Tal como qualquer povo, o povo português é bastante orgulhoso dos seus feitos. Ninguém nos tira os descobrimentos portugueses ou os lugares no ranking de melhor equipas do mundo e as nossas cidades são realmente as melhores para visitar! E no wrestling não podia ser diferente e portanto vamos lá encher o peito de orgulho para o wrestler desta edição: Justin Credible.
Peter Polaco nascido a 16 de Outubro de 1973, filho de dois emigrantes portugueses nos Estados Unidos, começou a adorar esta modalidade nos anos 80 quando Hulk Hogan derrotou o The Iron Sheik e conquistou o antigo título da WWF. Foi neste momento que Polaco percebeu que seria este o caminho que gostaria de traçar e após algum tempo, viajou até terras Canadenses para treinar na aclamada Hart Dungeon dirigida pela família Hart. Lá foi treinado por Stu e Keith Hart e por Lance Storm, aquele que foi a sua maior inspiração para a sua futura carreira. Após ter completado o seu treino regressou aos EUA para tentar a sua sorte. Não se sabe muito do seu percurso após o seu regresso ao seu país natal mas em 1993 já encontrava-se em part-time na WWF, sob o nome de P.J. Walker. Foi essencialmente um jobber até 1994, quando conseguiu um contracto a full time. A sua passagem a wrestler da empresa foi o que originou a sua gimmick de Aldo Montoya. Certo dia recebe um telefonema a informá-lo que precisavam de alguém que treinasse com Brian Lee, o impostor do Undertaker. Por 150$ por dia durante uma semana, Polaco foi o saco de pancada de Brian Lee. No ensaio final, Pat Patterson (um dos bookers da época) e Vince McMahon ficaram impressionados com o trabalho de Polaco e por entre outras questões, perguntaram-lhe a sua nacionalidade. Quando Polaco disse que tinha uma costela portuguesa e falava fluentemente a língua de Camões, foi-lhe atribuída a gimmick de Aldo Montoya, personagem que já estava em construção e só precisava de alguém que a interpretasse. Polaco estava no sítio certo e no momento certo. Nascia Aldo Montoya – The Portuguese Man O’ War.
A verdade é que Polaco não era português mas isso não impediu da gimmick ir para a frente. Anunciado de Portugal ao ritmo de uma batida latina, com pouco connosco mas ainda assim melhor que muita música pimba portuguesa, mostrando as cores da bandeira na sua fatiota, Montoya até tinha alguns ingredientes para ser uma gimmick de sucesso, nem que fosse pela parte da comédia. E mesmo com esta gimmick de jobber ainda conseguiu ter combates com nomes populares da época.
Aldo Montoya vs Sid (1996): http://youtu.be/7iVwVn1H00g
Aldo Montoya vs Stone Cold: http://youtu.be/ieq1bkWNRuk
Em termos de feuds, as mais notáveis foram contra Jeff Jarrett e Ted Dibiase, com quem também travou alguns combates.
Aldo Montoya vs Jeff Jarrett: http://youtu.be/OsxEEI3AIHg
Mesmo combatendo com alguns nomes de renome, Peter Polaco pediu para sair da empresa em 1997, pedido que foi rejeitado inicialmente quando Polaco foi transferido para o território de desenvolvimento em Memphis. Acabou mesmo por sair da empresa com a condição que não podia trabalhar para a concorrência, nomeadamente a WCW.
Não segiu para a WCW mas na altura havia outras promotoras de Wrestling e não perdeu muito tempo a encontrar a ECW, pelas mãos de Paul Heyman que prometeu-lhe transformá-lo numa estrela. E Heyman cumpriu a sua promessa. Aqui não havia máscaras amarelas nem gimmicks tontas. Polaco sofreu uma total alteração no look e foi lhe dada a gimmick de de Justin Credible (Just Incredible), personagem criada pela mente de Heyman. Entre 1997 e 98, Credible tornou-se um sólido midcarder, envolvendo-se em várias feuds e lutando por vários títulos, entre eles os ECW Worl Tag Team Titles. A oportunidade por estes títulos veio após Credible juntar-se a Lance Storm e formarem os Impact Players. Mesmo assim demorou algum tempo até conseguirem capturar os títulos pertencentes a Raven e Tommy Dreamer.
Credible e Storm formam os Impact Players: http://dailymotion.com/video/xtsdan
Raven & Tommy Dreamer vs Impact Players: http://dailymotion.com/video/x4cjv6
Perderiam os títulos para Dreamer e Masato Tanaka no mês seguinte mas conseguiriam recuperá-los numa triple match contra os campeões e a equipa de Raven e Mike Awesome.
Já em 2000, enquanto ainda era campeão com Storm, Credible desafiou Dreamer, o campeão da ECW daquela altura para um combate pelo título. Na sua primeira defesa, Dreamer perde o título e Credible torna-se ao mesmo tempo campeão da ECW e campeão de equipas.
Justin Credible ganha o título da ECW: http://youtu.be/TCaeASEH-zM
Esta vitória trouxe a separação dos Impact Players e uma sucessiva feud entre Credible e Storm pelo título da ECW, onde Credible defendeu com sucesso, primeiro contra Storm e depois contra Dreamer num Stairway to Hell Match.
Justin Credible vs Tommy Dreamer – Stairway to Hell Match: http://dailymotion.com/video/x13tty
Perderia o título para Jenny Lynn e apesar de após a derrota ter andado sempre à volta do título nunca mais conseguiu conquistá-lo. O seu ultimo combate na ECW foi contra Sandman.
A 21 de Fevereiro 2001, Credible regressa à companhia de Vince Mcmahon, não com a gimmick com que saiu (Montoya) mas como Justin Credible, para fazer a save a X-Pac, das mãos de Chris Jericho.
Este momento seria o nascer da stable X-factor, adicionando Albert como o terceiro elemento.
Regresso de Justin Credible à WWF: http://dailymotion.com/video/xegn61
O grupo ainda teve uma aceitação razoável e Credible e Pac ainda tentaram lutar pelos títulos de tag team mas sem qualquer vitória. Rapidamente o grupo se desmembrou quando Credible juntou-se à Aliança em Julho e acabaram de vez quando em Outubro, X-Pac lesionou-se.
Polaco manteve-se em aparições mais pequenas e quando a equipa Aliança foi derrotada no Survivor Series desse ano, Polaco foi despedido (em kayfabe) por Vince McMahon, até ser recontratado por Ric Flair e que o levou para a RAW.
Na brand vermelha apareceu pouco, marcando presença assídua no Sunday Night Heat. Ironicamente foi nesta época que conseguiu alcançar por 8 vezes o título Hardcore…mesmo não aparecendo muito no show principal.
O seu ultimo combate na RAW foi contra Batista. A Janeiro de 2003, Credible é despedido pela WWE.
Após a sua segunda saída da empresa dos McMahons, Credible virou-se para outras companhias como por exemplo a Ring of Honor, Xtreme Pro Wrestling e a TNA. Nesta última chegou a formar uma stable com vários ex-ECW e voltou a feudar com Jerry Lynn.
Justin Credible vs Jerry Lynn – Last Man Standing: http://youtu.be/l5zYiBBTtzM
Em 2005, aparecendo com o ringname de P.J. Polaco, e é revelado como o adversário mistério de Raven no PPV ‘Genesis’ acabando por sofrer a derrota por um DDT.
Ainda fez parte do projecto falhado da MTV – Wrestling Society X mas o programa também não singrou.
Dizem que há terceira é de vez e Credible não fez-se de rogado e em Junho de 2006 é recontratado pela WWE. A sua primeira aparição foi numa nova ECW – menos extreme desde os tempos em que Credible era campeão – na battle royal que opôs a WWE à ECW.
WWE vs ECW Battle Royal PT 1: http://youtu.be/lS7EwpygRdk
WWE vs ECW Battle Royal PT 2: http://youtu.be/V8eh0ot56lQ
Desta sua curtíssima passagem pela WWE (que durou 3 meses) os combates mais relevantes foram contra CM Punk, inclusive o debut deste.
Justin Credible vs CM Punk: http://youtu.be/_NdtYpvECm8
De volta às indies, Polaco desta vez optou por alterar de ring name, mudando para Justin Time (Just in time). Pelo caminho foi encontrando caras conhecidas como Sabu e Julio Dinero. Estas federações eram pouco conhecidas mas ainda assim, Polaco conseguiu arrecadar alguns títulos para o seu currículo.
Em 2010 regressa à TNA, no PPV Hardcore Justice, novamente para apenas uma aparição breve e com o mesmo nome que usou da última vez: P.J. Polaco, devido ao facto da WWE ser autora dos direitos do nome Justin Credible. Mais uma vez sai derrotado desta aparição relâmpago.
Em 2012 volta novamente a uma arena da ECW, para ser derrotado por Sabu num evento organizado pela companhia Evolve. Após esta aparição retorna à gimmick de Aldo Montoya fazendo o seu debut na companhia Chikara.
Nos intervalos da sua carreira como wrestler, e porque uma pessoa tem de alimentar-se tornou-se chef de um restaurante e actualmente continua pelas independentes com o ringname de Justin Credible. No ano passado, após se ter curado das drogas e de outros problemas pessoais (chegou a ser preso) Credible revelou em vídeo que gostava de regressar a tempo inteiro a alguma das grandes companhias, num papel de treinador:
E assim termina mais uma edição do Onde andas tu. A vida de Aldo Montoya não durou muito e a gimmick não enalteceu em nada o nosso país ou cultura mas também, o que esperar de uma gimmick que não é 100% portuguesa dada a um wrestler que não é 100% português?
Espero que tenham gostado e podem começar a disparar nomes para o próximo artigo.
29 Comentários
Belo artigo.
Para o próximo artigo tenho voto em Shelton Benjamin.
Obrigada Roberto pelo teu comentário 🙂
Já não é a primeira vez que o pedem, talvez seja para a semana 😉
Muito artigo.
É pena que ele não tivesse uma carreira melhor e é pena que não existam muitos wrestlers portugueses dipostos a mais que um show de vem em quando por cá, o que não tem nada de mal, no entanto tenho pena que não esxistam muitos a querer uma carreira de nivel internacional e a andar pelos EUA a tentar entrar nas grandes companhias. Falta um português a andar pela WWE, já que existem os irlandeses e os britanicos, porque não os portugueses?
Só uma nota para o Aldo Montoya, agora já não acontece tanto felizmente, mas sempre me fez confusão a ideia que os americanos tinham de que nós falamos espanhol. Ora vamos lá ver, na lingua deles para ver a estupidez, há um país chamado Portugual, onde o povo se chama portuguese e existe uma lingua chamada portuguese…coclusão deles: falam spanish…Isto é Justde Burro (Just de Burro).
no nosso pais nfelizmente n ha mt divulgaçao so ha uma academia de wrestling em lisboa e imagina pessoas do norte que querem seguir e n podem
Sim, é daquelas actividades complicadas em Portugal, sem grande expressão e dos que competem não estão muito dispostos a fazer disso carreira, poucos estarão mesmo nas independentes onde começam quase todos. Ainda tivemos o Carlos Rocha na WWWF, com uma carreira respeitável pelos EUA e Canadá, o Tarzan Taborda com boa carreira pela Europa e o Credible, embora não seja português de nascimento é filho de portugueses, teve uma carreira muito boa na ECW quando esta importava. A minha esperança para o futuro é a Shanna, das poucas com carreira nas independentes britânicas e americanas que por incrivel que pareça não ficou na TNA mesmo depois de ter sido a mulher com mais votos no concurso e que quase vencia, nem mesmo chamou a atenção da WWE.
Obrigada 😉
Bem eu não posso afirmar se realmente não há vontade dos wrestlers portugueses em tentar entrar nas grandes companhias. Acredito que seja o grande sonho de qualquer um chegar às companhias de grande renome, não digo só a WWE mas acho que também não deve ser fácil, não sei se realmente não há tugas nos tryouts ou se até há mas não passam…até era interessante saber de algum caso assim.
É verdade, não é só os americanos mas sim em maioria pensam que Portugal é uma terra espanhola. Eu quando estive em Espanha que é já aqui ao lado pensavam que era brasileira -_- enfim eles é que passam por ignorantes.
Também não me expressei muito bem. O que quis dizer é que, pelo que tenho lido deles, quando escrevem por aqui, parece que não existe aquele sonho de ser um wrestler profissional a tempo inteiro e partir para onde o wrestling interessa e fazer aquela vida dura de saltimbanco a que os wrestlers europeus são obrigados, antes se quer de chamar a atenção à WWE, TNA, AAA, All Japan e outras do género. Olham mais como um hobby quando não estão a tirar um curso ou a trabalhar, ou então são professores e é isso que querem fazer. Claro que entrar na WWE é muito complicado, principalmente na WWE que muitas vezes prefere criar o wrestler de raiz vindo de outras actividades.
Não tem nada de mal, a vida de saltimbanco não é fácil, pelo contrário e há muito que abdicar, tenho é pena que temos poucos nomes nesses países. Temos sempre a Shanna.
podias fazer sobre o jonh morrison
Morrison acabou de fazer a debut no lucha underground da AAA
Grande Morrison, adorava aquela gimmick quando ele se tornou campeão da ECW. Infelizmente estragaram tudo com o faceturn.
Eu sei que ele já foi pedido mas ainda agora estreou-se numa companhia que promete dar que falar, ainda encontra-se bem no activo portanto ainda vai demorar um pouco até sair algo sobre ele. Mas estás à vontade para dar mais sugestões! 😉
Excelente artigo, muito assertivo e conhecedor, os meus Parabéns.
Quanto ao Justin Credible, fiquei assim a conhecer a sua carreira, sabia que existia e conhecia-o mais ou menos, sobretudo dos seus tempos de ECW, mas assim passei a saber a sua carreira de forma mais completa, realmente foi um fracasso completo na WWE nas suas três passagens, mas acho que ele é mais do tipo hardcore e por isso é triunfou apenas na ECW, é a sua “praia”.
Quanto à “gimmick” portuguesa, realmente dar uma personagem que pouco tem a ver com a nossa cultura a um Superstar que não é 100% português e se calhar sabe pouco do nosso País não é assim muito inteligente e não nos credibilizou em nada, pelo contrário, mas duvido que apareça algum Superstar 100% português que consiga triunfar numa das grandes companhias nos próximos anos, é muito complicado, mas claro que adoraria, infelizmente em Portugal ainda não estamos suficientemente evoluídos nesse sentido e o conhecimento é pouco, mas quem sabe no futuro.
Gostava que fizesses sobre o Paul London (não sei já fizeram), mas é o meu escolhido.
Bom trabalho Mafi. 🙂
Obrigada 😀
Sim, apesar de ele dizer que gostou da gimmick do Montoya não sei se gostou mesmo…acho que não se sentia muito bem, estava mais à vontade como Credible.
Acho que ainda vai chegar o dia em que vamos ver um português a dar que falar 😉 já temos a nossa Shanna que já é um motivo de orgulho mas claro que gostava mesmo de ter alguém com sangue lusitano na WWE.
Óptima sugestão, adorava-o juntamente com o THE Brian Kendrick 😛 grandes manobras que faziam 😉
Obrigada mais uma vez ^.^
Exacto, dava para ver que se sentia muito mais à vontade como Credible, era a sua “praia”, sem duvida.
Quanto à Shanna, é realmente um motivo de orgulho, uma jovem bonita e talentosa que tem trabalhado muito e bem, mas já tem mais de 30 anos e duvido que chegue à WWE, portanto não estou a ver um português a chegar à WWE e ter sucesso nos próximos anos, mas pode ser que “nasça” uma nova estrela portuguesa num futuro próximo e um dia chegue lá, seria brutal e mais um orgulho para o nosso País, claro que teria que torcer por ele/a, eheh.
Obrigado, realmente eu adorava a Tag Team formado por ele e o Brian Kendrick, tinham química e depois em ringue eram high-flyers fantásticos, mas os reinados de Cruiserweight Champion do Paul London também foram muito bons, gostava de ver onde anda.
Não tens de quê, é merecido.
Ai vocês não citem que esse cara foi o CULPADO pelo acontecimento com o Scott Hall em 2011 isso vocês não contam ne ?
Que acontecimento? Sinceramente das pesquisas que fiz não encontrei nada referente ao que possas estar a falar. Sei que teve um período negro nos últimos anos e não aprofundei muito a coisa, apenas fiz uma breve referência mas podes sempre elucidar-me.
Nobody cares about Kevin Nash, eheh.
PS: Just Kidding or not… 😉
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Artigo muito bom, Mafi.
Não tinha conhecimento sobre o Justin Credible, quantas passagens pela WWE, heim? uma pena nunca ter se firmado ou ao menos ser credível em alguma de suas passagens, nem na WWE nem na TNA.
Obrigada Hildo. Valeu-lhe a ECW…que também era mais a onda dele.
Otimo Aritgo
Eu gosta de ver Shelton Benjamin no proximo artigo 🙂 foi um wrestler que eu sempre admirei
Obrigada 😉
Já somos dois, adorava-o!
Gostei muito! Quando Montoya recusou a proposta do Ted Dibiase e “arranhou” o português :D.
Escolho o Terrific Terry Taylor…Red Rooster!
Obrigada André.
Bem..não sei quem é 😀 mas já percebi que é daqueles da “velha guarda”. 😉
Tirando os erros de português, belo artigo 😉
Obrigada Daniel 😉 para a próxima vou ter mais olho clínico!
Gillberg pls
Ora aqui está um artigo que deve ter dado um trabalho do cacete. Faço-vos uma vénia pela dedicação que têm a fazer estas coisas, é obra. Quando ao senhor em questão… Só conhecia de nome, mas não pude deixar de me rir alto à pala da gimmick “portuguesa” que ele tinha. Toda a descrição que fizeste, desde o nome até à entrada “ao som de ritmos latinos”, é tudo digno de figurar numa anedota. Aldo Montoya… Só à cabeçada. Muito mal a WWE aqui, suponho que já tenha sido uma sorte acertarem nas cores da bandeira portuguesa.
muito bom artigo gostaria de qualquer dia ver um artigo sobre Vance Archer!!