«In school aged 17 my teacher looked me straight in the eyes and told me ‘Devitt..you’ll never be a wrestler’» – Fergal Devitt

Um ano depois, com 18 anos e depois de ter completado a sua formação na NWA UK Hammerlock, um dos melhores talentos que o mundo do wrestling tem estreou-se no wrestling.

Pensamentos #119 – Finn Bálor

Em 14 anos de wrestling, Fergal Devitt conquistou tudo o mundo. Exerceu a sua arte em quase todos os países em que existem companhias de wrestling e criou uma fama planetária que não era indiferente a ninguém.

Mas foi em 2006 que a sua carreira deu um passo decisivo. Em Março de 2006, Devitt assina com a New Japan Pro Wrestling do Japão e é nessa empresa nipónica que o seu talento e a sua fama dispararam. Mudou o seu nome para Prince Devitt (porque segundo reza a lenda nenhum Japonês conseguia pronunciar Fergal) e tornou-se, aos poucos, que até há bem pouco tempo era o rei da NJPW. Um estatuto que muito poucos lutadores estrangeiros a actuar no Japão conseguem, devido á diferença enorme que existe nos estilos Japão – Resto do mundo.

15 títulos depois, vários torneios e prémios e um 30º lugar no ranking da PWI em 2014, Devitt decidiu aceitar uma proposta da maior companhia de wrestling do planeta.

Mas voltemos um pouquinho atrás.

Durante 14 anos, Devitt lutou por todo o mundo. Podia ser a história de mais um grande lutador que despertou a curiosidade de todos os fãs nas Indy Americanas, mas o facto é que Devitt muito poucas vezes lutou nos Estados Unidos. Nunca lutou na ROH, CZW, IWS, Dragon Gate, Chikara ou qualquer outra companhia do circuito independente Americano. A única companhia para a qual Devitt trabalhou foi a American Wrestling Roadshow, entretanto extinta e para a “sua” NWA, companhia que representou em várias ocasiões como líder da NWA Ireland, que o próprio criou.

A carreira de Devitt, como já disse, disparou verdadeiramente depois do seu “exílio” no Japão começar. Por terras nipónicas, Devitt aprendeu o duro estilo do Puroresu e adaptou-se rapidamente ás exigências para as quais nunca se tinha preparado. Treinou no New Japan Dojo e partir dai, Devitt estava pronto para conquistar o Japão.

Mas nem tudo foram rosas.

Sensivelmente um ano depois de chegar ao Japão e quando finalmente começava a gozar de um certo estatuto, Devitt sofreu uma lesão gravíssima no joelho, colocando-o na prateleira durante quatro meses. Mas até no azar, Devitt teve sorte. Quando regressou aos ringues, Devitt tinha feito progressos notáveis e mostrava agora um talento inato no difícil wrestling Japonês.

A sua carreira evoluía e no dia 19 de Junho de 2007, Devitt conquistou um dos títulos mais respeitados do Japão, o IWGP Junior Heavyweight Championship. Surpreendentemente, Devitt foi campeão durante um ano (ou quase, pois perdeu o titulo ao 364º dia de reinado). Ao longo da sua carreira, Devitt venceu o titulo mais duas vezes, bem como o IWGP Junior Heavyweight Tag Team Championship por 6 vezes. Outra das importantes conquistas na sua carreira no Japão foi a conquista de dois torneios Best of the Super Juniors, torneio cheio de tradição no Japão, onde participaram grandes lendas ao longo da história, incluindo Jushin Thunder Liger, que venceu o torneio por três vezes.

Ao mesmo tempo que ganhava notoriedade, Devitt começou a enfrentar adversários de renome: Tajiri, Kushida, Kenny Omega, Kota Ibushi, Davey Richards Taka Michinoku, Low Ki, entre muitos outros.

Participou também, em 2010, no torneio G1-Climax, onde venceu 4 dos 7 combates da fase inicial do torneio, incluindo uma vitoria sobre o histórico Hiroshi Tanahashi, ex-Campeão da IWGP por quatro vezes. Apesar de tudo, não se apurou para a fase seguinte, por apenas um ponto.

Até 2013, Devitt continuou a sua carreira como Junior Heavyweught, defrontando adversários de renome. Nesse mesmo ano, Devitt ajudou a formar uma das stables que viria a impor-se no wrestling e que hoje em dia ainda domina o wrestling Japonês, o Bullet Club. Através do seu grupo, Devitt conseguiu o seu primeiro combate pelo titulo máximo da IWGP contra o icone Okada. Mesmo com interferência dos membros do Bullet Club, Devitt não conseguiu vence o titulo, mas cimentou-se como o líder da stable.

Pensamentos #119 – Finn Bálor

Este ano, 2014, Devitt teve o seu último combate no Japão. A 6 de Abril, Devitt enfrentou o seu antigo parceiro Taguchi e viu o seu Bullet Club virar-se contra si. No dia seguinte, Devitt apresentou demissão da NJPW. (Como nota curiosa, o líder da stable neste momento é…AJ Styles).

A 28 de Julho, Devitt assinou contrato com a WWE e sensivelmente dois meses depois, estreou-se no NXT quando se juntou a Hideo Itami na sua rivalidade contra os Ascension. A sua estreia em ringue ocorreu a 23 de Outubro quando se juntou a Itami e derrotou Gabriel e Tyson Kidd.

Apesar de tudo, ainda pouco vimos de Devitt no NXT. Devitt chama-se agora Finn Balor e trocou os seus finishers (Bloody Sunday, Devitt’s End, Prince’s Throne e Shingata Prince’s Throne) por um Double Foot Stomp.

Aos 33 anos, podemos dizer que Devitt chega tarde á maior companhia de wrestling do mundo. Apesar de ainda ser jovem, chegar á WWE com mais de trinta nunca foi sinal de carreira a longo termo. Mesmo assim, Devitt é, a par de Itami e vários talentos já presentes no NXT, um dos mais promissores talentos da companhia e um daqueles em que os especialistas apostam que vai chegar ao roster principal em menos tempo. Mas depois de tantos anos no Japão, não me parece que seja assim tão fácil e rápido.

Devitt tem de se adaptar a um estilo completamente diferente e que nunca experimentou, o estilo do Sports Entreteinment. O seu move-set terá de ser completamente modificado e muitas das manobras que Devitt utilizou durante anos serão eliminadas. Além disso, Devitt está acostumado a públicos que gostam de competição, agora vai lutar para públicos que querem coisas engraçadas e que lhe permita estarem entretidos.

Por enquanto e como se viu na estreia, Devitt vai gozando da sua fama mundial como worker para se dar a conhecer ainda mais aos público americanos, principalmente aqueles que o viram no Japão. Mas isso não significa nada, porque como vimos com vários lutadores, sendo Kassius Ohno o expoente máximo, sem trabalho, o estatuto de rei das indys não vale nada na WWE.

Pensamentos #119 – Finn Bálor

O futuro será risonho para Devitt. Quer seja na WWE ou não, Devitt terá sempre o “seu” Japão pronto a acolhê-lo de braços abertos caso Devitt não singre na WWE. Mas Devitt quer ser ainda maior do que enorme. Quer ser grande na maior do mundo, depois de ter sido gigante do outro lado. Devitt vai aprender, vai trabalhar, vai adaptar-se. Como já fez. Como vai voltar a fazer. Sempre foi a sua vida. Sempre foi a sua carreira.

See you next time, here on WPT

3 Comentários

  1. Sem dúvida, um dos melhores na atualidade!
    Ótimo texto.

  2. Dan10 anos

    Devitt é de longe meu wrestler “preferido”, e confesso que meu amor pelo Puroresu foi desenvolvido graças a ver um combate deste, e também voltei a ver WWE por sua causa, agora que ele esta lá. Consigo enxergar facilmente ele como WWEWHC num futuro não muito distante. Algo no nível do que Sheamus foi, e espero que assim seja, mesmo sabendo que Devitt merece o Main Event mais do que a grande maioria que ali esta. Grande texto!

    Obs.: O líder, propriamente dito, não é o AJ, apesar de parecer, e sim “The Machine Gun” Karl Anderson.

  3. Excelente artigo, Ricardo.

    Sinceramente, não me parece que ele vá ter tantas dificuldades como prevês. Ao contrário do Hideo Itami, ele está pronto para o plantel principal, mas claro que é sempre preferível passar pelo NXT, não vá acontecer o que aconteceu com o Sín Cara.