Quando apareceu pela primeira vez na televisão nacional como concorrente do Tough Enough, ninguém advinharia o impacto que Christopher Nowinski teria na vida de tantas pessoas, que daria respostas a perguntas nunca antes respondidas, que mudaria a forma como atletas, treinadores, médicos lidariam com lesões. Hoje continuamos com antigos participantes do Tough Enough e falamos de um wrestler com uma curta carreira mas com um grande sucesso pós-WWE.

Tudo começou com a sua participação na primeira temporada do Tough Enough, onde chegou a finalista, perdendo para Maven. Já antes tinha tido um contacto muito breve com o wrestling, sendo treinado por Killer Kolwalski no início de 2001, antes de enviar a sua audição em vídeo para concorrer ao Tough Enough. Inspirando-se em si mesmo, Nowinski entrou no TE como Chris Harvard, um graduado de Harvard que se tinha interessado por wrestling durante a faculdade. A base da gimmick era biográfica, visto que Nowinski era de facto naquela altura, o primeiro wrestler graduado da conceituada universidade a entrar na WWE e teria desenvolvido um gosto pelo wrestling, após jogar rugby durante os anos de estudante universitário.

Não ganhando a competição, meses depois o término desta, acabou por conseguir um contracto com a WWE e foi enviado para o território de desenvolvimento para aperfeiçoar as suas habilidades.

Onde Andas Tu? #56 – Christopher Nowinski

A 10 de Junho de 2002, faz o seu debut na WWE ajudando William Regal a derrotar Bradshaw num combate pelo título Europeu. Formou uma aliança com Regal e nas semanas seguintes lutou contra Spike Dudley, The Dudley Boyz, Booker T, Jeff Hardy, The Hurricane entre tantos outros, até chegar ao seu primeiro título, o Título Hardcore, ganho a 6 de Julho de 2002 e perdido no mesmo dia. Na altura era muito popular a regra de um título poder mudar de mãos várias vezes num só dia e  sem combate marcado e portanto o segundo reinado veio no dia a seguir e acabou antes de chegar ao dia 8 de Julho. Apesar de, com esta conquista, ter se tornado o wrestler mais jovem a conquistar o título Hardcore, estes dois reinados não trouxeram nada de benéfico a Christopher, que era apenas mais um no plantel da WWE. Mesmo a sua feud mais conhecida com Al Snow, um dos antigos treinadores do TE, não produziu momentos memoráveis que nos fizessem lembrar a carreira de Nowinski com saudade.

Nowinski vs Jeff Hardy: http://youtu.be/1GN877eEEu0

Em Junho de 2003, a sua carreira e vida mudou drasticamente. Teve uma concussão cerebral durante um combate e por receio e falta de informação naquela altura, escondeu-a durante cinco semanas até presenciar outros sintomas mais graves. Ajudado pela equipa médica da WWE, descobriu que ao longo da sua carreira como jogador de rugby na faculdade, tinha tido outras concussões não detectadas na altura e que levaria algum tempo a recuperar deste estado, forçando à reforma do wrestling.

Cada vez mais interessado nos efeitos e consequências das concussões, dedicou-se inteiramente a tentar informar atletas e médicos na prevenção deste tipo de acidentes. O livro da sua autoria- Head Games: Football’s Concussion Crisis – fez tal sucesso entre a área do desporto que em 2012 foi transformado em documentário. No livro aborda a sua história e a sua batalha de um ano contra a síndrome de pós-concussão e o impacto que estes acidentes têm nos atletas, especialmente em wrestlers e jogadores de futebol americano.

Isto levou ao primeiro caso resolvido por Nowinski. Em 2006, um antigo jogador da NFL – Andre Waters – foi encontrado morto com um tiro dado por si próprio. Analisando uma parte do cérebro descobriu-se que as múltiplas concussões sofridas detoriaram o cérebro de tal forma, que a idade cerebral era de 85 anos com indícios de Alzheimer.  Mais tarde com o caso Benoit, bem conhecido por nós, Nowinski sugeriu a realização do mesmo tipo de teste, na procura de respostas para o acto de Chris Benoit.

Em 2007, Nowinski fundou a Sports Legacy Institute que tem como missão o estudo e informação deste tipo de problemas e a tentativa de resolução para casos graves. Em 2013 a WWE tornou-se uma das patrocinadoras da fundação, doando dinheiro para a investigação e em troca recebendo o acompanhamento adequado a estas situações.

Hoje em dia Nowinski continua a trabalhar na mesma área e sente-se realizado em poder ajudar a resolver casos médicos.

Um artigo diferente dos anteriores  que mostra mais um caso de sucesso do Tough Enough, mesmo fora do ringue! Espero que à mesma tenham gostado e até ao próximo artigo.

16 Comentários

  1. Excelente artigo,Mafi.
    Eu já tinha ouvido falar deste nowinski a uns tempos por causa do que ele faz na parte da medicidina,nomeadamente traumatismos.
    Pena ele não ter continuado no wrestling,mas acima de tudo a saúde e acho que ele fez bem em sair e agora esta bem a fazer algo interessante e que ajuda pessoas com este tipo de traumatismos.

    • Mafi9 anos

      Muito obrigada 🙂

      Eu não o conhecia muito bem e gostei imenso de pesquisar sobre ele, achei um óptimo exemplo! Obrigada por comentares 😉

  2. Obrigado por teres seguido a minha proposta 😀

    Eu por acaso já sabia mais ou menos o que ele andava a fazer, nomeadamente a parte em que estudou o cérebro do Benoit, como o Jericho disse ao Chavo no seu podcast há uns tempos (foi aí que soube).

    Excelente artigo, Mafi.

    • Mafi9 anos

      De nada, não conhecia-o e deu para aprender umas coisas 🙂

      Obrigada por leres e comentares!

  3. Bom artigo, diferente do habitual mas uma boa ideia. Para a semana sugiro mais uma vez o Colin Delaney. Não faço a mínima ideia porquê mas lembrei-me dele no outro dia.

    • Mafi9 anos

      Obrigada Padrinho 😉 Estive para fazer sobre ele logo esta semana mas depois mudei, mas fica descansado que vai sair sobre ele.

  4. Excelente artigo, mais um, desta vez foi diferente mas gostei e passei a conhece-lo já que confesso que não conhecia e assim também já sei a sua história, extremamente útil, sem duvida.

    Quanto ao Nowinski em si, pelos vistos tinha talento e potencial mas as concussões impediram que seguisse a sua carreira e ficou aquém do que podia ter sido, no entanto não baixou os braços e seguiu outro caminho e que caminho!, ajudar as outras pessoas no mesmo problema que teve, a saúde está em primeiro lugar e portanto fez bem em reformar-se mas agora tem um trabalho importante e dignificante.

    Bom trabalho Mafi. 🙂

    • Mafi9 anos

      Muito obrigada Tunes por passares sempre por cá.
      Gostei imenso de ler e escrever sobre o Nowinski, um bom exemplo de quem não baixa os braços mesmo que não tenha a carreira que sempre sonhou.

      Obrigada mais uma vez 😉

  5. Mais um excelente artigo, Mafi. Volto a sugerir JTG e Shad Gaspard, ou apenas um deles, como quiseres.

    • Mafi9 anos

      Obrigada Showoff, vou fazer sim sobre os Cryme Time, está na lista e tenho curiosidade para ver onde anda o Shad que saiu há mais tempo.

  6. Ótima escolha, Mafi. Parabéns pelo bom trabalho.

    Esse cara compensou o que faltou na sua carreira na WWE com um trabalho espetacular fora desta. Por acaso, já sabia que ele realizava esses estudos, tendo inclusive visto uma reportagem sobre ele a um tempo atrás.

    Quanto a sua prestação na WWE, poderia ter sido mais se não fosse aquela concussão. Mas, mesmo se não esta não tivesse ocorrido, não acreditava em uma carreira muito promissora deste. Não o via como um potencial main eventer (ainda mais na época em que surgiu, quando várias estrelas despontavam) e também não via uma aposta séria nele por parte da WWE.

    Para um futuro OAT, que tal você fazer um artigo sobre o Tajiri? Foi um bom wrestler, mas foi somente isso, um wrestler. Não tinha o It Factor para conseguir mais.

    • Mafi9 anos

      Muito obrigada Sorlei pelo teu comentário.

      Concordo contigo, acho que não chegaria muito longe na WWE, mas chegou mais longe na área da medicina o que é mais importante.

      Por acaso já tinha pensado nele e agora que reforças a sugestão, seria interessante ver por onde anda (provavelmente pelo Japão).

  7. Maur9 anos

    Um belíssimo exemplo de vida realmente produtiva.
    Um exemplo do ditado “Deus escreve certo por linhas tortas”.

    • Mafi9 anos

      Verdade, não conseguiu a carreira que inicialmente queria, mas acabou por ter um percurso muito mais importante e fazer realmente a diferença.

  8. Sonic34529 anos

    Gostei do artigo, não cheguei a conhecer Nowinski, porém vi que o trabalho foi bem feito. Sugiro para a próxima edição uma análise da carreira de Vladimir Kozlov.

  9. Diogo FFS9 anos

    Faz do Yoshi Tatsu