Olá, pessoal! Hoje venho abordar a reunião dos Evolution, stable formada em 2002 e que voltou a 14 de Abril de 2014 (sem Ric Flair).
Comentando a sua duração de 2002 a 2005, irei também vislumbrar o futuro, os motivos e os objectivos deste retorno, para além das diferenças lógicas impostas por uma separação de quase 10 anos.
A sua formação remete-nos ao Unforgiven 2002, onde HHH defendeu o World Heavyweight Championship contra RVD, com Ric Flair a permitir-lhe a vitória quando, durante o combate, o atacou com a marreta.
Essa desqualificação e o benefício dela extraído fez com que dali adiante o Nature Boy o acompanhasse como seu manager. Pouco depois, Batista foi movido para a Raw e passou a andar sobre a alçada do mentor, continuando este a representar o Game.
A 20 de Janeiro de 2003, Randy Orton juntou-se a eles num ataque a Scott Steiner, completando o grupo. Duas semanas depois, a seguir a uma emboscada a Tommy Dreamer, surgiu o nome, quando o Assassino Cerebral falou de como os 4 eram exemplos da evolução do passado (Flair), presente (ele) e futuro (Orton e Batista).
Como curiosidade, o líder da facção revelaria no seu DVD do ano passado que o plano original era ter Mark Jindrak no lugar do Batista (funcionando como um enforcer à Arn Anderson), tendo-o incluído nas filmagens dos primórdios do colectivo, antes da decisão da substituição pelo Animal.
A 26 de Maio, Flair e Hunter começaram uma feud contra antigos aliados, atacando HBK e Kevin Nash. Com Batista de fora reabilitando-se duma lesão, foi Orton que cresceu com a personagem de Assassino de Lendas, envolvendo-se com os veteranos com quem o conjunto andava a feudar.
No Bad Blood, Flair foi capaz de vencer o HBK depois da Víbora o atacar com uma cadeira. Nessa noite, o “Rei dos Reis” manteria o seu World Heavyweight Championship contra Nash numa Hell in a Cell.
No Unforgiven, Orton derrotou Shawn e Hunter perdeu o título contra Goldberg, oferecendo uma recompensa a quem conseguisse entregá-lo inconsciente.
Seria o discípulo Batista, no seu regresso, a atacar o campeão com uma cadeira e a reclamar o prémio. Não ficando atrás no que a progressos diz respeito, Orton participou no Survivor Series numa Elimination Tag Team Match da qual foi o “sole survivor”.
Nessa noite, Goldberg venceu a desforra pelo World Heavyweight Championship, apesar da insistente interferência de Flair, Orton e do Animal.
Os Evolution seriam o grupo mais poderoso, controlando todos os títulos masculinos, com o Nature Boy e Batista a segurar o World Tag Team Championship numa Tag Team Turmoil contra os Dudley Boys, Orton capturando o Campeonato Intercontinental a RVD e o Cerebral Assassin a recuperar o WHC numa Triple Threat envolvendo Goldberg e Kane.
No Royal Rumble de Janeiro de 2004, Ric Flair e Batista defenderam com sucesso o World Tag Team Championship numa Tables Match contra os Dudley Boys e o campeão mundial dos pesos pesados reteve contra o Shawn Michaels numa Last Man Standing.
Na WrestleMania XX, a Evolution derrotou a Rock n Sock Connection numa Handicap Match e, nessa noite, o chefe perderia para Benoit, desistindo para o Crossface.
No Backlash, Flair voltaria à competição individual (a sua equipa com Batista havia perdido o cinturão para RVD e Booker T), perdendo para Shelton Benjamin.
Nessa noite, Orton defendia com sucesso o Campeonato Intercontinental numa Hardcore Match contra Foley, enquanto Benoit não deu hipóteses ao Game, desta vez forçando HBK a submeter-se a um Sharpshooter.
A feud com o antigo parceiro dos DX continuaria no Bad Blood dentro duma Hell in a Cell, acabando com a vitória de Paul Levesque.
Ainda como World Heavyweight Champion, Benoit, ao lado de Edge, tiraria o recentemente recuperado cinto de duplas a Ric Flair e a Batista.
Por esta altura, Eugene foi tornado membro honorário da Evolution. Os angles em que aparecia iam revelando que o agora COO o estava a usar, na necessidade de angariar lacaios facilmente dominados.
A conclusão da sua participação causou uma derrota de Hunter contra Benoit no Vengeance e na derrota de Orton perante Edge pelo Campeonato Intercontinental.
HHH receberia uma chance final pelo WHC numa Iron Man Match, a 26 de Julho de 2004, data em que Orton venceria uma Number One Contender pelo referido cinturão, esperando-se um combate entre os dois.
Contudo, Eugene interferiu e ajudou Benoit na Iron Man Match, resultando no main event do SummerSlam entre o canadiano e Orton, que se tornaria no mais jovem World Heavyweight Champion, aos 24 anos.
A 16 de Agosto, depois duma defesa bem sucedida contra Benoit, seria posto fora da stable. No que parecia ser uma celebração, a Viper era levada em ombros pelo Animal, apenas para acabar atacado. No Unforgiven, Hunter batê-lo-ia com a ajuda dos outros dois e de Jonathan Coachman, continuando a feud até ao Survivor Series.
A 6 de Dezembro, o WHC foi declarado vago quando uma Triple Threat entre Edge, Benoit e Paul Levesque acabou em pin duplo, decidindo-se o campeão numa Elimination Chamber na New Year’s Revolution.
Batista, Randy Orton e HHH foram os últimos três sobreviventes da Câmara de Eliminação, saindo por cima o Assassino Cerebral. Numa luta pelo posto de Number One Contender, Orton conquistou uma “title shot” para o Royal Rumble, o que levou HHH a sugerir a Batista que não entrasse no evento senão para se focar em ajudá-lo a reter o título.
O convite foi declinado e Batista venceu a luta anual. Posto isto, o Game tentou persuadi-lo a desafiar o campeão da WWE JBL em detrimento do seu Campeonato Mundial dos Pesos Pesados.
Para isso, desenvolveu um esquema que concretizasse uma feud entre os dois, o que não seguiu avante e, na assinatura do contrato, Batista escolheu-o a ele, desistindo da facção e enfurecendo-o.
Na Mania 21, derrotou-o, defendendo depois no Vengeance, numa Hell in a Cell, encerrando a feud. A seguir ao Vengeance, Flair tornou-se face após ganhar o título Intercontinental e o bando foi dissolvido. Ainda houve uma aliança do Game ao Nature Boy numa Tag Team Match contra Carlito e Chris Masters, mas acabou com uma traição sobre Flair, com o Assassino Cerebral atacando-o com a marreta.
A 10 de Dezembro de 2007, tiveram uma reunião como faces no episódio especial de aniversário da Raw. A seguir a Flair, Batista e Hunter terem descido a rampa de acesso ao ringue, Randy Orton fez o mesmo para dizer que não os tinha perdoado pelo que lhe havia acontecido em 2004, ao que HHH respondeu que estava farto da sua arrogância, proporcionando uma luta contra ele, Edge e Umaga, da qual a Evolution saiu vencedora.
No ano 2009, todos os elementos iniciaram uma intensa feud com Randy Orton e a sua Legacy, centrada na sede de vingança pela traição e saída da Evolution, culpando-os por lhe terem arruinado a vida.
Em Abril de 2014, o Game, Batista e Randy Orton retomaram funções após Daniel Bryan os ter derrotado no main event desta Mania. Na noite seguinte, o Animal e a Viper defrontaram os Usos pelo Tag Team Championship, com o combate a terminar em “No Contest”.
Nessa noite, começam uma rivalidade com os Shield para, a 14 de Abril, os atacarem usando o nome e a música de entrada da Evolution.
Não há dúvida de que este retorno não teria pernas para andar não fosse todos terem envolvimento com o campeonato unificado e algo contra Daniel Bryan.
Na batalha contra “a face barbuda da WWE” vale tudo, até restituir uma coisa com quase 10 anos de intervalo. Isto vai ajudar o fragilizado Apex Predator a recuperar o ânimo e será útil à aceitação e afirmação de Batista, que teve de mudar para vilão pouco depois do falhanço como face.
Foi aproveitada a falta de química entre a Víbora e o Animal para alterar o rumo que destinava o WWE World Heavyweight Championship às mãos do Batista.
Conscientes de que o main event para a trigésima edição da Mania estava estragado com a decisão que colocou o “Goat” fora do Royal Rumble e a péssima recepção ao deformado Batista, optou-se por fazer a vontade aos fãs e agradá-los com esta distribuição de protagonismo.
Tivesse a equipa criativa avançado com as ideias iniciais, o Animal seguiria imparável na Mania e alcançaria aquilo a que a vitória no combate de eliminação lhe dava direito.
Na forma física em que está, não seria justo levá-lo até ao limite só por ser (ou ter sido) aquilo que todos sabemos, quando há mouros de trabalho na expectativa de ter metade daquela atenção.
Pensando nesse cenário, Batista teria de virar heel, não por ter tirado os cintos a Orton, mas novamente pelo factor Daniel Bryan.
Isso prejudicá-lo-ia bem como à Viper, que ou cairia ainda mais como vilão ou faria um retrocesso como face para se indignar contra a Autoridade e mudança de aposta para cara da empresa.
Com isso, teríamos uma repetição da facada nas costas de 2004 e, para além do Daniel Bryan, existiria mais um em busca da felicidade, isto é, da vingança depois de ser tramado.
Ora, Orton não está na idade de chorar nem de recuperar o que é seu dessa maneira e tal não resultaria porque o povo quer Daniel Bryan, com quem essa táctica pegou.
Foi um grande lavar de cestos este por parte dos guionistas, com a resolução de problemas que punham em causa o maior evento do ano e a vida profissional dos intervenientes.
Enquanto o “Beard One” detiver o Unified Championship, as coisas estarão calmas e poderão andar para a frente tanto com Orton como com Batista, pois as pessoas não terão tanto com que se manifestar.
Parece-me que isto pode ser o último cerco a Daniel Bryan e, caso fique por cima, a confirmação do seu potencial. Caso contrário, voltará à estaca zero na corrida contra o mal, o que enjoaria.
De certeza que o contrato de Batista lhe dá direito a um reinado (só não sabemos quando), Randy Orton não largará qualquer oportunidade que lhe surja e Hunter Hearst Helmsley parece querer interagir mais em ringue, desapertando a gravata e mostrando do que é feito.
A retoma desta stable será porventura o aguardado obstáculo final antes da separação para o “Escudo” que, não esqueçamos, chegaram a proteger a Autoridade e a sua jóia.
Um encontro deveras interessante entre cada geração, devendo catapultar cada elemento da “Hounds of Justice” para voos maiores.
Algo que parece ir acontecer é a conquista do título de duplas de Orton e Batista, dada a limitação que é agora extrair o ouro ao campeão indiscutível.
Passa pela cabeça de muitos que esteja para breve uma aproximação de HHH ao título maioritário, de modo a ter uma despedida como lutador nos píncaros.
Que os adversários pelo título estarão entre a Evolution e a Autoridade não há dúvidas, sendo que o “Rei dos Reis” poderá coroar-se novamente, depois de ter sido ele o responsável por Daniel Bryan ter prevalecido sobre si, um amigo e o seu eleito como rosto principal da WWE.
Uma pergunta que se pode pôr é: então e Ric Flair? Se a sua ausência me parece plausível por andar longe de conflitos deste calibre, ele fazia parte da formação, logo, poderia lá estar.
Faria sentido se isto fosse uma cerimónia à nostalgia, porém, este regresso deriva de vários acontecimentos dos quais o Nature Boy não faz parte.
De repente, temos os três ligados por storylines, daí que subtrair Flair da equação fosse natural. O propósito agora é outro que não o da noção de passado, presente e futuro – o essencial é carregar baterias contra Daniel Bryan e os Shield.
Muita coisa mudou nestes 10 anos, onde Hunter é o presente a curto prazo, Batista é-o por mais 2 anos e Orton pode ser o futuro, no máximo, por mais uma década.
Adicionar Flair seria uma menção honrosa e uma storyline para a sua inserção a favor ou contra eles iria retirar tempo do que realmente importa.
Ele poderia aparecer numa de “então e eu?” ou posicionar-se contra eles e a favor dos seus adversários. No entanto, julgo que não é uma prioridade, apesar de poder começar a fazer qualquer coisa já que lhe arranjaram o tacho.
Também não aprecio a ideia da stable poder vir a servir de rampa de lançamento a mais novatos, pois iria contra a renovada ambição.
Se eles estão todos virados para algo em que nem Flair cabe, não vão agora direccionar-se para gerir carreiras de recém-promovidos ao plantel. Concretizados ou abortados os planos, a facção desaparecerá.
Hoje constituída por lutadores mais do que estabelecidos, serviu para criar duas estrelas e comprovar que Paul Levesque não está no topo da indústria por ter casado com Stephanie.
Fazendo uma actuação sensacional, conseguiu ser tanto dominador como aperceber-se que estava a ser o tutor de dois indivíduos que se poderiam virar contra si e roubar-lhe o destaque.
Não comprometendo, pôde resolver dilemas do seu passado, lançando os seus alunos às feras, de onde saiu um Assassino de Lendas e um dos melhores Powerhouses dos anos 2000.
A Evolution era a elite dos Sports Entertainment, detendo todos os títulos, exercendo domínio no balneário.
Se houve gimnick para o bando, era a de tipos requintados, frequentadores de bares de diversão nocturna, com cabelos e barbas cuidadas e fatos do melhor que pode haver.
Houve muito esse aspecto estético nos penteados e no pêlo facial, podendo observar-se a modificação das personagens e dos estatutos pelos visuais de cabelo rapado que ostentam desde aí.
Se houve osso duro de roer e alguém que deu água pela barba foi Chris Benoit, que saiu muito valorizado da rivalidade com eles e Shawn Michaels à mistura.
Se Goldberg lá acabou apanhado pelos números, o Rabid Wolverine não foi pêra doce e demonstrou que pequenez não significa fraqueza, escapando às muitas tentativas de “detenção”.
Outro que atrapalhou sobremaneira os anseios do quarteto foi Eugene. O “deficiente mental”, alvo de pressão psicológica e sujeição física, na sua personalidade pateta e aparentemente inofensiva e controlável, foi subestimado e cedo os quatro se arrependeram dos seus actos.
Vê-lo sofrer tanto metia raiva, gerando heat sufocante sobre a stable e apoio incondicional a Nick Dinsmore.
Orton foi o primeiro a ousar fazer concorrência ao mestre, superando-o ao obter a distinção de mais jovem campeão mundial dos pesos pesados.
Tido como uma afronta, foi posto de parte e teve o cinto arrancado pouco depois, servindo para o líder mostrar que quem quisesse ser como ele ainda tinha muito para aprender.
Este contacto prematuro foi o primeiro degrau para o maior atleta dos dias de hoje, não se desmotivando e fazendo uma pequena caminhada como face.
Pondo a Víbora no seu lugar, não conseguiu enjaular o Animal, por mais estratégias cobardes que tenha engendrado. A sua supremacia estava em risco ao pé dum gajo com sangue na guelra e que não estava para ser pau mandado de ninguém e que começou a pensar pela sua cabeça e a delinear metas próprias.
Só para ir contra a vontade do “amo”, resolveu desafiá-lo e deu-se bem, convencendo a plateia do seu carisma e afastando a nuvem de fumo que havia sido todo aquela temporada de submissão.
Para além das lutas, promos e segmentos que nos deram estando juntos, separados abriram espaço para feuds entre eles, sendo as melhores contra Randy Orton.
A sua mente sádica não lhe permitia esquecer o tratamento prestado aquando da sua estadia no grupo e não descansou até acabar com cada um.
A criação do seu próprio conjunto foi um acto de insubordinação, afiançando que a Legacy era melhor que os 4 Horseman e os Evolution.
Tareias espectaculares no reformado utilizador do Figure 4, castigos e tormentos causados aos outros dois, o aproveitamento de amizades e de laços familiares para lhes causar dor emocional, tudo foi sacado ao pormenor e de forma magistral para fazer de 2009 um ano menos mau.
Ficou aqui o meu pensamento sobre esta stable agora recuperada e todo o seu percurso de glória. Espera-se coisas boas daqui para a frente e que se consiga elevar todos aqueles contra quem eles interajam. Eu despeço-me pedindo a vossa crítica na caixa de comentários. Obrigado e até para a semana!
5 Comentários
Excelente artigo Miguel, e apenas para contribuir com ele:
http://wrestling.pt/visao-brasileira-154-evolution-is-back/
Obrigado, Mário Magalhães. Não sabia que tinhas escrito este artigo, ainda não tinha lido porque estou um tanto afastado, mas ficou muito bom!
Excelente artigo Miguel.
Continua assim comprimentos Alexandre.
Gostei bastante do artigo, de facto fiquei muito contente com o regress desta stable, e ja deu para matar saudades dos velhos tempos, gostei bastante do choque de titãs que eles tiveram com os the shield sim senhor!
Excelente artigo Miguel.