Bons dias, leitores do Universo! O vosso The People’s Elbow regressa com mais um artigo e um tema novo. Desta vez, analisarei e opinarei sobre tudo o que acontece na WWE que não envolve as suas caras principais. Podem esperar, portanto, comentários à divisão de equipas, ao mid e low card e aos títulos secundários.

Seguirei a ordem e começarei pelas equipas que a WWE possui.

De há uns anos para cá, a adormecida tag team division despertou com a criação de equipas surpreendentes, cujos membros conseguiram juntos o que porventura não estariam a conseguir sozinhos. Essas tag teams trouxeram uma leve brisa do que era a competição de equipas na WWE em tempos áureos, que terão acabado por volta de 2006-2007.

Cody Rhodes e Damien Sandow uniram elegância e sofisticação cultural a grande capacidade física e atlética e formaram uma tag team que ainda perdura mas que tem atravessado momentos de indecisão de quem toma as decisões relativamente aos lutadores e às histórias em que eles se enquadram. Não tem havido consenso quanto ao que fazer com estes dois talentos. A uma ruptura amigável, que anunciava uma carreira a solo por parte dos dois lutadores, seguiu-se uma reunião.

O que seria só mais um combate juntos tornou-se num reactivar da equipa, que tem durado e atravessado os seus percalços.

Se é que se pode chamar reactivação, pois nem deu tempo de alguém perceber o que se havia passado. Julgo que esta volta atrás da equipa criativa se deveu ao lugar no roster que os dois ocupariam isoladamente, lugar esse que viu a escalada dos The Shield, a aposta (ou preferência) recente em certos lutadores do mid card (por vezes, mal ajuizada) e alguns retornos surpreendentes e com ímpeto fortíssimo ao main event, como o de Jack Swagger. Quero com isto dizer que as posições de Cody e Damien enquanto lutadores a solo estariam comprometidas com essas novas subidas de lutadores ao main event e o reforço da confiança em algumas superstars de mid card. Enquanto se estabeleciam como dupla, Cody e Damien viram-se ultrapassados no mid card, enquanto unidade.

Juntos, pode-se dizer que andam (ou andaram) pelo main event das tag teams. Separados, teriam dificuldades em se intrometer no mid card em que a WWE mais se apoia para os seus programas e cujas escolhas nem sempre são as mais indicadas para quem procura ver wrestling. O erro esteve na indefinição quanto à sua parceria e aquele desligamento amigável da equipa, como não se concretizou, foi desnecessário e precipitado. Uma má acção de quem comanda e coordena as storylines.

The People’s Elbow #6 – Para lá do Main Event (Parte 1)

Kane e Daniel Bryan juntaram os seus “anger issues” e viraram a principal tag team da WWE durante muito tempo, no qual detiveram os cinturões por um período bastante considerável. O problema é que as restantes tag teams do roster não se apresentaram como ameaças explícitas à manutenção dos títulos.

Os Hell No não se destacaram como sendo unicamente face ou heel e lutavam contra todas equipas que lhes aparecessem à frente, muito de acordo com a personagem de Kane, que não precisa duma designação dessas, e de Daniel Bryan, que se desentende com o público por causa dos seus yes e no.

Nenhum deles é particularmente assim ou assado e toda a concorrência que apareceu foi arrasada até este último 19 de Maio

Os Prime Time Players perderam fulgor depois do despedimento de Abraham Washington e nem as boas qualidades em ringue e ao microfone que quer um como o outro apresentam lhes garantiu um maior apoio da parte da companhia. Conseguiram ter uma taunt e uma catchprase engraçadas, mas a certa altura eram demasiadas derrotas para os levar muito a sério.

Foram meses a perder combates e credibilidade. Ainda assim, e se outro galo cantasse, eu gostava de os ter visto (ou de ver um dia) com os títulos à cintura.

Dolph Ziggler fez-se acompanhar do seu segurança Big E Langston para um combate de equipas na Wrestlemania, mas sabia-se que era sol de pouca dura e que na noite seguinte Dolph despontaria sem ser necessário recorrer à aliança com alguém.

The People’s Elbow #6 – Para lá do Main Event (Parte 1)

Brodus Clay e Tensai são dois bons performers, com corpo de power-houses, mas que estão a ser utilizados como uma equipa de bailarinos bem dispostos. Com outras gimnicks (mais indispensáveis que um heel turn) suponho que o brilho fosse outro, dado que vejo em Brodus Clay alguma qualidade de luta para a estrutura física que apresenta, e Tensai é aquele trabalhador que agarra as oportunidades quando tem condições para isso. Convenhamos que tanta troca de papéis não permite uma tão boa adaptação nem uma exibição das suas potencialidades como desejado. Não sendo nada de fenomenal, é um wrestler que eu gosto e a sua junção a Brodus poderia ser benéfica para os dois.

Não esqueçamos que Tensai quando era lorde tinha características muito anos 80 e que não estavam a funcionar, levando-o a descer dum ataque a John Cena a derrotas rápidas com Tyson Kid. Brodus também vinha a perder destaque no que a rivalidades consolidadas diz respeito. Sempre que aparecia um oponente de nível, Brodus era sovado. De resto, era derrotar jobbers e dançar.

Com Tensai e com boas gimnicks, teria hipóteses de ir mais além, porém, a verdade é que a WWE os tem metido em TV assim como estão, por isso, para eles é bom seguir assim, não tanto para nós que gostamos de wrestling, mas é a vida.

De Húnico e Camacho nunca mais se ouviu falar, o que é pena. Húnico é muito bom no ringue e, não tendo umas promos fantásticas, safa-se. A WWE confiou nele na rivalidade com Sin Cara e para que, inicialmente, tomasse o lugar do próprio enquanto esse se encontrava lesionado.

Na minha simples e modesta opinião, Húnico é bem melhor que o mexicano mascarado em todos os aspectos. Ao menos sabe falar Inglês, esforça-se por não errar e mostrar todos os seus conhecimentos de luta e, principalmente, passou pela FCW, onde, certamente, os treinadores o auxiliaram a corrigir o que tinha de mal e deram o aval à sua subida ao plantel principal, juntamente com informações sobre o seu potencial.

Nunca na vida Sin Cara subiria ao roster da WWE sem estar preparado e sem ter as arestas limadas no centro de treinos.

The People’s Elbow #6 – Para lá do Main Event (Parte 1)

Primo e Épico apareceram como tag team do nada. Soubemos que o desconhecido Épico é primo de Primo (salvo seja lol) e logo por aí estava dada a explicação para a formação dos Latin Free Birds. Pessoalmente, admiro Primo, que estava desaparecido e que consegue dar a volta novamente apoiado num familiar. Aprecio o seu estilo de luta e aquele ar de vilão cómico, que complementa com expressões faciais e maneirismos corporais divertidos. Quanto a Épico, sei que tem valor, mas não lhe dou tanta importância. Com Rosa Mendes a acompanhá-los ao ringue, os dois foram puxados a campeões, contudo, assim que perderam os títulos, começou o calvário da despromoção. Hoje são uma tag team do low card.

The People’s Elbow #6 – Para lá do Main Event (Parte 1)

Os Usos são dois irmãos tecnicamente competentes, com um bom conjunto de manobras à maneira samoana, com o visual adequado e com uma entrada melhor elaborada para os destacar como provenientes daquela pequena ilha que é a Samoa.

Começaram com impacto logo em 2009-2010 atacando a equipa face de David Hart Smith e Tyson Kid (mais Natália).
Foram dados a conhecer como filhos de Rikishi e andavam lado a lado com a filha do Superfly Jimmy Snuka, Tamina.

Adoptaram o splash como golpe finalizador, para além do super kick e de um samoan drop pouco convencional mas muito bem ensaiado entre os dois. Foram tendo tempo de antena como heels até que Tamina os abandona, proporcionado a passagem para faces. Têm tido sempre oportunidades para se mostrar, embora nunca tenham conseguido ganhar os cinturões.

Não penso que tenha sido uma boa medida relegar sempre os Usos para segundo plano no que toca aos títulos de tag team. Verificou-se que a WWE estava de pé atrás em atribuir-lhes os títulos, que seria um passo gigante na sua afirmação.

Em vez de arriscarem, os oficiais da WWE, sempre que queriam alternar o título, constituíam uma nova equipa que em pouco tempo conquistava o ouro. Nunca houve um push maior para os Usos, a solução adoptada foi sempre pegar noutros lutadores e fazer deles campeões de equipas.

Quanto a mim, estes jovens Usos deveriam ter tido essa função na altura e mesmo agora podiam ser os adversários ideais para os Shield. Parece-me, no entanto, que a falta de currículo que a empresa de Vince decidiu para os Usos, não os credibiliza para esse salto neste momento. Uma pena.

The People’s Elbow #6 – Para lá do Main Event (Parte 1)

Os International Airstrike, de Justin Gabriel e Tyson Kid, nunca foram levados muito em conta e eram mais usados como atracões pela espectacularidade dos seus moves e por se completarem um ao outro. Iam aparecendo de vez em quando juntos da mesma forma que, no mesmo show, competiam individualmente.

Não havia regularidade que motivasse a audiência a esperar muito deles ou do seu futuro. Justin Gabriel precisa de algo mais em ringue do que o 450 splash. Não que o resto do reportório seja mau, refiro-me antes à sua postura e à sua ligação com o público. Ele necessita de criar reacção dos espectadores desde que entra na arena até que saia, e não apenas na execução do fabuloso finisher.

Tyson Kid parece-me melhor nesse aspecto, conseguindo receber incentivo ou desprezo conforme a faceta que desempenha.

No tempo dos Nexus, Justin, que era heel, evidenciava-se capaz de vir a ser um bom face mal a stable terminasse.

O erro pode ter sido os meses que Justin levou Heath Slater às costas como equipa, na qual chegaram a ser campeões algumas vezes. Quando os Nexus (e os The Corre) acabaram, Justin devia ter sido libertado para tentar a sua sorte a solo. Em vez disso, levou com a responsabilidade de segurar um atleta que naquele tempo só dava para jobber. Ora, uma superstar com pouco tempo de casa que assume logo uma tarefa dessas, fica condicionado a outro tipo de ambições.

Tyson provém da Hart Dungeon e demonstra uma qualidade acima da média, baseando-se em golpes bem delineados e spots espectaculares de cortar a respiração. Apreciava-o como heel e não desgosto como face, acho que resulta bem nas duas situações.

Se os International Airstrike voltarem a aparecer, eu gostaria que fosse como heels. Aliar um heel irritante como Tyson a um mais metódico e calculista como Justin poderia ser uma combinação perfeita. Esperemos que não se esqueçam deles.

The People’s Elbow #6 – Para lá do Main Event (Parte 1)

Sin Cara e Rey Mysterio teria resultado há 6 ou 7 anos atrás. Rey não tem índices físicos capazes de aguentar o estilo de luta livre mexicana e high flyer que vinha mostrando junto de Sin Cara. Já este conseguiu aprender alguma coisa de como lutar para americanos, notando-se o dedo de Rey nas suas melhorias.

Julgo que possa ter crescido como lutador de públicos americanos ao ter Rey perto de si. A tag team prometia muito e era vista como mestre e aluno, que se finalizaria com o aluno agredindo o professor, culminando num combate na Wrestlemania. Deu tudo errado, já que os dois se lesionaram.

Os planos foram todos por água abaixo e às lesões acumulou-se castigos, broncas de bastidores e um decréscimo de produtividade em ringue do atleta mais novo. Não lhe prevejo um futuro favorável dentro da companhia e a Rey o meu conselho seria que se retirasse, curasse o seu corpo desgastado e passasse mais tempo com a família.

Santino e Zack Ryder, ou Cobro, foi mais uma equipa para a palhaçada que surgiu para cumprir espaços nos shows e vencer heels descredibilizados. Não merecem um comentário longo. O italiano é um bom wrestler que com esta gimnick, que se vem prolongando, está condenado a não poder mostrar aquilo que sabe.

Começou como heel até ter chegado ao estado em que está e eu apoiaria o seu regresso a essa personalidade, apesar de saber que isso não irá acontecer. Zack Ryder também era um heel de que gostava e para quem está a ser pensado voltar a pô-lo a heel.

Terminando, é essencial ter o cuidado de não evaporar tag teams assim que perdem o campeonato. A essa perda costuma suceder a tentativa de recuperação e, pouco depois, a nulidade em lutas para encher chouriços.

Tenham mais atenção às equipas que têm, confiem nelas e não juntem dois indivíduos ao acaso para ser candidatos ao título por terem medo que as outras equipas falhem ou não sejam boas o suficiente para tal missão.

Haverá mais partes deste artigo, tenham atenção todas as semanas à publicação do The People’s Elbow.

Quanto a mim é tudo, muito obrigado e cumprimentos a todos!

1 Comentário

  1. Espero que a equipa de Tyson Kidd e Justin Gabriel tenha algum tipo de destaque quando o primeiro voltar. Rey Mysterio & Sín Cara e Tons Of Funk, para mim, não contam.

    Os PTP servem como “jobbers”, a Team rhodes scholars, a meu ver, ainda tem salvação ( basta a WWE querer), os Usos são muito bons, Primo e Epico são razoáveis… Os Hell No, infelizmente, vão acabar em breve…

    A divisão de Tag Team já esteve melhor e já esteve pior. Está num processo de remodelação, que eu espero que resulte.

    Excelente artigo.