Bem-vindos a um Top Ten pós-Elimination Chamber e com o Money in the Bank já aí tão à beira. Porque andam com a pica toda e quiseram atafulhar tudo para esta altura, agora há PPV a cada duas semanas! Mas como o Elimination Chamber ainda está relativamente fresco, achei que podia focar-me nele mesmo para esta edição do Top Ten.
Se, em referência à Chamber, já me foquei um pouco no “pior”, isto é, Superstars que lá entraram mas que não conseguiram manter o alto nível, agora foco-me no melhor, no pior, em tudo. Talvez penda mais para o melhor com alguns tropeções. É um tema bastante simples e abordará vários acontecimentos marcantes e/ou tópicos na história deste bizarro e doloroso combate. Seja um acontecimento, um marco ou um mero spot ou segmento. Se havia uma Chamber e vale a pena destacar, está aqui. Fora alguns que possivelmente não estejam. Mas isso já é o costume.
10 – Estreia da dose dupla
Na edição deste ano houve exclusividade em ambas. Porque tivemos duas o que até nem é fora do normal, já estávamos bem habituados a essa ideia de assistirmos àquele bruto combate por duas vezes, ainda para mais quando existiam dois títulos Mundiais. Mas nem sempre assim foi e uma Elimination Chamber era o suficiente para marcar o espectáculo como a sua atracção principal. Quando começou esta brincadeira? Foi no No Way Out de 2008 que surpreenderam todos e deixaram os fãs do combate a salivar por uma dose dupla de muito aço. Por duas vezes a câmara desceu e nem foi para lutar por nenhum título, ambos ofereciam oportunidades por cada um dos diferentes títulos na Wrestlemania XXIV. Uma, pela chance ao World Heavyweight Championship, foi vencida por The Undertaker, que prevaleceu sobre Batista, Finlay, MVP, The Great Khali e Big Daddy V, tornando-se Campeão na Wrestlemania contra Edge porque era o Undertaker na Wrestlemania. A outra, pela chance ao WWE Championship, foi vencida por Triple H, que superou Jeff Hardy, Shawn Michaels, Chris Jericho, Umaga e JBL, juntando-se a John Cena, vencedor da Royal Rumble, na caça ao título de Randy Orton na Wrestlemania. Por acaso, ambos ficaram a chuchar. Portanto, nem todos lucraram ao vencer a Chamber, mas o fã que levou com dois combates destes numa noite pela primeira vez saiu a ganhar.
9 – Para inventar, é em 2010
Não é um acontecimento, é um aglomerado de vários. Um combate Chamber que envolveu tantas shenanigans que ficamos a pensar se foi overbooked ou se um combate destes dá para envolver tanta coisa. Enquanto, no mesmo evento de 2010, a Chamber pelo WWE Championship foi mais marcada por algo que aconteceu a seguir, esta teve toda a maluqueira dentro da Chamber e durante o combate. O combate envolvia Undertaker a defender o World Heavyweight Championship contra Chris Jericho, John Morrison, R-Truth, CM Punk e Rey Mysterio. Logo antes de começar, Undertaker é retirado do combate pela sua própria pirotecnia. Durante todo o combate, John Morrison mostrou porque é que tanta gente o adora e tanta outra o acha doido – muita dessa gente é a mesma. Punk quis ser exclusivo outra vez e, após ser o gajo que dá promos a meio da Rumble, também passou a ser o que as faz durante a Elimination Chamber. E como o R-Truth tem a lata de o interromper, ele elimina-o rapidamente para poder acabar de falar. Undertaker conseguiu voltar. Mas Shawn Michaels queria um rematch com ele na Wrestlemania, logo esgueirou-se para dentro da estrutura e presenteou o “Phenom” com um Sweet Chin Music, começando as preparações para o seu combate – aquele combate horrível, sabem – e permitindo a Chris Jericho sair vencedor e Campeão. Muita coisa, mas havia 35 minutos e atenção do público.
8 – 2015, ano de exclusivos
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A última que vimos recentemente não foi como as outras. E não me refiro só à altura em que aconteceu e à pressa com que foi bookada. As Chambers eram diferentes. Pela primeira vez na história, aquela aterradora estrutura de aço suportaria combates pelos títulos Intercontinental e Tag Team. Destaque à exclusividade de uma Elimination Chamber de equipas que se mostrou superior em relação à outra. Se não sabiam bem o que o Kalisto andava a fazer ou porque é que o El Torito estava lá dentro, não se preocupem, é normal. O combate decorreu normalmente. Já o do título Intercontinental não conseguiu escapar do desastroso. Logo de início era notável que havia muita coisa para Rusev, sem que este pudesse lá estar e Mark Henry não preenchia aquele buraco muito bem. Ainda por cima disso, entrou atrapalhado ao entrar fora de tempo com a parede da cabine a cair antes do tempo. Isso obrigou Henry a antecipar-se e a mudar muitos planos. De tão desorientado que estava até rompia pins sem necessidade. Ficou demasiado óbvio que não faziam a mínima ideia do que fazer quando o combate parava com todos a olhar uns para os outros e até se colocavam, literalmente, em roda. Apreço para Dolph Ziggler que, mesmo que não fosse da maneira mais discreta, esforçou-se por tentar orientar qualquer coisa. Por cima disso, com um combate já rompido, a manobra inteligente de Sheamus parece ter passado ao lado do público e dos comentadores, passando a ideia de quem não sabia o que se estava a passar e o que fazer. Como ponto final, a eliminação de Ziggler, deixando Sheamus e Ryback como finais matou uma plateia que já não era das mais vivas. Vencedor e Campeão polarizador mas não é esse o problema. Um combate descoordenado e desorganizado, que já foi destacado por muitos como a pior Elimination Chamber até à data. Assim não…
7 – SuperSantino!
Acredito que já utilizei estas mesmas palavras aqui por estas bandas: ninguém acreditava que ele ia ganhar mas todos acreditavam que ele ia ganhar. Porque estava assim tão bem feito e por momentos, Santino quase foi World Heavyweight Champion no Elimination Chamber de 2012. Foi o quão bem feito isto foi e prova que eles não precisam de o tornar um palhaço sem credibilidade e que é possível mantê-lo como uma personagem de comédia e um verdadeiro underdog. Mas eles não quiseram fazer mais disso. Toda aquela plateia vibrava e perdia a cabeça enquanto abanava toda a arena quando Santino aplica o Cobra para quase se tornar Campeão Mundial. E o Campeão era Daniel Bryan, para verem o quão envolvidos conseguiram manter os fãs! É claro que não deu em mais e Santino acabou por perder, mas aquele momento conseguiu valer por muitos combates inteiros. Aquela crença que estava ali a despertar por trás da descrença. Porque, como disse, estavamos fartos de saber que ele não ganharia, mas naquele momento, nem pensavamos nisso sequer. Com certeza, o maior momento da sua carreira, a par com a sua estreia.
6 – Vigilante HBK
Corto já aqui qualquer referência ao Sting. Foi no New Year’s Revolution de 2005 e havia um World Heavyweight Championship vago. A melhor maneira de o disputar seria na Elimination Chamber e arranjaram-se seis gajos de alto calibre para se meter lá dentro. Triple H, Edge, Chris Benoit, Chris Jericho, Batista e Randy Orton. Mas parece que isso não era suficiente e havia espaço para mais um Superstar de alto calibre que andava a recuperar de lesões: o Heartbreak Kid Shawn Michaels, que entraria na estrutura para servir de árbitro convidado – quantas vezes já foi HBK enjaulado para arbitrar? O que lhe valeu é que ele não estava envolvido em nenhuma história activa para haver muita artimanha, esqueçam lá a sua amizade com Triple H, que aqui nada importava – mesmo que o sacana tenha ganho na mesma. Mas não se podia limitar a estar lá a contar e custou a participação a Edge, após este lhe aplicar um Spear acidentalmente. Este não podia levar a bem e presenteou-o com um Sweet Chin Music, que permitiu a Chris Jericho facturar e aplicar o seu Lionsault para a primeira eliminação da noite. Portou-se maioritariamente bem e, até à data, foi o primeiro e último árbitro convidado. E será que é assim muito boa ideia colocar um Superstar a arbitrar uma enxovalhada daquelas?
5 – Mais um tiro na ECW
Pois, nem todos os episódios históricos aqui presentes são propriamente bons. Também conta o exemplo do December to Dismember, PPV que serviu de derradeira prova de que a ECW nunca poderia vir a ser a mesma nas mãos de Vince McMahon. O main event deste desastroso PPV foi uma “Extreme Elimination Chamber”, que apenas variava por ter uma arma dentro de cada cabine. Os participantes eram Big Show, Bobby Lashley, Rob Van Dam, CM Punk, Hardcore Holly e Test. Tudo podia ter corrido bem ou mais ou menos, mas não correu. Vince fez tudo mal e ainda tentou deitar as culpas a Heyman. Primeiro ponto: Sabu fazia parte do combate mas Vince não o quis lá porque achava que os fãs não o queriam ver a fazer maluqueiras à moda dele dentro da Chamber. Primeira indicação de que ele fazia mesmo uma grande ideia do que o público queria. Segundo ponto: Heyman queria que CM Punk vencesse – já todos sabem que isto já vem de antes – mas Vince, em vez disso, preferiu Lashley e afirmou que os fãs estariam contentes com essa decisão. As vaias volumosas bem à Batista/Reigns na Rumble indicam exactamente isso – e já se devia saber que fãs da ECW iam adorar um wrestler como Lashley, que é bem mais voltado para outro público. E para terem uma noção de como as formas de pensar variam de indivíduo para indivíduo: o plano seria que CM Punk eliminasse o Campeão Big Show por submissão muito rapidamente, logo ao início, para causar surpresa e choque. E, vejam lá, Big Show mostrou-se bastante agradado e interessado nessa ideia de lançar um jovem dessa forma e estava disposto e entusiasmado por colaborar. Vince, entretanto, achou isso um disparate. E deu a vitória a Bobby Lashley que ficou no final contra… Big Show. E aquele público, já sem RVD e sem Punk, não morreu, virou-se logo contra eles. Quando começaram a ver a léguas quem venceria, chegaram ao ponto de torcer por Big Show! E assim concluiu um evento desastroso, salvo apenas por um combate entre os Hardy Boyz e os MNM. Vince culpou Heyman, este fez walk out – muita coisa engraçada em retrospectiva por aqui – e outras estrelas como Tommy Dreamer e Stevie Richards pediram demissão, que lhes foi negada. Agora com a companhia do combate deste ano, é também recordada como uma das piores Elimination Chambers e primeiro sinal de que a morte da ECW estaria para vir e podia ter começado já ali.
4 – Batista a recorrer a truques
O tal acontecimento marcante do Elimination Chamber de 2010 que aconteceu já depois do combate. Era uma Elimination Chamber pelo WWE Championship, onde Sheamus defendia o título contra John Cena, Triple H, Randy Orton, Ted DiBiase e Kofi Kingston. As coisas não estavam boas para o lado de Sheamus e descambaram de vez, assim que se começou a tornar notável que Cena ia vencer. E venceu. À rasca mas conseguiu vencer. Tão à rasca que se lhe aparecesse mais alguma coisa, ele já não ia ter a genica para a carregar. E pronto, acontece, Vince chega à arena para dizer a Cena que ele tem ali o seu passe para a Wrestlemania… Se ele conseguir vencer Batista com o título em jogo… Naquele momento! Não há SuperCena que chegue para aquilo, meio minuto, um Spear e uma Batista Bomb e Batista saía dali Campeão para choque de toda a malta. Se notam alguma familiaridade neste acontecimento e acham que o Cena era muito achacado a isto, é porque se lembram de alguma situação parecida e já estão à espera de ler qualquer coisa mais à frente…
3 – Edge a dois turnos
Se já pensaram neste nome antes, então surpreendam-se porque talvez nem seja esta a situação com que contavam. Este foi outro daqueles momentos em que Edge foi mais esperto que todos os outros e fez história ao tornar-se o primeiro a participar em duas Elimination Chambers na mesma noite. Se já é aterrador ter que passar por aquilo uma vez numa noite, quanto mais duas. Edge fê-lo. E tudo porque é um gajo esperto. O que não parecia, visto que a sua primeira participação foi a defender o WWE Championship perante Triple H, Undertaker, Jeff Hardy, Big Show e Vladimir Kozlov… E em menos de 3 minutos foi eliminado por Jeff Hardy, ficando arrumado e perdendo o seu título de vista – que iria parar às mãos de Triple H. Pois, quando um gajo mal saboreia uma Chamber, até nem lhe custa entrar para a segunda. E Edge fez as coisas a mal, à porco. À Edge. Atacou Kofi Kingston e tomou, à força, o seu lugar na segunda Elimination Chamber pelo World Heavyweight Championship – porque já sabia que o Kofi nunca ganharia, assumo eu – e esta já consegue vencer, saindo por cima do Campeão John Cena, de Rey Mysterio, Chris Jericho, Mike Knox e Kane. Primeiro homem a participar em duas Chambers na mesma noite. E também não acredito que se contem assim muitos que possam dizer que perderam o WWE Championship mas ganharam o World Heavyweight Championship na mesma noite. Há que ser esperto. Há que ser Edge.
2 – Edge choca o mundo!
E cá está ele outra vez. E cá está o tal momento que já todos estavam à espera desde o início do artigo. Na minha geração, na altura do boom do wrestling em Portugal, este tem que ser um dos maiores momentos e que mais marcou esta nossa curta era. Foi o momento que elevou Edge do midcard alto para o main event definitivo e que o fez tornar-se o melhor Heel do seu tempo, aquele Heel que adorávamos odiar e, mais tarde, já adoraríamos adorar – eu sei que não precisei de muito tempo. Quando história se fez com o Money in the Bank e o seu primeiro cash-in, numa altura em que não sabíamos bem como é que aquela coisa funcionava. Edge choca o mundo como deve ser. John Cena acabava de passar por cima de cinco duros adversários – sendo eles Shawn Michaels, Kane, Kurt Angle, Carlito e Chris Masters – para manter o seu título. E não tinha ficado assim muito inteiro. Batido, ensanguentado e exausto. E não é que Vince anuncia que Edge, naquele preciso momento, fazia o tal “cash-in” da mala para trocá-la por um combate pelo título, algo que podia ser feito a qualquer altura. E é feito ali naquele momento, com aquele Cena a 15%. Ele bem resistiu. Mas o seu estado não permitia e o combate que Edge tivera com Ric Flair nessa mesma noite não lhe tinha tirado tanto. Edge saiu por cima com facilidade, tornando-se WWE Champion pela primeira vez e fazendo história. Só é pena que o reinado tenha sido tão curto. Deu tempo para aquela “live sex celebration” ao menos!
1 – Como o monstro começou!
É mais uma daquelas situações em que recorro a isto. Se quero enumerar história e grandes momentos de uma determinada coisa, não faz todo sentido que a primeira posição fique reservada para a primeira vez? Vejo isso lógico, afinal não acontecia nada do que aconteceu nas nove posições anteriores se não tivesse acontecido esta. E se me refiro a momentos que marcaram história dentro deste conceito, o primeiro fez história dentro do conceito e no geral. Mas acho que percebem a ideia de imediato, não preciso de tantas linhas a justificar isso. Avanço logo para a sua criação que veio da malévola cabeça de Eric Bischoff, que às vezes até tinha boas ideias. Diz que o então General Manager do Raw estava com tanta inveja do main event do SmackDown pelo WWE Championship no PPV anterior, o No Mercy – foi um Hell in a Cell entre Brock Lesnar e Undertaker, vejam lá – que quis apresentar algo inovador e violento para o Survivor Series de 2002 – evento curioso por ser um dos poucos a não incluir os combates tradicionais 5-on-5 – misturando conceitos da Royal Rumble, dos combates Survivor Series e dos War Games da WCW. Sai a Elimination Chamber que agora, todos estes anos depois, já sabemos bem como funciona para estar aqui a explicá-la como fizeram na altura. Nesse aclamado combate inaugural de 40 minutos, Triple H defendia o World Heavyweight Championship contra Shawn Michaels, Rob Van Dam, Booker T, Kane e Chris Jericho. Mas sem sucesso, sendo HBK o homem com sucesso na Chamber e a tornar-se Campeão. Uma nota importante: Triple H colocava aqui em jogo o título Mundial que unificara com o Intercontinental após uma feud com Kane. Façam lá as contas e vejam se conseguem lembrar-se qual a clássica storyline em que tal aconteceu. Já se lembram?
Dez acontecimentos que bem marcaram a Elimination Chamber e a sua história. Momentos que deviam constar regularmente na nossa memória mas que podem precisar de um empurrãozinho para ser recordado, que é um pouco o que aqui faço. Espero que tenham gostado e que haja aqui pé de conversa para comentarem o assunto e destacarem alguns dos vossos momentos favoritos da Elimination Chamber e podem eles ser os que aqui estão ou spots mais simples ainda. A partir daqui, isto é vosso, como sempre o digo. Também digo sempre que volto na próxima semana e assim o mantenho, espero trazer bom material. Até lá só quero que se portem bem e que desfrutem desta proximidade do Verão, dos finais das aulas para uns e boa sorte nas stressantes fases de exames para outros. Até à próxima semana!
8 Comentários
Adoro o Top Ten, e esse foi demais
A storyline que falaste no nº 1 é a da Katie Violada Morta 🙂
Mais um fantástico Top 10
Bom top sim senhor.
Adorei os momentos do Edge e o grande combate inaugural.
Mais um otimo top ten,como já é habitual.
Gostei do tema,muito bem escolhido.
Bom Top Ten
Excelente.
Ótimo Top Ten, Chris!
O EC é o meu tipo de combate favorito. Não havia gostado da retirada do combate e voltar com ele da maneira que veio, às pressas também não foi muito agradável.
Quanto aos momentos listados, tenho que destacar o Cash-In do Edge, pois aquilo marcou história e surpreendeu a todos, numa altura onde não se sabia realmente o que era a tal maleta.