Sejam bem-vindos a uma nova edição do Top Ten que vem de uma semana de loucos. Se muitos ficaram abismados com a tremenda surpresa que foi o final do Fastlane, a imprevisibilidade e a distância a que não se via aquilo… O Raw seguinte viria a fazê-los andar a correr atrás de uns certos órgãos exteriores que andaram a rebolar pelo chão. Parece que se guardaram para aí. Abrem o Raw com a entrega do prémio “Vincent J. McMahon” com nova surpresa tremenda – espero bem que eu não tenha sido o único a ver aquele prémio como um mero angle – e é a partir daí que rebentam com tudo ao trazer-nos de volta… O bom e velho Shane McMahon!
O que saiu daí é que já não foi tão popular e ainda deixa muitos confusos sobre a ideia. Mas esperemos para ver no que isso vai dar. Na fase de espera, em que nos voltamos para o futuro, podemos sempre recorrer ao passado para celebrar o regresso de Shane. Recordemos dez grandes momentos na carreira do McMahon preferido de toda a gente!
10 – Ambulâncias não servem para isso
Shane McMahon não era indivíduo que desse propriamente para classificar como wrestler. Era o filho do patrão e não precisava de muito mais que isso. Mas era um sacana rijo e fazia loucuras para justificar um mínimo da sua presença em ringues e para se fazer valer perante os fãs. Ambulâncias nunca seriam algo a não considerar nos seus combates mais malucos. Tanto que, na sua infame rivalidade com Kane, culminou num combate dessa categoria, o primeiro do seu tipo. Foi o típico que se esperaria de um combate com esta estipulação, com estes dois integrantes e com a história que o originou. Kane saiu vencedor após um Tombstone selar o acordo, mas nunca conseguiu impedir Shane de fazer algumas asneiras. Como o seu famoso e célebre “Coast to Coast”… De cima da ambulância?! O gajo é tolo, realmente…
9 – A ajudar nos treinos
Mesmo que em anos recentes a Royal Rumble ser uma decepção se tenha tornado mais habitual, noutros tempos de maior glória isso também acontecia de vez em quando. O principal exemplo é a Rumble de 1999 que viu Vince McMahon sair vencedor, para volta ao estômago de muita boa gentinha. Mas antes de tal acontecer, foi necessária uma preparação. Vince não foi nenhuma daquelas entradas surpresa. Já vinha anunciado e já vinha preparado. Vinha preparado porque tinha andado a treinar duro. E com quem podia contar para esses treinos? Ora no seu estimado filho Shane, que o orientou a muito possivelmente a mais hilariante sessão de treinos que nos possa ter passado pela TV. Baseado em clássicos de Rocky Balboa, Shane colocou o pai a fazer de tudo, desde os lendários socos a carne ao favorito de toda a gente: a caça à galinha. Vince não será o tipo ideal e com mais paciência para alinhar nisto, mas Shane lá fazia o seu melhor para ir insistindo…
8 – A arder!
Directamente relacionado com a entrada número 10. Porque talvez não seja assim tão óbvio qual a Superstar a que me possa referir quando se fala em fogo e coisas a arder. Pasmem, mas não é o Kevin Thorn. É novamente o Kane! Como parte da feud que se iniciou devido à ira de Shane contra o monstro mascarado por aplicar um Tombstone Piledriver à sua mãe – não vejo porque é que algo tão casual como isso lhe possa causar tanto incómodo – o “Big Red Monster” já tinha planos assim meios atravessados, como já é de seu costume. Já estavam as labaredas prontas e Kane já queria ver se fazia um assado dele. Valeu rapidez e astúcia ao menino McMahon. Acabou por ser Kane a ir parar ao fogo. Para quem tem tão mau historial com fogo, nem sei porque é que ele insiste tanto. É claro que Kane viria a ter a sua vingança e tal viria a acontecer em mais um clássico – e surreal – segmento. Cá se fazem, cá se pagam, não é? Então fazemos assim: tu mandaste-me para o meio de chamas, eu agora vou entreter-me um pouco a electrocutar-te os testículos, pode ser? Também não é assim que resolvem desavenças e apostas com os vossos amigos?
7 – Sangue corporativo…
https://youtu.be/AdKJZQToGM0
Para contextualizar este momento teremos que recuar no tempo até 1998, quando Shane deu as primeiras impressões da sua personagem em TV. Excluindo as suas passagens como árbitro, com o nome Shane Stevens, no final da década de 80. Este era o Shane McMahon, já reconhecido McMahon, um oficial de bastidores e comentador em “B Shows”. Tornou a sua personagem mais activa a voltar-se contra o próprio pai, ao assinar Steve Austin, seu maior rival e que despedira, como vingança de ter sido despromovido para árbitro. Voltava às origens. Podia estar aqui o seu primeiro grande Pai vs Filho que viria a repetir mais tarde, mas as coisas não eram bem assim. Se era para ser um McMahon, então que o fosse como um McMahon. No Survivor Series de 1998, num torneio pelo WWF Championship, Stone Cold Steve Austin defrontava Mankind, que por estranho que pareça, recebia apoio da Corporation – a Authority da altura, vá. Um momento em que Austin está perto da vitória, Vince é obrigado a interferir e ataca o árbitro. Não impediu Steve Austin de aplicar um novo Stunner e repetir a cover, mesmo sem árbitro. A salvação vem a correr, na forma de Shane, que entra no ringue e conta… Até 2. Aí pára. E aponta uns dedos a Stone Cold que ele também gosta muito de usar. Um ataque de Gerald Brisco e Sgt. Slaughter a Austin, permitiu um pin de Mankind, que Shane já contou com muito gosto. Shane integrava a Corporation e juntava-se ao pai. E Stone Cold acordava. E todos fugiam porque não eram burros nenhuns.
6 – O Shane é que não é de vidro!
Não é um momento fácil de se ver… Mas é um excelente momento de se ver. Sem dúvida um dos seus grandes momentos e que mais marcou e se destaca na sua carreira. E não, não deve ter sido lá muito divertido de se fazer. E na altura ele não devia estar a preocupar-se em pensar nisso, se é que conseguia pensar sequer. Num famoso combate Street Fight com Kurt Angle, no King of the Ring de 2001, estava planeado um spot em que Angle arremessaria Shane pela parede de vidro da entrada dentro, com um belly-to-belly suplex. Sim, pode confiar-se em Angle na execução de um suplex qualquer e não foi ele que falhou. Foi o maldito vidro que quis armar-se em duro e não partiu, fazendo Shane embater de forma feia e encontrar o chão com a cabeça. Atravessou o vidro à segunda tentativa, bump que já não é nada bonito. Mas acabava aí? Claro que não. Havia outro vidro, de outro lado, que também merecia a sua atenção ao ser partido de dentro para fora. E este vidro… Apenas parte à terceira! E o Shane que as aguente todas. O estado em que ele fica e a arrepiante imagem da sua expressão já falam por si. Pelo que se consta pelo backstage, para além de ambos performers serem recebidos no balneário com ovações de pé, diz que Kurt Angle apercebeu-se que o spot era muito perigoso e não ia resultar bem e quis cancelá-lo logo à primeira tentativa falhada. Mas quem é que, mesmo ali no momento, quis e insistiu para continuar e concluir? Exacto, já foi aqui dito, o moço era tolo!
5 – HERE COMES THE MONEY!
Estamos em Road to Wrestlemania e o Fastlane, com os seus momentos, não encheu as medidas. Têm que começar a fazer coisas que prendam um gajo. Ou que o façam saltar da cadeira. Os dois, se fosse fisicamente possível. A entrega do prémio “Vincent J. McMahon” abria o Raw e eu já a ver a léguas que era apenas um mero instrumento de heat. Até pensei que fosse para o Triple H mas era para outra história na qual ele não está envolvido. O prémio era para a sua adorada esposa pelo seu legado em… Qualquer coisa. O discurso que ela tinha preparado “só por acaso” nem começou a ser lido. Uma música familiar que já não ouvíamos há imenso tempo interrompe e levanta todos os rabos da cadeira. Música e dança! Shane O’Mac chega à arena! E vem armar confusão! Ou resolver confusão. É que acontece que ele ainda está na fila e acha que a irmã está a fazer um péssimo trabalho na administração da empresa. E depois de dispensar abraços e apertos de mão do pai, ainda lhe pede controlo do Monday Night Raw. Até que nem era mau! Mas este chateou-se, soltou uma asneirola das maiores, e impôs-lhe uma condição: que derrote Undertaker na Wrestlemania num Hell in a Cell que depois falam! Foi uma maneira de acalmar o povo que ainda estava exaltado com o regresso do McMahon que não querem tratar a estalo. É que… Já não sabiam muito bem que pensar em relação a isso. Fica o consenso de que o combate ainda possa estar aberto a alterações!
4 – Que comece a invasão!
Um importante ponto da sua carreira. Foi ele um ponto fulcral de um angle que, mesmo que mantenha a sua posição na história, podia ter sido muito melhor que o que realmente foi. Refiro-me, claro, à “Invasion”. História já se estava a fazer quando Vince McMahon se encontrava no meio do ringue pronto a anunciar o acontecimento histórico e surreal. Após anos de guerra a competir pelas audiências de Segunda-Feira à noite, Vince obtinha a WCW! No momento em que vai para o fazer, é surpreendido pelo próprio filho que tem um anúncio da sua parte também. E confirma a parte da afirmação do pai em relação ao nome no contrato… De facto, o nome “McMahon” lá constava… Só faltava o Vince! Já aí estava a plateia ao rubro mas Shane anuncia perante o chocado pai que era o novo dono da WCW! O resto é história. Contada de uma forma meia desconchabada, mas é história!
3 – De costa a costa!
Directamente relacionado com a entrada anterior. Todos bem sabemos o quão espectacular é uma manobra como o “Coast to Coast”. E Shane já usufruiu bem da dita acrobacia, mas tem sempre que existir um especial. E a primeira vez é sempre especial. Foi como fruto do segmento e história da entrada 4 que se desencadeou a rivalidade com o próprio pai, a culminar numa Street Fight na Wrestlemania X-Seven. Os velhos hábitos de pai e filho a tratar-se à paulada. Stephanie McMahon ainda se tentava meter ao barulho e o árbitro não podia ser um qualquer e o Jerry Springer deste conflito familiar era mesmo Mick Foley. Que até lhe deu uma ajudinha quando achava que tal era oportuno. É aí que Shane choca algum bom povo quando se coloca na posição, no canto oposto onde Vince jazia com uma lata bem perto das trombas. Faria ele mesmo aquilo? Conseguiria? Aquilo é uma manobra que se vê num RVD, não num filho do patrão! Mas fê-lo. Pinchou como um senhor e atravessou o ringue todo, acabando apenas com a lata amassada na cara do seu velhote. Venceu e qualquer coisinha deve ter ficado aí vingada!
2 – Sem asas
SummerSlam de 2000. Shane McMahon era aliado de Edge e Christian e isso compensava-o bem. Tinha conseguido vencer o Hardcore Championship a Steve Blackman! O rematch por essa bagunça de título deu-se numa Street Fight no SummerSlam. Aí já vem um padrão que se associa normalmente aos combates de Shane: não são combates comuns, mas sim brigas sem desqualificações, pelo mero facto de ele não ser propriamente um wrestler mas fazer o suficiente para andar à porrada mais livre; nesses combates acontece sempre alguma loucura de levar as mãos à cabeça também pelo mero facto de ser tolo varrido. Neste combate, confere. Andava o Blackman atrás dele com uma cana e este com pouco por onde fugir. Desata a escalar a torre do palco, ao pé do “titantron” porque, sabe-se lá por que razão, deve ser mais seguro lá encima. E o Blackman não consegue subir a coisas, parece. Esqueceu-se de tudo isso e ele lá desatou a subir atrás dele até que o apanhou e desatou a desgraçar-lhe as costas com a cana. Aconteceu o terror. Shane deixa-se cair de uma altura de cerca de 12 metros. Foi uma superfície boa para a queda, mas queria ver quem tinha os calhaus lá no sítio para uma queda daquelas, ainda para mais daquela maneira. E sabendo que depois ainda tinha que levar com o Blackman encima!
1 – Ou se calhar com asas, sei lá eu!
É, o raio do gajo deve gostar de sentir o ar a quebrar por baixo das nalgas ou é um admirador nato do trabalho da gravidade. Até é um momento semelhante. Porquê este na primeira posição e o outro na segunda? Digamos que vindo um momento de semelhante calibre depois, mas já voluntário, vende-se bem a ideia de que a loucura de Shane é McMahon também é outra coisa qualquer. Logo após o seu combate na Wrestlemania contra o seu velhote, tinha novas alhadas para o Backlash e, claro está, que não ia ser num combate de tapete. Um Last Man Standing contra Big Show! Não havia sossego para o rapaz. Mas não parecia querê-lo muito. A contar com a ajuda de Test, conseguiu ter Big Show a jazer para uma contagem. Mas tal não era suficiente. É que com o tombo que dera ali perto pouco tempo antes, não ganhou medo das alturas e voltou a subir. Agora já não estava de costas voltadas e estava disposto a saltar. Foi o que fez. Leap of Faith para cima de Big Show, numa superfície semelhante à da sua anterior queda, Test a ajudá-lo a levantar-se para vencer o combate e assim temos uma vitória à Shane. Em que primeiro vê-se se dá para acabar vivo e depois então trata-se do resto!
E são estes os dez momentos que tenho a destacar da rica carreira do outro McMahon menos envolvido. O McMahon a quem associamos mais coisas boas que asneiras, o que faz dele o McMahon que a malta gosta. Nas bocas da família em modo vilão, isso faz dele um “falhado” ou assim. Que o seja então. E que seja bem-vindo de volta, basta saber se nos trará mais momentos dignos desta tabela. E se já teve mais, é bem possível que tenha e deixo esse cargo para vós e para a vossa memória. Os comentários são sempre bem-vindos e encorajados, falem do que quiserem, até do que acham do seu regresso e do plano apresentado para ele. Como não penso andar aí a atirar-me do topo de postes de alta tensão como parece que este cavalheiro faria, pretendo cá estar na próxima semana com novo tema. Até lá fiquem bem, umas boas entradas em Março e uma continuação, já nesta etapa final, de uma boa Road to Wrestlemania!
5 Comentários
Óptimo Top Ten.
Ser filho do patrão mais atrapalhou do que ajudou ele, as lutas dele eram absurdas mas ele nunca chegou onde poderia pois era filho do dono e pegaria mal pro negócio.
e esta a carreira do shane o mac
otimo top ten, sem duvida vem em uma boa hora pra refrescar nossas memorias sobre esse McMahon que é conhecido por esses momentos que traz saldades.
THIS IS WRESTLING, FUCK THE PG ERA.
Muito bom.