(O convite tinha surgido depois de 5 anos desgastantes, tanto a nível pessoal, como profissional. Ainda não era ninguém no mundo do wrestling, pelo menos na sua opinião. Mas pelos vistos alguém pensava de forma diferente, muito diferente. Estava em casa, a calendarizar a presenças em eventos seguintes, quando um telefonema surgiu)
– Bom Dia, estou a falar com o senhor James Matt Darlon?
– Sim, o que deseja?
– Eu chamo-me Carl Dickson e estou a falar em nome da World Wrestling Enterteinment.
– Eu não quero faltar ao respeito a ninguém, mas isto é alguma piada?
– Não senhor, estou mesmo a falar em nome da WWE. Peço-lhe que aguarde alguns minutos, porque a
chamada vai ser passada a quem devido. Peço a sua compreensão…
– Claro, claro….
(A WWE? Mas o que quereriam eles? Será que tinha feito algo na suas aparições que tivesse ofendido a empresa e agora ia ser processado? Será que a empresa precisava de um jobber, como muitos outros? Será que queriam contactar alguém conhecido seu? Aqueles minutos pareceram horas, passou-lhe tudo pela cabeça. Até que uma voz do outro lado finalmente falou)
– Boas, estou a falar com o Matt Darlon, lutador independente?
– Sim, estou a falar com quem?
– Daqui fala Paul Levesque…
(Paul Levesque? Levesque? Não, não podia ser….Era impossível….)
– Estou?
– Sim sim, desculpe, ouvi o seu nome e fiquei a pensar…
– Bem, algumas pessoas chamam-em Triple H…Mas trate-mo-nos por tu. Matt, estou a ligar-te para te endereçar um convite. Na próxima semana vamos ter vários lutadores á experiência no Performance Center e a minha equipa de olheiros esteve em vários shows independentes e viram que tu tens muito talento. Achas que estarias disponível para vir uma semana á experiência?
(O seu coração começou a bater rapidamente. Nunca se tinha sentido assim. Triple H estava a convidá- lo para um Tryout na WWE. A maior empresa de wrestling do mundo estava, pelo menos em parte, interessada no seu trabalho. Será que todo o esforço iria finalmente valer a pena?)
– Claro que sim, estou disponível, totalmente disponível.
– Fantástico. Sendo assim esperamos por ti em Orlando na Segunda-Feira. Não te preocupes com alojamento, vão todos ficar no mesmo hotel.
– Ok, obrigado pela oportunidade.
(Desligaram. Ficou 10 minutos sentado no sofá, a olhar para o chão. Não acreditava que aquilo lhe estava a acontecer. Era surreal. Pela primeira vez na sua vida, sentia que ser wrestler poderia mudar totalmente a sua vida. Tinha uma semana pela frente, uma semana que provavelmente iria ser a mais longa da sua vida.)
– Tenho de treinar muito. Tenho de alimentar-me bem. Tenho de descansar o mais que possa. Tenho de conciliar tudo isto para me apresentar na máxima forma.
(Felizmente, nunca tinha tido qualquer lesão, nem grave, nem leve e as dores, ao contrário de grande parte dos seus colegas, não o atormentavam. Mas os seus planos não eram assim tão simples, porque uma realidade de repente brilhou….)
– Espera lá, eu tenho dois shows no fim de semana. Mas não posso lutar. Não posso correr o risco de me magoar e perder a oportunidade da minha vida. Não posso, de maneira nenhuma.
(Ficou a matutar na situação. Não podia arriscar uma lesão grave, nem sequer podia aparecer, porque a viagem até a Orlando iria levar várias horas. Mas também não podia fugir sem mais nem menos. E se a experiência corresse mal? E se a WWE não o quisesse? Como seria depois? O que fazer, o que fazer….)
– Preciso de um conselho.
(Pegou no telefone e carregou duas vezes no botão de chamada. O telefone do outro lado foi atendido)
– WWE, bom dia
– Senhor Carl Dickson? Sou o Matt Darlon novamente.
– Sim senhor James, o que deseja?
– Preciso de falar com Paul ou pelo menos com alguém que me dê um conselho sobre a minha situação. Seria possivel?
– Neste momento, o senhor Levesque está numa reunião, vou passar a um agente…
(Mais uma espera de alguns minutos e do outro lado, atendeu uma vez cheia de sotaque)
– Bom dia, estou a falar com quem?
– Chamo-me Matt Darlon e recebi um convite para estar presente na próxima semana no Performance Center pelo senhor Levesque…
– Ah sim, estou ao corrente da situação. Já agora, chamo-me William Regal. Mas afinal o que se passa?
– Ah, senhor Regal…Peço desculpa por estar a incomodá-lo…
– Deixa-te disso, diz lá o que se passa
– Como já sabe da minha situação, tenho um dilema: Quero estar em forma, mas tenho 2 shows no fim de semana, não quero arriscar uma lesão, mas também não quero desaparecer sem explicação. O que falo, senhor Regal?
– William, rapaz….E deixa-me pensar….
(Ficaram em stand by durante largos minutos. Enquanto esperava, ouvia Regal sussurrar coisas como “Não, isso não resulta”, “Se ele faltar assim, vai ser queimado”…Até que veio uma resposta definitiva)
– Olha rapaz, não faço ideia do que tu podes fazer, por isso, sê sincero. É a melhor coisa que podes fazer.
– Muito obrigado, William.
(Desligaram. Mas o telefone ainda ia funcionar, tinha de resolver o problema. O primeiro telefonema era relativamente simples, porque se tratava de uma empresa pequena, que com certeza não criaria obstáculos)
– Estou, Armand? É o Matt. Olha, não vou poder estar presente no fim de semana…
– Já arranjas-te a bonita, não foi?
– Não, recebi um convite da WWE para uma semana de experiência no Performance Center.
– Estás a gozar….Estás a falar a sério?
– Não podia estar a ser mais verdadeiro. E sabes bem que se não fosse esta a razão, eu nunca faltaria á tua empresa, adoro trabalhar com vocês.
– Claro meu, eu compreendo. Boa sorte e lembra-te de mim quando fores uma estrela.
(O primeiro telefonema estava feito e facilmente resolvido. Tal como previsto. Mas o segundo seria muito mais difícil de resolver, pois tratava-se da maior empresa indy dos Estados Unidos, a ROH. Estava nervoso. Tinha ganho um lugar na ROH, que lhe custou a conquistar. Mas se queria estar totalmente concentrado na WWE e para isso, teria de faltar ao evento para o qual estava bookado. A pessoa para quem tinha ligado atendeu.)
– Boas Matt, então, o que se passa?
– Olá Nigel. Preciso mesmo de falar contigo… Não vou poder estar presente no próximo show…
– Então? Estás lesionado? Algum problema familiar?
– Nada disso, Nigel. Algo totalmente diferente…
(Falaram durante meia hora. Contou-lhe tudo, virgula por virgula, sem tirar nem pôr. E no fim, terminou com esta frase “Não me cortem as pernas, Nigel, por favor”.)
– Eu já te ligo….
(Desligaram e ficou há espera. Mais uma espera interminável. Mais minutos que pareciam décadas. Mas finalmente o telefone tocou)
– Estás com sorte miúdo, a administração compreendeu o teu pedido. Vai descansado e parte aquilo tudo. Mas se falhares, vais ter de te haver comigo. Abraço, meu.
(Estava resolvido. Tinha a semana toda para se preparar. Para contar os segundos para o inicio do seu sonho. O caminho iria ser longo e pesado. Mas do que encontrasse pela frente o iria parar. Nada….)
To be continued…
See you next week, here on WPT!
6 Comentários
Adoro os teus TWRD. Fico à espera da próxima parte.
Realmente é um egoísmo da tua parte… não pores o artigo todo de uma so vez. é que pelo menos eu fica com uma vontade de ver o artigo seguinte… xD
Grande artigo!!
legal e tenso ao mesmo tempo
THIS IS AWESOME! Excelente, parabéns Ricardo.
Muito bom 😀
Ansioso pela continuação.
Muito bom! Depois desse (e da continuação). Poderia fazer uns curtos retratando o que se passava pela cabeça dos mais recentes vencedores da Rumble, pois essa luta se tornou algo grande.