Altura para mais um Top Ten, mais uma contagem de acontecimentos e não há muita forma de contornar o TLC que passou no Domingo anterior como importante referência para esta contagem. Não toco no assunto de ter permanecido inferior ao NXT Takeover que já tinha decorrido, e até pego no que houve de bem bom no PPV. Um Ladder match daqueles com Ziggler a brilhar e um TLC cheio de spots para encher o olho com a maluqueira de Dean Ambrose a ser protagonista. Grande combate. Chegam ao fim e fazem aquilo.
É um costume que esteve sempre lá e sempre incomodou, mas às vezes não o evitam: o mau final de combate. Tanto querem inventar para não fazer o combate acabar de forma clara e limpa que fazem uma borrada autêntica. Por vezes o combate já não prestava e aquilo só serviu como cereja no topo do bolo, outras vezes estraga um combate bom, como foi o caso daquele Tables, Ladders & Chairs. Acho que já perceberam o assunto da conversa. Recordem estes episódios.
10 – Undertaker vs Batista, Steel Cage, SmackDown 2006
O primeiro exemplo até é de um combate bom e até nem é de um final mal pensado. Foi mal executado. Era arriscado, correu mal e a plateia não engoliu totalmente. Muito se esforçaram por manter dois Superstars do calibre destes dois bem forte. E lá estavam a conseguir. Um combate de qualidade bem acima da média na Wrestlemania XXIII e um Last Man Standing no Backlash, que acabou com um empate em que só havia corpos no chão e nenhum “last man standing”. Chegava a Maio e eles ainda nisto e acharam que uma forma definitiva de resolver o assunto era dentro duma jaula. Mas queriam o mesmo final, mas na jaula, onde tem aquele objectivo de sair da jaula e tocar no chão. Grande erro: pô-los em corrida, um de cada lado. A ideia era os dois caírem exactamente ao mesmo tempo. O que aconteceu foi Batista atrasar-se um bom pedaço… E eles seguirem em frente com a mesma ideia, para forte e hostil resposta do público que não viu ali qualquer margem de dúvida. Bem nos tentaram convencer a nós, os inocentes telespectadores, com repetições simultâneas a mostrar ambos os lutadores a cair ao mesmo tempo… Até prestarmos atenção ao background do ecrã de Undertaker e vermos que Batista está lá ao fundo ainda praticamente a meio da parede da jaula. Distância escandalosa e o público incrédulo com a artimanha que tentavam tirar dali. Pode dizer-se que tinham boas intenções. Mas talvez a ideia já fosse xoxa. Isso do Batista cair ao mesmo tempo que alguém até podia já lhe ser familiar, mas corria-lhe melhor quando era sem querer e quando fazia alguém rebentar os quadrícepes. Perguntem ao Cena e ao Vince.
9 – Bret Hart vs Yokozuna, Wrestlemania IX
Posso dizer que se quisesse enumerar as coisas boas nesta desgraçada Wrestlemania, se calhar não conseguia encher o Top Ten. Ainda pessoalmente destacada como a pior, enquanto não está o repertório todo de Wrestlemanias vistos, havendo já noções das infâmias de outras. E acabam com esta nota, num finish de um combate que foi basicamente outro combate. E uma autêntica borrada. Yokozuna, o Heel monstruoso invicto, como assim andava a ser pushado há meses, recorre a uns truques sujos para conquistar o WWF Championship de Bret Hart. Quem é que vem reclamar? Ora Hulk Hogan, claro, porque aquilo é assunto dele. O que fazer a seguir? Improvisar um combate pelo título com Hogan para este vencer em segundos. Aquele tal “monster Heel” a ser pushado há meses. Levou com isto. Foi tecnicamente um outro combate em vez de um fecho. Mas foi o fecho da Wrestlemania. E uma autêntica desgraça para uma autêntica desgraça de PPV, que já tinha visto Hogan num outro combate com outro final por desqualificação de levar a mão à testa. Não importa porque deu para ele ficar meia hora a fazer taunts após os dois combates. Porque a Hulkamania vivia em 1993, nem que fosse à força!
8 – Jeff Jarrett & Eric Bischoff vs Diamond Dallas Page & David Arquette, WCW Thunder 2000
Basta dizer que foi o glorioso combate em que David Arquette se tornou World Heavyweight Champion. Nem era preciso mais nada, porque o estrago estava feito com a decisão, nem precisavam de fazer um final de combate assim tão extraordinariamente estúpido para fazer sangue escorrer dos olhos dos fãs da WCW que ainda restavam em 2000. Mas também é verdade que Arquette conseguiu a vitória com um pin sobre Eric Bischoff para ganhar um título que ele não tinha, por ser daqueles combates manhosos de equipas com um título em jogo, em que ganha quem conseguir um pin. Houve isso. E ele também ganhou o título ao DDP, que era o seu parceiro porque valia tudo. Pois, de facto, não houve nadinha que se aproveitasse aqui. Que surpresa!
7 – John Cena vs The Miz, Wrestlemania XXVII
Um caso ainda recente que permanece fresco na memória dos fãs da WWE. E nem é propriamente pelas melhores razões. Deve-se começar por dizer que a Wrestlemania XXVII está longe de ser das mais bem recebidas dos últimos anos e, com certeza, listando as da última década, esta é atirada lá para o fundo. Para além de pobres decisões na concepção e execução do card, havia como main event John Cena contra The Miz. Tal caiu como um murro na nuca dos espectadores que viam potencial abaixo de 0 em tal encontro, por muito bem que o tivessem vendido – era bem fã de Miz nesta altura e a construção que lhe deram em direcção a este evento agradou-me imenso. Mas, como esperado, o raio do combate nem descolou ou foi capaz de fazer juz à sua posição no card de um evento de tal dimensão. Para melhorar tudo, vão os dois para o exterior, pegam-se à bulha, viram da barreira abaixo e… Empatam por “count out”. Sim, foi tanta coisa para isso. A emenda seria o anfitrião The Rock mandar recomeçar o combate sem desqualificações ou contagens, atacar Cena e dar a vitória a Miz. Algo também mal esconchabado e a deixar um sabor agridoce. Um ano depois, estava The Rock a fechar outra vez o evento, desta vez ao enfrentar John Cena. E aí nos apercebemos que o main event de uma Wrestlemania teve apenas o propósito de promover o main event da seguinte. Bem jogado.
6 – Dean Ambrose vs Bray Wyatt, TLC match, Tables, Ladders, Chairs… and Stairs
Custou-me muito mas lá consegui escrever aquele título parvo que deram ao evento. Primeiro, as coisas boas que se tiram daqui. Deram o fecho e main event a esta história e a estes dois Superstars. Não podia estar mais satisfeito e têm que pensar que há vida para além do John Cena, já que nestes PPVs, há muita vida para além do WWE World Heavyweight Championship, abrindo a possibilidade de muitos main events. Escolheram bem. A outra coisa boa é o próprio combate que já ali estava a montar espectáculo do mais belo. Podia não estar a superar o combate Ladder de abertura, mas tinha um segundo lugar garantido à vontadinha. Vamos então estragar tudo! Vamos inventar um final que não ocorreria a ninguém. Se já estranharam que houvesse um monitor debaixo do ringue, o melhor ainda estava para vir. A tentativa de o utilizar, que fez com que o aparelho lhe explodisse na cara, permitindo a Wyatt ficar com a vitória. Brilhante. Tanto querem fazer de Ambrose um gajo maluco que mal pensa no que faz, que o fazem parecer estúpido, que nem sabe ver o comprimento de um cabo e que perde combates graças à sua burrice. Aplausos. E os desgraçados ali a destruir o coiro para culminar num final desses.
5 – Bully Ray vs Bobby Roode, Tables match, Sacrifice 2014
Ainda este ano. Foi rico nisto, parece. Num combate com todo o potencial do mundo. Bobby Roode e Bully Ray, dois talentos tremendos, de topo na TNA e com um respeitável currículo de combates de elevadíssima qualidade. Num cenário que podia dar para muita loucura extrema. Ora que até é uma situação parecida à anterior. Portanto a única coisa lógica a fazer é dar-lhe um final de dificultar o básico acto de fechar a boca. Tudo começa com um “ref bump” porque não há gajo mais sensível no mundo do que um árbitro de wrestling. A partir daí já nos cheira a manha. Mas melhor que isso foi o botch que se deu! Seria numa powerbomb, que o corpo de Roode derrubaria o oficial… Mas infelizmente, as contas correram mal e Roode passou muito longe… Mas não importa, vende-se na mesma. E lá vai árbitro a levantar voo com vento. Não estava suficientemente estragado. Quando Bully Ray estava pronto a esmagar Roode, interfere um técnico de ringue com um corpo demasiado miúdo e feminino. Que empurra Bully Ray por uma mesa dentro. Esse técnico era Dixie Carter que achava que enganava alguém, mesmo com aquele disfarce. Que nem fez assim tanto sentido, porque qual raio era a necessidade de estar disfarçada? Para interferir num combate, um técnico do ringue tem tanta razão e direito para estar ali como ela. Devia ser para o choque. Choque seria se um homem realmente tivesse aquele corpo. Ah e depois vem aquela parte. Em que se apercebem que é oficial que Dixie Carter já colocou o Bully Freakin’ Ray por uma mesa dentro. Que entre a digestão disso. De facto, um final de combate daqueles que dá vontade de um gajo se deitar um bocado.
4 – Undertaker vs Giant Gonzalez, Wrestlemania IX
Olhem a nossa amiga, a Wrestlemania IX! Eu disse que havia muita cagada para estes lados. E nem preciso de me focar no final, todo este combate entre Undertaker e Giant Gonzalez foi um autêntico desastre, toda esta feud, todo este indivíduo gigante que se vestia com um bodysuit peludo a parecer um El Torito gigante e sem cornos. E, para mim, a maior mancha na respeitável e lendária streak na Wrestlemania de Undertaker. Acabar? Na boa, streaks são para isso. Ter lá uma desqualificação parva no meio? Sabe a azedo. E foi o que aconteceu, uma vitória para Undertaker por desqualificação na Wrestlemania – e se fosse só essa em todo o evento… – após o gigante e imparável Gonzalez ter que recorrer a ilegalidades como… Clorofórmio. Ao que isto chegou. Clorofórmio num combate de wrestling. E nem era o Jerry Lawler num combate de Divas, era mesmo um gigante intimidador e supostamente imparável. A recorrer a armas como esta. Para deixar Undertaker com esta vitória manchada. Clorofórmio. Clorofórmio!
3 – Kevin Nash vs Sid Vicious, Powerbomb Match, Starrcade 1999
http://vbox7.com/play:ecb422aa
Acho que antes de dizer qualquer coisa que seja sobre o finish, posso apontar logo para a estipulação do combate. Exactamente, um “Powerbomb match”, combate que consiste apenas na execução de um move para chegar à vitória. Sem precisar de pin, basta executar uma manobra. Que até podia ser o finisher destes dois veteranos, mas mesmo assim. Acho que já era azedo que chegasse que houvesse um combate do alto card em PPV, cujo finish consistiria na mera aplicação de uma powerbomb. Mas não, senão nem era um combate em PPV, muito menos na WCW em 1999, se não inventassem. Um ref bump já nos avisa do que aí vem. Exacto, é preciso recorrer ao ref bump para um “Powerbomb match”. Com isto, Nash não conseguiu aplicar a manobra em Sid e teve que recorrer a tácticas sujas para derrubá-lo. Depois disso… Basta dizer ao árbitro que ele realmente fez a Powerbomb que o burro acredita-se. E não é que caiu mesmo! Melhor que um combate onde basta aplicar um move para ganhar, apenas um combate onde nem isso é preciso e basta dizer que foi feito. Assim dá gosto.
2 – Kevin Nash vs Godlberg vs Scott Steiner, New Blood Rising 2000
Se o problema deste fosse só o finish… Isto é já em 2000, logo já podem supor que envolvesse manias do Vince Russo. E também já devem ter percebido que o Nash andava muito à baila nestas brincadeiras. Bem, esta história ainda é aquela que considero o pior que o Sr. Russo já fez, ou seja coloco isto acima dos seus brilhantes bookings para Campeões – ver entrada 8 – para verem o bom que é. Isto foi na altura em que ele quis esfregar na cara de toda a gente que o wrestling era escrito e falava abertamente no assunto, durante o programa de TV. E fez mesmo uma história a envolver Goldberg a fugir aos guiões. Chegou ao cúmulo de marcar esta Triple Threat como “um combate a sério” no meio do card, sem guião. Nada como dizer durante o espectáculo algo que se traduza para “Tudo o que acabaram de ver foi uma fantochada, como vocês sabem, mas este é a sério”. Tirando a parte em que não era. E esqueceram-se que já tinham dito antes que era, porque Goldberg começou a fugir ao guião outra vez e recusou-se a levar com a Powerbomb de Nash, indo embora a meio do combate, a fingir um “shoot”. E assim acaba um combate. Seguindo o guião que dizia para fugir do guião daquele combate escrito que era o combate do card que não estava escrito. Com Goldberg a retirar-se e comentadores a mencionar a sua falta de profissionalismo – com o Steiner no ringue. Vão lá deixar uma marca da vossa testa na parede, vá…
1 – Ric Flair vs Hollywood Hogan, First Blood Barbed Wire Steel Cage match, WCW Uncensored 1999
Completa-se a teoria: o pódio é exclusivo da WCW. Que mais esperavam? E meu Deus, este combate. Este combate! Uma brilhante ideia que permitia mostrar o poder de Ric Flair como presidente da WCW. Acabou por ficar como um dos momentos mais parvos na história da companhia e da modalidade. Olhem lá para o tipo de combate. Nossa, cuida-te ECW, que isto é coisa da violenta! Tudo o que pode haver de extremo num combate estava aqui! Se acham que o problema é verem “First Blood” e “Barbed Wire” no mesmo combate, como uma forma parva de tornar as coisas fáceis, enquanto metem uma jaula inútil ao barulho, despreocupem-se que o problema nem é esse. Isto só tinha que ser muito violento! Vamos então ao final. Flair tinha poder e podia muito bem manipular o árbitro. Tudo bem. “First Blood” e “Ric Flair” na mesma frase até parece redundante, Flair não precisa disso para abrir a torneira da testa. Então pronto, Flair sangrou mas com um árbitro corrupto, não perdeu o combate! Ora, nem é assim grande problema. Talvez o maior problema seja… Flair ter vencido por pin fall! E precisar de uma contagem rápida! Num First Blood! Regras distorcidas pelo então presidente da WCW para vencer? Talvez, nem é assim tão mau. O que deita tudo abaixo é mesmo o árbitro não contar os pins de Hogan… Como se fosse sempre suposto haver pin. Pronto, confusão à parte, basta ler esta definição do resultado, que já está registada nos livros de história de wrestling: Ric Flair venceu um combate First Blood por pin fall, enquanto ensanguentado!
Com dez momentos geniais de bookings vos deixo. Para que pensem sempre que vêem um final relativamente parvo: podia ser pior, podia ser como estes. E podia, não duvidem, eles são tolos, têm aqui provas. E existem mais, o que é o mais bonito e até confio isso a vós, se conhecerem mais casos. Isto até é divertido. Eu por cá fico e o artigo agora é vosso, espero que, pelo menos tenha sido a gosto. Na próxima semana não estarei cá, mas tentarei retomar ainda na seguinte com algum tema reflectivo do ano provavelmente, ainda está a ser pensado. Até lá, deixo os meus sinceros desejos de umas boas festas e que passem um bom Natal, ou o que celebrarem, na melhor companhia e com tudo o que queiram e precisam. Que seja um grande final de 2014 para uma ainda melhor entrada em 2015! Fiquem bem e um forte abraço de Boas Festas!
7 Comentários
Excelente trabalho, Chris.
Nao sabia deste combate entre o Flair e o Hogan, só sei que me desfiz a rir a ver ahahah
Excelente artigo, a seguir ao do Tarver deve ser o melhor mesmo xD
Faltou o hardcore match de Sting vs Abyss em que o Abyss ganhou por DQ, True Story
Mentira,não é possível. Isso para mim leva a taça da estupidez xD
Ótimo artigo, Chris. No próximo episodio poderia ser sobre os grandes (ou nem tão grandes) momentos dos RAWs especiais de natal
O Russo não se ter lembrado de um Ric Flair vs Kevin Nash num bra and panties match, dentro de uma jaula num camião em movimento a acabar por pinfall com o Flair ensaguentado, já nós podemos dar-nos por satisfeitos.
Dream match: Gian Gonzalez vs The Great Khali!
Desconhecia o primeiro classificado… Que decadência! Parece que faziam de propósito para a companhia falir o mais rápido possível. Muito, muito triste.
O 5º classificado foi das coisas mais engraçadas que vi no Wrestling, o 9º faz com que o meu sentimento pelo Hulk Hogan seja ainda mais intenso e o10º classificado faz-me sorrir, visto que deu aso ao segundo cash-in do meu wrestler favorito. Engraçado como o JBL começa por dizer “not this way, dammit!” e acaba a defender o que o Edge faz…