8 – O inspirador
Éramos todos putos, sim. Todos levávamos na cabeça por alguma coisa, tínhamos todos os nossos stresses com bullying e afins. Os mais matulões que viam isto, fixe, podiam pegar em qualquer um de nós e eram os maiores – mas que conste que a vez em que entrei por uma porta de uma sala de aula dentro, em tempo de recreio, com um Chokeslam contra ela, foi voluntariamente e com o ímpeto do meu próprio salto, que quis vender aquilo como deve ser. Éramos mesmo nós, os mais pequenos e fracos – falo na primeira pessoa do plural por acreditar que existam vários leitores que se identifiquem, não quer dizer que sejam todos – que queríamos sonhar com ter assim uma força e um atletismo para nos vingarmos. E safar-nos com isso como legítima auto-defesa e que se danasse lá o “Não tentem isto em casa.”
E havia um verdadeiro representante para a pequenada mesmo pequena. Ele próprio um pequenote. Rey Mysterio introduziu-me ao verdadeiro conceito de underdog. Podem acusar o seu primeiro reinado como World Heavyweight Champion de “pouco realista” mas eu é que era o puto a ver, eu é que sei: eu acreditava que ele conseguia tudo com a determinação certa. Vamos então situar-nos. Como disse, inicialmente não tinha a possibilidade de ver o Smackdown, mas o Verão de 2006 caiu-me como uma benção – cerca de um ano depois de já conseguir acompanhar Raw. Tinha conseguido espreitar a Royal Rumble e Mysterio era indivíduo que já conhecia e de quem queria ver mais e aquela sua vitória tornou-me fã. Pude desfrutar, já depois de ser Campeão Mundial – algo que me causou confusão porque ainda estava a prestar demasiada atenção ao “Heavyweight” da coisa – durante esse Verão, enquanto as coisas chegavam cá com um atraso. O primeiro ponto-chave foi a Royal Rumble que já destaquei.
O segundo, já como Campeão, foram as coisas que ele conseguia para manter o título. A sua defesa do título contra JBL no Judgement Day impressionou-me, afinal ali estava ele todo ensanguentado e batido – não devia estar familiarizado com a tradição anual do JBL no Judgement Day – e conseguiu vencer! Outro momento favorito foi quando, auxiliado por Chavo Guerrero, reteve o título contra a sua maior ameaça, Mark Henry, através de tácticas à Eddie – cujos talentos não tinha conseguido desfrutar em vida, mas já o conhecia – e irrompi em alegria. O terceiro ponto foi a sua perda, após uma traição de Chavo Guerrero. Posso destacar esse momento como a primeira vez que aqueles sacanas me partiram o coraçãozito pré-pubere e depositei muita energia na rivalidade que se seguiu, para outro desgosto quando Mysterio perde num “I Quit,” mesmo que me pudesse dar por muito satisfeito com o combate em si. Era o seu propósito. Ser o underdog para a miudagem se identificar. Ainda o é. Responsabilizo-o por ser dos principais Superstars a brincar com as minhas emoções e a transportar-me para aquele ringue, naquela de “se ele consegue…” Mas pronto, fique já esclarecido: nunca tentei fazer o 619 em lado nenhum que achasse que conseguia.
3 Comentários
ECW , que saudades !!! Aquele Sabu deixa tantas mas tantas saudades +.+ E os combates em geral igual!
Esse top 10 coincide em tudo com o meu, tirando que o meu jogo, seria o wwe smackdown vs raw 2006. Apesar de agora não acompanhar, porque sinceramente, já não me desperta nenhuma emoção. Mas esses tempos trouxeram me belos momentos
E eis que o Edge voltou! 😀
Partilho de muitas destas memórias, excelente escolha de tema para um artigo histórico. 300 artigos… quantos anos são mesmo? Mais de seis, certamente. Muitos parabéns.