Bem-vindos a mais um Top Ten, que vem depois de um muito excitante Money in the Bank! O que nos traz relacionado com esse notório evento? Praticamente nada, isto nem sempre é assim tão fácil arranjar temas novos, já viram o número em que isto vai? Mas fora de brincadeiras, acho que é um assunto curioso que pode suscitar interesse.

Se for para relacionar com situações actuais, podemos olhar para duas situações: Sasha Banks e Bayley. Dão-se, afinal já não… Nem dá para perceber quem está a virar-se a quem e quem se deve vilanizar. A outra estará do outro lado da estrada, no Impact Wrestling, onde Eddie Edwards encontra-se numa progressiva Heel Turn na qual ele tem ido longe demais contra o gajo mais sádico da companhia que quase lhe arrancava um olho e lhe assediou a mulher no hospital. A represália está a vilanizá-lo de uma forma muito curiosa e diferente.

Então olhemos assim para umas Turns assim um pouco fora da caixa? Sem ser o “ataca o bom, que até podia ser parceiro ou não” ou “faz um save ou impõe-te perante outro vilão abusivo” Turns que se sintam… Qualquer coisa diferentes.

10 – Ric Flair

Os 10 Turns Mais Peculiares - Top Ten #233

Pronto, perceberam a introdução ao tema. Então vamos começar com um em que Ric Flair trai e ataca Sting, como manda a tradição! Porque se há gajo que gosta de montar grande enunciado e contradizê-lo logo a seguir é o gajo que vos escreve isto todas as semanas. Mas calma que eu ainda tenho aqui umas linhas para explicar porque é que este pode ser diferente! É que depois da Heel Turn feita… Parece que todo o seu período como Face foi para isto!

Uma coisa que se lê por aí, inclusive pelas pesquisas feitas sobre esta história… É a de que Sting é o gajo mais burro a pisar um ringue. Ou inocente, vá. Já toda a gente se virou contra ele, ele confia em toda a gente. Como nesta esparrela aqui. Isto foi já depois da longa e intensa rivalidade entre Sting e o Nature Boy, portanto já é de calcular que o homem não era lá muito esperto. Mas Flair era Face e andava em feud com os seus antigos compinchas… E, em desespero, pede ajuda ao seu inimigo. Que é suficientemente esperto para aceitar.

Chega à data de fazerem equipa e Flair é convenientemente atacado nos bastidores, deixando Sting sozinho. Mas calma aí! Ele ainda voltou e ali se encontrava, no canto, à espera de um tag, a torcer com toda a alma por Sting. O público estava com ele. Era convincente! Sting finalmente chega ao canto, faz o tag e… Pronto, por esta altura já devem saber o que esperar. Corta para a salva de porrada que leva dos três. Sim, Sting tornaste a cair. Mas desta vez… Também o povo todo.

9 – Mark Henry

Os 10 Turns Mais Peculiares - Top Ten #233

E por falar em ter o povo enganadinho. Este aqui é que foi! Tudo pato a cair. Se lerem online algum esperto a dizer que era previsível, ele já estava a ver a léguas o que ia acontecer, não lhe liguem. Esse gajo está a mentir, é um merdas e ainda é a mãe que lhe escolhe a roupa. Todos caíram na cantiga perfeita de Mark Henry.

John Cena era WWE Champion e encontrava-se presente para fazer as honras de Mark Henry… Que correspondia aos rumores da sua reforma com o discurso mais emocional e lacrimejado que podia ter feito. Já estávamos todos em modo vénia e a agradecer-lhe pela sua carreira. A plateia estava emocionada. Henry chorava, falava para a família lá em casa, despedia-se… E atacava o Cena a dizer que ainda tinha muito gás no tanque e era tudo uma fantochada. Das boas. Qual Rock, qual Cena, qual Batista, ali está o melhor actor a já ter pisado um ringue. Sim, ele também selou a sua Turn com um ataque… Mas fez-nos chorar e agradecer-lhe a carreira primeiro, lá o raio do cretino.

Ninguém via aquilo a acontecer. Hoje em dia já só estamos mal habituados e estávamos à espera que, no seu discurso do Hall of Fame, ele sacasse de um World’s Strongest Slam a qualquer um. Ao Roman Reigns ou ao AJ Styles mesmo, já que estava tão virado para eles…

8 – Rikishi

Os 10 Turns Mais Peculiares - Top Ten #233

Outro método para uma turn diferente é pegar num gajo que está numa situação e pegar nele para o meter numa história que não tenha nada a ver e revelar-se como um improvável vilão. Rikishi, o gordo divertidíssimo que dançava muito e gostava de introduzir o seu enorme traseiro aos narizes dos adversários.

Vai-se a ver e andava por aí a atropelar pessoas. Já a história com o angle do atropelamento de Steve Austin tinha passado há muito tempo e ainda se veio a fazer a revelação chocante de que o autor do incidente foi… Rikishi, o tal gajo dos Too Cool. He did it for The Rock. OK, pronto. Fê-lo pelo primo. É assim, eu gosto dos meus primos mas não ando por aí a atropelar pessoas por eles. Pronto, ele lá explicou que quis beneficiar o primo e a razão disso não era só favores de família, já tinha raízes longas.

Foi bizarro. Pegaram num tipo divertido e revelaram-no como o vilão de um angle já passado. Para um push a solo como Heel. Tudo bem. Mas não deixa de ter o seu estranhável impacto. Imaginem que o Big E era agora revelado como… O gajo que rebentou a limusine do Vince. OK, muito antigo. Imaginem que todos os ataques aos Breezango eram da autoria do Fandango. Também não, estão metidos na própria história claro. Pronto, imaginem que o Rikishi dos Too Cool tinha atropelado o Stone Cold! É por aí!

7 – Dolph Ziggler / Alberto Del Rio

Os 10 Turns Mais Peculiares - Top Ten #233

O mais difícil de conseguir e que é sempre uma proeza que traz muito da tal peculiaridade. Quando há uma troca. Quando entram de uma maneira e saem de outra. Quando é o contar de história de um combate que trata de lhes inverter os papéis. A velha Double Turn que tem outro exemplo bem maior e significativo que ainda vai aparecer, se não se importarem com spoilers neste ranking. Os cinco de vocês que chegam a ler os textos.

Mas olhem que este caso não era difícil. Dolph Ziggler era o Heel mas estava ridiculamente over e ainda é no tempo em que era popularíssimo com os fãs – nos dias de hoje, sinto que faço parte de um grupo suficientemente pequeno para ter um aperto-de-mão secreto complexo, que ainda tenha ficado entusiasmado ao vê-lo vencer um título – e vinha fresco de um dos mais ruidosos, épicos e aguardados cash-ins. Alberto Del Rio era o Face mas já ninguém queria saber assim muito dele. E isto era no tempo em que ainda queriam saber dele, para já calcularem como está ele agora.

Era só um jeitinho na forma como se comportariam no combate e estava feito. Procede a Del Rio a quase pontapear a cabeça de Ziggler fora. Se calhar nem era preciso tanto. Mas foi intenso e doloroso. E Del Rio ganhou para esfregar sal na ferida. Del Rio voltou a ser vilão. Ziggler voltou a andar perdido à procura de rumo. Estava tudo normal após esse combate.

6 – Randy Savage

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Não tinha sido há tanto tempo assim que ele tinha tido a sua enorme Heel Turn, alimentada por ciúme, em que limpou o sebo a Hulk Hogan, na altura em que isso ainda dava heat. Mas ele ia-se reformar – então não ia… – e tinha que acabar a sua carreira – é isso tudo – em boa nota. E tem uma Face Turn romântica.

E vocês se são demasiado machos – lá está, Macho Men – para isto, enfiem lá a vossa testosterona num bolso e admitam que assistem a esta novela e também choram com momentos destes. Savage perdeu para Ultimate Warrior, tornando-o o último combate da sua carreira – HA! – e ainda teve humilhação extra com Sensational Sherri, sua manager, a atacá-lo posteriormente. É salvo por… Miss Elizabeth, sua ex-mulher. Os dois reencontram-se, trocam aqueles olhares, abraçam-se e retomam aquele amor que já tinha feito muito macho recorrer ao lencinho antes. Como estavam a fazer naquele momento. A Face Turn perfeita, para um fim de carreira perfeito, conseguido através do romance, que é tão estimado por fãs de wrestling, mesmo que a seguir vão fazer uma maratona da CZW para o negar.

O único que estraga tudo aí é que realmente Randy Savage voltaria ao activo pouco depois, caso não estivessem a perceber ou a contar com isso. Porquê? Porque ele pode fazer de vós parvos, porque são todos uns maricas que se emocionam com lamechices daquelas, ora essa…

5 – Chris Jericho

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Aqui o jeitoso vai entrar mais que uma vez porque domina a arte da Turn tão bem quanto domina basicamente qualquer coisa em que toca. Chris Jericho entra aqui, primeiro, na quinta posição com a Turn que mais nos partiu o coração. E nem foi uma Heel Turn dele – mesmo que já o tivesse feito com o anterior ataque a Shawn Michaels – foi mesmo uma Face Turn, em que não conseguimos evitar a empatia e sentir a tristeza. Ouvimos o coração dele a partir-se.

O seu papel nesta turn foi passivo, apenas na medida que foram as acções de outro que o levaram à turn. Mas por aí se fica isso do passivo. Porque o seu contar de história, o seu trabalho de representação, todo o seu papel naquele segmento… Brilhante. Só não chorámos porque… Olha, acho que chorámos mesmo. Temos que recuar, claro, ao segmento inesquecível que foi o “Festival of Friendship” com Kevin Owens. O povo já andava a achar graça a Jericho, à sua lista e aos seus maneirismos, mas ele ainda era um vilão. Depois chegou este segmento.

Cai-nos tudo ao chão quando o vemos a olhar para a “List of KO”, confuso e a perguntar-se o que era aquilo e porque é que o nome dele estava na lista. Sentimos a frieza de Kevin Owens na espinha. E o ataque brutal deste a Y2J doeu-nos tanto a nós como a ele, no pobre e coitado coração que se divertia com as palhaçadas de Jericho e não contava com uma traição daquele nível. Dos melhores segmentos nos últimos tempos, com essa tortura toda!

4 – Hulk Hogan

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A base até pode ser um ataque também, mas o choque e surpresa desse mesmo ataque é que faz desta turn de Hulk Hogan única. Aliás, terá que se classificar como peculiar aquela turn que será a mais chocante e surpreendente de que haja memória, sem que alguém tenha sido capaz de causar o impacto que esta bomba de Hulk Hogan causou.

Numa altura, na WCW, em que Kevin Nash e Scott Hall andavam numa de fazer asneiras e precisavam de alguém com eles no sítio para lá ir fazer algo em relação ao assunto, o mais lógico seria que o heróico Hogan fosse o mais indicado para salvar o vitimizado Randy Savage ou toda a WCW. Afinal o salvador… É que era o chefe que mandava naquilo tudo e, após o ataque a Savage, deu uma das promos mais míticas. A Hulkamania estava morta e Hulk Hogan era Heel, naquela que foi a turn mais improvável e inesperada de que ainda haja registo.

Nunca se consegueria algo de outro nível – não o fizeram, por exemplo, com John Cena e Hogan viria a ter outras turns mais tarde, que nem um décimo do impacto viriam a ter. Mas se querem mesmo trazer Hogan de volta e fazer dele um vilão de topo, de novo, façam-no manager do Roman Reigns. Nem precisa de fazer mais nada.

3 – Sgt. Slaughter

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Há muitas maneiras de provocar o escárnio do público. Atacar o Superstar favorito é uma boa maneira, ninguém toca no seu menino bonito. Também se pode virar ao próprio público, queixar-se da falta de apoio e todas essas cenas. Agora virar-se contra todo um país e simpatizar com um rival como o Iraque… Isso requer um par de bolas daqueles.

É o caso aqui destacado, já bem conhecido e que já veio a propósito por várias ocasiões neste Top Ten. Dá para se falar muito disto muitas vezes. E é que nem pegaram num indivíduo qualquer e o fizeram deixar de gostar do seu país e simpatizar com o inimigo do Médio Oriente. Foi logo Sgt. Slaughter, wrestler que serviu no exército Americano e que será das figuras mais patritóticas associadas à WWE e ao wrestling, se não for mesmo o mais patriótico.

Depois é claro que elas se dão. Uma Heel Turn dessas, assim tão… Global. E tinha que andar fugido e rodeado de segurança porque, estávamos a entrar na década de 90, o kayfabe estava bem vivo e o povo era inocente. Já andava a receber ameaças de morte. Assunto sério. O certo é que tal papel foi difícilimo para o genuinamente patriota Slaughter, mas ele lá teve que o desempenhar. Eles precisavam de um adversário para o Hogan na Wrestlemania e bastava ele recorrer ao tradicional ataque. A sua motivação até podia mesmo ser só dizer mesmo que ele era mais patriota que ele! Mas não… É logo fotografias com o Saddam Hussein!

2 – Chris Jericho

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Eu disse que ele entrava aqui outra vez. Também avisei que ele domina isto como qualquer outra coisa e como ninguém. E tinha que constar isto aqui e tinha que colocar nas posições cimeiras, algo que eu considero totalmente justificável. É que esta é, para mim, uma das melhores e mais originais turns que tenha havido em tempos relativamente recentes.

Atacar alguém e insultá-lo, com alguma desculpa por vezes esfarrapada? Tudo bem, muitos o fizeram já. Dar uma promo em que se viram contra a plateia? É tudo uma questão de usar as palavras certas, tudo óptimo por aí. Agora experimentem uma turn… Sem dizer uma única palavra. E fazer disso o principal mote que a desencadeia. Foi o que Jericho fez em 2012. Retornado após mais semanas de mensagens crípticas, volta para uma enorme ovação como seria de esperar. Mas na hora de finalmente se dirigir ao público… Fazia muita festa… Mas simplesmente abandonava sem dizer nada. A malta começou a não achar piada à brincadeira. Até os mais espertalhões dos fãs que tudo sabem já estavam a ficar alterados e a dizer que não estavam a achar piada. Adoro ver esses artistas a ser “played” sem se aperceberem.

A turn completa foi gradual e ele finalmente começou a pronunciar-se e até a dirigir as suas palavras a um tal auto-proclamado “Best in the world”, título que ele já tinha dado a si mesmo. Rivalizou com CM Punk a partir daí, mas as promos não-promos que confundiam e irritavam o público… Era aí que estava o toque de génio. O toque de Jericho.

1 – Bret Hart / Stone Cold Steve Austin

Os 10 Turns Mais Peculiares - Top Ten #233

Pronto, eu disse que tinha um tremendo spoiler mais para o fundo desta contagem e já vos fiz contar com esta entrada. Nem revelei que era o primeiro classificado, portanto esse assunto sério manteve-se preservado. Momento histórico, nascimento de uma lenda, primeira ocorrência de algo deste género a acontecer e nem sequer foi propriamente intencional.

Um clássico entre Bret Hart e Stone Cold Steve Austin na Wrestlemania já tinha tudo para ser um clássico como estava mas ainda veio aquele desfecho. Um Sharpshooter sobre um Steve Austin ensanguentado fê-lo desmaiar, em vez de desistir. Isso foi o culminar de um combate no qual as atitudes em ringue foi causando a reacção oposta. E, com aquele final, a plateia não conseguiu não banhar Austin de respeito e virar-se contra a veemência violenta de Hart. Estava aí uma tremenda double turn histórica concretizada.

Daí em diante, Bret Hart viria a armar-se em Sgt. Slaughter e virar-se contra tudo o que fosse Americano. Só não foi tão Slaughter porque foi proclamar o amor pelo seu país, um tão perigoso quanto… o Canadá. Não era bem a mesma coisa. Quanto a Austin, nasceu aí uma lenda. Ele viria a ter muitas turns dali em diante, dava ele perfeitamente para qualquer lado, podia agir exactamente da mesma maneira, tanto como Face ou Heel, alterando apenas o seu alvo. E o momento… Esse já não o recriam, nem que tentem.

Por aqui fico, não penso chatear mais. Devem ter entendido já o conceito do tema, sem ser propriamente uma cena de “melhores Turns” ou nada disso. Nem algo em que desse para incluir um Tommaso Ciampa a chegar a roupa ao pêlo de Johnny Gargano, mesmo que tivesse sido surpreendente, enorme e tivesse sido o pontapé-de-saída para a feud deste ano. Foi ainda uma Turn dentro dos normais. Mero exemplo. Mas se acham que há qualquer que se adeque, isto é público e a lista continua além-ranking nos vossos comentários. É como sempre, tenho pouco poder sobre isto.

Mas tenho poder sobre a minha presença aqui e se não quiser aparecer aqui na próxima semana, não apareço. Mas calha que quero sempre e é para estar cá. Estejam cá para verificar e aproveitem o Verão que chega com a força toda – incluindo período chuvoso tropical, que trazia o calor todo. Para quem quis chamar a isso de “Inverno” e andou a agasalhar-se por isso, é fazer-lhes o que fez o Mark Henry nesta lista. Ou o Rikishi! Pronto, chega de violência, fiquem bem e até à próxima!

3 Comentários

  1. Bom artigo.
    Acho que o face-turn do Edge em 2010 assentava nesta lista. Virou face depois de destruir um computador 😀

  2. Excelente.

    Aquela Storyline do Ziggler e do Del Rio prometia tanto… A WWE teria no DZ mais uma grande estrela, mas qual o interesse em ter alguém como ele com destaque ne? Perdão, mas a mágoa nunca vai sumir 🙁

  3. Do NXT, mais sentido que o Ciampa faria o do Strong… No meu ver, claro.