3 – Chris Jericho & Kevin Owens
Jericho, um natural “magnificent bastard,” interpreta o Heel manhoso com a maior das naturalidades, um talento nato. Aparece aqui pela segunda vez e pela segunda vez é ele o traído. Afinal ele também dá para ser alguém por quem sentimos pena e compaixão. Ou então só lhe aparecem duques piores do que ele próprio.
Jericho e Kevin Owens eram uma dupla estupenda, de uma química que muitos apenas sonham. Capazes de ser dos mais temerosos vilões com talento nato para o escape cómico. Ainda por cima na era em que Jericho andava sempre munido com a sua listinha. A lista negra pessoal, chamemos-lhe assim. E juntos criavam ouro. Podem não ter ganho ouro mas passavam imenso tempo juntos e apoiavam-se em ocasiões de títulos singulares e eram entretenimento garantido. Tom Phillips era um dos seus principais alvos de bullying cómico, a realçar a capacidade que ambos têm de desenvolver fantástica química até com quem os entrevista. Eram os nossos vilões favoritos, muito simplesmente. Nada estragaria isto. A não ser um deles para seguir por outra vertente.
Foi naquele trágico “Festival of Friendship.” Um festival da amizade, que coisa tão bonita, que nos faz logo largar umas risadas, ainda antes de vermos a endumentária do feliz e risonho Chris Jericho. A sua alegria era contagiante. Como quem diz que o que aí viria ia doer ainda mais. Quando Jericho não esconde a sua confusão perante o seu próprio nome estar na sua suposta nova lista, a câmara mostra-nos e à plateia que aquela afinal era a “List of KO.” E ali, naquela inocência que Jericho vendeu tão bem, podemos recorrer ao clássico clip dos Simpsons em que Bart para a gravação quando Ralph Wiggum é renegado pela Lisa em TV em directo. Também ali dava para identificar o preciso momento em que os nossos corações, e de toda a gente no público, se partem. KO conclui a sua traição com o ataque violento e acabava-se a dupla. Começava a rivalidade, porque continuava a haver muita coisa para extrair. Apesar de tudo, deu para o torto, já que isto chegou à Wrestlemania mas o seu pouco destaque e baixo posicionamento do card foi um dos factores que iniciou a fracção na relação entre Jericho e a WWE, de estado ambíguo até o vermos no Japão a confirmar que partiria para outra. Para quê? Para renascer e reinventar-se mais uma vez. A mestria de tipos que vendem um segmento como este e desta forma.
7 Comentários
Ia falar do momento Mark Henry e John Cena, não foi bem uma traição pessoal porque foi montado em 10 minutos para depois sim haver uma mino-traição, ao contrário destes casos que implicam um build up maior, mas pelo tema da próxima semana já vi que vai lá estar de certeza
A traição do KO ao Jericho acaba por ser uma espécie de efeito borboleta.
Aquela feud era para acabar na Wrestlemania, como acabou, mas não pelo título dos Estados Unidos, era pelo título universal, ganhasse Jericho ou KO mantivesse o título, nunca perde-lo antes para Goldberg.
Não aconteceu, Jericho começou a fartar-se daquilo, ainda teve uma aparição meses mais tarde, foi para o Japão e foi a grande figura do início da AEW, Moxley já admitiu que sem Jericho nunca teria ido para lá (pelo menos tão cedo)
Seria sensacional o Jericho venceslndo a Rumble em 2016
Sasha banks & bayley 2020 🤡
A traição dos The Shield chocou-me ainda mais porque foi o Seth Rollins a trair o grupo. O pessoal já esperava que um dia estes iam separar-se, mas acho que a maioria pensava que ia ser o Dean Ambrose a fazer o heel turn e trair o grupo. Lembro-me que até o Dean Ambrose e Roman Reigns andavam com zangas, e depois era o Seth Rollins que os tinha de acalmar. Mas do nada… o Seth Rollins é que trai o grupo e o seu personagem fica ainda melhor. Excelente momento, excelente construção de personagem.
Mas jovem, como te chocou sendo que já era óbvio isso?
Aí você forçou falando que isso foi ”excelente”. Menos, bem menos…
Era óbvio ser o Seth Rollins a trair o grupo e ser naquele momento? Se a ti era. Bom para ti (acho eu). Na minha opinião foi um excelente momento. Se não o achaste paciência. Mas não digas “menos, bem menos” só porque achei o momento excelente. Foi tão bom que até hoje é relembrado.