A irregularidade continua a marcar o Signature Move mas tenho a certeza que vocês compreendem que a frequência com que vos escrevo teve de diminuir desde há uns tempos para cá (afinal, são razões profissionais). Sempre que posso, volto para vos escrever, e aqui fica mais um artigo para a colecção, desta vez sobre duas personagens muito particulares e em universos tão distintos…
“Shôr Padre Heyman”
I.
Ao longo da semana que corre tem sido veiculada uma notícia com características peculiares. Depois de celebrar casamentos e batizados, depois de ser constituído líder espíritual para muitas pessoas e depois de ter conseguido ganhar dinheiro com isso, alguém que não se formou para ser padre mas conseguiu sê-lo foi desmascarado e aguarda julgamento, anulando-se casamentos e batizados dados com o aval do senhor em questão.
Os populares nunca desconfiaram da falta de “habilitações” do suposto padre e nele depositaram confiança (de forma a ele saber dos segredos mais íntimos), carinho… e uns trocados – afinal ele tinha as vestes que um padre costuma ter e o dom de bem-falar para grandes audiências…
… característica que me leva a pensar em pessoas do ramo do wrestling profissional. Não uma em particular, mas em várias ao mesmo tempo que têm o poder de colocar na mão milhões de pessoas (audiência presencial e televisiva) quando pegam no microfone. Alguns deles ainda estão no activo.
II.
O Monday Night RAW desta semana teve bons e maus aspectos. Houve agressividade, própria da época do ano (avizinha-se o Extreme Rules) ,bons e maus segmentos, incluindo combates … assim/assim. Kane – Ryback foi o Main Event numa colisão de pesados que serve para alimentar dois combates do Extreme Rules (Shield vs Hell No parece-me muito provável) e pôr por cima várias instituições: desde John Cena aos Shield.
Sem querer ignorar o trabalho feito pela WWE para melhorar a visibilidade dos títulos de tag team e a sólida construção de uma (não tão) nova stable, acho que o melhor que o show teve foi, de facto, o segmento de promoção ao combate Triple H vs Brock Lesnar, que conseguiu alcançar o feito extraordinário de se sobrepôr às constantes promoções que acabavam por “magoar” antecipadamente o mesmo – tweets parvos e imagens de câmaras de video-vigilância.
Acredito que não se confie em Heyman (intérprete quase único do guião de todo o segmento), mas se a WWE não quer correr o risco de ver os seus workers ultrapassados por alguém não-formado localmente, aconselho o tio Vince e o shôr Paul Levesque a não dar tanto tempo de antena a Paul E. – num segmento que tinha tudo para ser um “turn off” e que acabaria por mudar invariavelmente para “on” quando Lesnar começasse a destruir o escritório de HHH, Heyman conseguiu, com o seu relato dos acontecimentos construir uma escada de antecipação que culminou na destruição do gabinete do futuro presidente da WWE e ainda contribuiu para que, chegado ao clímax, esse tivesse ainda mais destaque e intensidade.
Depois, foi ouvi-lo com atenção via satélite, com toda a eloquência que consegue pôr em cada palavra de cada frase que diz e dar um significado especial a tudo o que se passa à volta dele.
III.
O combate tem sido excelentemente construído, principalmente agora com a entrada do ingrediente especial de Heyman não controlar Lesnar… mas duvido que sem o ex-dono da ECW, as coisas pudessem correr tão bem.Paul E. é assim. Tem o dom da palavra. Sabe como pegar no público, sabe transformar um texto menos feliz em algo arrebatador; sabe dar significado a coisas que aos olhos imparciais são completamente irrelevantes…
… enfim, faz-me lembrar o padre que aguarda julgamente por não o ser. Se ele pusesse as vestes adequadas, estudasse um pouco da religião que não é a dele e aprendesse português, não tenho a menor dúvida que muitos populares diriam “amém” às suas palavras e que conseguiria guardar-se sobre o disfarce por mais tempo que o protagonista da notícia bizarra.
5 Comentários
Adorei o paralelo com a notícia do padre.
Muito bem, Juarez, mais uma vez!
Bom Artigo, porém discordo do contéudo parcialmente!
Sem dúvida que o Heyman ajudou muito na última Raw ao sucesso daquele segmento, mas não consigo achar que o combate foi bem construído. O Triple H e o Lesnar poucas interações tiveram á excepeção daquela. Depois como disse na ultima semana no meu artigo, esta feud é uma Feud de lendas com e isso não me agrada sinceramente. E não acredito que o terceiro combate seja melhor do que os dois anteriores(que não consegui gostar muito).
Por isso sim, o meu destaque no Road to Extreme Rules é para os Shield sem dúvida alguma, e sem antecipar muitas opiniões sobre as feuds, são os Shield que me motivam a ver o Extreme Rules. Os Shield e ver como acaba o combate do World Heavyheight. De resto são combates que vou ver mas que não mexem comigo enquanto fã.
Combate bem construído?! Not by a long shot…
O Paul Heyman é um dos melhores “talkers” da história da WWE, no Top 10 sem dúvida alguma.
Também gostei muito da comparação com o acontecimento do falso padre. Há com cada um por esse mundo fora…
Então? Onde andas Juarez!?
volta Juarez!