Sejam bem-vindos a mais uma marca do vosso Pedrito Juarez aqui no Wrestling PT! Pelos vistos, o artigo da semana passada não recolheu a simpatia do costume, ou, pelo menos, não foi unânime. Houve discussão nos comentários, embora não fosse suficiente para aumentar o habitual número dos mesmos.
Lamento que não tenha agradado a todos, mas temos de estar certos das posições que tomamos antes de escrever e eu estava. Pareceu-me, contudo, que houve pessoal que não percebeu muito bem o meu ponto de vista e que depreendeu que eu preferiria um show mais saudosista na RAW de 20 anos… nada mais errado, até porque acredito que o caminho tem de ser trilhado olhando-se para o futuro e para o talento que pode vir a ser história e que dá sustentabilidade à companhia. Aquilo que falei foi da falta de hype e de build-up do mesmo, que foram, a meu ver, fracos para um show que devia ser mais especial e que não foi… algo a que as 3 horas de RAW todas as semanas não estão isentas de culpa ( a tal analogia do ritmo de festas todas as semanas).
Esta semana, trago-vos um artigo mais lírico, menos analista. Reflecte sobre um tema que considero ser muito importante no “nosso” ramo, não sendo, portanto, focada num só lutador.
“The Drugs Don’t Work”
Dizem que a vida é uma linha recta para todos os seres que beneficiam de tal privilégio. Uns conseguem desviar-se da monotonia, e fogem àquela rotunda rotineira que invarivelmente nos surgirá a dada altura do percurso e na qual há imensos humanos a andar à volta, num ciclo trabalho-casa-casa-trabalho em prol do bem comum (família) e dos herdeiros… há outros que não.
Eu admiro os primeiros, aqueles que dão mais sentido ao facto de serem humanos, que aproveitam as oportunidades de viver, explorar a vida ao invés daqueles que se preferem manter na rotina, mais segura, mas menos divertida e enriquecidora (em termos de experiências). Aqueles que abençoam a espontaneadade e fazem transformar uma contrariedade numa coisa positiva. Alguém que foge de um percurso rotineiro, mecanizado… em oposição às pessoas conformadas (e, por isso, possivelmente infelizes) e que aceitam aquilo que a vida é.
É, sem dúvida, muito romântico preferir os aventureiros e aventureiras aos metódicos e metódicas. Fica melhor, eu sei, preferir quem prefere ser apanhado de surpresa àqueles que optam por tentar calcular o que o destino lhes reserva. Mas não quer dizer que desgoste dos segundos ou ache o estilo de vida que levam os primeiros o melhor. Porque, aliás como em tudo, a virtude está no meio – o que vale arriscar tudo, em 40 anos, e ver a vida a passar à frente de forma tão rápida que nem conseguimos enxergar (nem lembrar mais tarde), o que vimos, se podemos viver 40 anos em 60, e guardar os últimos 20 para recordar e tomar decisões mais “certas” e ponderadas, absorvendo toda a sabedoria que nos é concedida?
Não compreendo, por isso afirmações nem filosofias que afirmam “de que adianta não aproveitar a vida a consumir o que gosto se já sei que ela vai ser curta?”. Talvez a vida pudesse ser mais comprida, e uma viagem mais agradável de se fazer se se consumisse o que se quer moderamente… ou se se soubesse esperar para que não fosse necessário consumir tais coisas para verificar que não seriam necessárias para ter vivências e experiências de vida bonitas e valiosas para depois aproveitar e recordar.
Não me faço de moralista, que não sou, nem de fundamentalista (algo que abomino) – afinal, a minha experiência de vida ainda é curta e já estive em ambos os extremos da situação. Como todos, já consumi drogas, e como todos também já ganhei juízo. Mas JAMAIS pus um objectivo, uma prespectiva de carreira, ou (como quiserem) tive a vontade necessária de vencer para recorrer a batotas que comprometessem a minha integridade física. Penso que falo pela maioria dos jovens adultos quando digo isto, e também será para eles (ou para velhos adolescentes, como se quiserem chamar) que estou a escrever (acredito ser esse o público que mais visita o PTW).
Resumindo, todo estes parágrafos vêm a propósito da auto-condenação de Lance Armstrong pelo uso de substâncias ilícitas. Algo que se poderá extender ao ramo que nós tanto gostamos e de que tanto falamos, porque o uso do referido “doping” encurtou muitas vidas, e muitos atletas tiveram a vida mais curta pela promessa de um dia poderem estar no topo e com um salário com mais dois ou três zeros do que aquilo que recebiam. Falo de esteróides anabolizantes, da chamada “bomba”, que pôs à boca do túnel com a luz ao fundo muitas pessoas, e muitas lágrimas fez derramar desde miúdos a graúdos pela admiração nutrida por eles. Eu, incluido.
“Mas há Welness Policy’s e que mais!”. Sim, mas quem está no poder ou lá perto, quem tem dinheiro ou está junto de quem tem, sabe quando pode fugir ao controlo, sabe como serpentear à volta de resultados de testes ou de os manipular quando sabe de atemão que vai ser testado. E assim ficam e ficarão, se nada fôr feito, pelo caminho, não carreiras de um lutador, não legados de uma lenda, mas uma vida de pai e avô. Uma vida familiar.
É uma das coisas mais difíceis de aceitar no ramo do wrestling profissional e algo que ainda não vi ser muito discutido fora de períodos onde surgem mortes ou algo do género. Felizmente, esse número tem diminuido, mas eu defendo um controlo ainda mais rigoroso à venda e disponibilização de esteróides anabolizantes ou tudo o que possa encurtar a integridade física de alguém.
19 Comentários
FANTÁSTICO, provavelmente dos melhores artigos que ja li nesta comunidade do ptw, PARABÉNS JUAREZ !
WOW! 😐
Não pares!
Bom artigo.
Porque é que dizes que os visitantes não gostaram do artigo da semana passada? O que impora o número de comentários? Há muitos que lêem e não comentam.
Ele não disse que não tinham gostado ;).
“o artigo da semana passada não recolheu a simpatia do costume”. “Lamento que não tenha agradado a todos”. Desculpa, tens razão, tenho que aprender a ler…
Queres voltar ao mesmo? Eu não.
Pois tens.
Não referiu que os visitantes, regra geral, nao tinham gostado! Simplesmente disse que não houve a mesma receptividade.
Eu estava a falar, como é óbvio, apenas daqueles que leram e não comentaram…
Excelente texto, óptimo artigo. Um tema que merece toda a atenção e que merece ser visto e revisto por toda a gente. Tem de haver sensibilização e ainda bem que tu trazes o assunto à tona.
Um dos melhores textos que já li na Comunidade. Parabéns!
Continue assim com grandes artigos parabéns
Gostei do artigo e este tema é sempre brutal de ser abordado, até eu já abordei o tema num dos que considero ser dos meus melhores artigos de sempre aqui no site. Mais uma vez tiveste bem, o Armstrong deixou-me desiludido sinceramente, mas pronto senti que vi 7 anos aquela prova numa falsidadade. Por isso sempre a favor da Wellness Policy.
Ah não ligues tanto oa número de comentários eu já tive bons artigos com poucos, e outros mais medios com mais. Nem sempre os comentários representam a qualidade do artigo.
Então é melhor deixares de ver desporto porque ainda vais ter muitas desilusões… Alguém acreditava que o Armstrong e outros como ele são Super-Heróis? Nope, são humanos. Acho ridículo tirarem-lhe as vitórias. Então e quem encobriu a sprovas nao é castigado? Ou durante 7 anos ninguém reparou que ele se “dopava”? Está-se a falar de ciclismo, um desporto no qual os praticantes têm que fazer coisas que não estão ao alcance de um ser humano. Não basta subir para uma bicicleta e ir passear…
Enfim, back to Wrestling…
e o armstrong até confessou que para ele é impossivel um homem ganhar a volta a frança 7 vezes seguidas
Não é sobre wrestling mas o vosso comentário é pertinente…
E outra coisa: se TODOS praticamente usavam doping,não existiu vantagem do Armstrong sobre os outros.
Apesar de ser vergonhoso,é a verdade.Eu era um grande fã dele, na altura (2005), devia ter uns 12 ou 13 anos e nunca acreditei q ele se dopasse.
Eu sou straight edge na vida real, nunca fumei, nunca consumi drogas e nunca bebi.
És o maior!
Querias “Straight Edge” aonde? Claro que é na vida real…
Querias ser*
Gostei muito do Artigo, Juarez, meus parabéns 🙂
Em tempos :” Felizmente, esse número tem diminuido, mas eu defendo um controlo ainda mais rigoroso à venda e disponibilização de esteróides anabolizantes ou tudo o que possa encurtar a integridade física de alguém.”
Não sei se acredito que meninos como o Triple H, John Cena, Orton ou Ryback conseguiram aqueles corpinhos só com ginásio e batidos do Pingo Doce 😉
Mais um artigo AWESOME. o teu melhor, talvez. Muito bem Juarez.
Nem sempre comento o signature move, e acho que merecias mais participação da minha parte. Irás tê-la a partir de agora