Pronto, chega de cantoria e deixo a minha enorme vénia ao incomparável Arthur Brown pelo tema de entrada não oficial deste tão piromaníaco Top Ten. Sim, foi o assunto que lhe arranjei, não quer dizer que eu mesmo goste de brincar com coisas que me queimem. Muito respeitinho por este perigoso elemento.
Tudo porque agora parece divertido ser fã do Randy Orton. O gajo anda muito interessante! E, num daqueles actos mundanos, pega fogo ao barraco de Bray Wyatt num memorável segmento de fecho do SmackDown. Louco é ele por andar a pegar fogo a coisas. Mas será o único? Olhem que não, isto do wrestling tem muitas regras mas não os parece impedir de andar por aí a pegar fogo a coisas… Ou uns aos outros! Ora recordem:
10 – Evacuação!
Isto é que é maneira de começar a contagem. Para quê recorrer a segmentos planeados ou a spots violentos se o melhor/pior do fogo é a habilidade que tem de se criar por si? Nada de entretenimento pirotécnico planeado aqui, aqui recuamos ao Verão de 2012 e a um incidente em que a arena onde se realizaria o Raw quase pegava fogo! A zona do palco chegou a ganhar umas lavaredas suficientemente alarmantes para evacuar o recinto. Tudo se resolveu e puderam voltar e até brincar com a situação. Eram só umas lavaredazinhas brincalhonas, nada de estragos felizmente. Tendo em conta que era o Raw e era em 2012, até havia uma chance que o maior desastre acontecesse ali mesmo naquele ringue, durante o espectáculo, mas sou lá eu algum entendido…
9 – E agora, como vão para casa?
Se há alguém que se pode associar muito facilmente a estragos, esse alguém podia muito bem ser um conjunto de alguéns com o nome “D-Generation X”. Um grupo de homens adultos a fazer asneiras como rufias juvenis, porque a malta divertia-se às custas deles. Estragos era com eles. Até se meterem com alguém que também sabia qualquer coisa sobre o assunto. Talvez um Stone Cold Steve Austin, um gajo que faz um Stunner a qualquer coisa que se mexa, enche carros de cimento, rega meio mundo de cerveja… Que mal podia fazer ele? Pois… o desordeiro lá não era muito amigo dos DX e vingou-se na sua carrinha privada, largando lá um presentinho, que rebentou com o DX Express e o deixou em chamas. Falta saber se eles tinham seguro…
8 – “Human Torch match”
Se listarmos vários lutadores mais dementes cujo lado violento é o que mais os caracteriza em ringue, temos sempre que passar por Vampiro. Esse mesmo, o que comenta no Lucha Underground. Afinal, lá mesmo ele já andou a pegar fogo às coisas e ainda a comer as chamas! Com essas perigosas tendências, teve uma rivalidade com Sting em 2000 que, sendo no ano em que era, tinha que ter a sua parte confusa. Como a rapidez com que se passa de parceiro a rival porque SWERVE! O certo é que Vampiro e Sting rivalizaram e foi culminar no Great American Bash desse ano. Um combate normal não chegava. Street Fights são para meninos. O que era mesmo fixe era um “Human Torch match”, que Vampiro venceu, alcançando o objectivo que era… Pegar fogo ao Sting. Tantos gajos a treinar manobras durante anos quando simplesmente pode pôr-se o adversário a arder? Injusto!
7 – Apocalypto!
Este é recente e devemos muito aos Srs. Hardys por nos terem salvo a todos de uma catástrofe apocalíptica, desencadeada por um vulcão localizado na sua propriedade, o infame “Hardy Compound”. Se haveria alguém em quem confiasse o controlo de chamas, realmente seria Matt Hardy, aquele que meses antes, no Bound for Glory, andava a invocar fogo com as mãos, exclamando “Fueeego!”. Algum poder ele devia ter, dado pelos “Seven Deities”. Mas eles e muitos outros combateram ao pé do vulcão, voaram com a erupção, lutaram entre as chamas. Quem saiu pior foi o Crazzy Steve, pobre coitado que caiu no vulcão e foi expelido e projectado até ao ringue, onde jazia já queimado. Ah sim, não há nenhum devaneio aqui. Ainda estou a falar de um programa de wrestling e nem é dos mais esquisitos, é só o regular Impact Wrestling. Qual é a cena?
6 – Spear daqueles!
Ali pela altura em que Edge escalava ao estatuto permanente de “main eventer”, Edge sabia como proporcionar uma noite escaldante ali no ringue. E não, não me refiro a celebrações com a Lita porque isso nem chegou a acontecer, graças ao Cena que é um desmancha-prazeres. Para eles, não para mim, que isso são cenas deles e eu não sou nenhum depravado. Refiro-me mesmo a casos mais literais, como quando chegou à Wrestlemania, com Mick Foley, a planear dar um passo largo em frente na violência que era capaz de levar ao ringue. Foley não era nenhum estranho ao fogo mas aqui era a vítima. Lita foi a arsonista e Edge foi o que teve a tarefa ingrata de se atirar de cabeça pela mesa ardente dentro. Ao menos, levando Mick Foley pelo caminho. Uma descrição necessária porque nunca nenhum de vocês viu este Spear inúmeras vezes antes…
5 – O “Inferno match”
Um dos combates mais violentos em toda a WWE e que tenha agora caído em desuso, via uma estipulação tão simples quanto rodear o ringue de fogo com o propósito de queimar o adversário, nada de pins, submissões ou, obviamente, desqualificações. Parece brutal mas tem que se saber como o fazer porque o combate tem de tudo para não brilhar. Estarem rodeados de fogo que não os deixa sair, sendo o propósito forçar o adversário a tocá-lo limita o combate, ainda para mais quando estão todos com o máximo cuidado de não se queimar sem querer. É difícil acompanhar a acção no meio daquela lavareda toda. Na plateia, relata-se que para além da fraca visibilidade, é um calor infernal – ui, que pun – estar lá perto, causando mais incómodo e dificuldade em acompanhar um combate com uma história já difícil de contar ali dentro. Daí que só tenha acontecido um punhado de vezes e o classifiquem como “o combate mais sádico” para vender ainda a coisa. Mais recentemente, vimos uma variação, o “Ring of Fire match”, que nada tinha a ver com o hino de Johnny Cash, era apenas o mesmo mas com pins e submissões. Pelo sim e pelo não, o melhor é combater normalmente e com um extintor por perto para evitar estragos…
4 – Atsushi Onita/Tarzan Goto vs Sabu/The Sheik
Para este, recuemos uns anos, a uns tempos antigos para comprovar que isto é tudo tolo já há muito tempo. A FMW era uma variada companhia Japonesa que de vez em quando, muitas vezes, fazia assim algumas maluqueiras. E basta ver que nos integrantes deste combate temos o Sabu, logo a última coisa que devemos esperar é um combate de wrestling de tapete. Uma estipulação simpática, em que as cordas eram de arame farpado – experiência então repetida e sempre com Sabu por perto – mas regadinhas em gasolina e a arder. Onde está o perigo nisso? Vai correr tudo bem! Se calhar o mais perigoso… é mesmo o “Original” Sheik. Que decide levar uma tocha para o ringue, que larga e procede a pegar fogo a todo o ringue! Como isto não é para maricas, este quarteto fugido de um hospício achou que podia continuar e tentou proceder no ringue em chamas. Até que o sacana do ringue começou mesmo a derreter! Aí coube aos quatro lutadores fugir, dentro do possível, por entre as chamas para não ficar lá no meio chamuscadinhos. Não houve vítimas. Bem… Graves, isto é!
3 – Bye, Sister Abigail
O nosso caso recente, ainda presente nas nossas memórias e com gosto, até foi um segmento engraçado. Claro que a entrar por aqueles campos mais surreais da coisa mas porque não? Tinham os tipos ideais para o fazer. Após muita espera para que Randy Orton revelasse as suas verdadeiras intenções, ainda para mais com aquele encontro na Wrestlemania a bater certo, ele até chegou a ceder o seu lugar, para despistar, antes de revelar as suas cores. As suas cores, calhavam ser aquela bela mas assustadora combinação do amarelo garrido com tons avermelhados e alaranjados. Virou piromaníaco, o gajo. Num segmento digno de filme de terror, Orton confessa-se a Bray Wyatt, avisa que irá “matar” a Sister Abigail, apresenta uns close-ups de vermes recomendáveis a quem estivesse a tirar um lanche no momento, rega tudo em gasolina e… Promete ver Bray Wyatt na Wrestlemania. Acaba o SmackDown com um Wyatt em lágrimas e um barraco em chamas, perante um Randy em pose. Excelente, este Randy Orton. Já têm interesse na Wrestlemania ou como é que é?
2 – Estrugido de Vince
Este ainda é um dos nossos segmentos favoritos. Quem o viu na altura, foi surpreendido. Eternamente parvo mas com o seu encanto. E repeti-lo-ei para sempre, foi o Paul London. Aquele velho Raw em que o Vince McMahon andava estranho, sem o seu famoso andar pomposo e vigiado por todo um plantel que não se importava de lhe fazer a folha. E assim que entra na sua limusine – e uma perna volta a sair – KABOOM! Um dos segmentos e angles mais loucos e surreais que podiam ter amanhado, em que nos tentaram vender um Vince morto por um tempo. Isto é até outro alguém cujo nome se mantém sem mênção, quis brincar às mortes mais a sério e virou toda a companhia de pernas para o ar. Fica em nós a memória de um veículo de luxo a ir pelos ares, a reduzir-se a chamas, um Vince chamuscado e um Paul London sorridente.
1 – Kane
Sim, bem sei que este é um Top Ten daqueles que lista acontecimentos, segmentos e combates e não uma enumeração de Superstars, por muito engano que isto pareça. Mas sei bem o que estou aqui a fazer, Kane tem a sua própria entrada, como indivíduo porque a quem mais se associa fogo em excesso a não ser ao mais piromaníaco dos psicopatas daquele ringue, o “Big Red Monster” Kane? E já serve para rectificar aquela vossa preocupação ao longo de todo o Top Ten, quando pensavam “Então e aquele segmento do Kane?” “E aquilo que o Kane fez?” “E a entrada do Kane?” “Então e o Kane?” Pronto, assim é mais simples. Aqui está o Kane, com a sua própria entrada, o homem que controla o fogo com o seu próprio poder e o activa com uma “taunt” que só não foi recriada por alguém que leia isto que seja muito mentiroso. O gajo que veio de um trauma de infância em que perdeu os pais num incêndio. Sim, há uma certa associação entre Kane e fogo, já tinham pensado nisso?
Vá, pode-se apagar agora. Já não tenho mais coisas perigosas e fogachos a acrescentar numa lista tão quente como esta. Sim, também detestei esse trocadilho assim como qualquer outro que tenha aqui usado nesta tórrida edição. Lá está. Espero que tenham gostado, não vos acuso de piromaníacos ou arsonistas, é só uma listagem de acontecimentos que podem ter sido engraçados de se ver. Ou então são mesmo doentes e gostam de ver coisas a arder. Por aqui fico e na próxima semana já devo trazer algo mais ameno, espero eu. Acrescentem mais algo que vos venha a mente, tendo em conta que este foi mais um daqueles momentos em que tive que recorrer muito à memória e a alguma pesquisa vaga, pode faltar algo que vos diga imenso. Não me peguem fogo pela falta! Penso voltar na próxima semana, desfrutem desta etapa final da “Road to Wrestlemania”, fiquem bem e nada de brincar com fósforos!
2 Comentários
Mais um bom artigo, me lembro de ver Kane ascendendo uma churrasqueira no smackdown.
Esse segmento: https://www.youtube.com/watch?v=FOleDCa2UVw