Parece que ontem foi o Hell In A Cell não foi? É que eu ainda estou um bocado confuso com esta situação toda. Primeiro estavam anunciados quatro combates, depois no próprio dia do PPV acabaram por ser nove, um Hell In A Cell terminou em DQ, isto é muita confusão para um só PPV e uma pessoa acaba por ficar um bocado confusa. Mas ainda assim, acho que me encontro em condições de analisar este PPV, que até acabou por ser bastante agradável considerando que metade do card foi feito à pressa e podia ter sido feito num house show aqui em Portugal, por exemplo.

Começamos pelo Kickoff, em que só tivemos um combate, que não foi da cruiserweights, porque eles agora estão sob a alçada de Triple H, mas sim de duas mulheres, Natalya e Lacey Evans. Estaria a mentir se dissesse que este combate foi mau, porque não foi, mas a verdade é que não foi nada que iremos recordar daqui a 3 dias. Foi um combate de Kickoff perfeitamente banal, com duas atletas que até têm bastante talento, mas que não prende o interesse de ninguém, pois para além de ser no Kickoff, resulta de uma feud que pura e simplesmente não tem uma storyline que cative o público

Passando para o show principal, o primeiro combate da noite foi logo um Hell In A Cell match entre Becky Lynch e Sasha Banks. Este na minha opinião foi o combate da noite. Tivemos spots muito criativos, as duas lutadoras têm uma química palpável em ringue e foi acima de tudo um bom uso da estipulação Hell In A Cell. É verdade que não tivemos quedas do topo da jaula ou spots muito arriscados, mas foi um combate cheio de ação, em que as duas adversárias fizeram de tudo, não só para ganhar, mas para castigar-se uma à outra. E é nisso que se deve consistir esta estipulação, duas ou mais pessoas que se odeiam e que aproveitam o facto de estarem trancadas numa jaula para se torturarem uma à outra e felizmente, foi precisamente isso que aconteceu e de forma bem executada. Quanto ao resultado, até gostava que a Sasha tivesse levado a melhor sobre a Becky, mas não posso dizer que me importo com a continuação do reinado desta última.

More Than Words #77 – Análise: WWE Hell In A Cell

A Sasha neste combate fez-me lembrar o Renan, o guarda-redes do Sporting, sempre a ir à rede.

De seguida tivemos um combate de tag-team que opôs Erick Rowan e Luke Harper à recém-formada aliança entre Daniel Bryan e Roman Reigns. Este combate superou as minhas expectativas. Confesso que não estava à espera de muito vindo deste combate, mas acabei por ficar surpreendido. Foi um combate com um bom ritmo, não muito lento, nem muito acelarado e serviu, apesar da derrota, para crediblizar a equipa de Rowan e Harper, que dominaram a maior parte do combate. Contudo, apesar do domínio de Rowan e Harper,  o resultado era relativamente prevísivel e acho que este combate serviu maioritariamente para fortalecer esta nova aliança entre o Bryan e o Reigns, que apesar de até de gostar de vê-los como tag-team, mais tarde ou mais cedo vão entrar numa feud, que espero que seja bem executada e que certamente nos irá proporcionar bons combates.

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Pronto, já está aqui uma amizade para a vida. Eu já estou a ver o cenário todo. Primeiro o Reigns decide virar vegan, depois o Bryan decide fazer uma tatuagem samoana, a seguir fazem os dois um test-drive num carro elétrico, vejo muito potencial nesta equipa.

Por falar em proporcionar bons combates, que está farto de o fazer é Ali e este domingo voltou a repetir a façanha contra Randy Orton. É certo que este não foi nem de perto, nem de longe, o melhor combate da carreira de nenhum dois lutadores, até porque este combate não teve qualquer construção, mas ainda assim foi um combate bastante agradável de assistir. O Orton já provou que é mais do que capaz de dar bons combates contra atletas mais pequenos e ágeis e este combate com Ali não foi uma exceção. Gostava que o Ali tivesse arrecadado a vitória para apanhar os fãs de supresa e para lhe dar uma espécie de mini-push, mas este também não saiu descredibilizado e com o draft aí ao virar da esquina, pode ser que esse push se torne realidade. Tenho de destacar ainda, neste combate, o ótimo counter do Ali ao RKO e a forma como Orton no final do combate se mostrou impressionado com Ali.

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Quem vir esta imagem sem contexto, deve pensar que o wrestling também envolve danças no varão.

Depois deste combate, foi a vez de mais um combate de tag-team, desta vez feminino e com os títulos em jogo. As campeãs Alexa Bliss e Nikki Cross defenderam os títulos contra Asuka e Kairi Sane. O combate foi bastante razoável e confesso que estava à espera de um pouco mais das duas equipas e para além disso, ainda é um bocado estranho ver Asuka nestas “andanças”, o mesmo se aplica a Kairi. Apesar de terem ganho os títulos, acho que estas duas merecem muito mais que isto. Fico contente por elas, mas ao mesmo tempo desejava que elas estivessem a ocupar outra posição no card e de preferência separadas. Mas enquanto campeãs, torna-se algo difícil serem separadas no Draft. Quanto a Alexa e a Nikki, não sei porquê cheira-me que vão por caminhos diferentes no Draft ou então continuam juntas até uma eventual traição.

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Asuka a fazer publicidade descarada ao Plants vs Zombies.

O combate que seguiu a este,  foi novamente um combate de tag-team, mas este envolveu 6 homens, The OC vs Braun Strowman e Viking Raiders. Eu não me vou extender muito em relação a este combate, porque já o vimos muitas vezes no Monday Night Raw e foi isso que foi, um combate que podia muito bem ocorrer no episódio do RAW de hoje, por exemplo. Para além disso, já vimos estes lutadores enfrentarem-se várias vezes ao longo das últimas semanas e portanto, a mim, deu-me a sensação de que estava a ver a repetição de um combate. Com isto não estou a dizer que o combate foi mau, mas foi algo que já tinha visto mais que uma vez nas semanas anteriores e repetitividade em excesso nunca é positivo.

More Than Words #77 – Análise: WWE Hell In A Cell

Quando o teu pai te encontra às 3h da manhã no computador, num dia de semana.

Por falar em repetitividade, a segui a este combate, tivemos outro que já vimos acontecer mais que uma vez, Baron Corbin vs Chad Gable. O combate em si não foi mau, foi até bastante agradável, o Corbin e o Gable têm uma excelente química em ringue, mas sofre o problema do combate anterior, já o vimos mais que duas vezes num curto período de tempo e à medida que se vai repetindo, vai sendo cada vez menos especial. Ainda por cima, Chad Gable venceu este combate com um roll-up, o que a meu ver pode indicar que as coisas entre estes dois ainda não estão  terminadas. Eu pessoalmente não me importo de ver combates entre estes dois, mas sinceramente acho que já chegou a altura desta rivalidade terminar.

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Quem é que quer dizer ao árbitro que o Dragon Ball não existe mesmo?

Uma rivalidade que também parece ainda estar longe de terminar, é a de Bayley e Charlotte, que foi o combate que seguiu. Honestamente, estava à espera de mais. Não estava à espera de um combate tão bom como o da Sasha contra a Becky, até porque o delas foi um Hell In A Cell e a rivalidade é muito mais intensa, mas atendendo à qualidade de ambas, esperava um combate melhor, como elas, aliás, já nos proporcionaram ainda este ano. Confesso que não estava à esper que o título mudasse já de mãos, pensava que Bayley iria continuar o seu reinado por mais uns meses e a reação desta à derrota, assim como a da Sasha, no início do PPV, deixaram-me bastante curioso em relação ao seu futuro. Será que se vão separar no Draft ou isto não passou de uma mera coincidência? Do meu ponto de vista, uma separação entre elas não fazia muito sentido neste momento, acho que estas feuds entre as 4 horsewomen ainda têm “pernas para andar” e que se deviam extender até ao Survivor Series, por exemplo.

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Já olharam para um quadro num museu que vos despertou várias sensações ou sentimentos? Pois eu quando olho para esta imagem sinto duas coisas. Dor e alegria por não ser eu no lugar da Bayley.

Por último, tivemos o tão discutido e polémico main event entre Seth Rollins e The Fiend. Primeiro de tudo, deixem-me dizer que quem teve a ideias das luzes de cor vermelha durante o combate, teria uma grande carreira na industria cinematográfica, mas no wrestling não funciona. Segundo, eu percebo que a ideia de tornar o The Fiend num mosntro imparável, mas podiam tê-lo feito doutra forma sem descredibilizar por completo todo o moveset do Rollins. E terceiro, porque motivo resolveram fazer este combate, com uma estipulação destas, a terminar em DQ. Isto já foi discutido por ínumeras pessoas aqui no site e eu estou de acordo, eu percebo que queiram proteger tanto o Rollins, como o Wyatt e realmente nenhum deles beneficiaria de perder neste momento, mas se já tinham esta ideia  em mente, então o erro não o foi o final do combate, foi terem-no bookado.

O Hell In A Cell é uma estipulação usada para encerrar feuds, sempre foi, é talvez a estipulação mais brutal que a utiliza neste momento, não é uma estipulação para ser utilizada quando não se consegue decidir em relação ao vencedor e como tal é normal que os fãs tenham reagido da forma que reagiram. Até podem argumentar que terminou em DQ porque o Rollins estava prestes a “matar” o Fiend, mas já assistimos a coisas tão ou mais horrosas em combates Hell In A Cell, que isso acaba por não fazer sentido nenhum, o combate é No DQ, o Rollins tem o direito de fazer o que quiser para ganhar e nenhum árbitro, perante esta estipulação, o devia proibir. Este final, aliado ao problema das luzes e à completa descredibilização do moveset de Rollins, levaram a que os fãs reagissem como reagiram e apesar de não achar a reação mais correta, não posso dizer que não compreendo os motivos por detrás da mesma.

More Than Words #77 – Análise: WWE Hell In A Cell

Depois admiram-se que muitas crianças tenham medo de ir ao dentista: – Ah, não se preocupem, é só um homem com uma máscara que vos vai tratar dos dentes.

Obrigado a todos que leram este artigo, espero que tenham gostado da análise e não hesitem em comentar as vossas opiniões acerca do PPV. Eu volto no próximo domingo, com mais um More Than Words.

10 Comentários

  1. David Machado5 anos

    Excelentr artigo, só acho que podias ter aprofundado mais a análise ao main-event. Continuação do bom trabalho.

    • Obrigado David 🙂. Eu pensei em aprofundar mais a análise ao main event, mas como achei que o artigo já estava a ficar algo extenso, resolvi resumir um pouco. Mas no próximo artigo de análise irei tentar aprofundar um pouco mais.

  2. Showstealer5 anos

    Muito boa síntese como sempre! 😉 E essas legendas continuam impecáveis eheheheh

  3. Anonimo5 anos

    a mim faz-me lembrar mais o redes do benfica na champions

    • Ulisses Lopes5 anos

      O último combate foi mais tipo a liga portuguesa, se o de vermelho não ganha, para-se o jogo e desqualifica-se o que está a vencer por não saber ler o missal

  4. Beatriz Lynch5 anos

    Essa ultima imagem com a legenda sobre dentista foi simplesmente genial kkkk, vc tem mesmo talento pra esse tipo de coisa.

  5. Excelente artigo.. 👌

    Destaco esta frase sobre o main-event:
    “então o erro não o foi o final do combate, foi terem-no bookado.”

    Conseguiste em 13 palavras dizer tudo aquilo que eu queria dizer sobre o main-event…

    Os comentários às fotos estão muito bons xD

    • Obrigado pelo comentário.😉 Acho mesmo que foi um erro terem bookado este combate, porque foi óbvio que eles queriam proteger ambos, mas isso já é complicado num combate normal, quanto mais num combate hell in a cell.