10 – O bom raptor
Mas há aqui shades da Attitude Era ou quê? Pelas estrelas em questão, pelo tom mais dark da coisa… Paul Bearer estava envolvido! Algo refrescante na cena do World Heavyweight Championship a fechar o ano de 2010 com dois grandes Superstars, hoje Hall of Famers: Edge e Kane. Na verdade não. Talvez fosse a intenção mas fica como uma boa prova de quão torta saía uma storyline quando queriam fazer algo de um cariz mais arriscado mas com aquelas limitações.
Saiu o que podia ser uma storyline macabra em que um Superstar rapta o pai de outro Superstar para o atormentar e manipular a ceder-lhe uma chance ao World Heavyweight Championship… Mas com segmentos cómicos infantis, porque o Edge andar com o Paul Bearer amordaçado a provocar o Kane era feito para as risadas. Ah e o raptor era o babyface. Incapazes de tornar a coisa mais pesada e “dark,” culminou numa tormenta psicológica bem maior na qual Edge, qual génio maquiavélico, plantava vários bonecos de Bearer pelos bastidores fora em acidentes horríveis para fazer Kane pensar que algo lhe tinha acontecido. Era um castiço. Até que Kane se fartou de cair nas mesmas esparrelas e foi ele próprio a empurrar um desses “bonecos” por uma varanda abaixo, mesmo depois de Edge lhe avisar que esse era mesmo o pai dele. Balelas, Kane empurra o “boneco” e repara depois… Que aquele era mesmo Paul Bearer. Acabava de matar o pai, praticamente. Sim, o homenzinho morreu várias vezes em TV, portanto deve contar. Perante tal momento macabro, o bom babyface heróico apenas encolhe os ombros e, com a mais “deadpan” das entregas, apenas lhe diz que o avisou.
A feud para a risota representa bem como não sabiam bem como fazer as coisas naquele tempo. Era um produto familiar logo não se podiam alongar muito no tom “dark” de tudo. Contudo, as linhas morais são completamente apagadas com os papéis, que fazem com que Edge seja um babyface cómico em vez de um sociopata manipulador. Noutros tempos fariam as coisas de forma melhor, talvez mesmo sem mexer nos papéis como estão, já que questões éticas nem sempre importavam. Mas na era dos bons exemplos e dos bons samaritanos e do “Don’t be a bully, be a star”? Fica uma salganhada de acontecimentos com pouca justificação.
4 Comentários
Santino Marrela é uma lenda, sabe fazer humor em cima do ringue como poucos. A dupla Ricardo Rodrigues e Alberto del Rio também funcionava muito bem. No mais, foram anos tediosos em que John Cena era o Super Homem.
Nossa, teve um período em que a Natalya teve uma gimmick onde ela aleatoriamente soltava puns nos segmentos. Isso foi tão cringe que até hoje custo a acreditar que isso aconteceu de verdade.
Soltar puns…que raio de expressão
Ia falar dessa gimmick dela… coitada