25º Edição do Wrestling, Diz Ele e esta semana o tema é bastante explícito. Depois de na semana passada realizar um artigo à pressão e com pouco conteúdo, esta semana decidi adoptar a estratégia de sempre e contar com um artigo internacional e combiná-lo com a minha própria opinião. Vamos então aos dados.

65 Atletas Masculinos. 13 Atletas Femininos. Estes são os números a ter em conta, do roster principal da WWE a 12 de Outubro de 2013. Mais ainda, apenas acerca de 50 destes estão efetivamente na TV com alguma regularidade.

Comédia. Do latim comoedĭa, uma comédia é uma peça de teatro que apresenta cenas e situações maioritariamente humorísticas ou, no mínimo, divertidas. As comédias procuram entreter e divertir o público, dando-lhe vontade de rir, sendo que os finais costumam ser felizes. A comédia é também o género que agrupa todas as obras com essas características.

A questão a colocar é efetivamente uma: e quando a comédia começa a ser um problema? Qualquer pessoa que perceba um bocado de negócio até pode argumentar que a comédia seria um fator emergente de lucro, de catividade de massas, mas o facto é que qualquer estudo de mercado da sociedade em que vivemos, e especialmente dentro da WWE, demonstraria que a comédia está a começar a roçar o ridículo e o sujeito que a realiza ou se demarca do restante, ou então é um flop total, mais um fracasso que acaba por arrastar realmente todo o interesse dramático que possa coexistir.

Wrestling, Diz Ele #25 – Comédia a mais?

Assim, é perfeitamente lógico afirmar-se que existem demasiados palhaços no circo da WWE atualmente. Monstros como Kane (que até já sucumbiu para com o vírus da comédia McMahoniana), e mais recentemente Bray Wyatt, têm realmente dificuldades de encontrar adversários sérios num mundo aparentemente dominado por dançarinos e comediantes. A WWE é simultaneamente uma demonstração de atletas envoltos em rivalidades dramáticas e um ridículo para os fracos de coração.

O grande problema é que o balanço destes dois elementos que supostamente deviam viver mais do que em simbiose perfeita, está completamente com os shakras desalinhados. Muito por culpa da falta de visão dos bookers? Verdade. Continuo a dizer, a WWE deveria proceder a um estudo de mercado imparcial e acredito que muitas das teorias que são avançadas nas reuniões de planeamento semanal nem sequer seriam propostas.

Sim, segmentos cómicos são necessários para contrabalançar com o drama de algumas rivalidades como Heyman vs Punk, ou mais recentemente, Rhodes Family vs McMahon Family. A isto chama-se manter o interesse dos espectadores. É necessário proceder-se a limpeza mental para evitar “aborrecimentos”. E é para isto que servem Santino Marella, os 3MB ou Brodus Clay e Tensai. Mais ainda, atletas como The Great Khali, Fandango ou mais recentemente Fernando e Diego, Los Matadores.

Números? 18% do roster atual da WWE é reservado para momentos de comédia. Alguns wrestlers comediantes? Compreensivel. Praticamente 1/5 do roster? Exageradamente ridículo. E isto se para alguns pode não ser considerado um problema, pensemos então em termos de rivalidades. Quem consideram adversários legítimos para os The Shield? The Usos, possivelmente até Cody Rhodes e Goldust depois do Battleground num futuro, ou mesmo os Prime Time Players. E se falarmos de outras duas equipas como Los Matadores ou Tons of Funk? Acham que The Shield vs Tons of Funk daria um bom combate no Hell in a Cell? Survivor Series? Wrestlemania? Audiencias? Pois…

Isto foi facilmente verificado no mais recente Night of Champions (que só por si foi uma comédia) no Tag Team Turmoil Match. Com cinco equipas a competir, os fãs sabiam que duas equipas não sairiam vencedoras: Tons of Funk e 3MB. Seria igualmente ao Arouca vencer o Campeonato Nacional de Futebol por exemplo… Agora, sim, sem qualquer dúvida, o booking é realmente algo complicado quando se tem de gerir egos, manias, e 1/5 do roster reservado para “comic-relief”, passo o estrangeirismo.

Mais ainda, se considerarmos que os atletas que referi seriam excelentes no midcard noutra gimmick (não se esqueçam que na década passada, Khali foi Campeão Mundial e aterrorizava indivíduos como Batista e Undertaker) e poderiam ser sérios candidatos ao Título Intercontinental por exemplo, o caso muda de figura. 1/5 volto a referir.

Agora outra questão problemática é quando nos deparamos que estas personagens de comédia por muito que sejam necessárias para aliviar o sistema, estão a deixar outros atletas fora do baralho a diga-se “ocupar espaço”. Estão arrumados. Casos como Curt Hawkins, Camacho, Hunico, JTG ou até Big E Langston que nas últimas semanas tem menos destaque do que o El Torito Matadore.

No melhor dos casos, a WWE é realmente uma autêntica viagem ao cinema. Drama, comédia, sangue, guerra, histórias e desavenças entre famílias, obstáculos, traições, romance, thriller, sobrenatural, e super-heróis. Tudo em algo menos que 7 horas semanais. A questão é que talvez o que alguns membros da WWE pensam que é “best for business” passo a expressão não será bem assim.

A companhia precisa de momentos de aliviar o sistema, momentos cómicos diga-se, mas não deveria focar-se neles, correndo o risco de no futuro não ser ela própria levada a sério quando membros de peso precisarem de se afastar e restarem apenas a “nova leva” ou nova fornada que está a ser preparada naquela que considero a melhor decisão que veio de Stanford: NXT.

Com os ratings da RAW a atingir dimensões históricas negativas, acho que é tempo de haver uma reformulação da equipa técnica, de tomarem decisões arriscadas, de claramente deixarem os fãs na ponta das cadeiras tomando decisões que de tão esperadas que são se tornem inesperadas, e claro com um misto de surpresa e imprevisibilidade, que sabemos que a WWE é capaz na hora da verdade. Se não o fizer? Por muito que estejamos em Outubro arrisca-se a ter o pior Road to Wrestlemania dos últimos tempos, e especialmente, no 30º Aniversário.

Mediação. Balanço. Estudo. Política do MEP. É o que a WWE precisa.

10 Comentários

  1. Gostei do artigo, embora a mim os segmentos de comédia não me façam qualquer espécie de comichão.

    1/5 pode ser muito, mas, por outro lado, quanto tempo de antena têm esses “comedy-acts”? A meu ver, pouco. O suficiente. Para aquilo que serve, é o ideal…

    • será? O tempo de antena que têm ou o facto de serem muita vez mal planeados tornam o próprio segmento ridículo as vezes!

  2. Até não sou contrário aos momentos de comédia, mas confesso que ter 20% do superstars a estarem em segmentos de comédia é um pouco exagerado, pois nomes como Brodus Clay, Tensai e Great Khali, que foram grandes bestas da WWE, hoje limitam-se apenas a momentos de comédia.

  3. Luiz Just11 anos

    Como você disse várias antigas “bestas” estão se rebaixando a comédia, eu fico pensando o que acontecerá com algum membro da The Shield quando eles se separarem ! Eu penso que algum vai virar um palhaço !

  4. Os 3MB e o Santino sao top para isso sem duvida!! Mas sinceramente o Clay e o Tensai só conseguem ser irritantes e sem graça pelo menos para mim!!

  5. Kiko11 anos

    ate nem acho que os momentos de comédia interfiram muito na wwe , acho que é algo positivo , mas realmente , em demasia incomoda…

  6. Chakras*

  7. DirtCrit, gostei do artigo, mas discordo com o fundamental. Nao acho que os segmentos de comédia estejam em demasia (embora nao me espante se tal acabar por se verificar) e sinceramente a quantidade dos mesmos nao me incomoda muito. Para mim o grande problema é mesmo a falta d interesse dos que existem, pois a maior parte dos segmentos de comédia nao me faz rir. E assim sendo, se n ha comédia, (pq é mal feita, mas essa é a minha opinião, claro) a coisa torna-se totalmente desnecessária. Gostei de teres falado num tema que acho que ainda ninguém tinha abordado por estes lados. Bom trabalho.

  8. Ricardo Silva11 anos

    Vou pegar no teu comentário e melhorá-lo, If I may try 🙂

    A qualidade dos mesmos efetivamente me incomoda. É possível, em pouco tempo, obter segmentos de comédia absolutamente brilhantes desde que se usem os homens certos para os momentos adequados. Perfect example right here:
    http://www.youtube.com/watch?v=s4V2PRZjF3I

    Este segmento foi simplesmente perfeito. Interessante, divertido e mais importante que tudo, FRESCO. Este segmento, na altura, levou-me ao passado e àquela espetacular maldade que os RatedRKO fizeram aos DX: http://www.youtube.com/watch?v=CnkD5DGmWfE

    Aliás, este segmento não só foi de comédia brutal (quem não se riu com a dança do Orton ou quando o Edge caiu para trás, definitivamente, não tem sentido de humor), como serviu para iniciar uma rivalidade!

    O meu ponto é: IT CAN BE DONE! Tem é de ser devidamente planeado e sem se recorrer ao constante e cansativo uso como se tratasse de roupa interior.

    Quanto ao artigo, Parabéns DirtCrit por abordares um ponto verdadeiramente interessante que a WWE tem tornado tudo menos exatamente interessante. Até porque tu próprio conseguiste um segmento de comédia bem sucedido: “Acham que The Shield vs Tons of Funk daria um bom combate no Hell in a Cell? Survivor Series? Wrestlemania? Audiencias? Pois…” – Ahah bloody brilliant!