Bem-vindos a um novo Top Ten! Parece que as coisas finalmente ficaram mais interessantes na tal “Divas Revolution” que não parecia atar nem desatar! Paige manda uma promo daquelas que já ficaram carinhosamente baptizadas como “pipebombs”. E já bem sabemos que isso costuma ser saudável para agitar as coisas e para capturar interesse.
Ou seja, já é algo habitual. O termo é recente graças a uma derradeira nas promos deste calibre, de expelir algumas verdades, de mexer em tabus, de falar no que não se deve, na tentativa de procurar justiça… Sempre aconteceu e sempre foi necessário. Sempre com implicações diferentes, aqui ficam dez famosos casos de promos a cair com estrondo.
10 – The Rock
Reinar em promos a dar umas ensaboadelas cómicas aos seus rivais já é matéria habitual dele. Mas essa personagem teve que nascer e não nasceu a bem. É preciso lembrar que este adorado Superstar não começou com toda essa adoração. Rocky Maivia, como ele estreou, não caiu no goto e era demasiado risinhos e muito bonzinho para a altura em que chegava – o crescimento da Attitude Era em plena década de 90 em que tudo era “edgy” para ter o mínimo de interesse. Rocky Maivia era tudo menos interessante e o público fazia-se ouvir. E como é da década de 90 que falamos, não era da forma mais simpática. “Die Rocky, die” era só um exemplo de um canto dirigido a ele. O saco tinha que encher e eventualmente Rocky Maivia tornou-se The Rock, com uma promo em que soltou tudo o que tinha no peito, mandou todos os fãs à fava e apresentou uma nova atitude. O que é que acontece? A habitual ironia: a malta apercebe-se que afinal o gajo é bom e até nem é pouco e começam a apoiá-lo. Depois de terem sido enxovalhados. Será que aconteceria isto hoje em dia com Roman Reigns?
9 – Mick Foley
Talvez associemos Foley mais à boa disposição ou a coisa mais estranhas, críticas e psicóticas do Mankind mas também ele já teve disto. A sua entrada aqui até apresenta dois casos e ambos dirigidos à mesma companhia: a tão importante para ele ECW. A primeira definiu-o como um dos grandes Heels da companhia e partiu de escárnio ao típico fã da ECW. Nuam plateia daquelas que se possam dizer que “estava cheia de tolos” encontrava-se sempre algum cartaz ofensivo sem que isso fosse algo de anormal. Algumas ultrapassavam linhas e Cactus Jack aproveitou logo um caso para dar uma volta à sua personagem. Deu uma promo azeda – ainda destacada como uma das suas melhores – em que expeliu todo o ódio aos fãs da ECW e ao seu conteúdo violento a servir de mau exemplo. Daí para a frente teve uma excelente run como Heel com a gimmick mais caricata neste particular indivíduo – um lutador anti-hardcore! A segunda viria já na WWE e até servia para lançar a sua feud com Tommy Dreamer e Terry Funk – enquanto associado a Edge – numa altura em que toda a WWE rivalizava com uma ressuscitada ECW. Foley deu uma séria promo repleta de podres em que basicamente acusa a companhia de o ter levado à loucura, por outras palavras. Tudo para o espectáculo. Sabemos bem o que ele acha e o que ele faz para a companhia e para o wrestling hardcore.
8 – AJ Lee
Isto já foi coisa de mulher antes, não é só a Paige que tem coisas a desabafar! Um caso ainda suficientemente recente e que também agitou um pouco as coisas – não tanto, infelizmente. AJ, uma favorita, lá aprendeu umas coisinhas com um rapaz com quem já partilha tecto e deu uma promo a causar agite. Só lhe faltou sentar-se no chão. O alvo eram as Bellas e umas amigas das mesmas, senhoras que voltaram a levar um sermão esta semana, mesmo que não fossem os principais alvos neste caso mais recente. Mas estão lá sempre, isso já quer dizer alguma coisa. São bastante “pipebombáveis” – inventei a palavra mas sem orgulho, é horrível. AJ cuspiu ali um punhado de verdades para levar a plateia ao rubro e ainda fez o inesquecível reparo de que o talento não é sexualmente transmissível. Se assim fosse, o caso dela era uma abundância injusta sem nada para repartir para outros.
7 – Shane Douglas
Ele estava no Top Ten anterior não estava? E lembram-se da razão de ele lá estar e o quanto ela se opunha a outro notável momento da sua carreira – sendo mais duros e directos, podemos dizer que foi o único momento notável da sua carreira. O Top Ten anterior abordou a sua amostra de reinado como Campeão Intercontinental mas aí também mencionei o tal feito da sua carreira: a transformação do título da NWA em título da ECW e transição da Eastern Championship Wrestling para a histórica Extreme Championship Wrestling. Não o fez a assinar contratos, a falar mansinho, a resolver papeladas e com advogados. Foi com uma promo semi-shoot – foi planeada mas poucos além dele e de Paul Heyman sabiam dela… Se é que não eram mesmo eles os únicos – que mandou a NWA a sítios pouco simpáticos para convidar alguém. É realmente a atitude certa para ser o pontapé de saída na era de uma companhia que viria a marcar o wrestling para sempre. Quase tão significativa como a feud que o tal Dean Douglas teve com Ahmed Johnson em que nem chegou a lutar com ele!
6 – Paige
Paigebomb! Um bom momento nesta passada semana e que envolveu a tal “Divas Revolution” a realmente fazer-se sentir mais e ganhar mais valor. Charlotte ganhou o título, o que é óptimo. Paige vira-se a ela, o que é excelente. Dá uma promo em que faz uma limpeza a fundo a toda a divisão de Divas e ao que ainda existe de errado com ela – e mais algumas hipérboles só para ver se arranja um heat nem que seja meu ao tratar mal a Becky Lynch – e isso é simplesmente fantástico. Até conseguiu puxar a Natalya de volta, o que também é muito bom! Para já, só há de bom a apontar a esta “Paigebomb”, só temos que esperar que eles rompam a streak de estragar tudo, principalmente no que diz respeito a esta divisão que ainda batalha mesmo que já esteja tão repleta de talento. Isto coloca Paige no topo da divisão, na corrida ao título e prevê-se que, com Charlotte, não dê nada abaixo do expectáculo. E com bocas para toda a gente, há pretexto para que todas as meninas eventualmente se envolvam!
5 – Hulk Hogan
Não, descargas raciais duvidosas não contam como uma “pipebomb”. E fazer alguém ver a sua sex tape é tão letal como realmente uma bomba, seja ela “pipebomb” ou não. Mas não me vou referir a isso porque quando o Top Ten se vira para as poucas vergonhas, ao menos que seja para um gajo se rir. Não para chorar. Mas também gosto de falar de coisas boas e de grandes acontecimentos e ao falar em Hogan, tem que se trazer a histórica formação dos nWo à baila. Os tais “Outsiders” que consistiam em Kevin Nash e Scott Hall a vender-nos a ideia de que ainda estavam com contrato na WWF para invadir a companhia, não tinham bons planos e queriam dominar esta treta toda de todo o wrestling que dava às Segundas-Feiras à noite. Tinham alguém a mandar neles e era o chocante e improvável Hulk Hogan, no maior swerve da história – não Vince Russo, não foi nada que tenhas inventado em 2000 – e capitaliza tudo com uma promo de lavar roupa suja em relação à WCW, em relação à WWF, em relação à Hulkamania, em relação aos fãs, em relação a tudo. Foi aqui o principal estrondo das Monday Night Wars. Se acham que já enjoa o quanto a WWE não se cala em relação às mesmas, à forma parcial como aborda a sua vitória e às mil-e-uma variações pouco variadas que já fizeram das mesmas… Não é caso para culpar isto. Mas como é boa época para isso, culpem o Hogan porque sim. É para o que estamos.
4 – Paul Heyman
Se lhe derem um microfone para as mãos, ele consegue transformar tudo numa “pipebomb”, é verdade. Se o mandarem fazer uma promo sobre a crise da sardinha ou sobre futuros reality shows da TVI, ele torná-lo-ia magnífico. Ele conseguia arrancar um telhado de um edifício a ler um horóscopo. E se ele relatasse um jogo entre o Carregosense e o Mourisquense, ele torná-lo-ia numa espectacular final da Champions League. É um génio do microfone, já sabemos. Mas até ele tem que ter um particular momento que melhor se adeque aqui. E foi na ECW, claro. Na altura em que as ruas da amargura se aproximavam para a companhia, existiam conflitos com a estação televisiva. E Heyman não teve qualquer problema em transferir esses problemas para TV. E através de uma promo tão PG quanto o vestuário da Nikki Bella, praticamente os desafiou a retirá-lo do ar. Praticamente não, fê-lo mesmo. Uma promo daqueles que só aconteceram porque Heyman tem um par de tomates bem maior que o teu, que o meu, que todos. Eventualmente a coisa acabou quando Heyman fez a única coisa corajosa a fazer – desaparecer com o dinheiro e assinar com a companhia rival – e ele ainda pôde causar mais agite na WWE, frente a Vince, numa invasão da ECW, em que ele afirmava ter criado a Attitude Era antes de haver uma Attitude Era. E tem razão. Mas pouca coisa existe mais épica que esta sua “rant” contra a TNN. Não sei porquê, mas não vejo isso a resultar muito bem nos dias de hoje com uma Dixie Carter a virar-se à Destination America…
3 – Vince McMahon
https://youtu.be/UtvOZ_akgFg
https://youtu.be/VdppwbqwGHo
Claro que até ele tinha que mandar bocas de vez em quando. E é alguém que sabe como mandá-las e que tem uma inigualável atitude que dá para intimidar e causar até a repulsa. Mas era esquisito que ele se lançasse em alguma “rant” contra a própria companhia e sobre o mau governo da mesma. Nunca foi de descer ao ponto de entrar num bate-boca com a concorrência e mais depressa ignora as suas existências. A bomba foi lançada sobre um velho rival e logo depois de o ter tramado. O infame “Montreal Screwjob” já não precisa de qualquer esclarecimento em relação à sua ocorrência – mesmo assim eles ainda nos darão pelo menos mais cinco documentários e três DVDs diferentes em relação ao assunto, nos próximos anos – e até já sabemos o que aconteceu posteriormente. Vince McMahon era um génio – e aqui até sublinho o “era” porque a idade ataca todos – e soube capitalizar. Com uma promo em que descarregou todo o tipo de difamação sobre Bret Hart, culminando no tão repercutido “Bret screwed Bret”, deu aquele que se considera o pontapé de saída para a Attitude Era e fundou a lendária personagem do maléfico Mr. McMahon, patrão que viria a rivalizar com Stone Cold nessa era ou D-Generation X na nossa mais recente. Males que vêm por bem!
2 – Joey Styles
Muitos também se lembrarão bem desta. Mas antecedi-a com três promos que bem marcaram três companhias diferentes e, de maneiras e em alturas diferentes, marcaram eras. Então porque é que esta está à frente? Porque é “freakin’ awesome”, é por isso. Num clássico caso de “Heel Turn” aplaudida porque toda a gente concorda – clube no qual a Paige também já tem um cartão de membro – Joey Styles abriu ali um buraco novo àquela malta e saltou para a ECW. Na sua promo, criticou muita coisa que merecia a crítica incluindo a restrita linguagem e termos que eles bem forçam. A obrigação de ter que lhes chamar Superstars e o sacrilégio de ter que lhes chamar wrestlers. Farto de ser o melhor comentador naquela mesa e mesmo assim ser o bobo da corte, Styles soltou a bomba e saltou para a ECW. A promo foi cinco estrelas mas com poucas consequências, sendo esse o seu lado negativo. Primeiro, nado do que ele criticou mudou. Segundo, tanto se queixou de ter que chamar Superstars aos wrestlers que chegou à ECW onde finalmente lhes pôde chamar… Extremers. Mal por mal…
1 – CM Punk
No shit. É que o termo “pipebomb” foi trazido à baila e popularizado pelo Jacob Novak. E quando se fala em “pipebombs” vem-nos logo a imagem do Shawn Stasiak sentado no alto do palco a dizer tudo o que está errado. Ou então isto é uma coisa à CM Punk, que remonta a um dos melhores angles dos últimos anos que conseguiu dar a um dos melhores combates dos últimos anos – ao menos nisso nunca há queixa, há sempre coisas bem boas também, antes e depois. O mundo do wrestling parou quando CM Punk se sentou de pernas cruzadas e iniciou o discurso contra Cena, que até nem era contra Cena – “I don’t hate you Cena. I don’t even dislike you. I do like you, I like you a hell of a lot more than I like most people in the back”,estas e seguintes linhas que até representam bem os meus sentimentos em relação ao Cena. Partiu para uma conversa sobre “ass kissers”, fãs que o aplaudem mas que não se importam em apoiá-lo a sério, a burrice de Vince McMahon e a inutilidade de Triple H e Stephanie McMahon como seus herdeiros. “Namedrops” de Colt Cabana, Paul Heyman quando ainda não tinha voltado à companhia, Ring of Honor e New Japan Pro Wrestling. Microfone cortado. A crença de muitos fãs e conversa garantida no dia seguinte. Um fantástico combate a sair daqui com um fantástico angle. Sim, foi perfeito e uma das melhores promos de todos os tempos, aquela que definiu o que é uma tal “pipebomb”. O engraçado no meio disto tudo? É que até isto foi estragado e, sem darmos por isso, e após pestanejarmos, aquilo tinha dado a uma feud entre Triple H e Kevin Nash. Hã? Um historial destes até nos faz ter receio pela tal “Divas Revolution” que já parece tão bem encaminhada e com um trabalho tão bom da Paige! Mas pronto, aqui é para nos concentrarmos no bom ainda…
E com dez estouros destes concluo mais uma edição do Top Ten. Tema simples que espero que ainda não tenha sido tão espremido e que ainda dê para um bom assunto de conversa e para recordar uns bons trabalhos de microfone. Recordem estes casos, comentem-nos, o impacto que teve em vocês e não se esqueçam de acrescentar algum que achem que também tenha agitado bastante as águas do nosso wrestling e que pudesse também estar aqui. Eu planeio voltar na próxima semana e penso fazê-lo calmo, sem razão para me exaltar, não tenho qualquer queixa sobre a administração do wrestling.pt… Ou tenho? Fora de brincadeiras, espero que tenham gostado e que me recebam na próxima semana. O Verão já lá vai mas bom Outono e um bom ano lectivo para a malta estudante!
16 Comentários
Bom top ten.
Eu metia a AJ Lee à frente da Paige. O único problema da “pipebomb” da AJ foi o facto das Bellas não se terem calado um segundo durante a sua promo. Foi tão, mas tão irritante. Então a Brie que estava sempre a gritar “say it to my face”, ainda que tenha sido exatamente isso que a AJ fez.
De resto, estou de acordo.
Eu acho que eu sou o único que não achou nada de mais o que a Paige fez na raw ;/
Porque?
Cara não sei, eu não achei nada de mais. Não foi nada novo, eu não sei bem porque mas não me agradou. Eu sei que vai ter gente falando que eu sou hater da paige, mas não, eu gosto dela, ela é habilidosa e tal, mas pra mim não foi grande coisa o que ela disse.
Nem me lembrava dessa promo do Mick Foley. Obrigado por ma relembrares. Perfeita…
De resto, as minhas favoritas são as do Foley, Vince, Joey Styles e CM Punk. E a da AJ só não é porque a Brie quase estragou tudo. Que ridícula.
Por fim, dizer apenas que prefiro mil vezes a promo do Heyman na última SmackDown antes do Survivor Series 2001, a tal em que acusa o Vince de o ter copiado em tudo.
Já agora, para o ano devemos ter uma shoot promo (num nível superior às de Paige e AJ). 2001 Heyman, 2006 Styles, 2011 Punk… Será que é coincidência ou será sempre de 5 em 5 anos? 😛
Ótimo top ten.
A pipebomb do Cm Punk foi uma coisa brutal
E aqui temos um escritor de artigo bater das Bellas kkkk
Gente, as pipebomb como do CM Punk, AJ Lee e Paige são algo escrito no script ou eles que vão lá e dizem o que pensam?
Acho que a próxima a fazer uma “pipebomb” será a Sasha Banks.
É bastante possível que seja.
Apenas mudava uma coisa, a promo da AJ à frente da Promo da Paige 🙂
Que saudade das promos do Punk…
Bom artigo. Deu para aprender algumas Pipebomb’s que não conhecia, e gostava de mencionar uma promo que talvez não seja bem uma Pipebomb e que não se compara a esta lista, que é o Kevin Owens no último NXT antes do Takeover Brooklyn a explicar ao público da Full Sail a importância de o NXT ter um Takeover em Nova Iorque.
Bom artigo e interessante, como de costume. Acredito que tenha escrito “goto” ao invés de “gosto” na décima posição.
Não se enganou nada. A expressão é mesmo assim, ” Cair no goto”,significa agradar a alguém ou cair nas boas graças de alguém.
Obrigado, Marques, não sabia (: