Boas a todos nesta grande casa que é o Wrestling PT!

Muitos de nós costumamos apontar vários problemas à WWE actual, que nos fazem, muitas vezes, ir perdendo interesse de assistir ao seu produto, por mais ínfimo que possa ser o tempo semanal que nos dedicamos a vê-lo. Por vezes, vários autores fazem listas, tópicos e tops com os pontos negativos da actual maior empresa de wrestling do mundo

Gostaria de fazer algo parecido no Brain Buster desta semana, mas acreditem os meus estimados leitores ou não, não o posso fazer, pois considero que existe apenas um problema com a WWE de hoje: a obsessão com a quantidade. Quanto muito, os vários aspectos que temos como menos bons da companhia de Vince McMahon, resultem desse problema.

Brain Buster #19 - Um problema de quantidade (Parte I)

Na minha opinião, todos os males que podemos apontar ao booking da WWE e à sua gestão dos lutadores, títulos e shows reconduzem-se ao facto de tudo ser feito a uma escala exagerada, raramente sendo algo feito de maneira moderada. Irei tentar analisar todos os aspectos da WWE que estão, claramente, em excesso e tentar encontrar vias que melhorem a sua situação.

Deixarei o NXT e o NXT UK de fora, porque são brands que têm os seus próximos títulos, lutadores e principais shows. São marcas em que pelo reduzido tempo semanal que contam e pelos poucos lutadores que recebem verdadeiro destaque no seu booking, não são afetadas pelo problema da quantidade que abala o main-roster da WWE (RAW, SmackDown e 205 Live).

Quantidade ridícula de títulos

A WWE tem 4 títulos exclusivos do RAW, 4 títulos exclusivos do SmackDown, 1 título exclusivo do 205 Live e 2 títulos que não são exclusivos de brand alguma. A WWE possui, desta forma, somente no seu main-roster, um total de 11 títulos.

Pergunto eu ao olhar para estes números: mas quais desses 11 têm realmente valor efectivo? Ou cumprem a função que lhe foi destinada aquando da sua criação? Respondo pessoalmente a esta questão que, são muito poucos para a quantidade que existem. Os títulos mundiais terão sempre o seu valor, mesmo que não bookados da melhor forma, o título Feminino do RAW, pelas histórias e campeãs que tem tido, tem hoje um valor que o título Feminino do SmackDown nunca chegou a ter. Por fim, somente o 24/7 title, apesar de ser o que é, cumpre a sua função como o título dos jobbers, pelo que o incluo nos títulos com algum valor para nós fãs.

Porém, vejamos os restantes…o título Feminino do SmackDown é apenas uma réplica azul do título do RAW que se encontra sempre em inferioridade pelas histórias que o rodeiam. É certo que a feud entre a Becky e a Charlotte o ano passado o ajudou, mas a feud entre as duas foi mesmo pelo título? Ou entre os seus egos? Raramente as vi com mais vontade de vencer o título do que se vencerem uma à outra.

Brain Buster #19 - Um problema de quantidade (Parte I)

Os títulos de Tag Team de ambas as brands, perdidos no card, sem espaço, acabam quase sempre por ter um booking aleatório e desinteressante.

Continuando, por mais que os lutadores esforçados do 205 Live façam um esforço enorme para valorizar o seu título a cada terça no seu programa semanal, todos sabemos que o mesmo é visto, pela maioria dos fãs casuais como o título menos valorizado, seja por fazer parte de um programa muito mais pequeno que o RAW e o SmackDown, seja porque é quase sempre o título que abre o kickoff. Mesmo quando é defendido no show propriamente dito é o título com os combates que recebem sempre menos reacção por parte do público.

Restando somente falar dos títulos do mid-card, que dizer? Ombreiam entre duas situações: ou as suas boas rivalidades e campeões não têm o título como principal interesse; ou são relegados para o kickoff dos PPV’s, em combates com pouca história e bastante aleatórios.

Isto para dizer que, em 11 títulos, somente 4 têm total interesse aos olhos dos fãs.

Mesmo os que têm o seu valor/interesse acabam também por não ter o potencial que todos queremos que tenham: cada PPV tem uma quantidade enorme de title matches e de combates no geral, pelo que interesse teremos nós no título Intercontinental disputado entre o Nakamura e o Bálor no kickoff, quando há combates e mesmo title matches muito menos interessantes que fazem parte do show propriamente dito?

Sempre fui a favor da brand split pela enorme quantidade de lutadores que a WWE sempre teve, pelo menos desde 2002, mas não acho que a solução para cada marca seja ter os seus próprios títulos. Um título mundial, um título feminino e um título de equipas funcionariam na perfeição se fossem disputados em ambas as brands, com o campeão a ser o único a poder aparecer em que marca tivesse de aparecer.

Brain Buster #19 - Um problema de quantidade (Parte I)

Por fim, quanto aos títulos de mid-card, cada brand com o seu, teriam a função de assegurar um prémio para os lutadores quando o campeão mundial não estivesse presente. Assim, o seu valor e o interesse em torno do mesmo, assim como a sua importância aumentaria. Tal reduziria também o número de combates e title matches nos PPV’s.

Excesso de programação semanal

Estamos a falar de 3 horas de RAW, 2 horas de SmackDown e de 1 hora de 205 Live por semana, o que faz com que os fãs mais assíduos vejam 6 horas de WWE por semana. Essas 6 horas podem muito bem dobrar para 12 nas semanas em que a WWE produz um PPV. Sei que muitos dos PPV’s não chegam a 6 horas, mas muito longe não estão.

Já critiquei o facto de PPV’s serem interpromocionais com esta quantidade de títulos. A sê-lo, sê-lo-iam com a proposta de redução do número de títulos acima enunciada. O mesmo faz com que estes eventos tenham muitas horas, para além de que um card com 11/12 combates (13/14 aquando da WrestleMania) deixa os últimos combates com uma tarefa difícil de obter reacção dos fãs, e até mesmo dos comentadores, de estarem à tanto tempo a fazer a mesma coisa.

Mesmo querendo, como disse no início do artigo, deixar o NXT e o NXT UK de fora, a verdade é que os próprios TakeOvers do primeiro ocorrem em fins-de-semana dos maiores PPV’s do ano. Alguém que já tenha assistido a 3/4 horas de Takeover e 6 de PPV, que vontade terá de ver o RAW, o SmackDown e o 205 Live nos dias seguintes. Mais, que vontade terá o fã mais casual de ver um Nakamura vs. Ali no meio de um SmackDown no meio de tantas horas, tantos títulos, tantos shows, tantos combates…

Um fã da WWE que não possa assistir a um destes eventos em direito e que esteja ocupado durante o dia com o seu trabalho/aulas, quando arranjará tempo para ver isto? Se dividir por dias, estará a necessitar de 2/3 dias para ver tudo e ainda terá de arranjar tempo para no resto da semana ver o RAW e o SmackDown.

Brain Buster #19 - Um problema de quantidade (Parte I)

Com isto tudo, a minha solução de à uns anos para cá foi simplesmente deixar de ver tudo. Hoje até vejo o mínimo possível, somente o essencial, mas será essa a solução que a WWE quererá que todos os seus fãs tomem? Pois, parece claro que não.

Todos os PPV’s de wrestling, até 2016/2017, quando a WWE começou a fazer isto, tinham à volta de 8/9 combates, 10 no máximo, distribuídos por 3 horas (4 quando a importância do evento o exigisse), e assim deveria ter sido sempre.

Com isto tudo, ainda nem toquei no facto do RAW ter 3 horas. Quando isto começou em 2012 teve um impacto imediato e um posterior efeito dominó: os PPV’s pareceram simples RAW’s com mais title matches que o costume, o que acabou por fazer com que o seu tempo também aumentasse; por fim, a WrestleMania pareceu cada vez mais pequenina porque os outros eventos cresceram, daí que o seu tempo tenha também aumentado.

Semelhante problema ocorre com os eventos da WWE na Arábia Saudita, que os próprios o promovem como “bigger then WrestleMania”, o que deixa este evento histórico, aquele que sempre foi obrigatório ver, como um simples PPV, com a diferença que tem fogo-de-artifício.

A proposta mais animadora, mas ao mesmo tempo mais improvável seria a de 2 horas de RAW e SmackDown e 3/4 de PPV’s, isto claro, a meu ver, mas também não há como negar que tal acontece também com outro problema de quantidade que assola a WWE e todo o seu restante booking: a obsessão em ter o máximo de lutadores possíveis, mas esse tema ficará para a segunda parte deste tema que sairá no próximo artigo.

Brain Buster #19 - Um problema de quantidade (Parte I)

Como já notaram pelo título desta 19ª edição do Brain Buster, hoje não findarei este tema. Não o faço por ser um tema bastante vasto que exigiria um artigo muito mais longo que o costume, preferindo assim dividir este assunto em duas partes.

Ironicamente digo também que, ao contrário da WWE, não pretendo que os meus leitores percam interesse no que ofereço todas as semanas, mas que abram sempre a janela do meu artigo com a mesma vontade de ler que penso que têm todas as semanas.

E então? O que tens a dizer deste problema? Achas que é o maior mal da WWE actual? Ou discordas totalmente?

Hoje ficamos por aqui.

Até para a semana e obrigado pela leitura.

26 Comentários

  1. Sandrojr5 anos

    Ótimo artigo, eu também vejo esse problema na wwe, tem muitos lutadores e muitos titulos, fica muito chato assistir, pois se eles querem dar tempo a todos, os combates sempre sairão ruins.
    Eu quero ver a continuação desse artigo hein😄😄😄

  2. Showstealer5 anos

    Excelente análise introspetiva! Estou de acordo com tudo o que foi aqui dito, sem tiram nem pôr. Expectante para ver o que sai nessa segunda parte 🙂

  3. 5 anos

    Bom artigo. Respondendo à pergunta sim acho que a carga horária é um problema acompanhado com alguma má gestão sobre os talentos. Como escreveste e bem acho que o RAW deveria passar para 2 horas semanais para não ser tão cansativo para nós fãs e para quem nos entretém.

  4. Anonimo5 anos

    em minha opinião raw e smackdown deveriam ter ambas duas horas apenas, acabava com essa treta do 205 live e faria apenas 1 ppv por mes: seria 1 mes ppv do raw e depois ppv do smackdown. Teriamos maior interesse nos shows semanais, mais tempo para preparar storylines e para destacar lutadores que nao tivessem espaço no ppv e até uma ou outra defesa de titulo. nao concordo é com o campeao poder andar de brand em brand. Em minha opiniao cada brand deveria ter seu campeao mundial, seu campeao de midcard e seus campeoes de tag team.

    • Obrigado pelo comentário. E em PPV´s como a WrestleMania e o SummerSlam? Farias como a WWE faz? Meter toda a carne no assador?

  5. Concordo com praticamente tudo.
    Simplesmente deixei de ver os programas semanais, porque além de serem um valente enche chouriço, se vir todos, não faço mais nada durante a semana, além de trabalhar e ver wwe. Por isso passei só a ler por aqui as notícias, ver ppvs e algumas imagens dos programas semanais.

    Além disso, o facto de o elenco ser tão grande, faz com que vários lutadores deixem de aparecer, ou não tenham as devidas oportunidades.

    Por fim, irrita-me solenemente o desleixo que a wwe tem tido para com duas das minhas divisões preferidas: cruiserweight e tag team. Não seria preferível um bom combate por um título de tag team, em vez de ver o goldberg e o undertaker a, arrastarem-se no ring?

    Mas no geral, um excelente texto.

  6. Concordo com o artigo.
    A WWE tem de perceber que em muitos casos menos é mais, nós devíamos ter saudades dos lutadores, infelizmente ficamos fartos da maioria.
    Para mim a Raw passava a 2 horas, e os PPV seriam exclusivos de cada brand e teriam 3 horas.

  7. Bruna5 anos

    Concordo totalmente com o artigo todo. Saudades de quando a WWE tinha poucos mas bons

  8. Edjandro Martins5 anos

    ótimo artigo, realmente o excesso de titulos e o booking inconsistente atrapalham bastante o produto atual, saudade do tempo que ser campeão era algo único e memorável para os wrestlers e fãs, ansioso pela sugunda parte do artigo.

  9. Ótimo artigo, fala tudo que a WWE está passando. Pra mim o que mais me desanima a ver na WWE, é a qualidade dos combates, eu paro para ver os combates dos shows semanais e os PPV’s, e o que eu vejo são combates lentos, sem emoção, limitação dos lutadores…e ai vejo os combates da NJPW, não tem comentários..são lutas de outro nível. E os títulos estão sendo super desvalorizados.

  10. Milagre5 anos

    Quero ver a continuação deste artigo 🔥

  11. BrunoPina5 anos

    O excesso de títulos e o excesso de programação são um problema..

    Para mim a melhor forma de resolver este problema (rentabilizando o enorme e excelente roster que tem à disposição) é a criação de facções que lutem pelo domínio dos bastidores.. a criação de facções tipo d-Generation x, Bullet Club ou Evolution é para mim a melhor forma de diminuir o tempo dos programas (as lutas teriam mais wrestlers envolvidos).. a criação de facções é a melhor forma de os wrestlers de menor expressão terem maior visibilidade.. podiam até criar segmentos fora dos programas semanais (que passavam a ter menos tempo e títulos em disputa) onde as facções ameaçavam ou atacavam alguém para aguçar o apetite um gajo..

    • Obrigado pelo comentário. Até à formação de stables estava a concordar.
      Numa altura em que quase todo o wrestling japonês é dominado por stables, não sei como a WWE (que também sempre teve boa stables) se tem descurado tanto nesse aspeto.
      A questão a partir daí na tua proposta é que isso é tudo menos WWE. Isso iria incluir muitos Tag Team matches. Consegues imaginar um RAW com apenas 1/2 singles matches?
      A questão do 24/7 title é diferente, mas porque iria uma empresa transmitir segmentos fora dos shows de graça? Para além de se aumentar o tempo para ver, porque esses segmentos também o têm, a WWE estaria a perder dinheiro.
      Não é muito viável fazer algo do género, na minha opinião.

    • Duzonraven5 anos

      Concordo que a criação das stables é uma ótima forma de dar espaço aos lutadores que andam perdidos
      Shinsuke, Shenton Benjamin, Cesaro, entre outros que não são tão bons em promos funcionariam bem em stables

  12. Duzonraven5 anos

    Não concordo com o artigo. Se com os títulos já fica difícil gerar interesse, imagine com poucos? embora estes ficassem mais valorizados, o booking da wwe ia se perder ainda mais, criando rivalidades que ninguém quer ver, lutando por nada
    Acho que a solução seria simplesmente melhorar o booking, dar mais espaço aos títulos de midcard e fazer o brand split de vez, pois o wild card atrapalha nisso também

    • Obrigado pelo comentário. O valor dos títulos começa-se a perder exatamente com esse pensamento: “criar títulos para manter o pessoal ocupado”.