O ano de 2020 ainda agora começou e já tivemos vários regressos. Vimos Sheamus regressar de 2011 e a atacar Chad Gable porque tem um ódio repulsivo a pessoas de baixa estatura, vimos o regresso de Liv Morgan, não como Sister Abigail, como todos queriam, mas como ex-amante de Lana, vimos o regresso dos The Usos para ajudar o seu primo Roman a combater a terrível aliança de Corbin e Ziggler.
Contudo, houve ainda um regresso mais inesperado do que estes que acabei de mencionar e que foi alvo de algumas críticas por parte dos fãs pela forma como foi executado, que foi o regresso de John Morrison. Há muito que se especulava este regresso de Morrison à WWE, aliás, este já estava a assinar contrato com a WWE há cerca de 4 meses.
Tendo portanto 4 meses para preparar este regresso de um nome muito acarinhado por muitos fãs como Morrison, muitos fãs fizeram questão de mostrar o seu desagrado quando este faz a sua primeira aparição num segmento onde este sai do camarim de The Miz para responder à entrevistadora que lhe queria fazer umas perguntas.
A indignação para com este regresso não é algo de anormal, é uma indignação que os mesmos fãs e possivelmente muitos outros já mostraram aquando de outros regressos na companhia de Vince McMahon, que é o facto do regresso não ter sido uma surpresa maior, de não ter sido guardado para uma ocasião especial, neste caso o Royal Rumble.
Chegámos a 2020 e voltámos atrás no tempo. Morrison em equipa com The Miz, Sheamus e Daniel Bryan com os seus looks de antigamente. Mal posso esperar pelo regresso dos 3MB!
Eu percebo, em parte, esta indignação por parte de alguns fãs, este regresso teve de facto muito pouco impacto e não pareceu algo especial, não pareceu muito importante. A questão que eu vos levanto é: Será que precisava de ter mais impacto? Será que devia ter sido guardado para o Rumble?
A meu ver, este regresso de Morrison foi executado de forma bastante eficiente e não acho que tivesse beneficiado de ter acontecido uns dias mais tarde no Royal Rumble e dou-vos duas razões:
Primeiro, Morrison não é um nome com peso suficiente para justificar um regresso em grande. Não me levem a mal, eu gosto bastante de John Morrison, mas acham que se ele regressase no Rumble teria um pop tão grande como um John Cena ou como um CM Punk? Eu acho que não, tudo bem que seria um momento giro e muitos fãs certamente iriam reagir, mas seria só isso, um momento giro que não teria tido o impacto suficiente para se considerar como um dos destaques do evento para a maioria dos fãs. Morrison saiu da WWE há cerca de 8 anos e em toda a sua carreira na WWE este foi um midcarder, portanto nunca foi um nome que virasse muitas cabeças. É um grande wrestler, faz grandes coisas em ringue, mas infelizmente não tem o estatuto suficiente para tirar o maior proveito de um regresso à grande.
Segundo, quantos regressos é que temos visto ultimamente na WWE, em que o wrestler em questão regressa apenas pelo pop e passado uma semana vemos que a companhia não faz a miníma ideia do que fazer com ele. Se Morrison tivesse regressado no Royal Rumble, teria sido um momento muito giro, teria o seu pop e o seu “momento ao sol”, seria eliminado passado alguns minutos e na semana a seguir estaria num 6-man tag team match para fazer número.
Mas em vez disso, a WWE decidiu ser inteligente e tratou de inserir Morrison de imediato numa storyline com The Miz. A storyline até pode acabar por não ser nada de especial e Morrison pode eventualmente perder-se no card, mas pelo menos a WWE fez os possíveis para lhe dar, logo de imediato, algo com que trabalhar e isso não acontece muitas vezes.
Porém houve uma coisa que me desiludiu muito neste regresso? Sempre pensei que o Morrison era capaz de se mover em câmera lenta… que desilusão, afinal é só mais um comum mortal.
Para vos mostrar o porquê de regressos em grande nem sempre serem uma boa política, vou vos dar um exemplo. Lembram-se do regresso de Bobby Lashley? Sim, o noivo da Lana que por algum motivo está sempre confuso.
Lashley regressou à WWE, no RAW a seguir à WrestleMania e o seu regresso foi tratado como algo especial. Foi um bom momento, sem dúvida alguma, teve um bom pop e foi bastante empolgante ver um homem que já não via há muito tempo num ringue da WWE. E agora pergunto-vos: Acham que esse regresso em grande se justificou? Tenho quase a certeza de que a maioria de vocês acha que não. Lashley regressou e de logo se verificou que a companhia não tinha, de imediato, quaisquer planos para ele.
Este regressou pelo pop. Foi giro ter aplicado o finisher no Elias, é sempre agradável ver um heel a ser calado, mas então e depois? A resposta da WWE a esta pergunta foi colocá-lo numa rivalidade com Sami Zayn, sem motivo aparente, naquele que foi considerada uma das piores storylines no ano em que ocorreu (nem quis pesquisar, tenho medo de voltar a ver as irmãs do Lashley).
Acabei por não resistir e tive de ir pesquisar. Eu sei que corro o risco de perder leitores, ninguém merece ter flashbacks de catástrofes como esta, mas pronto, eu decidi arriscar.
Em suma, aquilo que eu essencialmente pretendo dizer com este artigo, é que nem todos os regressos podem ou devem ser encarados como um grande acontecimento, nem todos os regressos devem ser acompanhados de Pyro e dos habituais “OH MY”! e CAN IT BE!? de Michael Cole, porque foi muitas das vezes a única coisa que esse regresso visa, é obter um grande pop de forma a subir as audiências.
Mas aquilo que se segue a esse grande pop, na maioria dos casos, é um booking altamente confuso e questionável por parte da WWE, que demonstra não ter quaisquer planos para o lutador que regressou, acabando por levar à perda de interesse por parte dos fãs.
Se o regresso de Morrison foi o ideal? Talvez não, talvez tenha regressado de forma demasiado banal, mas guardar este regresso para o Royal Rumble, para após o evento a WWE não conseguir incluir o Morrison na sua programação semanal de forma coerente, se calhar não seria a melhor opção. A WWE é conhecida por não dar aos seus fãs aquilo que eles querem, mas às vezes, não são muitas, eles têm um motivo bastante plausível para o fazer e a meu ver este foi um deles.
Por hoje é tudo, obrigado a todos os que leram este artigo, volto para a semana com mais um More Than Words.
4 Comentários
Mais uma excelente análise, cuidada e racional. Continua assim, Vasco!
Depois daquilo que fizeram com o Shelton Benjamin, deixei de ter expectativas quanto a estes regressos passados alguns anos.
No entanto, acho que juntar desde o inicio o Morrison ao Miz, é uma ideia interessante.
Bom artigo como é habitual.
Acho que entre o John Morrison/Nitro/Hennigan/Impact/Mundo (peço desculpa, não resisti) regressar no RR onde pode facilmente ser ofuscado por um lutador mais consagrado ou regressar num segmento de backstage vai uma enorme distância.
Miz podia fazer uma promo em que irritado com o Kofi, o desafia a ele e ao Big E para um combate de tag team contra ele e um parceiro mistério á sua escolha.
Existia a música de entrada, uma pequena surpresa para o público, o combate acabava em DQ por ataque ilegal do Morrison (ficava logo feito o Turn) e a rivalidade continuava a partir daí.
Faz sentido mas porque não incluir o john morison na mesma nesta storyline com o miz fazendo-o estrear no royal rumble e criando a historia a partir de lá? Não é desculpa dizer que ele foi quase sempre midcarder ou que assim o colocaram logo numa historia! Podiam ter criado esta historia e combate durante o royal rumble e juntando-o com o the miz ja teria impacto por se tratar de uma das maiores tags do século.