Excelente ano de 2013 a quem me proporciona a oportunidade de escrever para um vasto painel de leitores, àqueles que me acompanham mas não comentam, a quem tantos momentos de felicidade me proporcionou nas caixas de comentários, a todos os que visitam o PTW mas nunca leram o Signature Move, a todos os que gostam de wrestling… a toda a gente! Que seja o ano dos vossos triunfos, das vossas conquistas e… das minhas :).
Quis o destino e o calendário que o ano 2013 começasse com o nº10 do Signature Move. Agradeço imenso todos os comentários, toda a generosidade e toda a compaixão transmitida pelos leitores e devo dizer-vos que desejo que sintam o mesmo que eu sinto quando venho a saber que o tempo a escrever-vos valeu muito a pena aquilo que custou. Foram 39 comentários na semana passada,t oca a subir isso :).
Esta semana trago-vos uma escrita diferente, não tão lírica e não trata a história de um lutador específico nem gira à volta de uma individualidade. É mais uma preocupação que reflicto sobre o booking dado a um lutador de grande importância no roster actual da WWE pelos solavancos que a sua personagem/personalidade tem levado.
“Troca-Tintas”
Há quem diga, muito por culpa da carga horária que levam nas costas e na mente, que não precisamos de cadeiras/disciplina de História para nada, com o argumento “nada temos a haver com o que se passou há 500 e tal anos” a rematar a tese.
Bem, eu não concordo embora seja uma disciplina pela qual nunca morri de amores e a minha “área” esteja um pouco alheada do tempo em que o nosso retângulo à beira-mar plantado tinha voz na agenda mundial (ou seja, não sou suspeito para falar).
Grandes e “históricas” companhias com lucros astronómicos chegam onde chegam a aprender com os erros cometidos no passado (seja com o tipo de pessoal recrutado, seja com o timing de implementação das ideias…)… por eles, ou pelos seus concorrentes. Governos aprendem com os erros estratégicos (financeiros ou politicos) que os seus antecessores cometeram. A ciência nega hipóteses e chega a conclusões depois do conhecimento da falha das primeiras… por aí adiante até chegar aos indivíduos. Nós aprendemos com os erros que cometemos ou vemos os outros cometer. Sabemos aonde vai dar cada estrada por observação ou experiência, e evitamos os acessos que lá vão dar. A civilização evolui com a História.
Aqui há coisa de 15-20 anos havia uma personagem no panorama de wrestling que mudava constantemente de lados. Ora era dos “bons” ora era dos “maus”. Ficava-se pela fase tweener durante pouquíssimo tempo e ia para o outro lado da “força” logo depois e nunca tinha um “lado” estabelecido pela faceta “troca-tintas” que lhe atribuíam. O seu nome era Lex Luger, e tanto a mudança de companhias como a mudança de “disposição” que os criativos lhe atribuíam acabou por desgastar a sua personagem e o próprio lutador. Isso acabou por revelar-se fatal para a sua popularidade na história do wrestling e agora, quando tinha potencial para muito mais, não é tão conhecido como Ric Flair’s, Sting’s, Hogan’s e lutadores do género. Foi como um lutador fósforo, ardeu depressa e a chama apagou-se: gerou muito alarido quando surgiram os primeiros turns, mas depois esvaneceu-se o impacto. Faz-me lembrar alguém que conheço que está sempre a mudar de penteado e me pergunta, após 35 mudanças num ano “não notas nada de diferente em mim?”…
Como é que juntamos estes dois parágrafos? Lex Luger foi um fenómeno de popularidade passageiro (infelizmente), e o panorama de nomes “imortais” do wrestling mundial poderá não ter uma cara a mais por erros criativos e não pelo trabalho que o lutador apresentou. Agora há pouca gente da nova escola que conhecesse o seu nome ou que consiga distinguir o seu nome do vilão do Super-Homem (Lex Luthor). É triste, mas verdade.
E ainda mais triste e verdadeiro é o facto de parecer que os criativos da WWE não aprenderam com a história (ou simplesmente não a conhecem…?!) da própria companhia e concorrentes, e nos dias hoje haver um lutador que desde dia meados do ano passado, saltou lados da barricada por 4 ocasiões diferentes!
É certo que as personagens do panorama actual de wrestling já não o são, na essência, e têm cada vez mais uma “personalidade” ao invés de uma única característica que os identificava, e que isso é algo que torna as “passagens” de lado mais facilitadas e ainda mais indefinidas… mas ainda há história para contar, há lógica a atender e há um público “novo” que precisa de mudanças cada vez mais graduais e bem explicadas para se entender o rumo dado a determinado nome que ontem amavam e agora é suposto odiarem. A “era PG” trouxe mais trabalho do que a WWE e nós podemos pensar e as mudanças constantes que Lex Luger era obrigado a fazer funcionaria ainda pior (ou não funcionaria de todo) nos dias de hoje pela confusão que criaria na mente deste público mais jovem, e um nome grande poderia muito bem cair a pique nas vendas, nas audiências se andasse sempre a “saltitar” de heel para face e vice-versa. Aliás, é bem mais provável!
Assim, é expectável que a manter-se as constantes mudanças na personagem de Alberto Del Rio e a inconstância da sua personagem, é normal que o antigo campeão mundial e uma das maiores caras da WWE possa perder “chama” muito brevemente, com tudo o que isso pode trazer: a ele próprio e à companhia. Nomeadamente no que toca aos fãs da fronteira do sul (México), que são um grupo bastante valioso para a expansão mundial da marca WWE e que contribuem com importante peso para as receitas de merchandise e não só… ainda por cima com a aparente “queda” de Sin Cara e Rey Mysterio.
Entendo que se tivesse de arranjar um vilão de última hora para aquilo que os criativos da WWE tinham brilhantemente (reparem na ironia eheh) planeado para o especial de Natal, mas caramba, não dava para ser Paul Heyman ou Big Show a causar o aparato de outra forma?! Era mesmo preciso o Pai Natal ser atropelado a 2 km/hora?!
Tornaram o show penoso e magoaram seriamente a credibilidade de uma personagem importante a nível estratégico na companhia… deverá ser reversível por agora mas não é aconselhável fazê-lo novamente.
19 Comentários
um dos melhores artigos juarez nao tenho tempo para cmentar pois o trabalho nao deixa mas agora to de ferias para descansar um pouco
Obrigado pelo teu comentário e pelo elogio…
aproveita para descansares e comentares aqui no PTW 😉
obrigado digo eu pelo seus artigos
Enquanto ao Alberto Del Rio concordo, mas o Lex Luger eu penso diferente.
Não posso julgá-lo sem ter convivido com ele, mas todos que trabalharam com ele dizem ser uma pessoa sem respeito nenhum a industria.
Eu já vi dizerem que ele em aviões era chamado pelos fãs, e ele sempre respondia: “Não, não sou o Lex Luger da WWF/WCW”.
Sempre dizem que ele tinha vergonha de ser wrestler, e que entrou no ‘negócio’ só porque não conseguiu ser jogador de futebol.
Só to querendo dizer que se ele realmente era assim, a culpa dele ter falhado é responsabilidade dele também.
Obrigado pelo teu comentário, Willian.
Não referi à competência nem à paixão de Luger pelo wrestling profissional, mas sim ao papel que lhe foi dado que, independentemente da qualidade ou da vontade do lutador, o papel que lhe dão pode ser irreversivelmente mau para o seu impacto (embora, claro, haja excepções, como o ENORME Daniel Bryan que consegue transformar um segmento ridiculo numa promo obrigatória :))
Percebo o teu ponto de vista, e sem dúvida que é algo que deve ser tido em conta no que toca à avaliação da passagem de Luger pelo wrestling (o seu alegado desinteresse), mas como já referi antes, jamais falaria mal de um lutador num artigo…
Bom artigo.
“Governos aprendem com os erros estratégicos (financeiros ou politicos) que os seus antecessores cometeram.” Sim sim claro, nota-se perfeitamente…
Não percebi bem quais foram as 4 facetas do Del Rio… Não me lembro de ele ser face sem ser agora.
Realmente na WWE é a primeira vez que o vejo como face, no México ele sempre lutou como face e com máscara, mas na WWE eu não lembro…
2.
Do que me lembro, ele sempre foi heel…e não vi nada de extraordinário da Raw de Natal, ele até fez aquela expressão cómica de arrependimento..mas não deixa de ser um bom artigo, sobretudo na parte que fala do Lex.
1- Período Heel praticamente desde a sua entrada na WWE
2- Face turn no TLC
3- Heel turn, onde foi visto como o inimigo público nº1 no RAW especial de Natal! E isto é fundamental.
4- Regresso à faceta face em televisão.
São estas as 4 fases a que me refiro. Na minha opinião, um só show tem de contar principalmente se a personagem foi encarada como o vilão e tudo girou à volta dele, com o desprezo com que se olhava para ele e tudo mais… é certo que ele “virou” logo após o combate, mas isso não foi televisionado. Ou seja, tudo se resume à RAW de Natal no que toca à personagem de “troca-tintas” dada a Del Rio.
A crónica gira à volta da minha preocupação com a insitência, com o desgaste da personagem tal como aconteceu antes.
Obrigado pelos comentários :).
Não concordo Juarez, o que se passou na Raw de Natal não foi um heel-turn… Aquela Raw é como se não tivesse existido, não conta rigorosamente para nada. O Del Rio teve apenas um papel cómico, aliás, até o combate com o Cena foi pura palhaçada, não foi nada um face vs heel.
Eu considero que a partir do momento em que um show da WWE é televisionado e faz parte integrante da programção da companhia tem de “contar” para efeitos de storyline.
Todos o vimos, tal como muitos fãs espalhados pelo globo.
Respeito o teu ponto de vista, e posso aceitar que entendas que aquela RAW não contou e que foi um show especial. Mas entende o meu- aquela RAW, a WWE teve em Del Rio o representante do “mal” no principal enredo de um programa “especial” que, quer queiramos quer não, fez parte da “agenda” da WWE.
Continuo sem concordar… Simplesmente não tinham mais ninguém para atropelar o Pai Natal e usaram o Del Rio. Para mim, ele não representou o “mal”, apenas foi um segmento parvo numa Raw de Natal. Não vejo que tenha sido um heel-turn de uma noite.
Entendido agora, realmente faz todo o sentido, e sobre a parte do Lex Luger, concordo plenamente e espero que não aconteça com o Del Rio apesar de não gostar muito dele.
Na boa, ainda bem que ficou esclarecido :). Obrigado por comentares.
Abraços.
Obrigado pelo comentário daniel e pelo elogio.
Relativamente ao 2º parágrafo do teu comentário: falo numa observação teórica, numa perspectiva generalista (não geral!). Pareceu-me que percebeste isso, mas de qualquer das maneiras, convém esclarecer publicamente.
Quanto ao resto do teu comentário – está tudo respondido abaixo ;).
Excelente artigo Juarez(como é normal).
Sobre lex luger dado que não acompanhei a sua carreira não vou falar.
Del rio deixou de ser um heel que tinha atitudes de heel que faziam dele um heel dos melhores heel que a wwe tinha,passou a ser um heel sem carisma e como face sinceramente não me convence.
Muito obrigado, vasco (comentário, elogio…!)! 🙂
Del Rio perdeu algum carisma, na minha opinião. Houve um desgaste da personagem evidente (parece-me) e este face turn veio a calhar (embora o carisma desça significativamente) para “refrescá-lo”… contudo, o excesso pode ser fatal e tornar a gimmick ainda mais “gasta”. Ou seja, a WWE está a correr riscos enormes, podendo queimar uma das estrelas estabelecidas mais importantes no seu plantel (dos mais populares da companhia, e provavelmente aquele que mais dinheiro rende entre os wrestlers activos [não estu a contar com o Mysterio]).
Sinceramente gostei Juarez, e sobre o Lex Luger subscrevo o que dizes. Sobre o Del Rio esta é a primeira vez como face na WWE e talvez resulte tudo depende da construção da personagem, que tem sido bem feito fora esse percalso que falaste.
fico bastante contetne por teres gostado, José. Obrigado pelo comentário.
Como referi acima, considero que houve 2 períodos da personagem enquanto face (embora sejam praticamente iguais, claro, e com únicas 24 horas de separação..).
Espero que resulte, embora saiba do risco que se está a correr, como já referi no comentário de resposta ao vascosilvavasco