Sejam bem-vindos a um novo Top Ten e adianto já que antes de seguirem este texto, devem colocar a mão sobre o coração e gritar a pulmão cheio “We, the People!” e saudar, em adoração, a bandeira das listas e das estrelas. Celebrou-se um recente 4 de Julho e o Monday Night Raw não deixou passar isso em branco. E isso diz-nos imenso respeito. É que ainda se ressaca de uma vitória de Portugal no Euro 2016 e ainda podem existir Portugueses em celebração e Franceses em desgosto. Mas o nosso foco é nos Estados Unidos porque claro que o é!
Mesmo em tempos em que a glória Americana do país da liberdade já não é levada tão a sério, com polémicas diárias e uma campanha presidencial de outro mundo, o próprio povo Americano já vai acordando para a paródia de si mesmo em que o país se consegue estar a tornar. Mas nada impede a WWE de se encher do azul, vermelho e branco para toda uma edição do Raw, mesmo que isso em 2016 já não tenha toda a gente para aí virada. Sempre fez parte da companhia e a partir daí mesmo, relembramos alguns lutadores que fizeram vida de adorar a sua bandeira.
10 – Dusty Rhodes
Não propriamente dos que mais agitam bandeiras, citam a Constituição e mandam embora qualquer estrangeiro que se queixe apenas de uma estranheza no sabor da água. Dusty Rhodes representava uma grande fatia do público Americano: a classe trabalhadora. Um mero homem do povo, alguém que não seria feito para estar num ringue, reduzido a trabalhos “de corpo” como um picheleiro, electricista ou trolha. Tinha seguidores e tinha uma forte mensagem positiva. Devia o seu sucesso à nação que o permitia. E assim se deu a alcunha de “American Dream”, o representante da legião de fãs da classe mais baixa. E que devia ser a classe que mais pagava para ver as suas estrelas favoritas, como Dusty, na arena!
9 – Jack Swagger
Por várias etapas passou este Swagger. Não me refiro aos seus títulos, já ninguém se acredita em vocês se disserem que ele já foi Campeão Mundial, mesmo que já o tenham visto. Refiro-me ao seu patriotismo. Inicialmente era apenas o “All American American”. Era a representar o país, pronto, mas era mais um título referente à sua modalidade que dedicação à pátria. Mas foi aí que pegaram para fazer o impensável. Torná-lo um patriota… Heel. Uma rara adaptação a tempos modernos e a abordar o lado mais negativo do patriotismo, que se fundia com nacionalismo, que se fecundava com racismo e xenofobia. Tiveram tomates, aí. Com Zeb Colter como porta-voz, era um patriota não-exemplar… Até chegarem estrangeiros maléficos – leia-se Rusev – e já está tudo bem, somos todos amigos, afinal ele é um patriota dos bons. “We, the People!” ainda proclama ele com a sua alcunha de “Real American”. Termo que ainda pode carregar implicações negativas do passado. Mas jobba com orgulho da sua bandeira e com boas memórias de partilhar o título de “Real American” com… um Suíço. Afinal cabemos todos!
8 – The Patriot
A sério? Imagino várias reuniões, por dias, semanas e meses a fio a discutir o nome para a gimmick de Del Wilkes, quando se cobria de patriotismo. Optaram por “The Patriot” que considero muito vago e que não acho que revele realmente qual é a cena dele. Coberto de “USA! USA! USA!” da cabeça aos pés. Podia muito bem ir enrolado numa bandeira e com cachorros-quentes a servir de ombreiras. A única maneira do Sr. Patriot ser mais Americano seria se levasse armas de fogo para o ringue. Brincadeiras à parte, aqui eram bastante directas as intenções. Nada mais se extraía deste personagem. Seria o primeiro classificado se… Alguém realmente se lembrasse bem dele. De facto não é das estrelas mais recordadas e o seu percurso pelas diferentes companhias de wrestling foi inconsistente. Nem mesmo a gimmick se mantinha sempre. Não sei do seu paradeiro actual mas ampliando os seus ideais nacionalistas, coloco a dúvida sobre a sua presença no Hall of Fame da WWE, ali para os lados da ala de celebridades, com o nome Donald Trump…
7 – Kurt Angle
Um passo à frente de muitos. Este não era só conversa. Este realmente ganhou algo de grande valor pelo seu país e ninguém o agendou ou escreveu. E fê-lo de pescoço partido. Medalhista olímpico, Kurt Angle nunca teve vergonha ou vontade de esconder a adoração pelo seu país e pelos seus valores, usando regularmente as cores no seu equipamento. E pode muito bem gabar-se com algo do género “o melhor wrestler de sempre é nascido nos Estados Unidos” que até se entendia. Num tom mais engraçado, algo a recordar em Angle será o seu período como Heel em que gozou com a plateia, afirmando que torceriam por ele independentemente do que ele dissesse. Nesse discurso afirmou os seus desejos de prender Jesus Cristo num Ankle Lock, ter a França como país favorito porque não há nada que um bom Americano tradicional deteste mais que apreço por outro país – estará Angle triste com a derrota? – e, indo mais longe, afirmando-se como não sendo fã dos Afro-Americanos. Todo o bom patriota pode mandar umas postas destas porque tem sempre piada, ainda para mais com o tom irónico e com a sua intenção!
6 – The US Express
Outros que talvez não sejam tão recordados hoje em dia, mesmo que ainda desfrutassem da sua notoriedade no seu tempo. E outros que andam ali num nível de mistério muito próximo ao do Patriot. “The U.S. Express” e eram dois gajos que só de olhar para eles e para a sua pinta, já lhes estávamos a ver a bandeira estampada na traseira, no lado e no capot do “pickup truck”. Tratavam-se de Barry Windham antes de ser um Horseman e Mike Rotunda, antes de se virar para o dinheiro e ser o I.R. Schyster. A idolatrar a nação porque era a década de 80 e a WWF sabia pouco mais. O mais curioso e a sublinhar sobre esta dupla? O seu tema original de entrada. Uma musiquinha lamechas mas orelhuda, composta por Rick Dirringer, de seu nome… “Real American”. Essa mesmo. Mais tarde reutilizada e associada a um tipo qualquer que dizem que se fez famoso nos ringues…
5 – Jim Duggan
HOOOOO! Nunca foi muito discreto em relação à sua nação. Uma tábua numa mão e a bandeira na outra. Com muita loucura à mistura. Mas o povo Americano identificava-se com ele e deixava-se contagiar pelo seu carisma e pelo seu abanar de bandeira. Para além da constante presença da “prop”, o momento mais alto do percurso patriota de Duggan tem que se considerar… musical. Isso mesmo. Na fantástica obra-prima “Wrestlemania: The Album”, lançada em 1993, de onde sai aquele épico tema que representou a Wrestlemania desde esse ano a 1998, o bom e velho “Hacksaw” Jim Duggan teve direito à sua própria faixa intitulada… “USA”. Com um refrão e uma letra nos mais altos níveis do imaginativo. Vão lá ouvir e esqueçam toda a vossa música favorita actual. Vai ser arrumada por completo!
4 – John Cena
É muito orgulho. Cena não era propriamente caracterizado pelo seu patriotismo como uma gimmick. Assim que deixou para trás a sua complexa criação de versos como o “Doctor of Thuganomics”, encabeçou e representou a companhia como um modelo a seguir, sem carregar uma gimmick propriamente dita. Era apenas um tipo muito simpático, muito bom coração, bem humorado e que ninguém consegue deitar abaixo. Entre essas características também se encontra o seu amor e dedicação à nação. Já carregou a bandeira, não falha uma continência, a sua relação com as tropas Americanas é de respeito e adoração mútuos e ai daquele que ouse desrespeitar a terra da Liberdade. Homem de valores. Pelo menos não quer despachar ninguém!
3 – Lex Luger
Lex Express!! Um caso forte. E veio do absoluto nada. Era ele um mero narcissista obcecado pela própria imagem e rodeado de espelhos no ringue quando se deu um desafio, no dia 4 de Julho, para conseguir a proeza de um bodyslam em Yokozuna. Luger veio de helicóptero, como um verdadeiro salvador e conseguiu ali uma amostra de slam. Suficiente. Nascia a estrela. Cobriu-se de azul, vermelho e branco. “America, love it or leave it”. O Lex Express percorria o país a espalhar a palavra do Uncle Sam. O tema de entrada. O tema de entrada! Todo Luger respirava Estados Unidos. Falhou a conquista do WWF Championship ao vencer por contagem no SummerSlam e celebrou como se tivesse vencido o cinto. Mesmo com uma estipulação que especificava que não teria mais chances ao título se não o conseguisse vencer. Estava confuso. E a recepção ao seu patriotismo também foi algo confusa. Pessoas gostavam bem dele mas não estavam prontas para tê-lo como Face de topo, como o novo Hogan procurado com desespero. E acabou por desvanecer e voltar para a WCW onde pouco ou nada importava de onde raio era ele natural.
2 – Sgt. Slaughter
Um homem que gosta bem do seu país e gosta bem dele na linha! O Sargento, que bem gostava de colocar todos na ordem, servia o seu país com orgulho. Orgulho militar. Sempre de bandeira ao peito, talvez onde se possa sentir mais o seu impacto em relação à sua proximidade com a pátria seja… Quando se virou contra ela. Naquele que ainda será o mais bizarro e arriscado angle, trabalhou-se uma Heel Turn para Sgt. Slaughter em que este se virou ao seu país e tornou-se um simpatizante do rival Iraque, com direito a montagens com Saddam Hussein e tudo. Bruto. Recebido calorosamente pelos fãs: apenas com ameaças de morte porque isto do wrestling era a sério na altura. A gimmick acabou por ser rompida por uma razão muito simples, para além da óbvia questão de segurança: era demasiado difícil para Slaughter manter aquela personagem. É que o Slaughter em ringue era o mesmo fora dele!
1 – Hulk Hogan
Claro. É ele o primeiro nome a vir à cabeça e é ele quem representa esta brincadeira toda. De patriotismo sabe ele. Ele carregava a bandeira com orgulho. Ele proclamava a palavra. Ele dava os bons exemplos aos miúdos. Ele lutava pelo país e enxotava todos os malvados estrangeiros que tentavam invadir a nação perfeita. Ele dava cabeçadas à bandeira Comunista. Ele era o “Real American”. Ele apanhava bronzeados falsos alaranjados a deixá-lo a parecer que dormiu dentro de um saco gigante de Cheetos. Ele metia-se em alhadas pela má utilização de calão racial polémico. Este homem sabe bem o que é ser Americano. E um bom Americano. He is the Real American, fights for the rights of every man!
E por aqui se ficam as adorações à águia. Com todas as críticas, defeitos e piadas, nada contra os Estados Unidos, claro. É um excelente país, gosto deles todos e dos seus variados e inocentes povos. E nada contra a França também, já desde a sua derrota na final, mesmo com a fraca atitude de alguns adeptos e já antes de mais um episódio hediondo de horror ocorrido nesse país. E viva Portugal, já agora? Vivam todos, viva o belo mosaico mundial! Pronto, não há necessidade de fechar o Top Ten a falar de bola ou de relações internacionais. É para se falar desta malta que aqui listei e para lembrar mais algum. Cantem lá a “Star Spangled Banner” uma vez para os agradar e façam por estar cá na próxima semana, assim como eu. Continuação de um bom Verão e boas férias para quem as estiver a desfrutar e parabéns aos Campeões Europeus e aos atletas Portugueses pelas suas conquistas em… Tudo, vá. Por aqui… É “We, the People!”
2 Comentários
Bom Top Ten.
Chris,uma sugestão para um top ten seria o que estão atualmente no roster e deveriam ser indicado ao hall of famer