Sejam bem-vindos à nova edição do Top Ten que vos traz um assunto daqueles que até dá conversa mas nem sabemos. No passado Monday Night Raw deu-se um momento peculiar em que assumimos que Ryback teria a sua corrida como Face mais curta possível. Afinal quase que dava numa corrida Heel mais curta ainda. Foi tudo uma jogada e, na verdade, Ryback estava do lado “certo” o tempo todo, apenas agia de acordo com os seus interesses. Senão até podia ser absurdo.
Absurdo mas nem tanto assim. A ideia de alguém fazer carreira a andar à roda não é nova e já muitos Superstars demonstraram a sua instabilidade no estatuto entre Face e Heel. O termo “Face Heel Revolving Door” vê-se por aí e é o que dá título a este artigo, mas o que eu gosto mesmo de lhes chamar é “porcos no espeto”. Alguns mais que outros, outros mais notáveis que alguns, mas aqui ficam dez casos de alguém que ganha logo os bichinhos carpinteiros por baixo do traseiro após muito tempo no mesmo sítio e tem que virar logo.
10 – Christian
Um veterano como ele já levou uma carreira longa, logo já passou por tudo e algo mais. Com certeza que já houve espaço para muitas Turns ao longo da sua carreira, mas foi nesta fase mais recente – e assume-se, final – que ele andava mais irrequieto. Para um lutador já veterano e consagrado como ele, não era difícil obter uma reacção de favorito a cada regresso e ficar Face. No entanto, lá vinha o gosto pelo seu desempenho como vilão e o “Captain Charisma” acabava por virar eventualmente. O curioso no meio disto tudo é a forma como ele pode obter reacções tão diferentes a partir do mesmo – “One more match” – e a naturalidade com que desempenha ambos. Desafio: de que lado terminou ele antes da sua retirada por lesão?
9 – Alicia Fox
Um problema corrente com várias Divas devido ao booking aldrabado do qual elas eram vítimas. Mas Alicia Fox podia muito bem servir de representação quando nós não fazíamos patavina de ideia do que era suposto ela ser. A cada semana podia ser uma diferente, dependendo do programa e da adversária e chegou mesmo ao ponto de ser questionada no seu Twitter sobre o seu estatuto, ao qual ela apenas respondeu que eram ambos. Porque realmente é o que parecia. Utilizada muito para encher combates de equipas femininos onde fosse preciso, era frequente vermos Alicia a saltar entre lados sem justificação ou Turn propriamente dita. Actualmente já parece ter estabilizado como uma Heel louca – a não ser que se considere o ataque da Paige uma Face Turn, se assim o quiserem é mais uma – ao engraçarem com essa sua personagem lunática e por existir, actualmente, um booking mais sólido e consistente na divisão de Divas. E ainda bem, a rapariga já devia andar tonta.
8 – Scott Steiner
Especialmente na WCW e na TNA. Queriam uma boa maneira de saber de que lado ele estava? Colocavam no programa e viam quem era o seu adversário de rivalidade e com que lado ele se aliava. Queriam uma maneira completamente inútil de tentar descobrir de que lado ele estava? A julgar pelas suas atitudes. É o Steiner. Limitava-se a aparecer e a ser o Scott Steiner simplesmente. Nada varia entre o Steiner Face e o Steiner Heel, o gajo pifado da cabeça é o mesmo e os comportamentos são iguais. Chega a um ponto em que já nem se deve saber o que chamar-lhe. E vem a solução mais fácil: Scott Steiner. Isso é ele sempre. Se quiserem mesmo definir-lhe um estatuto também podem tentar com cálculos, mas não sigam as lições dele!
7 – Layla
Mais uma Diva que nos deixa a pensar a cada aparição em que lado é que está. Uma boa maneira de saber qual o seu lado é quando a vemos a virar. Assim já ficamos a saber qual era a sua posição anterior e qual é agora. Para a semana é que pronto, ficaremos a saber se tivermos sorte. No entanto este seu caso é mais recente, tem sido nos seus dias presentes em que a ex-Divas Champion tem andado mais sem rumo, que não se sabe o que ela é. Se procurarmos um fio condutor, podemos tentar: era Heel quando se tornou bailarina do Fandango, virou Face quando andava a fazer-lhe a vida negra, aparecia como Tweener com Summer Rae, virou-se a AJ cimentando uma espécie de Heel Turn salvo seja e actualmente ainda vai aparecendo como vilã. E isto também pode variar a cada semana!
Nota: Já concluídas as inclusões de Divas fica uma nota em relação ao “Total Divas” cujo retrato negativo de muitas Divas Face deixa uma ideia confusa, especialmente quando transferem essa personagem para o ringue. Eva Marie, ainda não sei bem o que ela é. Mas a essa já nem me refiro a Heel ou Face, ainda não sei o que é uma Eva Marie!
6 – Mr. Anderson
Mr. Kennedy foi quase sempre Heel. E agora Mr. Anderson já parece ter acalmado e escolhido o seu lado. Até já é um Face acima de Face ao aliar-se ao herói de guerra Chris Melendez. É um Super-Face, com essa aliança! Mas em tempos foi tão indeciso como os oficiais da WWE em levá-lo ao main event. Se criarmos uma linha desde que chegou e ganhou o título Mundial até à destruição dos Aces & Eights – sim, vão uns anitos – vêem um caminho bastante conturbado. Se não tiverem uma cronologia de acontecimentos na cabeça bem definida ainda correm o risco de misturar tudo e colocar coisas encima de outras e trocas de lado constantes. Mas não é preciso muito, foi um pouco assim. A essência era sempre ser “asshole”. Mas agora já nem isso. Assholes não se dão com o Melendez.
5 – Austin Aries
Continuamos na TNA, o que se compreende, porque esta companhia também vê muito disto por lá – e nem falemos em dias de Russo. Este é outro que também temos que ver uma Turn para saber qual o lado em que ele estava antes. E muito se deve ao simples facto de ele já ter um próprio estatuto à parte – o de Austin Aries. O magarefe age sempre como ele próprio e mais ninguém. Consegue interpretar um espertalhão com a mania na perfeição, mas também o adoramos com a maior das facilidade e algumas das vezes até se pode associar a esses seus mesmos maneirismos. Será ele a definição de um “Tweener” já por natureza? Ou será ele mesmo um fruto da indecisão? Agora sabemos que ele é Face devido às suas constantes turras com o trio Heel da casa que outrora já teve poder e autoridade. Será Sol de pouca dura?
4 – Kurt Angle
Passemos muito rapidamente para uma breve explicação deste fenómeno: Kurt Angle é um espectáculo. E sim, é isso que está na origem da sua estabilidade. Mais na WWE do que na TNA, porque nesta última, na sua fase mais tardia, antes de se estabelecer como Face até agora, dava-se devido a booking defeituoso – meses numa rivalidade tão pessoal com Jeff Jarrett para virar Heel após a sua conclusão e juntar forças com os Immortal… onde se encontrava Jarrett. Só um exemplo. Na WWE, o procedimento era simples: Kurt é um estupendo Heel e não há pai para ele a jogar sujo, a ser provocador e a mandar farpas aos fãs. Um Heel que dá gosto ver e o problema é mesmo esse: dá muito gosto ver e não tarda nada e o público já está do lado dele mesmo que ele não seja fã dos negros, adore a França ou queira colocar Jesus Cristo num Ankle Lock. A Face Turn tem que se dar. Até nos lembrarmos dos seus talentos como vilão e nos fartarmos do Angle bonzinho. E entramos em ciclo vicioso. Já deve ter entrado na fase em que a sua carreira dita o seu estatuto e já é recebido como uma lenda – na TNA já é Hall of Famer. Mas nessa carreira, já muita voltinha deu ele qual carrossel.
3 – Lex Luger
Pois, não ia encher aqui isto de malta da WCW na sua fase final, senão não havia espaço para mais ninguém. E até podia muito bem chegar aqui e em vez de distribuir dez posições colocar apenas uma linha a dizer “Os gajos todos que estavam na WCW nos seus últimos anos.” Bookings desastrosos por Vince Russo e companhia davam nisso e da imprevisibilidade e surpresa caiu-se rapidamente no ridículo. Basta colocar aqui um senhor para representar esse desastre e Luger fica com o cargo. Porquê? Porque ele até já vinha habituado a essa festa. Na sua curta estadia na WWF teve apenas uma Turn mas até aí foi do 8 ao 80 – apresentado como um potencial entre os Heels de topo, saltou para um push para ser O Face de topo. Durante as suas estadias na WCW, era dependendo do lado da cama em que acordasse. Até leva uma marca muito simples: foi o homem que virou mais que uma vez durante um só reinado. Assim fica difícil para os fãs decidirem se querem que ele perca o título ou não… E um gajo nem sabe o que achar do reinado!
2 – Kane
Debatível para a primeira posição. Com tanto tira máscara, põe máscara, vira para aqui, vira para ali, é monstruoso e assustador, é engraçado… Um dia o homem dava em tolo e enfiava um fato e deixava crescer cabelo! Ora bolas, tarde demais. Talvez mantê-lo na Authority seja uma boa maneira de o manter de alguma forma. Mesmo que ande aí aos trambolhões para a malta se rir. Mas tentem lembrar-se do período conturbado em que regressou mascarado até aos Team Hell No e recordem a sua instabilidade. E isso só nos últimos anos, a sua vida foi disso. Era ver quem ele atacava, se ia para um pobre underdog adorado ou algum vilão a precisar de uma lição. Ou o Cena, considero isso uma categoria à parte, é a manobra Heel mais celebrada por fãs. No caso de dúvidas… É o Kane. Mas já nem esse é estável, ou é “Demon” ou é “Corporate”. Não há sossego.
1 – Big Show
Porque o senhor anterior só se discute com este aqui. A vida de Big Show é isto. Esperar pela próxima Turn. Agora até parece ter estagnado, talvez também já estejam a tirar proveito do seu estatuto de veterano. Mas o homem já deve ter dado quase tantas voltas quanto o próprio planeta Terra. Aqui também se culpa os talentos naturais do gigante: serve para um fantástico monstro, protector de Heels mais cobardes, abusador dos mais pequenos e que pode fazer o que quer simplesmente por ser gigante e intimidar. Por outro lado, virando a cara ao contrário irradia simpatia, tem o seu jeito para ser cómico e também serve para ser um bom protector dos underdogs mais admirados. Qual lado explorar? Ora essa, dá para todos, uma Turn por ano e há Big Show de todos os feitios para todos os públicos. E é a ele que mais se adapta o termo do título do artigo, ao ponto de serem já quase sinónimos. Primeira posição é-lhe entregue e ele que a aceite com um simpático sorriso. Até mudar de ideias e me desfazer os miolos a punho. Porque Big Show.
Com estes dez casos de indecisão concluo esta edição do Top Ten cujo tema irregular espero que ainda tenha sido a gosto. Convido-vos a comentar o assunto, os casos, o que acham de muitas Turns, se acham que estes dez são boas representações desse fenómeno ou se podia estar mais algum. Acrescentem quantos quiserem e dêem vida ao artigo. Eu lá tentarei voltar cá na próxima semana para vos brindar com mais uma contagem temática, não creio que venha nenhuma Heel Turn inesperada fazer-me mudar de ideias e abandonar. Até lá espero que fiquem bem e que se comportem. Sejam consistentes nos vossos comportamentos!
9 Comentários
“Eva Marie, ainda não sei bem o que ela é. Mas a essa já nem me refiro a Heel ou Face, ainda não sei o que é uma Eva Marie!” – pahahahah! Não tenho a certeza, mas acho que levas todos os troféus para casa, Chris xD
Excelente artigo.
Ótimo artigo.
Na próximo matéria vocês poderiam fazer sobre os melhores eventos PPVs da historia (pode ser qualquer companhia WWE, TNA,etc)
Entre o Big Show e o Kane não sei quem tem mais turns. Com o Kane chega a ser ridiculo, ora é face, ora é heel mas o personagem é sempre o mesmo. O mais ridiculo é ele agora ser apelidade de “Corporate Kane” mesmo pelos comentadores.
Muito bom artigo pena que só pode ser 10 pois faltou o Mark Henry!!
Até pensei nisso também, Bruno!
Falta ai o Mark Henry mas mesmo assim excelente artigo!
Ótimo artigo! Atualmente eu estou confuso sobre a Alicia Fox, parece que agora ela é face… ou não??? No combate dela com a Paige no último Raw parecia até que a Paige era a face, mas também com o público inteiro ao lado dela parecia mesmo.
Ótimo artigo, Chris!
É assunto pra bom artigo sim, e é algo que sempre me vem à mente. Conseguiste captar bem o espírito da coisa!
E o Big Show lá fez mais um turn! AHAHAH