de assisitir. Para mim a estrela deste combate foi o Xavier Woods, sendo o membro dos New Day que é menos reconhecido pelo seu trabalho em ringue e que assume muitas vezes o papel de manager, este esteve uma excelente prestação e tem sido consistentemente bom sempre que pisa o ringue e nota-se que ele dá tudo em cada combate. Com isto não quero claro desvalorizar os outros três lutadores, que também estiveram muito bem, mas para mim o Woods foi o que mais se destacou(aquele sell do stunner). Enfim, bom combate, não estava à espera que os heels vencessem, mas foi uma boa decisão, pois tanto Owens como Zayn precisam de vitórias.
Não sei se o Woods já alguma vez mudou de casa, mas pelo menos já sabemos que ele é capaz de carregar um armário às costas.
De seguida foi a vez de Samoa Joe e Ricochet entrarem em ação, num combate pelo título dos Estados Unidos. Este foi como se esperava um bom combate e na minha opinião um dos melhores da noite e estou bastante feliz por ver que a WWE decidiu apostar no Ricochet, mas ao mesmo tempo não consigo deixar de ficar desiludido com a apresentação que Samoa Joe tem neste momento. Ele é um excelente lutador, fala ao microfone como ninguém e no entanto tem muitas derrotas limpas no seu reportório. O Joe é alguém que precisa de vitórias e de reinados duradouros para se manter credível, sem isso é alguém apenas alguém que diz que faz mas não faz, alguém que não cumpre o que diz e isso não lhe faz favores. No entanto este foi um combate bastante bom, é de realçar aquele spot em que o Ricochet dá um duplo mortal para “vender “a força do Joe e mal posso esperar para ver Ricohcet vs Styles já neste RAW.
Eu sei que é fácil fazer comédia graças às expressões faciais dos árbitros, mas a verdade é que não dá para não fazer, o entusiasmo é contagiante.
Chegámos ao quinto combate da noite, onde Daniel Bryan e Rowan defenderam os títulos contra os Heavy Machinery. Não tenho prestado grande atenção à carreira dos Heavy Machinery, nunca foi uma tag-team que me despertasse particular atenção, mas tenho que reconhecer que a prestação tanto de Otis como de Tucker neste combate foi bastante boa, assim como o combate no geral. Foi um combate marcado mais pelo entretenimento, do que pelo wrestling técnico, mas nem por isso deixei de gostar, adorei por exemplo o facto de o Otis não se deixar afetar pelos YES Kicks do Bryan. É de realçar também o apoio do público ao Bryan, mesmo sendo um heel a verdade é que não dá para não apreciar o seu talento. Muitos provavelmente acham que o Bryan está a ser desperdiçado neste papel ou mesmo que ele está acima dos títulos, mas eu acho o contrário, acho que ele só ajuda a elevar os títulos e tenho gostado bastante da sua parceria com o Rowan, portanto fiquei satisfeito com o resultado.
Daniel Bryan: Não entendo…então mas não era suposto ele caír?
Otis: Feed Me More!
De seguida foi a vez do combate feminino pelo título do SmackDown, no qual Bayley defendeu o seu título contra Alexa Bliss. A meu ver este combate, tal como o outro combate feminino da noite, não foi nada de especial, diria até que estava à espera de melhor, mas pelo menos não foi aborrecido, nem nenhum desastre como aquele combate que as duas tiveram há uns anos no extreme rules. Positivamente tenho a destacar o lado mais agressivo da Bayley, que tem vindo a ser mostrado ao longo das últimas semanas e a performance da Alexa, que tem talvez a gimmick feminina mais consistente da WWE neste momento e os seus maneirismos no ringue são impecáveis. Pela negativa, não gostei muito da intervenção da Nikki Cross, achei que a fez passar um bocado por parva, sem necessidade e acho que isto não se adequa muito à sua gimmick. Gostava que a WWE me surpreendesse e revelasse que na verdade é a Nikki que está a manipular a Alexa e não o contrário, mas sinceramente duvido muito.
Quando estás numa partida online e de repente a tua mãe chama-te para jantar.
Foi a partir deste combate que na minha opinião a qualidade de wrestling começou a decaír. A seguir tivemos Roman Reigns vs Drew McIntyre, num rematch do seu combate na WrestleMania, que ficou aquém das minhas expectativas. Achei que foi um combate excessivamente lento ou pelo menos mais lento do que estes dois nos têm habituado e nesse aspeto fiquei um bocado desiludido, mas o que menos gostei foi do desfecho. Não me oponho ao facto do Roman ter ganho, mas acho que podia ter sido feito de outra maneira, sem deixar o Drew descredibilizado. O facto de o Drew nem com a ajuda do Shane ter conseguido vencer o Reigns prejudica imenso a sua imagem. Isto e o facto de estar a desempenhar o papel de guarda costas do Shane, acabam por colocá-lo num patamar secundário face ao Reigns e mesmo ao Shane e o Drew é alguém que merece mais do que um papel secundário, era ele que devia estar a medir forças com o Seth e não o Corbin, mas já lá vamos a isso.
O Roman a ver se voando consegue escapar a esta storyline.
Antes do main-event tivemos o combate pelo título da WWE, no qual o campeão Kofi Kingston enfrentou Dolph Ziggler. Este foi para mim o combate mais aborrecido da noite. Primeiro, todos sabíamos que o Kofi ia manter o título e isso sugou logo todo o entusiasmo e segundo, era um steel cage match e normamelmente estes combates não costumam ser conhecidos pela sua qualidade wrestling e foi exatamente isso que se sucedeu. Toda a gente se vai lembrar deste combate pelo final criativo do Kofi e aí tenho que dar os parabéns à WWE, mas o wrestling em si foi bastante aborrecido e estava à espera de muito melhor vindo deles os dois,houve muitas rest-holds e teve um ritmo demasiado lento para o meu gosto, mas pronto, pelo menos não cometeram a loucura de meter o título no Ziggler, estou curioso para ver quem será o próximo adversário do Kofi.
Agora preparem-se, ainda vamos levar com mais 4 semanas do Ziggler a dizer que devia ter sido ele a lembrar-se daquele final criativo.
Chegámos por fim ao tão não antecipado main event, Seth Rollins vs Baron Corbin. Eu estou bastante dividido em relação ao que achar deste combate, por um lado achei que foi aborrecido, visto que o pouco wrestling que houve não foi propriamente o melhor, mas por outro apreciei a jogada da WWE de tornar este combate mais focado no storytelling do que propriamente no wrestling. Toda a gente sabia que este combate não seria grande coisa e por isso uma boa jogada destacar a partir deste, a parte do “Sports Entertainment” que também caracteriza o wrestling na WWE. A verdade é que este combate entreteve e é preciso dar mérito à WWE que conseguiu tornar algo que podia ser um desastre, nalgo que conseguiu pôr os fãs investidos. No entanto, ainda não entendi porque é que raio é que o Corbin anda a lutar pelo título, com um roster tão talentoso, porquê meter alguém que não está preparado para o main event?
Quanto ao final, é certo que o envolvimento da Becky nesta rivalidade é algo questionável, especialmente porque a WWE tem-nos lembrado minuto a minuto que ela e o Rollins são um casal, mas a verdade é que isto fez todo o sentido. A Becky teve todos os motivos para atacar a Lacey e não pareceu uma invasão, mas sim uma conjugação de storylines que culminaram com a vitória do casal. O meu medo é que o facto de eles serem um casal lhes retire a individualidade das suas personagens e passem a ser indissocíaveis um do outro. A menos que faça de uma tag-team, a individualidade é algo bastante importante para um wrestler e espero que nenhum dos dois a perca. Porém, neste combate o envolvimento da Becky fez sentido, espero é que não seja algo recorrente.
Tudo bem, este foi um bom momento, eles fazem um bom casal, mas não teria sido perfeito se o Brock tivesse feito cash-in? É que assim aproveitava e levava também o título feminino.
Obrigado a todos os que leram este artigo, espero que tenham gostado desta análise e volto para a semana com mais um More Than Words.Desejo a todos uma boa semana e espero que a partir desta semana as coisas mudem um bocado na WWE, se tirarem o Shane já fico contente.
4 Comentários
Excelente análise ao PPV! Parabéns pelo artigo e essas legendas das fotos são realmente fantásticas xD
Obrigado pelo comentário! 😉
“Ele é um excelente lutador, fala ao microfone como ninguém e no entanto tem muitas derrotas limpas no seu reportório. O Joe é alguém que precisa de vitórias e de reinados duradouros para se manter credível, sem isso é alguém apenas alguém que diz que faz mas não faz, alguém que não cumpre o que diz e isso não lhe faz favores. ”
Sei que estavas a falar do Samoa Joe, mas por um momento até pensava que te estavas a referir ao Kevin Owens, por motivos óbvios.
Percebo a confusão, o mesmo se aplica ao Owens, a situação é praticamente a mesma, ambos precisavam de mais vitórias e reinados com alguma duração para se manterem credíveis e neste momento não é isso que está a acontecer, a diferença é que o Owens já teve um reinado algo duradouro como Campeão Universal, enquanto que o Joe nunca teve essa oportunidade, pode ser que tenha agora nesta rivalidade com o Kofi.