3 de Outubro de 2011, uma data para recordar. Sem dúvida alguma, que em 2011 a WWE nos tem oferecido momentos chocantes, que certamente farão parte da história. E o infame “Walkout”, foi sem dúvida um deles. Então, e qual é a opinião final acerca deste tão famoso momento?
Comecemos, então, pelo início da história. Toda a instabilidade trazida pela situação de CM Punk em Julho, causou que se gerasse uma falta de confiança em Mr.McMahon que foi afastado pela direcção, para que Triple H pudesse tomar o seu lugar. Ora a instabilidade manteve-se a vários níveis e Triple H acabou por ser afastado, para dar lugar a John Laurinaitis. Penso que é apenas natural, pensar que é John Laurinaitis que está por trás dos últimos acontecimentos, como a mensagem a Kevin Nash, a cela a baixar suspeitosamente e estrelas que era suposto estarem despedidas, andarem a passear-se a seu bel-prazer pelos eventos. Ou seja, quem anda a tramar Triple H é Laurinaitis. Encontrámos então o fim da história. Isto acaba quando Laurinaitis for desmacarado, por assim dizer.
O “Walkout” em si, como foi feito, foi assustadoramente chocante. Sempre que se pensava que não havia mais nada que pudesse acontecer, alguma coisa acontecia e o choque aumentava. Nomeadamente, os camera-men. Eles ali representavam um pormenor no qual ninguém iria pensar, ou sequer lembrar-se, mas quando saíram, a peça encaixou no puzzle final e tornou tudo mais emocionante.
É claro que a saída de Jim Ross era algo que toda a gente estava à espera que fosse polémica, daí não ter constituído uma novidade fora do comum. Como é óbvio, isso não significa que não tenha sido emocionante, porque foi. Ver uma personalidade que está com a WWE desde o início dos tempos, por assim dizer, a sair daquela forma, foi algo que ninguém estava à espera que acontecesse. Ou seja, depois de todos terem saído, sabíamos que íamos assistir ao dilema de Jim Ross, só não sabíamos o resultado.
Ou seja, temos uma contradição. O “Walkout” correu muito bem, mas o seu seguimento, nem tanto.
A meu ver, o problema dos lutadores abandonarem a WWE, o dito “Walkout”, não reside na ideia em si, não reside na forma como foi executado, reside sim, na incapacidade da WWE de tornar esta ideia algo muito mais grandioso, porque podia sê-lo, sem ao mesmo tempo correr o risco de se prejudicar. E a juntar isso, temos o facto de que as razões atribuídas a este “Walkout” são algo fracas, pois na realidade aquilo de que todos se queixam é o pão-nosso de cada dia na WWE.
Todos os dias, árbitros são atacados. Todos os dias aparece alguém a achar que é melhor que os outros e ataca alguém pelas costas. Quantas vezes a polícia já apareceu num episódio da Raw ou SmackDown? Demasiadas para contar, mas ainda foram algumas. Tivemos Triple H, Austin, Cena e mais uns poucos a serem presos. Até tivemos os Nexus, como Triple H referiu. Os Nexus que no ano passado que foram uma força de destruição louca com nenhum objectivo conhecido.
Mas porque é que a WWE é incapaz de dar ao “Walkout” o seguimento merecido? Vejamos as coisas assim, a WWE é uma companhia gigantesca que abrange e investe em muito mais que apenas o que vemos em televisão. Existem os live-events que não podem ser cancelados, os PPVs que não podem ser adiados e acima de tudo, a direcção, os accionistas e por aí adiante. A WWE é uma máquina que precisa de todas as peças a funcionar para continuar, e este “Walkout” para ter proporções verdadeiramente polémicas precisava que algumas peças parassem ou aparentassem estar em risco.
Por exemplo, veremos isso aplicado a casos concretos.
O Walkout, a meu ver, perdeu um pouco do seu brilho com as estrelas a aparecerem na SmackDown. Os live-events aceito a contragosto, pois salvo certas excepções, o que lá se passa não conta para a história que está a ser construída na televisão. Agora, aparecer na SmackDown, pouco depois de ter abandonado a Raw graças à gestão de um homem, não ficou bem. As estrelas concordaram em aparecer, desde que Triple H não o faça, mas que lógica é que isso tem? Primeiro, só voltam para a Raw se Triple H se despedir, mas depois vão para a SmackDown? Todos sabemos que Teddy Long é o General Manager da SmackDown, mas também todos sabemos que isso no fundo não significa nada. E além disso, Triple H já mandou na SmackDown antes desta confusão. Como COO, penso que a palavra de Triple H era superior à de Long. Logo, a diferença é assim tanta, se ele mandar as ordens por telefone?
Estiveram eles mal na SmackDown? Não diria isso, mas tinha muito mais impacto se tivesse sido feito de outra forma.
Todavia, será que tenho o direito de pedir mais à WWE, neste caso? Não. Eu não os posso criticar por trabalharem para manter o império que alcançaram. Eles nunca poderiam cancelar a SmackDown. Não, com os bilhetes já vendidos, gravações agendadas, e muito menos se poderiam dar ao luxo de ficar só com um episódio por semana. A máquina tem de continuar a trabalhar.
E por essa mesma razão, é que a primeira Raw “pós-walkout” desiludiu. Não entendam mal. Eu adorei o segmento inicial, e sabia perfeitamente que ter um combate entre Triple H e uma vassoura, ou Sheamus e Cena por duas horas era simplesmente inconcebível.
A questão é que a história do “Walkout” soube a pouco porque foi uma coisa que durou pouco tempo. Nem uma inteira meia hora tinha passado (se excluirmos os anúncios), e já tinha acabado. John Laurinaitis era o novo General Manager, embora provisório.
Se acho que eleger Laurinaitis general manager provisório é uma má ideia? Era a única que fazia sentido. Afinal, se era ele por trás desta conspiração, só fazia sentido ser ele o próximo na linha de comando. Apesar de achar que o carisma de Laurinaitis é algo ainda por descobrir, se queremos que esta história tenha um fim emocionante e que agarre os fãs, temos de “descer” o máximo possível, para depois a subida agarrar os fãs e tornar-se ainda mais emocionante. Mas tinha de ser mesmo Vince McMahon a trazer as más notícias?
Rumores dizem que Vince achava que o seu regresso já tinha sido queimado pela acidental menção de Alberto Del Rio. Sinceramente, falando por mim, acho que o regresso de Vince ficou mais queimado com todos os rumores e notícias que saíram sobre a sua reacção, do que com o acontecimento em si. Eu não dei importância nenhuma ao que Del Rio disse, e terem trazido o Vince assim, não causou choque, nem espanto, falando por mim.
Acho que deviam ter guardado o regresso de Vince para mais daqui a umas semanas, mais próximo do Survivor Series, já que ele faz tanta questão de ser o próprio a fazer a propaganda do regresso aos ringues do The Rock. Outro membro da família, outro membro da direcção devia ter trazido as más notícias. Porque depois do que aconteceu, depois da forma como se sucedeu a despedida de Vince, o regresso devia ter sido mais forte e com a WWE ainda mais instável do que está agora. Neste momento, acho que o que toda a gente esperava era mesmo ver o Vince a voltar. Pelo menos, eu achava que não iria ser ele porque pensava que seriam mais cuidadosos que isso, mas não foram.
Mas se voltarmos a pensar em tudo o que Vince representa, entendemos o porque é que de vez em quando é preciso que Vince dê a cara. Logo após a despedida dele, em Julho, as acções desceram ligeiramente porque Vince deixou de dar a cara. Até a desconfiança aumentou em relação a Triple H. Residia sempre a dúvida se Stephanie seria capaz de levar isto para a frente com o marido. E numa altura de instabilidade aparente, acredito que em termos de acções, seja melhor que Vince apareça, mesmo que seja para voltar a ir embora.
Outro pormenor que me fez um pouco de confusão. E nisto, compreendo se querem chamar picuinhas, mas Triple H tem música de entrada quando aparece, na Raw pós-walkout? Isso foi um das coisas que quando vi em directo me deixou um pouco desapontada. Tinha feito mais sentido se Triple H tivesse vindo sem música. Quer dizer, se foram atenciosos ao ponto de tirarem os camera-men, a música também tinha um detalhe engraçado de se esquecer. Afinal, até John Cena disse que no parque de estacionamento estavam as pessoas encarregues do som, no entanto ele entrou ao som da sua música de entrada. Estranho.
O discurso de Triple H foi aquilo que se esperava de uma pessoa que está a ser construída e mantida como babyface. E depois apareceram os heróis do momento. John Cena, Sheamus e CM Punk. Ora isto foi outra coisa que eu não concordei muito bem. Aceito que eles não tenham participado no Walkout, cada um tem a sua personagem e essas à sua maneira não encaixavam no que se estava a passar. O que não aceitei bem foi a ideia destes três senhores, juntamente com Randy Orton e Big Show estarem confirmados, por Triple H, no site da WWE, para esta Raw.
Quer dizer, se eles não estavam no “Walkout” por alguma razão seria, e penso que estava subentendido que eles iriam aparecer. Ter confirmado as coisas, foi outro pormenor que tirou curiosidade ao evento. Porque se a início não sabíamos o que nos esperava ao ver a Raw, agora já tínhamos garantias. Uma coisa que a WWE tem de fazer sempre, é trabalhar com a curiosidade dos fãs. Deixá-los pensar e tentar adivinhar o que vai acontecer. Confirmar algo só retira motivos para ver o evento. Porém, tal como eu já disse, esta história foi um plano ambicioso demais para a WWE. Não confirmar aos fãs certas coisas, não fazer publicidade, não é compatível com vendas de bilhetes, acções e muitas outras coisas.
E foi assim que a armada apareceu, liderada por John Cena. Previsível. Gostei da referência a Eric Bischoff, Vince McMahon e Mike Adamle. No fundo, o discurso de Cena não trouxe nada de novo, nada que não soubéssemos já, mas foi um bom momento, de qualquer maneira.
Penso que a razão pela presença de Sheamus seja óbvia. Ele está a ser trabalhado como um babyface, e a ter imenso sucesso como tal. Estragar tudo agora por causa desta história, era desperdiçar trabalho. Se queremos que os fãs se preocupem e se importem com os faces têm de se consistentes com tal, por isso, Sheamus estar ali era previsível e só ajudou a sua personagem. Nada a apontar em relação isso.
E de seguida, veio o culpado de tudo isto. O início de toda esta instabilidade. Ora quando a sua música tocou, eu questionei-me automaticamente sobre o paradeiro de Big Show e Randy Orton. Está certo que Randy Orton afirmou que se tivesse algum problema pessoal com Triple H lidava com ele pessoalmente, mas se eles estavam confirmados por Triple H só fazia sentido que tivessem aparecido antes de CM Punk, nem que fosse para dizer se concordavam ou não com o que estava a ser dito. Randy Orton, por exemplo, só tinha que aparecer e repetir o que tinha dito em entrevista na SmackDown. Se estavam confirmados, só tinham de aparecer e dizer a sua posição. Randy Orton pode estar neste momento a ser adorado pelos fãs, mas as caracteristicas da sua personagem não são as de um babyface, logo aparecer mesmo que não fosse para demonstrar lealdade, o que também não faria sentido, não lhe estragava a personagem.
Logo, quando CM Punk apareceu, percebi que mais ninguém viria, pois CM Punk tinha de ter a última palavra. E teve um belo momento, especialmente quando lhe deram uma mesa cheia de microfones e autorização para dizer o que queria. Resumindo, foi o CM Punk do costume. De seguida, veio Vince, e acabou tudo. Os que estavam no parque de estacionamento, voltaram e voltou tudo ao normal.
Tive pena de não terem investido mais no que se podia estar a passar no parque de estacionamento. Aquilo podia ter sido muito bem explorado, tal como já fizeram no passado em situações semelhantes, e assim tinham arranjado mais tempo, e o anúncio acerca Laurinaitis podia ter vindo mais tarde. Eu tinha criado imensas expectativas em relação a isso, mas nada aconteceu.
Podiam ter usado Christian, Wade Barrett, Dolph Ziggler, a Vickie… Tanta gente que podia ter originado bons momentos e eles não exploraram isso. Neste momento, a personagem de Christian tem tudo a ver com isto. Tive pena, isso era algo que eles se podiam ter arriscado a fazer.
Contudo, as surpresas não ficaram por aqui. Mesmo no fim do show, Awesome Truth estavam de regresso. Já elogiei esta equipa e tudo o que a envolve, e podia continuar a fazê-lo pois motivos não me falta. Desde que eles fiquem juntos durante um período de tempo decente, eu fico feliz. Aliás, eu estou a adorar o desenvolvimento deles até agora.
E eles, num momento típico da WWE, atacaram CM Punk que foi salvo por Triple H, que felizmente veio sem o fato! Infelizmente, lembrou-se de onde o tinha colocado esta semana. Sinceramente, acho que isso era algo que Triple H podia esquecer por agora. Ele já não é ninguém, no que toca a história, importante nos bastidores, por isso, o fato tornou-se algo dispensável. E quando/se voltar a ter esse tipo de controlo, o mesmo teria mais simbolismo quando o voltasse a vestir.
Agora, até onde é que esta história, depois do “Walkout”, vai é que eu tenho as minhas dúvidas. Isto vai ter que passar ou pela eleição de um novo General Manager, visto que Laurinaitis é apenas provisório, ou pela passagem de Laurinaitis de volta para Triple H. Não me importava que esta história se arrastasse até à Wrestlemania, para no maior palco de todos termos um combate relacionado com isto, mas teria que ser muito, mas mesmo, muito bem justificado até lá, porque com histórias de longa duração facilmente se estragam as coisas e depois os fãs já não se lembram de como isto começou.
Por agora temos o iminente regresso de Kevin Nash, que deverá acontecer hoje à noite na Vengeance ou numa próxima Raw, afinal as gravações para o seu filme já acabaram. Ora se CM Punk se vai entreter com Del Rio, e ainda bem que ele não merece estar envolvido com Kevin Nash por mais que este o queira, é apenas óbvio que Nash se entretenha com Triple H. Afinal, ele andou a bater no seu melhor amigo. E digo-vos desde já que não quero ver isto.
Com tanta gente para aproveitar, fazem questão de ir buscar alguém que não vai acrescentar nada e que nem sequer está no seu melhor, e isso é algo inaceitável, seja o Nash, seja quem for.
De qualquer das formas, não estou à espera que Triple H e CM Punk saiam vitoriosos hoje. Kevin Nash é a minha razão número 1, a razão número 2 é a conspiração que está a acontecer envolvendo Triple H e CM Punk. Se eles ganharem, não há nada para eles perseguirem. Muito pelo contrário, eles têm que ser ainda mais mandados abaixo. Porque só quando as coisas estiverem mesmo insuportáveis para os fãs, só quando os fãs estiverem mesmo loucos para ver uma vitória, é que eles podem ganhar. Foi como eu disse anteriormente, para que a ascensão seja histórica e emocionante, temos que descer mesmo a sério. E os fãs estão todos à espera que ganhe o Triple e o Punk. Encaram isso como um dado adquirido, logo não se envolvem porque pensam já saber o resultado. Ora se isso acontecer, então como é que esta conspiração pode ser credível? Claro, destronou Triple H, mas não é capaz de controlar dois lutadores?
Agora, se por outro lado, se eles continuarem a ser prejudicados, os fãs irão envolver-se muito mais com esta história e irão olhar para Laurinaitis como alguém para odiar, não só alguém aborrecido que costuma embirrar com as estrelas preferidas. Estamos numa altura, onde Laurinaitis é o símbolo da conspiração que assombra a WWE, e eles precisam de jogar com isso. Se for preciso ajudar outros heels, que ajudem. Afinal criaram ali uma elite de apoio ao Laurinaitis para não acontecer nada? Invistam no Christian, Rhodes, Ziggler, Vickie, Wade Barrett, Jack Swagger e Otunga. Invistam naqueles que sempre estiveram ao lado do símbolo da conspiração.
Logo, para isto fazer sentido, a meu ver Triple H e CM Punk têm de perder. Para eles perderem de forma credível e para alimentar a conspiração, é preciso mais que os Awesome Truth a vencê-los, logo aqui conto com uma interferência de Nash e/ou de mais gente que está do lado de Laurinaitis, que já foi referida.
Mesmo que depois da Vengeance prossigam caminhos diferentes, que é o que é esperado, não faz sentido o CM Punk ganhar já o título, como não faz sentido o Triple H acabar com o Nash no primeiro embate (bem que eu gostava, mas enfim). Os faces, em histórias como estas, têm que ter a última palavra.
Resumindo, estamos assistir a uma história de conspiração que usou um plano algo ambicioso para a WWE. Mesmo quando esta história acabar, o “Walkout” será visto como uma ideia excelente e um momento histórico. Mas será sempre algo que, a WWE nunca conseguiria continuar da forma polémica que merecia. Porquê? Porque a WWE é um império grande e complexo demais para correr certos riscos. E nos tempos que andamos, mais vale ter um pássaro na mão, que dois a voar. De modo algum isto é uma crítica à WWE, é apenas uma constatação de factos. Se a WWE falha? Sem dúvida. Se por vezes, tem outra escolha? Não.
Bom PPV a todos e até para a semana!
5 Comentários
Ao contrar~io de ti nao me acredito que o Punk e o HHH percam o combate. Nao estou a ver o Punk perder o ultimo combate em ppv antes de rumar ao titulo da wwe.
xiiiiiiiiiiiii que grande salgado
Excelente artigo Salgado, também concordo que a WWE poderia ter usado de melhor forma a Walkout.
Sinceramente, mesmo com interferências, torço por uma Vitória de CM Punk e Triple H, para que CM Punk, finalmente possa retornar a busca do título na WWE.
Se saírem derrotados, vão ter que continuar esta feud e sinceramente gostaria que se formasse um Time dos Sonhos para o Survivor Series, com John Cena, The Rock, Triple H e CM Punk.
O ano 2011 tem sido bom na wwe principalmente devido a esta história da instabilidade que está criada na wwe e este artigo de Salgado está óptimo e depois de ler este artigo pensei melhor e agora eu acho que quem vence no Vengeance são os Awesome Truth e como muito dificilmente será uma vitória limpa eu espero uma interferência, no caso de Kevin Nash! Bom PPV a todos e cumps
A história da Walkout para mim deixou-me desiludido eu esperava muito mais e isso simplesmente não acabou.
Estava ansioso por ver a tal Raw em que só ia ter poucos lutadores e estava mesmo curioso e decidi ver a Raw em directo e pouco depois do inicio do show acabou sem terem dado mais, e a tal manisfestação? Não vi nada.
Fiquei totalmente desiludido em relação a isso. Acredito que podiam ter dado muito mais sem prejudicar a empresa.