Tenho de começar este Signature Move com um pedido de desculpas aos leitores pela minha ausência na semana passada e a justificação para tal (acho que vos devo isso, dada a receptividade que têm tido os meus textos) – costumo fazer os meus artigos caso tenha uma ponta de inspiração súbita, ou à falta dela, tenho as quintas-feiras à noite (quase sempre o caso) para vos escrever. Ora, no bloco que tinha programado para vos escrever na semana passada, aconteceu haver discussões, intrigas e consequentes problemas emocionais cá por estas bandas que me levaram a não ter a mínima concentração para vos trazer um texto bem estruturado como merecem. As minhas desculpas, portanto, e fica dada a justificação da minha ausência.

No artigo desta semana abordarei um tema da actualidade, afastando-me um pouco da escrita mais lírica e mais “romântica”. Por mais que tente desenvolver um “tease” ao artigo, não encontro maneira sem o “spoilar”, por isso deixo-me de introduções  aqui fica:

“(Ba de ya) Say that you remember!”

Signature Move #11 – (Ba de ya) Say that you remember

(o senhor da foto é cantautor da música do título do meu artigo, a qual podem ouvir/encontrar no fundo do post)

Celebrações acontecem a toda a hora, seja por um contrato conseguido, seja por um negócio fechado, pelo início de algo ou pelo fim de um ciclo. São acontecimentos que marcam histórias de vidas pela vivacidade de cada pequena história a acontecer em cada vida. Atingem-se marcos, objetivos, atingem-se barreiras, números impensáveis… e celebra-se. Essas celebrações ficam na retina, a felicidade da conquista, de um marco conseguido.

Havendo falta de ocasiões para festejar, procura-se o aniversário das mesmas para o fazer. Não somente recordar, mas celebrar o passado. É isso que acontece quando cada um de nós faz anos e se dá uma festa  – a celebração do passado, da  data da nossa aparição no mundo muitas vezes associada a um número, conforme as primaveras que se atravessaram. Também no ano novo isso acontece – seja a celebrar a data em que estávamos a celebrar, seja a celebrar o nascimento de um novo ano… é algo assim. Há pontos comuns nisto tudo: festa, gratidão (por celebrarmos mais um ano, seja o nosso, seja o civil) e nostalgia (pelas celebrações passadas).

A ocasião chama para o melhor da gastronomia, o melhor das pessoas, o melhor de tudo! Sopram-se velas, brinda-se e deseja-se “que estejamos cá para o ano outra vez”  e cada um murmura desejos que prefere não revelar por vergonha e medo de perder a coerência da forma como tem vendido a sua personalidade. Enfim, humanos e as suas festas em homenagem aos marcos.

Signature Move #11 – (Ba de ya) Say that you remember

São dias fora do comum… dias extraordinários, dias em que não é suposto ser nem acontecer segundo o decurso dos dias normais, períodos que não caem na cíclica rotina. No fundo, dias em que não há festa e que, quando os experiencio me fazem ter pena de quem não tem oportunidade em tê-los: seja alguém que se vê limitado por recursos de qualquer ordem, seja alguém que vive em festa todos os dias. Estes últimos experienciam o pior do que se pode experimentar no que às celebrações diz respeito, porque recolhem o seu pior e não vivem o seu melhor: estão encarreirados numa linha cíclica e aborrecida de rotina e não sentem as celebrações como algo especial. Gente como Relações Públicas de discotecas ou mesmo bandas fazem-me pena por não poderem saborear da mesma maneira a “celebração” de marcos conseguidos da mesma maneira que uma pessoa ordinária consegue.

Tendo estes dois últimos parágrafos em consideração, também quero aproveitar que escrevo artigos num site de wrestling para prestar a minha profunda solidariedade com staff criativo, staff técnico, direcção e demais colaboradores do Monday Night Raw da WWE. É que parece que aquela malta só pode ter o espírito de celebração sempre presente e quando toca aos seus marcos pessoais, quase não consegue saborear por estar tão habituado a esse espírito que já não lhe dá grande importância! Porque é que parece? Basta olhar para a duração extraordinária do show: TRÊS HORAS! Ora, essa slot de televisão nacional não é dada a muitos e variados programas que talvez o merecessem mais que um de pro-wrestling. Ou seja, o show que é a bandeira da WWE e do wrestling profissional em geral, quando consegue 3 horas,  só pode ser por ocasião de momentos especiais… e assim o parece todas as semanas desde Julho a quem o faz, vê e nele participa há mais tempo que isso!

Chega-se, pois, à altura do 20º aniversário desse show que é motivo de celebração todas as semanas e o que é que acontece?! Quais são os atrativos?! 3 HORAS DE PROGRAM… não, isso já acontece todas as semanas.

Quando se deveria estar a falar da enorme celebração, do grande festim dado pelos responsáveis pelo show maior do wrestling mundial, eis que desse se fala pouco pelos motivos EXTRAORDINÁRIOS do mesmo. Sim, houve o The Rock Concert que teve excelente reacção e deixou marcas na história da RAW; Sim, o combate de jaula foi muito bom (apesar de ter sido a 100ª vez que vimos Dolph Zigler vs John Cena); sim, houve Ric Flair e esteve no seu melhor… mas não foi anunciado, ou foi? Daquilo de que se falou, o atrativo especial era… DR SHELBY! Toda a gente no meio do jornalismo de wrestling (Meltzer’s, Keller’s…) falava nisso mesmo, e com a absoluta razão.

O 20º aniversário da RAW foi celebrado num período de bonança da WWE, seja pelo regresso de The Rock, seja pela estrada que leva a Wrestlemania ou ainda pela proximidade da Royal Rumble. O wrestling em geral passou a ser “cool” outra vez nos EUA (roubando a frase a Dave Meltzer).  Mas é de uma sobranceria enorme ignorar a preparação do hype (isto é, publicidade, atrativos especiais que não se esperariam naquele show e no contexto de bonança em que se vive) que deve ser dado ao show de celebração aos 20 anos. Esta deveria ser a oportunidade para se ter um show FANTÁSTICO, algo único e que poderia marcar ainda mais pontos para a WWE e para o wrestling. Mas não, a antecipação foi menor, as audiências menores do que aquilo que o show merecia.

Fez-se história, o show foi excelente, mas pedia-se algo… épico (e, já agora, sem highlights de momentos “hilariantes”, é que a usar coisas do passado seria mais benéfico e prudente usar-se as conquistas de títulos ou marcos na história do show e da indústria e não catchphrases, camiões e casamentos).

EARTH, WIND & FIRE September by Compilation on Grooveshark

(porque se contextualiza e porque… é fim de semana! ;))

12 Comentários

  1. Bernardo12 anos

    Juarez, eu no inico nao lia o s.m. mas agora tornou-se dos meus favoritos e aguardados da semana

  2. Cris12 anos

    Finally… Juarez has comeback!
    Uma semana de fora e já deu para sentir a ausência daquela crónica à sexta-feira 😉

    excelente texto como sempre, e um ponto de vista com o qual concordo

  3. Adepto12 anos

    Esta crónica tenta abordar que aspectos?

  4. Não vi grandes problemas com esta Raw. Não teve nada que a distinguisse das outras, é verdade, mas olhou-se para o futuro«, de forma a que daqui a 20 anos as pessoas estejam a pedir uma aparição de um Daniel Bryan, de um Dolph Ziggler ou de um Damien Sandow, tal como agora pediram de um Undertaker, Shwan Michaels ou Bret Hart.

    Estou farto que as raw’s sejam todas de 3 horas, e espero que isso acabe em breve.

    • Cris12 anos

      Foi isso que o Juarez disse (ou pelo menos eu interpretei assim) – que a RAW de 3 horas deve acabar. Não falou em nada que tivesse a haver em relação ao olhar para o futuro! Se queres implicar, implica com outras mesquinhice, porque essa não te vale pontos de argumentação.

      Não viste problemas com a RAW? O 20º aniversário sem hype nenhum não tem qualquer problema para ti?

      • WTF?!!!! Implicar?!! Eu concordei com quase tudo o que o que homem disse no artigo… Eu disse que ele disse que as Raw’s de 3 horas são uma coisa positiva? Aguenta aí uns cavalos e aprende a ler.

        Cris, eu concordei com o Juarez uma vez que ele disse que a Raw foi excelente. Aliás, para mim não foi excelente porque com o produto actual e com as tais 3 horas isso é praticamente impossível, mas gostei muito da última Raw.

        “Não falou em nada que tivesse a haver em relação ao olhar para o futuro!” Mas falei eu! Não posso? Estava apenas a tentar dar uma razão para que a WWE não tenha chamado muitas lendas para o 20º aniversário da Raw. Estão a tentar investir no futuro, e isso é algo que eu aprovo.

        Agora vai lá ver onde é que eu impliquei e qual foi a mesquinhice com a qual impliquei.

      • Foi por dizer que não foi um excelente artigo? Erro meu, esqueci-me. Excelenter artigo Juarez!

      • Correcção: foi por não dizer que foi um excelente artigo?*

  5. Muito bem Juarez.

    Epá aquela RAW tem muito que se lhe diga foi medíocre para um show de celebração de 20 anos… foi a roçar o pessimamente mau digamos portanto não consegui entender a parte em que a classificas de ter sido um show exelente e em que se fez história… pensavas alguma vez que seria épica? Tens acompanhado a WWE actual? Olha a RAW em 2012 teve !2! shows exelentes a RAW 1000 e a RAW a seguir há Wrestlemania em que o Lesnar regressou e eu acho que isso mostra bem a gravidade das coisas e contra factos não há argumentos.

  6. Eu tal como o Daniel também preferi ver ua Raw a apostar nos talentos do futuro do que ter aqueles regressos típicos de lendas. Estas lendas só o foram porque apostaram neles quando eram jovens por isso quando quiserem aparecer que seja para valorizar os novos talentos.

    • José ninguém tava a pedir 1 h 30 min de lendas mas epá uma coisa diferente aquilo foi mau demais para uma RAW de celebração de 20 anos se quisermos ir por ai então a culpa teria que ir para o booking que a WWE tá a fazer com os jovens porque tirando um ou outro pormenor foi uma RAW que deixou a desejar e em que os tais novos talentos não retiraram nada de positivo… então o Sandow e o Rhodes perderam por squash e o Ziggler perdeu pela 27ª vez com o Cena isto é valorizar futuro algum? Então se era para ser assim mandavam as lendas e poupavam os mais novos a este booking verdadeiramente mau.

      Nenhum novo talento saiu valorizado que eu saiba até o próprio The Miz foi apupado pelo mau segmento com o Flair e pela consequente passagem do Figure Four Leg Lock… enfim.

  7. Mintz12 anos

    Man, fizeste falta na última sexta-feira e compensaste com mais um excelente texto de quem sabe do assunto.

    A RAW foi sofrível. 3/5 para mim. Mas pra uma RAW de celebração (como apontaste e bem) esteve mais para 1/5!!!! E nem falo da nostalgia, porque acho essa excusada, falo sim da antecipação, da importância que lhe deram :S péssimo hype, péssimo buzz mesmo :S. Concordo em absoluto contigo