Cá estamos mais uma vez para uma nova edição do artigo das Terças-Feiras do Universo! O tema de hoje será os PPV’s da WWE. Quais aqueles que deveriam acabar, os que poderiam voltar, quais poderiam fundir-se num só, são aspectos nos quais irei tocar ao longo deste texto. Comecemos então o artigo desta semana!
Pay-per-view (sigla PPV, Pagar Para Ver, em Português) é o nome dum sistema no qual se adquire uma programação de televisão específica, comprando o direito a assistir a determinados eventos, filmes, programas… A taxa do PPV é adicionada à conta da operadora de TV a cabo ou via satélite, trazendo-lhes lucro, já que o investimento gasto pelos direitos tem o seu retorno através da venda aos telespectadores. Nos EUA, o PPV financia a indústria da luta livre pelos sistemas de TV a cabo e via satélite, em que é possível fazer a aquisição através do comando, permitindo que a operação seja realizada através da infra-estrutura. A WWE faz vários eventos especiais deste tipo ao longo do ano, seguindo uma ordem. Antigamente, alguns pertenciam exclusivamente à Raw e outros à SmackDown, sendo os outros interpromocionais, onde os wrestlers de ambas as marcas participavam. Desde 2007, Vince McMahon tem ordenado que todos os PPV’s sejam interpromocionais. A WWE realiza um PPV por mês, cada qual com a duração de três horas, com a excepção da Wrestlemania, que dura 4.
O primeiro PPV da WWE, à data conhecida como WWF, foi a Wrestlemania, em Março de 1985. Foi um sucesso financeiro e tornou-se um evento popular, fazendo com que a companhia expandisse as suas ofertas com o Survivor Series, que ocorreu primeiramente a 29 de Novembro de 1987. A estreia do Royal Rumble no ano seguinte conseguiu a maior audiência do canal que o exibiu! Após isso, o SummerSlam aconteceu em Agosto, no Madison Square Garden. Estavam eleitos os quatro mais representativos PPV’s da empresa: Royal Rumble em Janeiro, Wrestlemania variando entre Março e Abril, SummerSlam em Agosto e Survivor Series em Novembro foram as únicas ofertas até ao começo dos anos 90, quando se começou a exibir o King of the Ring em Junho. Em Maio de 1995, começa-se a oferecer PPV’s nos meses restantes. A cronologia dos eventos activos é a seguinte (entre parênteses o ano da primeira edição): Janeiro – Royal Rumble (1988), Fevereiro – Elimination Chamber (2010), Abril – Wrestlemania (1985), Maio – Extreme Rules (2009), Junho – Payback (2013), Julho – Money in the Bank (2010), Agosto – SummerSlam (1988), Setembro – Night of Champions (2001), Outubro – Battleground (2013) e Hell in a Cell (2009), Novembro – Survivor Series (1987), Dezembro – TLC (2009). Não é dificil reparar na diferença de idades destes PPV’s, sendo os quatro grandes bastante antigos e os que preenchem o resto do ano mais recentes. A verdade é que a preocupação está em manter e preservar esses “Big 4” como a nata do desporto de entretenimento, são esses os imbatíveis da grelha televisiva da WWE e aqueles nos quais se gasta maiores esforços em histórias, feuds, preparação do espectáculo e qualidade dos combates. Não é por nada que para os atletas em tempo parcial na empresa se marcam lutas num destes quatro acontecimentos, pois dignifica muito mais a sua persona do que ter de “perder tempo” ao aceitar participar num dos PPV’s menores. Se é para voltar por uma noite, que seja em grande! Não sendo totalmente desonesto, a contribuição desses lutadores de estatuto é muito maior num grande palco do que num show semanal ou PPV de encher chouriços, é uma troca de favores que beneficia Vince McMahon e os ditos cujos. A variada substituição de PPV’s, seja somente pela troca de nome ou pelo desmembramento dum PPV temático em vários outros, bem como pela criação de eventos destinados a “gimnick fights” e a torneios, foi pressionada pelo final da extensão de brands.
Em Março de 2002, a WWE promoveu a sua divisão de brands e, em Maio, foi realizado o primeiro PPV exclusivo duma brand, o Insurrection. Em Junho, foi anunciado que se continuaria realizando eventos para cada brand (Raw, SmackDown e, em 2006, ECW). As únicas excepções eram os quatro grandes. Este facto permitiu adicionar mais lutas aos eventos e uma maior rotatividade de caras, disputas pelos cinturões, storylines particulares de cada promoção e gestão do talento que abundava nesse inicio de século XXI. Não só estavam garantidos os maiores superstars no card como aumentava a hipótese de “bonus matches” com a entrada de mid e low carders nos planos, que eram individuos que procuravam o seu espaço e assim o conseguiam, não precisando concretamente esperar pushes para subirem aos programas televisivos ou terem motivos para desenvolver rivalidades. A Raw e a SmackDown eram duas equipas com plantéis bem distribuídos, não devendo nada uma à outra em termos de potencial. Ficava muito mais fácil o objectivo de se ser bem sucedido e a construção de astros da modalidade, assim como a valorização dos títulos, era um dado assegurado. Só que, a partir de 2005, os PPV’s começaram novamente a ter lutas interbrands e, em 2007, foi anunciado que os eventos voltariam ao antigo formato e os exclusivos de cada brand seriam banidos.
Eram eles, na divisão vermelha, Insurrection, Bad Blood, Armageddon, Unforgiven, Backlash, Vengeance, Cyber Sunday e New Year’s Revolution. Na divisão azul, despontava o Global Warning, No Mercy, Judgement Day, Great American Bash, No Way Out, enquanto a ECW ficava com o One Night Stand e o December to Dismember. A WWE tem igualmente outros PPV’s que, por certas razões, foram substituídos: King of the Ring, que retornou como um torneio em 2006, e as suas lutas ocorriam semana após semana na SmackDown, ao contrário de antigamente, em que elas tomavam lugar na noite do PPV. Dois anos depois, houve uma edição durante um episódio especial da Raw e, em 2010, foi realizado mais um e, até agora, o último. O Over the Edge foi extinto em 1999, após a morte de Owen Hart. Após a WWE decidir reduzir o número de PPV’s, que chegou a ser de 14, o evento New Year’s Revolution deixou de ser realizado. O No Way Out funcionou de 2000 a 2009, a WWE alterou o nome para Elimination Chamber em 2010, retornou em 2012 com novo formato mas foi substituído este ano pelo Payback. O Backlash (1999-2009) tem a sua situação desconhecida, desde que a WWE o substituiu pelo Extreme Rules, e o Judgement Day (2000-2009) teve a mesma sorte com o Over the Limit. Outras trocas foram: Great American Bash (2004-2009) – Fatal 4 Way (2010) – Capitol Punishment (2011) – No Way Out, Breaking Point (2009) – Night of Champions, Bragging Rights (2009 a 2010) – Vengeance (2001 a 2006, 2011) – Hell in a Cell, Over the Limit (2010 a 2012) – Battleground.
Não é complicado indicar o clima de indefinição quanto aos PPV’s para cumprir calendário e obrigações contratuais! O King of the Ring deixou de ter importância que valesse um PPV com a sua designação, em contrapartida, tivemo-lo há pouco tempo numa publicação de dois em dois anos, sempre em situações que evidenciavam o oposto (programas especiais prolongados), ou seja, o tempo que este torneio requer é o mesmo dum habitual PPV! Nesse caso, porque não fazê-lo voltar uma vez por ano nas linhas que percorreu no passado, em vez de gastar shows semanais, importantíssimos para o desenrolar dos acontecimentos das rivalidades? Aliás, esses shows podem definir os participantes durante todo o mês que anteceda o KOTR! Ultrapassadas as eliminatórias de apuramento (por Beat the clock ou quaisquer outras estipulações menos em voga), estaria composto o elenco que participaria no evento. Não tomava muito tempo à Raw e SmackDown, teria um mês de preparação e resolver-se-ia o problema no dia do PPV! O New Year’s Revolution aconteceu de 2005 a 2007 e deixou de ser realizado por exigências de espaço. Este era o PPV de Janeiro, abertura do ano, mas, quanto a mim, não faz falta nem deixa saudades. Sim, em 2006 deu-nos a primeira cobrança da mala, mas se era preciso riscá-lo para o número de eventos mensais entrar nos conformes, eu apoio.
Quanto ao resto, faz parte da confusão gerada pela mudança de nome, anos sabáticos, retornos despropositados, experiências mal sucedidas, enfim, decisões desafortunadas. O No Way Out (Sem Saída) deveria incluir o Elimination Chamber, Hell in a Cell e uma Steel Cage. Foi uma invenção gira essa de denominar os PPV’s com os nomes de lutas, principalmente quando temos tido pouquíssimos combates desses nos PPV’s respectivos, e quando digo pouquíssimos quero dizer um, quando dois seria o ideal. Voltariamos a ter o PPV temático mais sensacional de sempre, fazendo braço de ferro com o Extreme Rules, afinal, combates em jaulas e câmaras de eliminação costumam ser referidos como encurtadores de carreiras. Como o termo e a ideia é não ter saída, uma jaula trancada a cadeado, umas câmaras que só se abrem de 5 em 5 minutos, e um ringue ocupado pelo pior adversário imaginável, seria uma bestial resolução para feuds em que os heels fogem dos faces a sete pés e abandonam combates, perdendo por contagem. Tal não é possível dentro de jaulas, os heels teriam de encarar obrigatoriamente os oponentes e levariam a lição das suas vidas ou, no sentido inverso, finalmente reverteriam a sua imagem com uma vitória que pusesse fim a todo o confronto ou o espevitasse ainda mais pela falta de limpeza dessa vitória. Já que os bookers gostam de criar vilões cobardes, está aqui a maneira de não porem o rabo entre as pernas e evitar fugas! O Judgement Day (Dia do Julgamento) seria outro modo satisfatório de concluir feuds e rebentar coiros, muito mais prestável do que um Over the Limit, de que também já não reza a história…
Uma substituição que eu gostei e aplaudo foi a que se deu em 2009 com o aparecimento do Night of Champions, uma noite em que todos os títulos são defendidos, quer andem nas ruas da amargura ou não. Deveria-se apostar mais na credibilização dos cintos, nem que fosse um mês antes do NOC, só para dar aquela pica de vermos todas as defesas de cinturão e não termos um ou dois combates marcados na hora só porque tem de ser… Parece-me um PPV demasiadamente face, isto é, quem costumam ser os campeões que se batem de frente pela conquista do ouro e se consagram como merecedores de tal feito? Se pensaram nos faces, acertaram! Eu pelo menos quando penso num poster para este evento vejo um campeão dos mais face que exista com o título bem levantado e um sorriso na cara. Se fosse um heel, seria estranho… Não quero com isto dizer que as minhas suspeitas mentais ditem de alguma maneira os resultados, mas o nome também alimenta certos pensamentos e conduz mais à consagração dos nice guys do que a qualquer género de batotice que favoreça os heels. Seja como for, é bom vermos todos os campeõs em acção, pois no estado em que alguns andam não têm lugar cativo nos restantes.
O Bragging Rights só faz sentido com a definição válida das marcas Raw e SmackDown, o que não é o caso desde o final da separação do balneário pelos dois programas e tão cedo não se criará aquele ambiente hostil entre os representantes de ambas as cores, mesmo que se quisesse. Era a oportunidade de descobrir quem levava a melhor, de pôr a bater-se os mais ilustres e de se constituir equipas de sonho, em que as picardias ficavam afastadas enquanto se defendia a honra da equipa. É correcto afirmar que a SmackDown ganhava o caneco mais naquela de compensar o facto da Raw ser o programa principal, numa de fair play para com o mais fraco (o que não tem necessariamente de ser verdade, mas é o que Vince e seus aliados querem fazer passar), no entanto, o espirito de união, independentemente das posturas e facetas reconhecidas em cada um dos atletas, era fantástico de se assistir. O Fatal 4 Way é mais um daqueles nomes retirados das lutas com 4 membros, não fica bem para um PPV, apesar de eu gostar de feuds entre mais de dois tipos. Serve o intuito de decidir futuros candidatos pelo título e de pôr à prova o campeão, fazendo-o suar e esmerar-se se quiser reter o seu “mais que tudo”. Contudo, lutas destas não chegam para que se organize algo à sua volta que não seja num qualquer programa semanal, aí sim, elas podiam e deviam existir com mais frequência. Bom, o Capitol Punishment não resolveu grande coisa, justiça lhe seja feita, e foi declarado pior PPV do ano pelo público…
O Extreme Rules está bem como está e, em plena PG era, tem-nos oferecido combates bem desenvolvidos e com uma dose de punição à mistura. O uso de armas pode-nos remeter ao TLC, mas eu julgo que os dois se sabem separar: o Regras Extremas engloba estipulações de Street Fight, Falls Count Anywhere, No DQ, No Holds Barred, o que permite uma aproximação da plateia quando os individuos vão a subir as escadas ao murro e ao pontapé, para não falar duma descarga de stress no lombo do adversário! No TLC, teremos um combate envolvendo mesas, escadotes e cadeiras e no minimo mais três, cada qual com o seu objecto. É o palco para manobras de alto risco (quanto baste pelas limitações impostas pela companhia) que tem os seus especialistas, o que joga a favor de alguns. O primeiro talvez se adeque melhor aos bisontes, o segundo aos mais leves e ágeis.
O Money in the Bank devia parar de ser um PPV e ser um combate de escadote a acontecer no Greatest Stage of Them All. Um é a palavra correcta, eu faria apenas um pelo título da WWE, escusado seria dizer porquê… Ah, e esqueceria parvoíces como “former champions only”, pois creio ser mais útil dar a chance de subida ao main event dum mid carder consolidado que não tenha ainda a credibilidade para entrar na luta pelo título por si próprio. Eu colocaria o vencedor a ser candidato unicamente ao título máximo, o do Elimination Chamber pelo de pesos pesados, numa data que não fosse à sua escolha mas dos responsáveis, próxima à da conquista(principalmente no PPV seguinte), e o do Royal Rumble teria autorização para escolher quem enfrentaria. Se o KOTR surgisse de novo, para além de ser coroado rei, o vencedor receberia tudo o que daí deriva: uma transformação da personagem, viragem para heel (concretizada sem esforço nenhum e praticamente instantânea), maior centralidade na sua pessoa e mais atenção para prémios a curto prazo. Mais importante que uma oportunidade pelo título, seria o orgulho e o prestígio de ganhar o torneio, podendo ocupar lugar de destaque nas storylines e tornar-se uma estrela. Uma das razões por detrás do corte do KOFT como PPV foi a divisão do plantel pelas brands, decisão controversa entre os fãs, que preferiam um PPV com características especificas em detrimento de outro mais genérico. Estando isso, para o bem e para o mal, acabado, é caso para pensar numa reactivação! Para terminar, quero dizer que são preparados eventos especiais sem transmissão (Tribute to the Troops) e que alguns PPV’s foram gravados fora da América, como o SummerSlam 1992, que aconteceu em Londres-Inglaterra, no estádio de Wembley.
Finalizado este longo texto, resumo isto tudo no meu plano de PPV’s: Janeiro – RR, Fevereiro – No Way Out, Abril – WM, Maio – Extreme Rules, Junho – Judgement Day, Julho – Vengeance, Agosto – SummerSlam, Setembro – NOC, Outubro – KOTR, Novembro – Survivor Series, Dezembro – TLC. Pessoalmente, lamento que o mês de Outubro possua dois PPV’s, um a seguir ao outro com duas semanas de pausa, porque eu, que tenho dificuldade em acompanhar a programação de perto, estou a vê-los passar com uma velocidade que não consigo apanhar! Eu compreendo que em Março não haja nada para deixar respirar e abrir caminho ao maior palco de todos, mas dois num mês é muito. Chega assim ao fim o People’s desta semana, leiam e dêm o vosso parecer. Obrigado a todos!
1 Comentário
Artigo muito bom! Foi longo mas que diz muita coisa acertada! A wwe perdeu aquela “chama” quando se deu o fim das brands.Só discordo quando dizes que no MITB (que concordo contigo, devia deixar de ser um PPV e voltar a fazer parte da WM) o cash-in só devia ser feito pelo título da WWE!Acho que se voltasse a ter a brand split o whc voltava a ser, a par do WWE, um título digno de um main-event ! Acho também que a ECW e a WCW deviam ter um PPV de forma a homenagear estas, que foram duas excelentes companhias!!Espero por um dia voltar a ver a rivalidade entre os lutadores de cada marca sempre que se encontrarem!….Mas o que importa é se é Best For Business xD !!!