2 – Hulk Hogan
Hoje já nem é tanto. Hogan já derramou bastante sangue, até é um pouco um grande representante daquela ideia já aqui apresentada do underdog babyface jorrar sangue para maior simpatia e vulnerabilidade. É fácil imaginá-lo de cara tingida pelo próprio sangue, já o vimos imensas vezes e até se adaptou bem à loucura da década de 90, enquanto competia na WCW, ao fazer umas loucuras assim mais carregadas. Até no combate hilariante com Shawn Michaels a dar-lhe baile ele sangrou. Mas, e antes disso?
Antes disso era a principal cara do wrestling mais familiar, o herói mais ao estilo desenho animado, carregava um produto muito voltado para a miudagem. E combatia, com quanto violência desse, por vezes até ia um pouco mais longe, sim. Mas… E se for mesmo essa a estória do combate? Quase como Hogan a ser lançado para um perigoso território desconhecido, a ter que se impor e sobreviver num combate onde as regras são bem mais flexíveis e a violência maior até é encorajada. Foi em Madison Square Garden, em 1987, e defendia o WWE Championship. O seu adversário era Harley Race, brigueiro nato e quase que se vendia ali a ideia da colisão de eras e companhias. Era um “dream match” facílimo. O tipo de combate que puxava à compra de bilhetes? Texas Deathmatch. Eh lá!
Claro que aqui temos que ajustar as coisas aos tempos. Tipo olhar a lucros de antigamente, ajustados à inflação. Claro que em 1987, um tal “deathmatch” era muito diferente de hoje em dia. Não, não esperem o Hogan a atravessar lâmpadas florescentes e ter paus de espetada a ser-lhe enterrados na testa. Claro que na altura era diferente e hoje até parece uma brincadeira. Mas a situação era mesmo essa, era isso que queriam vender. Era muita da razão para que se pagava. A surpresa e curiosidade de ver o heróico Hogan, num cenário que aparentemente lhe desfavorecia, a ter que se superar, em resiliência e em violência, para vencer um veterano e prosseguir o seu percurso heróico. E conseguiu-o. E depois até nem lhe custava nada ser um bocado mais tolo.
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