Bem-vindos à minha marca no Wrestling.PT. Mais uma, a nona num site onde me sinto cada vez mais acarinhado e com um sentido de responsabilidade proporcional graças aos vossos comentários que me dão cada vez mais motivação e sentido de urgência para vos escrever.
Muitíssimo obrigado por todos os comentários, e lamento, mais uma vez, a resposta tardia… mas a época de Natal, de comunhão, reunião, renovação é mesmo assim. Cada um compreenderá o que digo, estou certo.
A crónica desta semana põe palavras publicadas na admiração e respeito que sempre tive pelo wrestler em questão, e trata-se de mais uma história de superação, de quem caiu muito, mas jamais se deixou ficar no chão.
“Get up, Stand up”
Daniel Healy Solwold Jr. é um nome que passará despercebido a uma quantidade enorme de gente. Ele, tal como muitos outros que passam anónimos à sociedade, encarou uma montanha de problemas, escorregou, caiu, começou do início, subiu e voltou a descer na difícil escalada rumo ao objetivo principal, ao sonho. Gente que tem a rara qualidade de se levar a sério e persiste em seguir em frente com a mentalidade de que qualquer caminho pode ser percorrido, independentemente da quantidade de obstáculos que se vislumbrem… o fim é que interessa e os sacrifícios não são mais que parte do percurso até lá chegar, meras feridas que se podem lamber mais tarde, recalcamentos que mais tarde podem ser resolvidos mais tarde. Há a pressa, a pressa de agarrar o sonho, a pressa de estar nele e de desfrutar cada visão, cheiro, movimento…
Daniel Healy Solwold Jr. cresceu no estado de Wiscosin, mais propriamente em Milwaukee. Como qualquer pessoa normal desse Estado, torcia pelos Green Bay Packers e ainda hoje se assume como um fã enorme de uma das equipas mais históricas da história do Futebol Americano. No entanto, não desejava ser o running back que partia que nem um foguete quando a defesa adversária esperava uma jogada em passe, não queria ser um defesa corpulento a impor o físico para travar quem se atrevesse a ganhar jardas no seu território. Não. Não queria seguir o sonho estereotipado de qualquer miúdo no estado de Wiscosin e representar os Packers. Tinha outros assuntos na sua agenda, e preferia espaços mais confinados. Trocar a relva por um tapete, o ar livre pelo odor de um ginásio e trocar as linhas de jardas pelas cordas.
Daniel Healy Solwold Jr. partiu rumo ao sonho de se tornar um wrestler professional, como sempre quis. E não, não vingou à primeira. Afinal o ar franzino de um miúdo de 1,75 metros não impressionava e ele não era propriamente alguém com os looks ou com a confiança (ainda) de pôr uma audiência nas mãos com o micro à frente.
“Ah, então o problema é altura?!”. Bem, Daniel pensou que num mundo de homens grandes, tem de haver harmonia e o que via na divisão cruiserweight da WCW inspirava-o a ser como eles. Então apostou na velocidade, na energia, na entrega sem limites. Ouviu gente a dizer para parar, que não valia a pena insistir num dom com o qual não nascera, mas ele encarou essas vozes fatalistas e pessimistas como qualquer “sonhador” o faz: é um obstáculo rumo ao grande prémio…
… e vingou! Daniel Healy Solwold Jr. foi ganhando fãs com a sua velocidade, com a sua capacidade de se entregar e agarrar um espectador, enquanto melhorava o aspeto técnico, de “chão”.
Os fãs da maior das pequenas companhias passaram a louvá-lo e sempre que havia um show ou algo do género com ele no card, o espectáculo estava garantido, e DVDs compravam-se, as bancadas preenchiam-se… não só por causa dele, mas também. Daniel foi parte do nascimento e crescimento da nova cultura indy de wrestling. Fez parte da nova geração indy, juntamente com Bryan Danielson, CM Punk, Nigel McGuiness, Davey Richards, Samoa Joe… a lista de notáveis prolonga-se e todos merecem praticamente o mesmo crédito, por mais fortes, mais altos ou mais conquistadores-de-público que estes tenham sido. Já para não falar do título e dos reinados que teve como figura de proa da … sim, Ring of Honor.
Chegou ao wrestling da televisão. À imagem dos seus ídolos, Daniel era agora um lutador de massas, um lutador de TV que é visto por pessoas que podem nem ser fãs de wrestling. Tornou-se num inspirador depois de ser inspirado. Finalmente, avista-se o topo…
… ou não! Não teve um papel significativo na companhia que lhe deu a oportunidade de mostrar o seu trabalho conforme os seus ídolos o fizeram. Subvalorizaram-no, entregaram-lhe “personagens” estúpidas e por muito que mostrasse no ringue, nada chegava para bater os veteranos, as verdadeiras “divas”!
Foi forçado a despedir-se pouco depois: num dos raros dias em que tinha folga, num dia em que podia ir ver a família a Wiscosin, sentar-se ao sofá, dar descanso ao corpo, e pôr-se a par daquilo que tinha sido a época dos seus Packers (por exemplo!), tinham-lhe marcado a gravação de uma promo. Não gostou, vociferou com os altos responsáveis da companhia com atitude tão injusta (e acreditem que é preciso muito para pôr nesse estado um lutador que por muito já tinha passado), mas concordou em fazer as promos. Resposta? “Não, estás suspenso.”. Implorou, sem efeito. Claro, só podia fazer uma coisa: pedir a demissão, e descer um patamar.
Voltou ao wrestling independente, e depois de mais uma campanha fantástica nas indys, a companhia que lhe dava a tal visibilidade nacional arrependeu-se, saídas as más influências do balneário. Agora trataram-no como merece.
Teve 22 minutos de recompensa num combate que entrará nos anais da história como um dos em que nasceu uma estrela “puro-sangue”, que lutou, sacrificou…foi aí que soube: “Estou no topo!”. E apreciou todos os movimentos, cores, cheiros e texturas do “ouro” que sentia nas mãos.
Eu acho que não ficará por aqui, e que AUSTIN ARIES vai ter um futuro ainda mais risonho, que Vince McMahon vai poupar-se a si e à sua companhia de perder um worker que consegue (agora) mobilizar quando pisa o círculo quadrado, alguém que é natural com o micro e “electrico” no ringue.
O nome será diferente, mas a paixão e a entrega as mesmas. Teremos neste senhor um futuro top heel da companhia, e os combates principais da Wrestlemania foram crescendo de importância, com ele… para ele!
39 Comentários
Belissimo artigo Juarez. Eu sou um admirador do Austin Aries mas não sei se ele terá mesmo essa hipótese na WWE. Eu bem gostaria que ele um dia fosse para lá mas tenho as minha dúvidas.
Muito obrigado pelo comentário e o elogio, José. Eu creio que o carisma que ele apresenta, e pese embora a altura e todos os preconceitos que Vince tem com isso, poderá vingar. Afinal ele é electrizante no ringue, tem boas skills no micro…
mas claro, compreendo o teu ponto de vista.
Grande artigo como sempre Juarexz também não o vejo na wwe, para mim ele tem o estilo da TNA.
Valugi, mais uma vez obrigado!
Eu sou capaz de o imaginar na WWE. Acredito que esse dia possa chegar… mas percebo perfeitamente a tua opinião!
Artigo fabuloso sobre um dos mellhores wrestlers da actualidade.
Não o imagino na WWE, mas quem sabe o dia de amanhã? Eu adorava ver um Austin Aries vs CM Punk, Austin Aries vs Dolph Ziggler e Austin Aries vs Daniel Bryan na WWE. Se um destes combates fosse um dia main-event de uma WrestleMania, eu ficava felicíssimo.
Daniel, obrigado!
Puseste aí uma hipotética rivalidade que me deixa a salivar pelo que ambos já fizeram antes : Punk vs Austin Aries. Dois lutadores “fadados” para serem top heels, com carisma enorme… enfim, seria explosivo.
AH! e bela imagem nova: Chocolate Starfish and the Hot Dog Flavour Water!!! 😉
Yeahhhhh! Alguém que conheça isto 😀
Sou suspeito para falar sobre o tema, o meu novo favorito da TNA (isso devido ao fato do que fizeram ao Bully Ray), e por acaso eu sabia que o nome dele é Daniel Solwold, mas alguns ficariam perdidos no início se não fosse a foto, essa parte é a que prende mesmo, gosto desse ar de mistério, deixa o leitor o tempo todo curioso para saber de quem estar falando, sugiro que não coloque a foto do wrestler logo de cara, mas isso é o de menos.
Esse cara é sinônimo de trabalho e determinação. Austin Aires é um wrestler fantástico, não há ninguém que eu goste de ver mais no ringue da TNA que ele, para mim ele é o melhor do roster sem dúvida. Quero que ele tenha um reinado como World Champion maior ainda que o anterior, pois ele merece, já que é um wrestler completo.
Feliz é a TNA por contar com tamanho talento, e com esse grande profissional. E para o Vince McMahon, sinto muito, esse você perdeu, e perdeu feio.
Vincius, muito obrigado por deixares aqui a tua opinião e mais uma vez estou-te muitíssimo grato pelos elogios que fazes ao artigo e à minha escrita. É uma honra saber que toco e cativo as pessoas conforme elas me testemunham. Agradeço imenso isso!
Quanto à foto seleccionada… bem, eu acho que a devia meter no post por uma questão de coerência com o mesmo, no entanto, opto por colocá-la só no fim em todos os artigos. Mas não sou eu que escolho a foto que vai encabeçar o artigo… se fosse, faria de maneira diferente. Mas lá está, eu sujeito-me e respeito as opções tomadas.
Quanto ao tema do artigo (finalmente chego lá! :P): espero mesmo que Aries suba ainda mais na carreira e que se projecte como uma das maiores estrelas de sempre, um futuro hall of famer porque ele, honestamente, merece-o. Ganhar notoriedade na WWE ou numa TNA mais “crescida”, depois vê-se. Desejo é um grande futuro para este, como tu referes, “sinónimo de trabalho e determinação”.
Mais uma vez, o meu muitíssimo obrigado. Abraços!
Espero que o Aries nunca vá para a WWE.
Ótimo artigo Juarez, cada vez melhor.
Se quiser que alguém o conheça é melhor ir
Ele é conhecido. Principalmente nos EUA, em que as pessoas sabem que não existe apenas a WWE e que há por lá uma coisinha chamada ROH.
Onde por acaso começaram muitos dos actuais melhores wrestlers da TNA e da WWE. Já ouviram falar de Bryan Danielson,CM Punk, Claudio Castagnoli, Chris Hero, Tyler Black, Samoa Joe? talvez tenha estado lá e se alguns deles não conhecem por este nomes pesquisem e vão ver se não conhecem.
EnigmAA, muito obrigado pelo teu comentário. Pela foto compreendo a tua posição eheh… mas para haver mais exposição, seria melhor colocá-lo lá.
Não, não seria 😀
Artigo mais uma vez espetacular e super interessante juarez.
Austin aries quem me dera que estivesses na wwe.
Vince abre os olhos!!!!!!!!!!!!
Mais uma vez, obrigado vasco!
Faço do teu apelo o meu!
Eu nem acho que o Vince tenha perdido muito.
Tem a maior companhia de wrestling e nem tem concorrência.
Perdeu um bom lutador tem tantos mais espetaculares…
Se o Aries fosse para a WWE seria mau para ele mesmo pois não sei se alguma vez chegaria ao Main Event
Realmente, tenho que concordar com cada palavra, você é genial, adoro seus comentários.
Tomara mesmo que o AA nunca vá para a WWE, ele não tem potencial para ser um Main Eventer lá.
EnigmAA e suas ironias… Na parte que o AA pode ir para a WWE e não ser main-event, sinceramente eu não duvidaria disso, não pela habilidade e competência do Austin Aires, e sim por decisões erradas da WWE.
Anote o que eu te digo, este Wrestler no futuro, vai ser lembrado como um dos melhores da história da TNA.
É só ter paciência.
Ele tem tudo pra ser a “cara” da empresa, é só a TNA querer.
Adoro o Jeff Hardy mas, TNA, no LockDown, devolvam o Ouro ao Melhor desta companhia.
Ironia EnigmAA 🙂
Já disse o mesmo ao Vince It Factor: é um dos factores que me preocuparia, essa possível subvalorização. No entanto, tenho de discordar contigo – a WWE tem talentos fantásticos, alguns com mais essência que Aries, mas não acho que ele seja apenas um “bom” lutador. Ele é um worker exímio, na minha opinião, e consegue cativar como poucos quando pega no micro. É um dos melhores do biz…
Há quem diga que as Mic-Skills do Aries não são boas e sim razoáveis, algo que discordo totalmente.
CM Punk, Austin Aries, Bobby Roode, Kevin Steen e Daniel Bryan.
Estes são na minha opinião, apenas os melhores Wrestler’s do mundo na actualidade.
Mais uma vez, “para variar”, muito bom artigo Juarez. Começo a ansiar intensamente as tuas publicações, porque estas dá vontade mesmo de ler e não parar.
Gostei do suspense que inseriste nesta crónica,deverias fazer isso algumas vezes,não sempre, mas regularmente.
Iniciando e finalizando a conversa, não consigo ver TNA regularmente, e sinceramente, só conheço o Aries “de cara”. Vendo os comentários, pode-se dizer que é o “CM Punk” da TNA.
A história deste wrestler deve ser um exemplo a seguir, certamente, pois viu-se que se pode superar tudo, com determinação e esforço.
Mais uma vez, excelente trabalho Juarez começo a gostar profundamente das tuas crónicas, foi uma boa “contratação” do WPT.
Jhon, é uma honra saber que alguém anseia pelas minhas publicações. Penso que não há elogio maior que me possam fazer enquanto cronista, e estou muito grato de o ter recebido da tua parte! Muitíssimo obrigado.
Eu pretendo variar entre este estilo e o da crónica anterior, porque acho que quem visita o PTW quer ver variedade e é isso que vou tentar oferecer… à minha maneira, claro :).
🙂
Espero que o AA nunca vá para a WWE.
Ele é qualquer coisa do outro mundo, fantástico e está numa companhia que o reconhece e lhe dá toda a visibilidade e apoio.
Grande artigo Juarez !
Uma das razões de eu não estar 100% seguro da sua integração no roster da WWE é precisamente esse facto: o da subvalorização que lhe poderão dar e, com o passar do tempo, ficar enterrado.
Obrigado por comentares e pelo elogio, vince!
Juarez, se me permite, tenho uma sugestão para ti:
Eu adoro sua coluna aqui no W.PT, ja ganhou meu respeito porque ja provaste que és um escritor fantástico e conta a história dos Wrestlers de uma maneira sensacional.
Uma das melhores coisas do teu artigo, é a curiosidade em sabermos de qual Wrestler tu estás a falar.
Penso que a curiosidade e o mistério seriam ainda maior, se você não colocasse a foto de quem estás a falar ja de cara no Artigo, porque é, querendo ou não, Spoiler.
Mas fora isso, está perfeito.
Sou teu fã.
O Juarez já explicou em cima que não é ele quem coloca a imagem.
Eu falei isso pra ele Enigma, no comentário, e ele explicou que não é ele quem escolhe a imagem da chamada do artigo.
Ah, explicado, eu não sabia disso.
Mas quem é que coloca então?
Eu acho que é o Salvador.
Sim, sou eu que coloco a foto. Sorry :/
Tudo bem, é até natural a escolha da foto da chamada, já que o assunto é o Austin Aires.
EnigmAA, muitíssimo obrigado pelos elogios (fico honradíssimo pela consideração que me é prestada!) e a sugestão é fantástica! Eu próprio concordo com ela, como já referi. Mas como também já apontei, não sou eu o responsável por escolher a foto de apresentação… no entanto, os artigos nem sempre terão esta carga dramática e nem sempre haverá este “desembrulhar” do nome ao longo do artigo, porque considero que devo variar (aliás, o desta semana terá um estilo meio diferente) :).
Admito que não conhecia a sua história, e conheço muito superficialmente o trabalho como wrestler, mas nas suas palavras me sinto motivado a investigar sobre ele e conhece-lo afundo. Belíssimo artigo.