9 – Leap of Faith
Pode-se defender o combate dentro daquilo que foi e talvez das baixas expectativas. Mas essas baixas expectativas já dizem muito: o que esperar de um combate entre Undertaker, fora e longe do seu prime, do seu topo, e Shane McMahon, que desenrascava-se sem ser wrestler propriamente dito e, mesmo assim, já não o víamos há uns anos?
Tudo num combate de meia hora – já aí excessivo – foi reduzido a um momento. E, vendo bem, acaba por ser de modo geral o que define a carreira de Shane. Não é exactamente um wrestler, mas também não quer ser apenas o filho do patrão e então faz umas impressionantes demonstrações de dureza. E a sua carreira é isso, atirar-se de coisas e por coisas dentro. Relacionando esta entrada com o Top Ten da semana anterior, também não teve assim alguma construção extraordinária. Vince chateia-se com o filho e obriga-o a lutar com Undertaker e mete-o dentro do Hell in a Cell como castigo porque já é muito crescido para palmadas no rabo. Nem sequer havia assim grande feud entre Shane e Undertaker, era entre Shane e o pai – outra vez, que eles já colidiram na WrestleMania antes. Mas porquê um Hell in a Cell? E aí lembramo-nos do que foi a sua carreira. O que é que ele ia fazer com a Cell.
Todo o combate foi a construir nessa direcção. Muitos defenderão a dizer que foi suficiente, alguns aclamarão a experiência que ambos têm em psicologia e storytelling em ringue e não está errado. Não deixou de ser um combate arrastado e até os apologistas deles cederão na hora de destacar qual foi o momento que fez isto tudo. Quando Shane subiu para o topo da jaula, benzeu-se e fez o que Shane faz: atirar-se de coisas. Lá foi ele pela mesa dentro, num enorme momento arrepiante capaz de agitar e levantar qualquer plateia que estivesse aborrecida com a acção lenta que o antecedeu. Só perdeu algum brilho quando Shane o voltou a fazer, já em feud com Kevin Owens, mas pronto, há um limite de coisas de onde um gajo se possa atirar, realmente…
4 Comentários
O primeiro lugar demonstra bem o que o wrestling mudou, um “simples” powerslam levou o público ao rubro e é um dos momentos mais icónicos de sempre.
Hoje um lutador saltar de uma escada para cima de uma mesa enrolada em arame farpado é só mais uma move que talvez nem acabe com o combate.
Não sei se é melhor ou pior, mas sem dúvida diferente.
O storytelling de antigamente era bem melhor.
Como sempre, excelente.
Muito bom!