Desde o segundo em que se estreou até agora que Rusev lutava um jogo periogoso de probabilidades. Um jogo que nunca esteve a seu favor. No fundo, Rusev era apenas mais um na longa lista de lutadores aparentamente imparáveis que a WWE estreava todos os anos que acabavam por, eventualmente, ficar permanentemente no midcard ou se tornar na nova anedota do roster.
E era exactamente isso que Rusev, juntamente com Lana, tentava evitar: ser apenas mais um. Não era fácil. Não só o estilo não abonava a seu favor, pois era algo que os fãs já tinham visto falhar várias vezes, como este era apenas uma nova versão de outra personagem que estavam fartos de ver falhar: o vilão imigrante.
A ideia de construir personagens e histórias à base do patriotismo não é má. Mesmo em 2014, os cânticos “USA! USA! USA!” são bastante simples e automáticos para alguns fãs, portanto não é complicado obter uma reacção. O verdadeiramente complicado é tornar essa personagem em algo multidimensional e que tenha pernas para andar, não só durante os primeiros anos de carreira, mas também para o main-event.
Mais uma vez, as probabilidades nunca jogaram a favor de Rusev e este não teve uma jornada fácil. Desde o início que a sua apresentação sofreu várias, mas pequenas, alterações que visavam tentar evitar o pior destino para a sua personagem. No fundo, este tem sido uma das apresentações mais consistentes dos últimos meses, sendo sempre fortemente posicionado.
Mas, mais uma vez, tal não é algo que tranquilize os fãs, pois o início de carreira destas bestas imparáveis é bastante fácil de construir. O problema e algo em que a WWE tem falhado constantemente ao longo dos últimos anos (por vezes por sua culpa, outras nem tanto) é como apresentar a personagem nas etapas mais complicadas, como quando enfrenta os nomes mais importantes do card e como lida com a primeira grande derrota.
Afinal, o que fazer com Rusev depois da sua primeira grande derrota? Terá este pernas para andar depois de tal? Fará sentido a existência da personagem depois de tal? São tudo questões aparentemente fáceis, mas no fundo bastante complicadas de responder, porque existe sempre um factor de imprevisibilidade a ter em conta: os fãs. Nunca se sabe como podem reagir.
Exemplo disso é a sua rivalidade com Jack Swagger. Essa rivalidade, em particular o momento do primeiro confronto entre os Real Americans com Lana e Rusev, voltou o jogo de probabilidades e, pela primeira vez, estas encontravam-se a favor de Rusev. Porque embora a sua personagem continuasse a ser unidimensional, este tinha provado que conseguia obter mais que os leves cânticos “USA!” da praxe.
Passaram meses desde o primeiro confronto, mas ainda hoje fico deliciada com a forma simples, mas efectiva do primeiro confronto. Ninguém esperava, ou tinha razões para esperar, que obtivesse aquele tipo de reacções, mas aconteceu. A questão que resta agora responder é porquê?
Durante vários meses que Lana e Rusev tinham dominado o midcard da WWE. Não havia quaisquer dúvidas na cabeça dos fãs de quais eram as suas intenções e natureza. Nos meses que passou no roster principal, Rusev foi sempre posicionado de forma dominante, com apenas Roman Reigns a ter o privilégio do abrandar um pouco, numa série de combates que tiveram que, já agora, aconteceram demasiado cedo para qualquer um dos dois.
Do outro lado, estavam Jack Swagger e Zeb Colter, os Real Americans. Esta versão de Jack Swagger tinha-se estreado em 2013 e, desde então, o máximo que tinha conseguido era tornar o seu cântico “We, the people!” popular e relançar Cesaro. O cântico tornou-se popular, mas Jack Swagger não. Cesaro teve uma nova oportunidade aos olhos dos fãs, oportunidade essa que a WWE prontamente desperdiçou.
Basicamente, Zeb Colter e Swagger eram uma dupla moderadamente irrelevante, a quem os fãs não prestavam muita atenção, mas com quem gostavam de dizer em coro apenas uma frase.
Todavia, tal como Rusev e Lana, as intenções e razão de ser desta dupla era bastante conhecidas pelos fãs. Ninguém tinha quaisquer dúvidas sobre qual era a sua posição. Apenas tal nunca tinha sido aplicado de forma a interessante e cativante para as massas.
Resumindo, ambas as duplas tinham as fundações das suas personagens bem estabelecidas, apenas – devido à natureza limitada das mesmas – nunca tinham sido colocadas em situações que conquistassem as massas. Que lançassem faíscas. Que criassem aqueles momentos especiais que revemos vezes e vezes sem conta no youtube (ou na WWE Network).
Foi por isso que resultou. Porque duas personagens que tinham sido claramente criadas para rivalizar uma com a outra estavam finalmente a fazê-lo. Duas personagens cujas naturezas e intenções estavam perfeitamente claras para os fãs desde o início e, acima de tudo, eram aceitadas naturalmente. E quando isso acontece, a história escreve-se sozinha.
Ao contrário de Big E, Mark Henry e Big Show, o patriotismo sempre foi uma das características fundamentais das personagens de Jack Swagger e Zeb Colter. Por isso, a rivalidade com Rusev era algo perfeitamente natural para os fãs e simplesmente destinado para acontecer.
Por muito patriotas que Big E, Mark Henry e Big Show sejam na realidade, tal nunca foi um aspecto fundamental das suas personagens, portanto o seu exagero patriótico apenas soa forçado. E no fundo é forçado, porque este apenas é mencionado por causa da rivalidade com Rusev.
Porém, mesmo com tudo isto em conta, o resultado foi inesperado e, pela primeira vez em muito tempo (se é que alguma vez tinha acontecido de todo), Jack Swagger ouviu, através de “Let’s go Swagger!”, os fãs firmemente do seu lado. Tal foi uma novidade, porque normalmente, Swagger é o parceiro do lutador que os fãs apoiam, não o lutador em si, seja esse lutador Cesaro ou até Dolph Ziggler.
Por essa mesma razão, e tantas outras, no dia após a Wrestlemania ninguém esperava que meses mais tarde, Cesaro perdesse para Swagger em plena Raw, enquanto Cesaro andava perdido e Jack Swagger reunia o apoio dos fãs para enfrentar Rusev e Lana. Foi uma daquelas surpresas que simplesmente ninguém conseguia prever, por muito que tentasse.
E como ninguém o conseguia prever, ou até considerar de todo, ninguém esperava que acontecesse e, ultimamente, esse foi a grande benção e a grande maldição da rivalidade.
Foi uma benção, porque surpreendeu os fãs pela positiva e deu-lhes algo de interessante, assim como deu a primeira rivalidade bem disputada de Rusev. Foi uma maldição, porque como ninguém esperava que tal acontecesse, a WWE não estava preparada para proteger Swagger também. Inicialmente, a função de Swagger era apenas uma: perder para Rusev.
No entanto, esta decisão é bastante mais fácil de tomar quando Swagger anda perdido pelo midcard, sem qualquer rumo ou direcção e com a mesma popularidade de sempre, do que quando anda a ser ovacionado pelos fãs e a suscitar as maiores reacções da sua carreira.
Ultimamente, a WWE decidiu manter-se fiel ao plano original, mas teve o cuidado de proteger Swagger nas suas derrotas. Tal deve ser visto como um ponto extremamente positivo, porque normalmente, a WWE tem tendência a tentar matar o que suscita reacções não planeadas, seja de forma directa (Ex: Zack Ryder), ou de forma indirecta (Dolph Ziggler, Daniel Bryan, Cesaro, e.t.c.), onde não lhes dá o apoio necessário para alimentar e cultivar essas reacções e deixando-as à sorte.
No caso de Swagger, foi simples. Não acabou com ele decisivamente, mas deixou-o morrer uma morte lenta e arrastada, ao tirá-lo subitamente do caminho de Rusev para o emparelhar com Bo Dallas. E o Swagger intenso, pronto para lutar que os fãs apoiavam voltou à estaca zero.
Enquanto se enfrentavam, Rusev e Swagger tornaram-se mutuamente mais fortes e deram um ao outro a altura mais empolgante das suas carreiras. Mas não foram os únicos a ajudar, e muito, esta rivalidade. Lana, a representante de Rusev continua a melhorar a olhos vistos e o seu à vontade continua impressionante, tendo em conta que a maioria das Divas não apresenta tanta personalidade com tanta facilidade.
Do lado de Swagger, Zeb Colter continuava a mostrar porque é um dos talentos mais subestimados do roster. A forma convincente e decisiva como atacou Lana, usando como argumento a Liberdade de Expressão, foi uma manobra de génio e extremamente motivante de assistir. No fundo, Zeb representa uma figura paternal, teimosa, porventura embirrante, de ideias fixas e talvez antiquadas e dificeis de aceitar que debita longos discursos a defender aquilo em que acredita, mas que no fundo tem bom coração.
Este é uma mais-valia para qualquer rivalidade ou lutador, assim como consegue ser divertido com a sua ocasional piada, por exmeplo, como quando chamou Lana e Rusev de Natasha e Boris. São piadas tão naturais que encaixam tão bem na sua apresentação, que acabam por não danificar, nem a natureza da rivalidade e sua intensidade, nem a credibilidade de Rusev e Lana.
Resumindo, todos estes factores tornaram Rusev vs Swagger numa das rivalidades mais empolgantes do Verão. Pelo menos, pessoalmente. O apoio a Jack Swagger e a forma como todos funcionaram tão bem fez de mim uma fã. Aliás, consegui mesmo torcer por Jack Swagger no Summerslam e fiquei um pouco triste por vê-lo perder, o que era exactamente o objectivo e nem sequer sou americana. Mesmo sabendo na altura que o mais provável, e talvez a melhor decisão, fosse continuar com o plano de proteger Rusev, estava fortemente a torcer por uma vitória de Swagger.
Mas, o combate não foi executado com as regras tradicionais do Flag Match, ao contrário do que tinha sido especulado na altura, e vencer Rusev no Summerslam ou perder a oportunidade do destacar num dos eventos mais importantes do ano seria, mais tarde, visto como um erro.
Felizmente, tal como já disse, a WWE fez o mínimo – ao contrário de noutros casos – e protegeu Swagger, deixando que este fosse vencido pelo Accolade sem precisar de desistir. Só é uma pena que tal tenha acontecido no mesmo evento em que Brock Lesnar absolutamente dizimou John Cena no main-event, tirando toda a seriedade e importância ao ataque de Rusev a Swagger, assim como desvalorizando por completo a decisão do árbitro de parar o combate. Foi um problema das circunstâncias e da falta de planeamento.
Ou, como é apenas Swagger vs. Rusev, a WWE não perdeu muito tempo a tentar pensar noutro finish que protegesse Swagger, mas não fosse completamente desvalorizado pelo main-event.
A única situação questionável do combate é algo que também se repetiu na passada edição da Raw: a estranha apresentação de Rusev como babyface.
Afinal, no Summerslam, Rusev foi atacado antes do início do combate, passou imenso tempo a promover a forma como seu tornozelo ficou magoado com o Patriot’s Lock, apenas para conseguir vencer no fim, aplicando a sua manobra, mesmo quando lhe causava óbvias dores.
Tal é algo que um babyface faria. Aliás, se a sua personagem não tivesse sido tão bem estabelecida como imigrante vilão nos meses que antecederam a rivalidade, esta situação poderia ter arruinado a credibilidade e popularidade do babyface que o estava a enfrentar.
Devido à forma como Mark Henry e Big Show atacaram Rusev, numa situação de clara desvantagm para este último, reforçou o meu receio que a WWE perca um pouco a noção das características básicas de uma personagem na tentativa de proteger Rusev.
Rusev deve ser protegido e posicionado de forma dominante, enfrentando adversários progressivamente mais importantes até se estabelecer firmemente como main-eventer. Como, neste caso, é um vilão, em situação alguma os fãs devem ficar com a impressão que este está a ser alvo de injustiças.
A partir do momento em que os fãs se aperceberem que este, na prática, está a ser retratado como babyface, todos os heróis que o enfrentarem que não tiverem star-power suficiente para se aguentarem serão um fracasso e o ódio dos fãs por Rusev irá desaparecer e tornar-se em apatia e confusão.
Afinal, é muito pouco provável que o povo americano comece a ovacionar o búlgaro que vive na Rússia e passou os últimos meses a elogiar o presidente russo em televisão e a insultar os E.U.A.
Comecei este artigo por elogiar a forma como a natureza das personagens dos Real Americans, Lana e Rusev tinha sido estabelecida e como tal era um dos aspectos fundamentais por detrás das reacções suscitadas pela rivalidade, portanto é uma péssima ideia atirar essa característica pela janela, especialmente quando perderam meses a criá-la.
Como, no fim do Summerslam, Rusev tinha atacado Zeb Colter, fiquei com esperança que tal tivesse sido apenas um pequeno deslize e que não voltasse a acontecer, de forma a não correr o risco de confundir os fãs, mas depois da última Raw fiquei com sérias preocupações. Afinal, não seria a primeira vez que a WWE prejudicava um talento com a sua protecção excessiva e irracional.
É difícil encontrar o balanço ideal, entre fornecer a protecção necessária a um talento para que este tenha sucesso, mas não demais ao ponto do prejudicar e não é, de todo, uma tarefa que eles dominem por completo.
No fundo, sinto que a rivalidade de Jack Swagger e Rusev não atingiu todo o seu potencial. A forma como ambas as duplas funcionaram; o esforço, trabalho e dedicação dos dois lutadores envolvidos e, acima de tudo, as reacções dos fãs, revigoraram e deram uma nova esperança a duas personagens que, anteriormente, eram vistas como limitadas e unidimensionais.
Mas lá está, Swagger nunca foi o destino de Rusev. Swagger é um midcarder, cujas probabilidades de atingir o main-event e se fixar lá permanentemente descem de dia para dia. Não fazia sentido ver Rusev a ser parado ou seriamente prejudicado por um midcarder por quem os fãs não mostraram qualquer interesse até então.
Realisticamente, Rusev tem muito mais probabilidades de ter sucesso que Swagger, visto que não passou os últimos oito anos na WWE a falhar como main-eventer e a passear pelo midcard. A sua imagem não está gasta e os seus combates com main-eventers serão novidades. Este tem muito mais hipóteses de ter um futuro bem-sucedido que Swagger, por isso a WWE teve que se manter fiel ao plano original e é difícil questionar a sua decisão.
A forma como a rivalidade terminou foi uma pena e os momentos que proporcionaram juntos foram, sem dúvida, uma excelente surpresa.
Ora, a rivalidade de Jack Swagger com Rusev não deu apenas boas surpresas aos fãs, relembrou-os também da natureza da WWE.
Antes do primeiro combate de ambos, no Battleground, Lana fez uma promo que causou alguma polémica e deixou algumas pessoas desconfortáveis. Na sua tradicional promo de elogios a Vladimir Putin, Lana fez uma referência que poderia, ou não, ser associada aos recentes acontecimentos, que tinham envolvido o ataque a um avião comercial.
Embora a WWE possa sempre defender-se e dizer que não se referia directamente ao incidente, o timing do mesmo não deixa grandes dúvidas e o comentário deixou várias pessoas desconfortáveis, tendo mesmo um efeito na reacção dos fãs presentes.
A maioria dos fãs gosta de entrar no mundo da fantasia e fingir que Rusev é um grande vilão e vaiá-lo, mas a referência a incidentes desta dimensão tornam esse processo mais complicado de fazer graças ao mal-estar que causam.
Pessoalmente, o comentário não me deixou desconfortável, apenas exasperada. Não tenho problemas com o envolvimento de tópicos mais sensíveis e possivelmente polémicos se estes forem bem executados, reunirem a aprovação de todos os têm o direito de a darem e, acima de tudo, tiverem um propósito.
Resumindo, não vale a pena correr o risco de antagonizar as pessoas e possivelmente prejudicar toda a história apenas para dizer que algo controverso foi feito. Fazer por fazer não é uma política viável.
O problema deste comentário foi mesmo isso. Na minha mais humilde opinião, esta foi apenas mais uma forma infantil da WWE de obter atenção. No fundo, é sempre isso que a companhia deseja e procura. A indústria do Wrestling Profissional é frequentemente olhada de lado pelo resto do mundo.
Não é visto com bons olhos, é frequentemente atacado injustamente e usado como desculpa para erros de pais incompetentes. Exactamente por isto é que a WWE sabia perfeitamente que a imprensa iria reagir e tomar nota da indirecta.
Ora, a cultura popular que tão fortemente rejeita e goza com os homens em trajes menores que rolam de um lado para o outro np ringue, é também a mesma em que a WWE se quer integrar e da qual procura aprovação. As tentativas desesperadas da WWE de obter qualquer espécie de reconhecimento ou destaque chegam a atingir um nível deprimente e embaraçoso.
Estas tentativas passam pela constante aparição de celebridades que não só não gostam do produto e o usam como veículo de auto-promoção, como o criticam ou criticaram no passado. É um verdadeiro espectáculo de hipocrisia.
E também passam pela WWE tentar transformar pequenas situações em algo muito maior e relevante, quando não é o caso. Quem não se lembra da suposta polémica que houve quando Jack Swagger e Zeb Colter surgiram pela primeira vez, na sua versão de Real Americans, onde foram criticados por Glenn Beck. Resposta da WWE?
Convidaram Glenn Beck para aparecer e quando este nem se dignou a responder – assim como o jogador da NFL que a WWE queria que a todo o custo fosse falar da sua homossexualidade à Raw – enviaram Michael Cole para o entrevistar. O que é que aconteceu? Nada, foram embaraçados e ignorados. E, pelo meio, Zeb Colter e Jack Swagger lançaram um vídeo, onde explicavam a situação, assim como davam os seus verdadeiros nomes.
Ou seja, são tudo tentativas infantis, deprimentes e embaraçosas de tentar obter atenção e destaque do mundo lá fora que tão decisivamente os ignora e critica.
O uso das imagens de Vladimir Putin, Snowden e Barack Obama é feito exactamente com o mesmo intuito: de obter atenção. Só que esta atenção é perigosa. A WWE deseja destaque e aprovação, mas não deseja uma controvérsia negativa e de grande dimensão que possa colocar em perigo os seus patrocinadores.
O que é que isto significa? Significa que a WWE irá, frequentemente, tentar ser mais controversa e arriscada, na tentativa de obter o tão desejado destaque, mas no dia em que forem longe demais por acidente e as coisas correrem mal, quem sofre é o talento em questão, que será provavelmente tirado de televisão e verá a personagem ser suspensa.
É um jogo, mais uma vez, infantil, que não alcança absolutamente nada, porque não está a ser feito com um propósito legítimo (e também porque a execução não é a melhor). Um jogo que não entretém ninguém e que um dia pode prejudicar seriamente a carreira de alguém.
E, no fim disto tudo, o mais frustrante é que escondem esta necessidade desesperada de atenção por detrás do que é uma desculpa perfeitamente válida: Lana e Rusev não passam de personagens fictícias, cujas atitudes e afirmações não deveriam ser levadas mais a sério do que as piadas de Drax (Batista) nos Guardiões da Galáxia.
Depois de Swagger, Rusev começou a rivalizar com Mark Henry e Big Show. Ambos são dois adversários visualmente imponentes que darão óptimas vítimas para o histórico de Rusev, enquanto este continua na sua jornada em rumo do main-event.
O problema desta história é algo que já foi referido. O patriotismo de Big Show e Mark Henry é extremamente forçado, portanto a rivalidade não flui, nem convence os fãs da mesma forma que Swagger e Rusev fizeram. Não é uma questão de patriotismo que está em jogo, é construção consistente e sólida de personagens.
Swagger teve um período de tempo para se estabelecer como Real American e convencer os fãs, ao passo que Big Show e Mark Henry estão apenas a lançar moeda ao ar para ver quem é quem irá voltar a ser vilão primeiro.
Esta escolha de adversários matou um pouco do interesse e empolgamento que a rivalidade com Swagger tinha criado em relação a Rusev, pelo menos pessoalmente. Mais uma vez, Mark Henry e Big Show são óptimos adversários para Rusev vencer, apenas não são indivíduos que, como fã, queira ver.
O momento mais empolgante da carreira de Rusev, no entanto, aconteceu há cerca de uma semana. E, bem à semelhança das reacções que Swagger e Rusev suscitaram, foi também uma surpresa. The Rock decidiu dar um saltinho à arena onde aWWE realizou a Raw e agraciar os fãs com a sua presença e talento.
É sempre extremamente empolgante e divertido quando uma estrela aparece assim de surpresa. Sabia-se que este estava na área, mas não havia quaisquer indicações que este iria de facto aparecer na Raw. Felizmente ele apareceu e ajudou na credibilização de Rusev.
O carisma e star-power de The Rock dá uma energia completamente diferente a qualquer evento em que esteja envolvido, mesmo que tal passe por recitar as mesmas catch-phrases que temos ouvido na última década.
Não acho, de todo, que tal confronto tenha sido feito para construir um combate entre ambos, porque era preciso Rusev tornar-se num grande sucesso justificar o dinheiro que a WWE iria investir em trazer The Rock e também o risco de lesão que Rock iria correr ao entrar em ringue novamente (e consequentes efeitos na sua carreira como actor).
Resumindo, é preciso Rusev tornar-se numa estrela bastante maior para justificar os riscos e encargos deste combate. Mesmo assim, gostei bastante de ver uma estrela da dimensão de The Rock a interagir com uma estrela recente e a valorizá-lo da forma que o fez. Aliás, Rock valorizou também Lana. Isto é, no fundo, aquilo que sempre quis das interacções entre Lendas e estrelas jovens.
É um facto que Rock usou insultos infantis (algo que não é uma novidade), mas também é um facto que elogiou bastante Rusev, afirmando que este era maior, mais forte e mais perigoso que grande parte do roster. Rock afirmou também que as pessoas não gostavam deles porque eles eram uns sacanas, que na realidade, é uma condição necessária para qualquer vilão.
Não só isso, como não houve qualquer Rock Bottom ou People’s Elbow. Rusev não terminou o segmento a olhar para as luzes, como se costuma dizer. Muito pelo contrário, este foi atirado para fora do ringue e manteve-se lá por ordens de Lana, o que no fundo, é uma das coisas que esta tem feito desde que se estrearam. E é assim que se protege Rusev.
Este não foge, não passa por cobarde. Lana impede-o de lutar, enquanto este mostra toda a sua intensidade e vontade do fazer. É uma característica pouco usual para um vilão comum, mas extremamente necessária para uma besta imparável.
Rusev não só teve a oportunidade de partilhar o ringue com The Rock, uma das maiores estrelas de sempre, como foi elogiado por ele e terminou o segmento de forma dominante e convincente. Tenho pena que não possam lutar, gostaria de ver a WWE a elevar Rusev de forma que justificasse a existência deste combate, mas compreendo porque tal não é de todo uma hipótese viável ainda.
De qualquer das formas, isto é exactamente o que se quer quando se coloca uma Lenda e uma nova estrela em ringue e depois de tantos, tantos artigos que já escrevi a criticar a forma como a WWE desvaloriza as novas estrelas perante estrelas do passado, não poderia perder esta oportunidade de os elogiar pelo bom trabalho.
E com isso, termino esta edição do Opinião Feminina. Desejo uma excelente semana a todos e até à próxima edição.
17 Comentários
Não me leves a mal, Salgado, mas tenho reparado nalguns erros que tens vindo a dar ultimamente. Neste artigo, por exemplo, escreveste “oportunidade dos elogiar”, quando deveria ser “oportunidade de os elogiar”. Claro que são pequenos erros e que em nada afectam a elevada qualidade dos teus artigos, mas é sempre melhor quando esses erros não aparecem. Portanto, não quero parecer um “cocozinho” com este tipo de coisas, embora fique o reparo 🙂
A rivalidade com o Swagger foi a melhor que o Rusev teve até hoje. Porém, começou a tornar-se entediante ao fim de pouco tempo. Aliás, relembra-me a rivalidade entre o Jericho e o Bray nesse aspecto, pois existiam segmentos que não passavam de uma repetição do que se tinha feito na semana anterior. Até percebo que as personagens não deixem uma grande margem de manobra para fazer/dizer coisas diferentes, mas, como disse, tornou-se entediante.
O aparecimento do Rock foi uma agradável surpresa. Contudo, como já estou habituado a vê-lo ser usado de forma errada, fico logo de pé atrás e com alguma dificuldade em reconhecer o seu bom uso. Como disseste, acabou por ser positivo o facto de o Rock não ter utilizado os finishers. Pelo menos isso.
Mais uma vez, um grande (figurativamente e literalmente) artigo.
Porque haveria de levar a mal? Vocês devem dizer de vossa justiça, sejam as críticas positivas ou negativas. Não há qualquer problema, agradeço o reparo 🙂
Obrigado 🙂
Excelente artigo Salgado!
Desde da 1ª edição os teus artigos continuam espetaculares!
Ainda bem, muito obrigado 🙂
Concordo com tudo menos com o facto de um investimento no The Rock para lutar com o Rusev não ser viável. Acho sinceramente que toda a gente estará mais interessada em ver esse combate do que contra o HHH por exemplo. O The Rock é um exemplo bastante bom de Herói Americano e o Rusev é vilao perfeito, acho que todos iam adorar e que facilmente se consegue dar credibilidade ao Rusev pois a personagem está bem construída!
Parabéns pelo artigo =)
Acho que não deves utilizar o “toda a gente” visto que devem haver pessoas que preferem um HHH vs The Rock e eu sou um deles, eu percebo a parte de elevar talentoso e que eles são o futuro da companhia, mas ver o meu lutador preferido de sempre e o The Great One em mais um confronto e combate, não posso recusar, estou a ser sincero.
Eu acho que não não deveria haver um combate entre The Rock e Rusev, pois The Rock tem potencial para lutar em lutas contra lutadores muito mais reconhecidos e populares, como John Cena ou até mesmo Brock Lesnar (seria uma grande luta essa!!).
Uma luta contra Rusev não seria viável (na minha opinião), porque The Rock iria simplesmente destruir o Rusev e então, depois dessa luta, os dois personagens iriam ficar entediantes. Os combatentes do Rusev devem ser principalmente grandes desafios, como Big Show, Mark Henry, Kane, Randy Orton, etc.
Neste momento, não se justifica. Mas não é algo que não se resolva ao longo dos próximos meses. Duvido é que a WWE o faça.
E porque é que a maioria das pessoas está mais interessada em ver HHH/Rock? Porque ambos são veteranos estabelecidos com enorme star-power. Solução: elevar outras estrelas a esse nível para que se justifique.
Obrigado 🙂
Excelente artigo, mais uma vez.
O Rusev, a meu ver, tem tido a melhor construção entre todos os talentos da WWE. Não conto com os ex-Shield, porque esses, do meu ponto de vista, já são main-eventers há muito tempo.
Percebe-se o cuidado que a WWE tem com o búlgaro da Rússia, mas também acho que exageram nas situações “extra-Wrestling”. É bom para nós, fãs, que não nos importamos de ver alguma polémica, mas pode vir a ser catastrófico para a carreira do Rusev.
Obrigado 🙂
De acordo.
Exacto. Se forem um pouco longe demais e as coisas correrem mal, será apenas Rusev a sofrer com as consequências.
Excelente artigo, mais um de grande qualidade, e o tema foi extremamente bem escolhido depois do aparecimento do The Rock e do “push” que o Rusev tem levado na construção da sua “gimmick”, o timing ideal, e gostei bastante de ler, os meus Parabéns.
Não tenho nada em especial a acrescentar, já disseste tudo, mas vou só dar a minha opinião nos temas principais.
Quanto à feud entre Rusev e Swagger, acho que foi muito bem construída e quase sem erros, só não gostei do combate no Summerslam que acabou por ser diferente do que se pensava e foi “abafado” pelo Main-Event, e depois a feud começou a perder “gás”, mas as “gimmicks” dos dois só podiam dar certo se a WWE acertasse na construção e acho que acabou por valorizar o Rusev que é o mais importante.
Eu até gosto do Swagger e acho que se a WWE não o tivesse aproveitado mal em certas ocasiões da sua carreira e o próprio não tivesse cometido alguns erros fora dos ringues até podia estar noutro patamar, acho que tem presença, é muito bom fisicamente e depois no ringue tem qualidade, com o Zeb Colter podia ser mais credível e importante, se calhar se tivesse estreado a sua “gimmick” actual no inicio da sua carreira até podia ter outro trajecto.
O Zeb Colter e a Lana são perfeitos para as suas “gimmicks” e crenças e fazem o seu papel na perfeição, são talentos seguros como managers e a Lana tem mais carisma e personalidade que a maior parte das “Divas” do roster, concordo.
Já o Rusev tem um talento enorme em todos os aspectos (menos nas mic-skills), mas aí diz o que tem que dizer no timing certo e depois tem a Lana para o representar, se correr tudo bem e pelo certo pode tornar-se num Main-Eventer de qualidade, sem duvida.
O The Rock apareceu de surpresa e foi excelente, é sempre bem-vindo, e não me importo de ouvir as suas catch-phrases e de o ouvir a insultar quem se mete à sua frente e, como tudo disseste, também acho que indirectamente acabou por valorizar o Rusev e a Lana e acabou por ser um sucesso.
Quanto a um possível combate na WM31, também acho que a WWE não vai correr esse risco e faz sentido, acho que não é o momento certo, uma feud com o Kurt Angle (que regressaria) acho que é o que (quase) todos queremos ver e seria uma “repetição” da Swagger vs Rusev, mas com o Kurt Angle que é ainda mais credível, patriota e é uma lenda de topo, acho que seria o ideal e podia fazer do Rusev um Main-Eventer com a construção certa.
Por fim, também espero que a WWE com o desespero não comece a exagerar em certas polémicas, etc, e corra o risco de acabar com a “gimmick” do Rusev, o que faria com que a sua carreira estagnasse e ficasse em perigo, há ali muito potencial e espero que não estraguem tudo.
Bom trabalho Salgado. 🙂
Muito obrigado 🙂 Era para ter saído na semana passada, mas o uso das celebridades teve prioridade.
Sinceramente, desenvolvi uma embirração com o Swagger quando este desrespeitou a oportunidade dada de lutar na WM29 pelo Título ao conduzir alterado e com erva no carro, mas a forma como esta rivalidade se desenvolveu e funcionou junto dos fãs suavizou essa embirração.
Mais uma vez, obrigado 🙂
Não tens de quê.
Pois, eu entendo que o uso das celebridades fosse a prioridade, realmente o timing foi o ideal e este artigo ainda vem bem a tempo, continua com este excelente trabalho.
Exacto, o Swagger também cometeu alguns erros e esse foi o mais grave pois estava num bom momento e com algum “hype”, mas estragou tudo e a sua carreira está estagnada e podia estar num patamar mais elevado, a meu ver.
Obrigado eu e desejo-te uma excelente semana, até ao próximo artigo. 🙂
Mais um excelente artigo Salgado.
De facto, o Rusev tem tido uma construção mais ou menos estável e é uma das personagens mais definidas do roster. Gostei muito da rivalidade com o Swagger e confesso que gostava que ele tivesse ganho no SummerSlam. Com Big Show e Mark Henry, perdeu-se muito impeto nas feuds do Rusev, pois nem Henry, nem Show me convencem. Espero que Rusev continue imparável até ao WrestleMania, onde eu espero que um grande nome acabe com a sua invencibilidade num bom combate.
De mim é tudo. Uma boa semana para todos.
Obrigado 🙂
Também eu! Foi uma rivalidade que funcionou bastante bem. De acordo!
Que artigo fantástico!! Não há palavras para te agradecer pela tua contribuição para o site com notícias, a gestão da League e ainda o “Opinião Feminina”!
Ohmm muito obrigado 🙂