Deste lado vos saúdo, caros leitores, e apresento-vos o tema desta semana, decidido com base na morte de Nelson Frazier, mais conhecido pelos ring names Mabel, Víscera e Big Daddy V.
Este último desaparecimento não causou estranheza, e é dessa “normalidade” que irei falar hoje tendo, para isso, de me servir de outros casos de figuras ilustres falecidas na ressaca de problemas de saúde a que o excesso de peso e a larga dimensão não ficam livres de culpas.
21 gramas é o peso da alma. Peritos e analistas estudiosos do assunto saberão explicar essa medição tão rigorosa, enquanto os cépticos apontam outras razões para a perda desse peso num cadáver.
Lenda urbana ligada ao espiritismo ou verdade filosófica? Eu, como vocês, não saberei precisar com exactidão, só quem deste mundo já saiu é que o saberá e todos nós teremos a nossa vez de o descobrir.
Este título serve para retratar as mortes de indivíduos causadas pela obesidade, a quem 21 gramas faziam pouca diferença, atingindo patamares de gordura muito superiores ao adequado.
No Pro-Wrestling, cada lutador tem uma personagem ou personalidade assumida para competir e se diferenciar, seja pelos gestos e roupas ou simplesmente pelo papel de herói ou mau da fita.
Todavia, há quem use o seu peso e altura de modo a se expressar num ringue: um atleta pequeno e magro conquistará a simpatia da audiência por ser um “desajustado”, alguém que precisará de apoio para se estabelecer num ramo que começou por apresentar homens de elevada estatura e peso acima da escala.
Esses terão a vantagem de sacar reacção dum público só pelo seu tamanho imponente, sendo caracterizados como inultrapassáveis e assustadores. A modalidade teve o seu tempo de “lei do mais forte”, na qual se procurava salientar a dureza do desporto, que não era para meninos bonitos mas para “feios, porcos e maus”. Não admira que se tivesse ido buscar futuros lutadores a brigas de bar, a concursos de bodybuilding ou a casas de apostas, nas quais eram imbatíveis no corpo a corpo.
Alguns revelavam anomalias hormonais para tão caricata fisionomia, não parando de crescer ou tendo uma fácil aptidão para engordar. Isso foi potenciado para criar um circo de atrocidades no seio do desporto de entretenimento, cada um deles era uma aberração exposta como atracção.
Os que não tinham essa deficiência não ficavam de lado desde que se chegassem à frente para assumir as mesmas capacidades físicas brutais e dominadoras. Fruto de gimnick ou não, cada um deles ia sendo conhecido pela sua compleição física, a qual tinham de preservar, proporcionando danos à sua saúde.
Com a esperança de vida tão baixa devido à probabilidade de ataques asmáticos, cardíacos e outras dificuldades respiratórias, olho cada um dos representados abaixo sem ponta de admiração pelos motivos das suas mortes. Porque muitos se foram embora, deixo-vos aqui os casos em que não valeu a pena vestir a pele de “abominável homem das lutas”.
André the Giant (19 de Maio de 1946 – 27 de Janeiro de 1993) tinha o seu tamanho como resultado do gigantismo. Nascido em Grenoble – França, cedo despertou esses sintomas de gigantismo (12 anos).
Aos 17, mudou-se para Paris e foi introduzido à arte que viria a ser a sua por um promotor local, que lhe reconheceu potencial, tornando-se um sucesso imediato.
Contudo, oponentes plausíveis deixariam de aparecer derivado à sua onda vitoriosa de resultados, até que o fundador da World Wide Wrestling Federation Vince McMahon sénior lhe sugeriu diversas mudanças, enquadrando-o como um monstro e desencorajando-o de utilizar certas manobras ágeis, ainda que fosse capaz de as fazer antes da sua saúde se ter deteriorado.
Um intensivo horário de viagens foi marcado, permitindo-lhe lutar pelo mundo e garantindo uma valiosa quantidade de dinheiro, sendo um dos faces mais amados das décadas de 70 e 80.
Em 1980, feudou com Hogan, numa das mais acérrimas rivalidades que este desporto já viu, provocando o seu heel turn e apresentando-o como o único invicto na história do wrestling.
Corporalmente possante, o guião que lhe davam questionava a sua inteligência, como se os músculos substituíssem a massa cerebral, quando Ted DiBiase o persuadiu a vencer o campeonato por ele, numa transacção declarada inválida.
A sua próxima grande feud foi contra Jake Roberts, com a storyline a ser elaborada através do medo que o francês tinha de cobras, com o inventor do DDT a aparecer frequentemente na zona do ringue durante os seus combates, ganhando avanço psicológico contra alguém que se pensava nada recear.
Depois da sexta WrestleMania, passou o resto da sua carreira na All Japan Pro-Wrestling, de Setembro de 1990 a Dezembro de 1992. Morreu durante o sono, de falha cardíaca, num quarto de hotel em Paris, onde estava para o funeral do pai, aos 46 anos.
Com 2,24 metros e 240 quilos, deixou o seu legado ao ser o primeiro induzido ao Corredor da Fama e no filme “André: Heart of a Giant”, lançado a 16 de Maio de 2007.
Duvido que algum de nós o tenha como a superstar favorita, mas isso não impede que lhe devamos um respeito proporcional à sua altura e que entendamos o seu lugar no mapa dos Sports Entertainment.
Um sujeito afável que deixou saudades a quem com ele privou, que o consideram uma das pessoas mais gentis e generosas que alguma vez conheceram. Os seus finishing moves eram o Splash e o Elbow Drop.
Robert James Marella (4 de Junho de 1937 – 6 de Outubro de 1999), mais conhecido como Gorilla Monsoon, foi lutador, comentador e argumentista. Ficou famoso como main eventer na divisão de pesos pesados.
O seu tamanho e habilidade atlética atraiu a atenção do promotor Pedro Martinez, para quem começou a actuar em 1959, ganhando popularidade moderada.
No entanto, apercebeu-se que as gimnick monstruosas recebiam mais atenção, renovando a sua imagem, deixando crescer a barba e baptizando-se como o aterrador gigante Gorilla Monsoon.
Essa caracterização teve muito mais sucesso, metendo medo genuinamente. No ringue, dominava os oponentes com os seus signature moves Airplane Spin, Manchurian Splash e Gorilla Press Slam.
Formou uma amizade com Vince McMahon sénior e tornou-se o top heel da promoção. Em 1969, tornou-se face e um dos favoritos dos fãs em feuds contra heels como Superstar Billy Graham.
Seria vilão novamente em 1977 e feudou com André the Giant e, em 1980, retirou-se e abraçou uma nova fase da sua carreira como comentador.
Vincent McMahon, filho do presidente, começou a assumir o controlo e cumpriu a promessa feita ao seu pai de que cuidaria dos seus empregados de longa data, que lhe foram leais.
Em 1982, ambos eram próximos e Monsoon assumiu um papel importantes nos bastidores e foi colocado ao lado do retirado Jesse Ventura na equipa de comentadores.
A química entre os dois deveu-se à posição de heel do “Body” e de voz da razão do descendente italiano.
Quando Jess deixou a empresa, foi substituído pelo manager heel Bobby Heenan, com quem formaria uma relação de amizade próxima.
Como play by play, manteve o aspecto desportivo do Pro-Wrestling e acentuando as storylines com humor e frases feitas, como a popular “this place has gone bananas”.
Também trocava muitas vezes palavras simples por umas equivalentes mais complexas e obscuras, empregando uma terminologia sem igual! Quando os títulos mudavam de mãos, declarava que havia sido feita história (history has been mande)! Quando um face era atacado de surpresa, referia-se a isso como um “Pearl Harbor job”! Tudo isto com um ênfase muito próprio.
Outra das frases usadas era “listen to the ovation”, quando um face se dirigia ao ringue. Afastou-se do cargo de comentador principal para abrir espaço ao recrutado Jim Ross, tornando-se Gerente Geral, resolvendo disputas entre wrestlers e marcando combates.
Problemas de saúde forçaram-no a ceder o seu posto, falecendo a 6 de Outubro de 1999 de falha cardíaca causada por complicações de diabetes, aos 62 anos.
Foi induzido ao Hall of Fame a 9 de Junho de 1994 e homenageado em 2007, quando Anthony Carelli fez o seu debut com o nome Santino Marella.
Do que sei dele, prefiro-o ao microfone do que em cima do ringue. Sei que os tempos eram outros e diferentes dos de agora, no entanto, para quem se tornou num dos maiores comunicadores da indústria, não faz mal que prevaleça um dos lados.
Enquanto competiu, fê-lo na época certa (a dos tipos grandes) e ainda conseguiu celebrizar algumas manobras. A influência que viria a ter por trás das câmaras seria importante, quer na escrita de storylines quer ao ser uma “muleta” do revolucionário Vince júnior.
À mesa dos comentadores, fez óptimas parelhas, sendo sempre ele o mais ponderado e objectivo, com um estilo de narração única e uma linguagem fora do vulgar.
Mesmo sem competição durante anos, fixou o seu tamanho e peso nos 1,96 metros e 190 quilos, nunca tendo conseguido emagrecer de maneira a evitar o que viria a matá-lo.
Apesar de ter falecido com alguma idade, ainda cá poderia andar… Sem dúvida que faz falta…
Não me querendo alongar e dando a garantia que muitas outras estrelas terão o seu espaço, passo de seguida para o último a sucumbir em virtude da sua obesidade.
Nelson Frazier (14 de Fevereiro de 1971 – 19 de Fevereiro de 2014) assinou pela World Wrestling Federation no ano de 1993, tornando-se Mabel numa equipa chamada Man on a Mission, introduzindo-o como alguém que queria tentar uma mudança positiva nos bairros citadinos, debutando como face.
A 29 de Abril de 1994, conquistaram o título de duplas, tornando-se heel, deixando cair a sua personalidade positiva e divertida e recebendo um push ao vencer o torneio King of the Ring.
Depois dessa vitória, tornou-se no top heel da companhia e desafiou o campeão Diesel para o SummerSlam, perdendo o combate. Em sequência, quase perdeu o seu trabalho com a decisão de tornar Davey Boy Smith num vilão e colocá-lo numa feud que lhe pertencera inicialmente.
Foi também acusado de ter pouco cuidado com a segurança dos seus companheiros, tal como no maior evento do Verão, num spot envolvendo um Splash que quase partiu as costas a Nash, e um osso orbital partido a Undertaker com uma Leg Drop.
Os seus dias estavam contados e foi despedido depois deste incidente, tendo ido para a World Wrestling Council, onde feudou com Carlos Colon. Retornou em 1999, sendo reintroduzido como Víscera, agindo como enforcer da Ministry of Darkness, adoptando um visual gótico no processo.
Depois do final da facção, flutuou entre o mid card e fez parte das camadas hardcore, vencendo esse Championship a 2 de Abril de 2000 e perdendo-o minutos depois pela regra 24/7. Feudou com Mark Henry até ser libertado do seu contrato em Agosto.
Regressou em Setembro de 2004, lutando maioritariamente no Heat e fazendo aparições esporádicas na Raw. Começou uma mudança de gimnick num segmento com Trish Stratus, onde tentou seduzi-la, transformando-se no World’s Largest Love Machine. Começou a lutar de pijama e a fazer gestos sexuais no ringue.
A 17 de Junho de 2007, debutou na ECW como Big Daddy V, tendo novamente o seu contrato rescindido um ano depois, continuando a competir no circuito independente.
O seu último combate foi uma vitória sobre René Dupree, a 5 de Outubro do ano passado, morrendo de ataque cardíaco no começo de 2014.
Um atleta com várias vidas dentro da empresa mas que eu, pessoalmente, não gosto. Com 2,06 metros e 221 quilos, não transformou aquela barriga em massa muscular e isso é algo que não aprecio ver.
Outros lutadores como Chris Hero (Ohno no NXT), Michael Elgin e Kevin Steen também padecem desse problema impeditivo de maiores horizontes que é o de estar constantemente com o peso desregulado.
Enquanto Mabel e Víscera era capaz de intimidar qualquer pessoa, já na mais leve e cómica versão sexual a sua banha era motivo de riso e chacota, apesar de ser essa a sua fase que mais me agradou, embora o exagero homossexual perante os seus adversários.
Quando uma mulher estava sozinha nos bastidores e começava aquela música, aí vinha engate! Penso que irei guardar dele mais a interpretação do que qualquer luta em que tenha estado.
Ele foi o pior “rei” de todos por causa dum arrependimento quando devia ter sido a prioridade e se decidiu voltar atrás. Isso vergou-o a estas alterações sistemáticas e a interrupções de ligação à WWE
Tenha ou não o ser-humano uma alma (e pese ela o que pesar) só espero que todos estes aqui referidos estejam em paz. Peço que se tenha outra forma de olhar para estas características e que elas sejam geridas seriamente para se evitar transtornos elevados.
Percebo que se tenha de dar credibilidade aos “mastodontes”, mas primeiro está a vida. Sugiro um programa parecido com o anti-drogas, em que a WWE controlava e pagaria os custos dos tratamentos a disfunções alimentares. Se o faz para clínicas de reabilitação, porque não nestes parâmetros?
Chega ao final a edição de hoje, deixem a vossa opinião na caixa de comentários e apareçam para a semana!
15 Comentários
Muito bom artigo.
Eu tambem não gostei muito do big daddy v,ele podia ter aproveitado um pouco mais a sua carreira, tendo memo podendo ter alguns bons combates….
Ttambem tenho uma pequena pergunta,se yokozuna e bam bam bigelow, não podiam estar incluidos neste grupo.
Mais uma vez muito bom artigo.
Obrigado pelo elogio.
Podiam com certeza e irão entrar noutros artigos que farei como homenagem a lutadores falecidos, não couberam aqui porque não quis ultrapassar o limite de caracteres que estipulo. Mesmo com a falta desses, espero que tenhas gostado dos exemplos e concordado com eles
acho que a causa da morte de ambos não foi o peso, do bigelow foi drogas do yokozuna é que não sei ao certo
Podia estar também o Randy Savage,como já disse o anterior comentário, o Bigelow, etc… Mas muito bom artigo, estão de Parabéns!!
Esse programa dos distúrbios alimentares é uma excelente ideia, mas não sei se já não estará a ser posta em prática. Lembrem-se que o Ryan Reevs (Ryback) tem um distúrbio alimentar gravíssimo e não aparenta ter recaídas.
“Com 2,6 metros e 221 quilos, não transformou aquela barriga em massa muscular e isso é algo que não aprecio ver.”
Corrige isso sff, era impossível ele medir 2.6 metros, provavelmente querias dizer 2.06 metros.
Sim, 2 metros e 6 cm, é isso que está lá…
Miguel, está lá “2,6 metros” e isso corresponde a 2,60 metros.
Corrigido 🙂
Eu concordo mas controlar o peso em alguns casos é muito complicado. Vê o caso do Bgi Show e do Mark Henry. Eles bem que tentam perder peso e transformar a gordura em músculo, contudo não conseguem fugir muito daquela figura. A WWE, infelizmente, ainda actua muito como um circo do inicio do século XX e aproveita-se de certas deficiências fisicas para ganhar dinheiro, casos de Hornswoggle, El Torito e The Great Khali. A WWE preocupa-se tanto com o PG e o politicamente correcto, tendo perdido enormes talentos (seja no ringue seja no micro seja em ambos) como o Muhammad Hassan ou o Abraham Washington mas esquece alguns direitos humanos básicos.
Não posso deixar de referir dois enormes atletas: Umaga e Alexander Rusev. Ok, este não é muito gordo e até tem mais musculo que gordura mas duvido que consiga ser mais definido, da mesma forma que duvido que o Umaga conseguisse perder peso.
O Kane conseguiu transformar muita da sua gordura em músculo.
Certo. E gostava que ele me contasse o segredo para acabar com a barriga. XD
Às vezes tem muito a ver com o corpo de cada um. Além disso o Kane engordou mas não muito.
não sendo o meu preferido acho que o andre the giant não teve o reconhecimento que devia foi o real gigante que passou pela WWE quando era novo e tinha saude a sua mobilidade surpreendia-me sendo bastante superior ao BIG SHOW que conquistou muito mais que ele
Um bom artigo.
Curiosidade, nem desconfiava que Gorila Monsoon tinha sido lutador, apenas sabia que ele era comentador, e nem sabia que ele tinha tanto peso e que foi uma dessas vitimas de “gigantisse”.
É uma pena esses lutadores partirem tão cedo. RIP