1 – O slam ouvido pelo mundo inteiro
Nem será só o momento mais mítico da história da WrestleMania, poderá sê-lo mesmo da história do wrestling. Que realmente definiu o espectáculo e a emoção que é essa arte que funde o desporto com o entretenimento – como trabalhar para um só momento que leve uma plateia completamente ao rubro.
Em 1987, na WrestleMania III, história já estava feita antes de lá chegar: a rivalidade que se construiu até lá, a Heel Turn de Andre the Giant, a colisão de titãs que se apresentava, pelo WWE Championship, no main event. A força imparável a colidir com o objecto inamovível. Era um evento que se vendia sozinho só com a imagem dos dois em disputa: Hulk Hogan e Andre the Giant. A Hulkamania estava no seu pico, mas Andre the Giant não estava propriamente nos seus inícios ou no seu prime, e já apresentava algumas dificuldades físicas. E os dez minutos de combate que antecederam ao grande momento já poderão ter sido aborrecidos para fãs que não estivessem na plateia ou não fossem pequenos Hulkamaniacs a roer as unhas… Hoje em dia se calhar já passam por sofríveis.
Tal fenómeno foi reconhecido. O combate não foi bom. Foi um não muito rápido jogo do apanha, com acção pouco corrida. Era tudo construção para o grande clímax mas não estava a sair lá grande coisa. Em retrospectiva, já será de compreender que muitos exclamem “andem daí!” para chegar àquela parte. Que até é muito banal para os dias de hoje. Um powerslam. Manobra regular. Mas este não foi um slam qualquer, foi o tal ouvido “all around the world,” no qual Hulk Hogan faz uma demonstração da sua força e levanta Andre, o tal objecto inamovível, um gigante, e consegue aplicar-lhe a manobra, provando que não era assim tão “underdog” como parecia. Para sempre imortalizado, é imagem de estátua num Hall of Fame referente à WrestleMania. Por muito esquecíveis que sejam os longos minutos que o antecedem.
Aí está o último Top Ten antes da WrestleMania, claro que ainda haverá falatório depois, especialmente depois de termos visto mais uma. Portanto por aqui, a “Road to WrestleMania” por acaso continua por mais um bocado. Até lá, enquanto ainda antecipam o grande evento do fim-de-semana, ou melhor, toda esta semana que começa já hoje, podem comentar isto por aqui. Comentem estes momentos que recordem, relativizem lá a relação entre “combate” e “momento” e até podem defender alguns dos combates que aqui se encontram a ser um pouco rebaixados. É o costume.
Também costume é dizer-vos para estarem cá na próxima semana e volto a fazê-lo, mesmo que ainda estejam ressacados da WrestleMania. E o assunto ainda é esse, mesmo que não dê para falar desta trigésima-sétima edição em concreto por ainda não ter sido vista na altura da escrita de toda esta disparatagem. Mas sabemos que anda lá um Bad Bunny a fazer qualquer coisa, quem sabe e o moço até se terá desenrascado. A seguir o exemplo de outros. Sim, que isto de trazer malta de fora é um costume velho. Mesmo que uma grande parte ainda sejam atletas, há de tudo: venham cá recordar dez celebridades que competiram na WrestleMania. Subir lá ao ringue mesmo!
O que também é costume, já que é assim que se fecha esta edição, são os desejos de uma boa semana e muita saúde e o apelo ao cuidado e ao racionalismo nestes tempos que correm que, mesmo sendo de recuperação, ainda não são para baixar a guarda. Custa que isso ainda seja, e se tenha tornado, um costume, mas cá estamos.
Fiquem bem, muita força e uma boa WrestleMania a todos!
4 Comentários
O primeiro lugar demonstra bem o que o wrestling mudou, um “simples” powerslam levou o público ao rubro e é um dos momentos mais icónicos de sempre.
Hoje um lutador saltar de uma escada para cima de uma mesa enrolada em arame farpado é só mais uma move que talvez nem acabe com o combate.
Não sei se é melhor ou pior, mas sem dúvida diferente.
O storytelling de antigamente era bem melhor.
Como sempre, excelente.
Muito bom!