Olá, malta, aqui estou eu para novo artigo. Devido ao meu atraso na programação da World Wrestling Entertainment e à falta de notícias de destaque para debate, resolvi ir ao baú das ideias e resgatar de lá os anos finais da carreira da “Excelência da Execução” Bret Hart.

Do seu afastamento a seguir ao Montreal Screwjob ao desaproveitamento criativo na World Championship Wrestling, da aposentadoria ao retorno da sua ligação a Vince McMahon, irá estar aqui tudo para recordar os últimos suspiros desportivos do “Best there is, was and ever will be”.

The People's Elbow #70 - You Deserve To Be Screwd

Bret Sergeant Hart (nascido a 2 de Julho de 1957 no Canadá) foi lutador de lutas profissionais e amadoras, tendo ficado conhecido pelo seu trabalho na World Wrestling Federation (mais tarde Entertainment) e World Championship Wrestling.

Hoje actor e escritor, iniciou-se nos colégios e Universidades da região onde nasceu, desinibindo a sua personalidade no ringue quanto à técnica e agilidade.

Estreou-se no final da década de 70 na promoção do seu pai – Stampede Wrestling – onde conquistou incontáveis títulos e começaria a ser descrito como um dos maiores ídolos da História.

The People's Elbow #70 - You Deserve To Be Screwd

Treinado por Stu Hart e Harley Race ainda criança na “Masmorra” (porão da sua residência e notório centro de treino), reflectiu sobre a sua decisão nos duros treinos, onde seria colocado a não poder desistir das chaves, torções ou estrangulamentos, para isso chegando a romper vasos sanguíneos.

O castigo sofrido era severo, no entanto, contribuiu para o crescimento da sua visibilidade como prodígio da divisão amadora do Wrestling.

The People's Elbow #70 - You Deserve To Be Screwd

Pelo ano de 1977, estudava Produção Cinematográfica, estando hesitante quanto ao Wrestling e demonstrando vontade de abandoná-lo pelo seu sonho de ser director de cinema.

Para não desapontar o seu pai, decidiu tornar-se Pro-Wrestler, começando a dedicar-se na totalidade, iniciando os treino na Stampede, aos 20 anos.

The People's Elbow #70 - You Deserve To Be Screwd

No final de 1997, a promoção de Vince McMahon estava endividada e perto da falência e não poderia pagar o salário ao Hitman, que havia assinado contrato para 20 anos pela metade dos anos 80.

Considerado o maior lutador da década de 90 e um dos atletas mais populares, a sua personalidade tirava o patrão do sério, tendo ficado descontente e levando a uma rivalidade entre os dois.

O Mister “No Chance in Hell” deu a Bret a oportunidade de conversar com os comissários da concorrente World Championship Wrestling sobre a possibilidade de integrar o plantel.

A sua última luta antes de entrar na empresa adversária foi contra o seu rival na vida real Shawn Michaels, no evento Survivor Series, no Canadá

A sua única vontade foi não perder no seu país, considerando poder desfazer-se do título na noite seguinte, só que Vince McMahon mudou de opinião e convocou uma reunião com o “Heartbreak Kid” e o árbitro Earl Hebner, que terminou a luta quando o “Mister WrestleMania” aplicou o Sharpshooter.

Após o controverso incidente de manipulação do resultado, Bret Hart cuspiu na cara do dono da instituição, destruiu equipamentos televisivos e desferiu-lhe um soco no vestiário.

Este acontecimento é considerado a maior traição de que já se teve conhecimento nos Sports Entertainment e o seu impacto foi tão grande que foi usado na criação da personagem do chefe vilão.

Foi sugerido que isto tenha sido criado por Bret e Vince, no entanto, o Hitman foi banido e o segundo odiado durante anos pelo público.

Terá sido isto afinal uma excelente interpretação? Foi shoot ou angle? Será este o segredo escondido e nunca revelado? Teoria da conspiração ou não, o que se sabe é que dois finais teriam sido cogitados:

Bret Hart reverteria o Sharpshooter e venceria ou desqualificação pela interferência da Hart Foundation e da D-Generation X.

The People's Elbow #70 - You Deserve To Be Screwd

No final da luta, Shawn Michaels ficou tão surpreendido que ficou parado, enquanto o árbitro saiu rapidamente para a limusina que o levaria para parte incerta, para não ser alvo de objectos.

Esta reacção é estranha: Shawn parece não perceber nada e Earl Hebner sabe para onde ir, seguindo as ordens dadas na reunião.

Terá o executante do “Sweet Chin Music” ficado atrapalhado ou arrependido por se ter metido no esquema, terá tentado disfarçar a sua parte da culpa ou não terá sido apanhado desprevenido e ficado tão perplexo quanto o seu colega de ringue?

Esta última hipótese não será de riscar ao ter sido Gerald Brisco a ordenar o abandono do ringue e os festejos, como que a pedir colaboração naquela enrascada.

Vince McMahon refugia-se no seu gabinete e tranca-se lá dentro com o seu filho Shane.
Shawn insiste em falar com Bret, mas a raiva dele não permitiu tal conversa, tentando invadir o escritório do comandante da federação.

A certo ponto, Vince queria falar com ele e dirigiu-se ao seu vestiário, caindo e perdendo os sentidos após soco que, de tão violento, lhe partiu o queixo e, na queda, o tornozelo, bem como o braço do agressor.

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Um mês após o Survivor Series, juntou à WCW, a 15 de Dezembro de 1997. Numa clara referência ao Montreal Screwjob, no Starrcade, envolveu-se na luta entre Sting e Hogan: atacou o árbitro, acusando-o de ter feito uma contagem demasiado rápida.

A sua primeira rivalidade foi contra Ric Flair, com os dois a considerar-se o melhor lutador profissional de todo o sempre. Bret derrotou-o na sua primeira competição na companhia.

A sua primeira luta na Nitro seria a 2 de Março de 1998, derrotando Brian Adams, e o antigo parceiro na World Wrestling Federation, Curt Hennig, no Uncensored.

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Em Abril, tornou-se heel ao interferir no evento principal da noite – a luta entre o “Imortal” e Randy Savage, auxiliando o Mister “Leg Drop” a recuperar o cinturão de Campeão Mundial dos Pesos Pesados.

Graças a uma troca de favores de Hogan, Bret derrotou Randy Savage. Contudo, na noite seguinte, o “Hot Rod” (árbitro convidado da luta) mudou a sua decisão e declarou vitória por desqualificação para Randy.

No Great American Bash, luta de duplas, na qual Bret e Hogan levaram de vencida Piper e Savage. Na sua segunda luta na Nitro, a 22 de Junho, derrotou Chris Benoit e, a 20 de Julho, tornar-se-ia Campeão Americano de Pesos Pesados que estava vago, conseguindo-o com a ajuda do The Giant.

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Na edição de 10 de Agosto da Nitro, perdeu o cinto para Lex Luger, vindo a reconquistá-lo na noite seguinte, tornando-se face ao pedir perdão aos fãs, virando costas à assistência prestada pela New World Order, tendo sido marcada luta entre ele e Hogan, durante a qual sofreu lesão no joelho, logo revelada como fingida quando Sting assumiu o seu lugar e foi atacado.

Perdeu o seu título a 26 de Outubro, recuperando-o a 30 de Novembro. Na Nitro de 29 de Março de 1999, anunciou que se demitia, tendo-se especulado sobre a declaração, só o que o facto é que precisava duma cirurgia, pois havia sofrido uma lesão na virilha.

O afastamento prolongou-se por 4 meses dado que, em Maio, deu-se a trágica morte do seu irmão que, a 4 de Outubro, teve tributo prestado na luta contra Chris Benoit.

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O título principal da promoção foi declarado vago, tendo início um torneio, no qual enfrentou Goldberg e, graças à interferência de terceiros, conseguiu superá-lo, conquistando o Campeonato.

Perdeu-o para Scott Hall numa Ladder Match, na qual participavam Sid Vicious e Goldberg. No evento Mayhem, conquistaria o Campeonato Mundial dos Pesos Pesados, derrotando Perry Saturn, Bill Kidman, Sting e Chris Benoit.

A 7 de Dezembro, junto a Goldberg, venceu os títulos de Tag Team, perdendo-os pouco depois para poder defender o seu título contra o nefasto parceiro.

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Durante a disputa, foi atingido por um “Super Kick” na cabeça, o que resultou numa grave concussão.
A gravidade da lesão foi desencadeada antes, quando caiu de cabeça no chão, fora do ringue, sequela que o forçaria a aposentar-se. Não podendo continuar, o título ficou vago, a 20 de Dezembro.

Ainda assim, sugeriu enfrentar Goldberg, o que serviria para reconquistar o seu título e virar heel.
Prescindiu dele em Janeiro de 2000, devido à sua incapacidade física.

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Tendo desfrutado de sucessos consideráveis, era visto como algo insosso. O próprio presidente Eric Bischoff confessou não estar certo de como o utilizar de maneira criativa, apesar de planos para uma feud entre ele e Hogan, o que nunca veio a acontecer, sendo considerada uma oportunidade desperdiçada.

Ele havia sido avisado pelo Vince McMahon de que a sua nova entidade patronal não saberia o que fazer com ele e que, na sua opinião, ele seria mal aproveitado.

A WCW poderia ter-se construído ao seu redor, só que o seu uso destituído de criatividade foi péssimo para a marca e para o próprio.

Eric Bischoff sacudiu a água do capote quando citou que, devido ao impacto causado pelo Montreal Screwjob e a morte do seu irmão, Bret Hart não era igual ao que costumava ser, o que levou ao sufoco quanto à elaboração de storylines para ele, alegando falta de paixão e compromisso da sua parte.

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Apesar de tudo que manchou a sua relação com Vince McMahon, foi induzido ao Hall of Fame, a 1 de Abril de 2006, reconciliando-se.

A 4 de Janeiro de 2010, após 12 anos, confrontou os intervenientes no episódio do Survivor Series 1997, aceitando tréguas.

Dúvidas suscitadas pela veracidade da reconciliação foram abortadas pela afirmação de que o acto havia sido sincero.

Como parte duma história, tal atitude não aconteceu com Vince, que o chutou nos intestinos e desafiou para luta na WrestleMania 26, perdendo ao desistir para o Sharpshooter.

Prestes a anunciar a sua despedida, foi escolhido pelo Miz como desafiante pelo Campeonato dos EUA e, ajudado pelos seus parentes da Hart Dinasty, tornou-se pela quinta vez detentor de tal troféu, estabelecendo recorde mundial.

A 24 de Maio, ele abdicou do título e foi nomeado Gerente Geral da brand vermelha. Por razões não divulgadas, Vince demitiu-o e retirou o seu perfil do site oficial.

Especulou-se que o contrato havia sido rescindido porque Vince estava descontente por não poder usá-lo a nível físico.

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Grandes figuras do negócio têm-no descrito como um dos maiores lutadores puros e de popularidade monstruosa na indústria, arrastando legião de fãs por todo o globo.

Para além disto, ficou famosos por ter popularizado a submissão “Sharpshooter”, a mais devastadora do Pro-Wrestling.

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Na condição de lutador, ele é o meu preferido e há poucos que se aproximem da sua narração de histórias no ringue ou da beleza da sua performance.

Sou capaz de dizer que é o maior lutador que já viveu, voltando a repetir a palavra e não a de “superstar” ou “entertainer”.

Na verdade, não se evidenciou pelas suas promos ou por ser carismático: ao microfone era pobre e nada convincente quanto à postura e expressão facial.

O seu aspecto era básico e o seu cabelo húmido alvo de gozo, tal como a cor da sua roupa.
A distribuição dos óculos pelas plateias formava o pouco que conseguia dar fora do ringue.

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Tudo isto era superado pelas batalhas que travava no tapete, onde não encontrava igual, enquanto ia tentando inovar os seus segmentos e a maneira como se dirigia ao público.

Ele não merecia o acontecido em Montreal, algo que foi uma machadada no que era até então a barreira de separação entre o falso e o verdadeiro dentro do desporto de entretenimento.

Fez o seu percurso sem subir às custas do seu pai ou restante família e, quando pedira para se despedir no seu país ainda campeão, foi atraiçoado.

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É difícil imaginar Vince a pressionar um empregado seu a mudar-se para a concorrência por não ter como lhe pagar, fácil é pensar que não queira tê-lo feito sem antes preparar das suas.

A falta de confiança terá estado nesta decisão polémica e a ida para a WCW foi confirmada, não tendo o impacto desejado quando lá chegou ou sequer utilização que tivesse sido fonte de rendimentos.

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O seu retorno à agora denominada World Wrestling Entertainment teve o efeito de perdoar os dois participantes do caricato cenário de abandono e vingar-se do reincidente “Bad Boss”, que voltou ao que tinha deixado por acabar anos atrás.

Retirado há 10 anos, quis-se usá-lo o máximo possível em confrontos corporais, seja sendo atacado pelos Nexus, entrando em combates só para matar saudades do move que celebrizou ou levantando a ideia do combate de sonho que seria contra o “Fenómeno”.

Tudo planeado para se cair na realidade de que não podia oferecer nada nesse aspecto que não cadeiras pelas costas do inimigo no conflito na Mania.

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Está tudo dito neste capítulo do vosso espaço das Segundas-Feiras, irão ficar com curiosidades sobre a sua vida pessoal e o que anda a fazer relacionando ou não à modalidade.

De Junho de 1991 a Outubro de 2004, escreveu colunas para o jornal canadiano Calgary Sun. A 16 de Outubro de 2007, foi lançada a sua autobiografia, a qual começou a escrever em Julho de 1999, não o conseguindo terminar antes devido ao AVC sofrido e outras tragédias durante o processo.

A 24 de Junho de 2002, teve um AVC ao bater a cabeça numa queda de bicicleta, sendo necessários demorados períodos de fisioterapia, ficando com sequelas permanentes no que toca à instabilidade emocional. Na vida real, iniciou uma rivalidade contra o Nature Boy, o qual o criticou por explorar a morte do seu irmão na sua autobiografia.

2 Comentários

  1. Sempre bom ler sobre os maiores que esta indústria já viu, obrigado pelo artigo.

  2. Como é que este artigo só tem um comentário?! Há coisas inexplicáveis…

    Não sou fã do Bret Hart, mas não merecia, de todo, o que lhe aconteceu em 1997. Era um grande wrestler, mas, por aquilo que vi dos anos 90, sempre preferi o seu irmão Owen: acho que era muito melhor ao microfone e muito mais carismático, e não lhe ficava atrás no ringue. O Bret deu-nos um dos melhores combates de sempre, contra o Shawn Michaels, na WrestleMania 12. Um hino ao Wrestling.

    Excelente trabalho, mais uma vez.