Bem-vindos a um novo Top Ten, assim que continuo a marcar presença assídua como sempre pretendo fazer. É bom ver um mínimo sucesso nessa minha persistência. Tal como a TNA. Já nem é todos os anos só, começa a ser cada vez mais frequente que se fale de crise financeira na TNA e a colocá-la à beira de fechar as portas. Mas, mesmo que à rasca, ela consegue sempre sair por cima e prolongar a sua existência. Os fãs da companhia e, em geral, fãs de wrestling que gostem de ter muita fartura para assistir, agradecem.
Há sempre o burburinho da WWE tornar a fazer das suas e apoderar-se daquilo. Já quase o confirmavam nestes dias. Por mim, se a WWE comprasse a TNA, só pedia que contratassem aí uns quantos bons lutadores, ficasse com toda a videoteca sem edições e que criasse um bloco de uma hora semanal intitulado “The Broken Hardys Show” com total liberdade criativa para os protagonistas. E sou um gajo feliz. Mas também sou feliz com a persistência da TNA, que ainda se vai esforçando por evitar o fim que outras companhias não conseguiram evitar. Olhemos a dez companhias notáveis que já vieram, deram do seu e já foram.
10 – World Wrestling All-Stars
Num Top Ten recente falei em multi-Campeões Mundiais e falei em títulos Mundiais que não costumam contar. Falei especificamente dos desta companhia de curta vida, baseada em solo Australiano, que deu uma conta mais gorda ao Sting. Sim, teve um título Mundial. Mas também só teve dois anos de existência. Fundou-se em 2001 com o intuito de preencher o vazio criado com o fim da WCW e da ECW e conseguiu aproveitar muitos lutadores que não fizeram logo a transição como o próprio Sting, Jeff Jarrett, os Steiners, Lex Luger, Sabu, Road Dogg, entre outros. Também aproveitou alguns rookies mais amadores como uns tais de AJ Styles, Christopher Daniels, Frankie Kazarian, entre outros. Era para ter Vince Russo a tratar dos bookings mas este não pôde, talvez pela graça de algum santo, e tal cargo pertenceu ao nosso bem conhecido Jeremy Borash. Fez uma tour final em 2004, com um PPV intitulado “Reckoning” onde fundiu e até unificou títulos com a TNA. Não saiu como uma companhia rota, apresentando o seu PPV mais sólido e com a produção mais cara. Para sair de maneira diferente!
9 – American Wrestling Association
E passemos para as velhinhas. A boa e velha AWA, pertencia à NWA até aos finais da década de 50, tornando-se independente em 1960. Aguentou umas boas décadas, acabando mal a década de 80, tornando-se inactiva em 1990 e fechando as portas em 1991, devido também a maus negócios exteriores por parte dos proprietários. Muitos lutadores lendários e clássicos passaram pela AWA mas existem dois destaques particulares. Um dos territórios onde Jerry Lawler se pode gabar de ter ganho de tudo e muitas vezes foi em sua casa, em Memphis e aqui, onde venceu o AWA Southern Heavyweight Championship por umas meras e míseras 35 vezes. Foi também esta a companhia que lançou Hulk Hogan antes de se tornar o astro que conhecemos na WWF. Sem grandes surpresas, toda a biblioteca de vídeo da defunta companhia pertence à WWE actualmente.
8 – Xtreme Pro Wrestling
Se a WWA quis focar-se no buraco deixado pela WCW, esta XPW estava mais voltada para o buraco deixado pela ECW. Voltado para o wrestling hardcore, tinha conexões com tudo o que fosse hardcore: a sério, o seu proprietário era o pornógrafo Rob Zicari que aparecia frente às câmaras com a sua esposa Lizzy Borden, que creio que não será preciso dizer que a sua profissão não era propriamente contabilista ou advogada. Agora até me sinto estranho por falar tanto em buracos na frase introdutória. Mas avancemos. Esta companhia mais voltada para o wrestling hardcore fundou-se em 1999, ainda havia ECW. O lado novelesco estava lá também e “porn stars” constavam no elenco. É, não dá para sair do assunto afinal. Lutadores que passaram por estes violentos ringues incluem Sandman, Sabu, New Jack, Vampiro, Raven, Necro Butcher, entre outros. É notável por ter sido o palco onde New Jack anunciou a sua reforma, sem que se tivesse reformado verdadeiramente. Também onde New Jack tentou vingar-se de um botch de Vic Grimes, atirando-o das traves suspensas sobre o ringue contra um monte de mesas e a bater nas cordas, quase assassinando-o. Também onde New Jack apunhalou um jovem lutador durante um combate. Pode chamar-se a companhia onde New Jack só fazia cagada, basicamente. As associações à indústria pornográfica trouxe problemas à companhia e fechou as suas portas em 2003 e perdeu os seus direitos e material. Teve dois shows de reunião em 2008 e 2009. Em 2012, Rob Black anunciou que recuperara a companhia e que começaria a marcar eventos ao vivo em 2013. Tais eventos nunca aconteceram. Se calhar iam bookar o New Jack.
7 – Smoky Mountain Wrestling
A SMW foi uma companhia de Jim Cornette de vida relativamente curta mas que ainda se tornou bastante notável. Em 1993, conseguiram acordos tanto com a WCW como com a WWF, levando os Heavenly Bodies a enfrentar o Rock ‘n’ Roll Express na WCW e os Steiner Brothers na WWF. Por estranho que pareça, foi em casa do Tio Vince que chegou mesmo a haver um combate inteiramente da Smoky Mountain Wrestling no Survivor Series de 1993, com os Heavenly Bodies a reter os SMW Tag Team Championships, de novo contra os Rock ‘n’ Roll Express. Vários jovens talentos foram lançados nesta companhia como Chris Jericho, Sunny, Lance Storm, Al Snow, Road Dogg, Kane – como Unabomb – entre outros. Em 1995 não conseguiu aguentar as dificuldades financeiras e a dificuldade em negócios televisivos e fechou portas, com Cornette a ficar empregado na WWF de vez. Sem surpresas, a sua videoteca também pertence à WWE, hoje. A companhia era notável pelo seu estilo de storytelling mais controverso e pelo estilo de wrestling que também se voltava para o hardcore, antes do seu tempo. Portanto ali na lista de nomes que lançou também inclui… New Jack. Rais’parta!
6 – Stampede Wrestling
Ouvem falar em graduados do “The Dungeon”. É associada a uma certa companhia que, com certeza, vos dirá bastante. Fundada por Stu Hart, é aquela companhia mais famosa do Canadá, que nos trouxe imensos talentos como… Tudo o que seja Hart ou relacionado. Mas também nos trouxe outros nomes gigantes como Mark Henry, Junkyard Dog, Edge ou Chris Benoit. A companhia foi fundada já em 1948, estavamos todos nós a cumprir o serviço militar, e durou até há pouco tempo, entrando em vários processos legais na anterior década. Em 2009, extinguiu-se o nome sem que um novo lhe fosse atribuído, voltando apenas o assunto à baila em 2012 com a hipótese de recuperá-la como Original Stampede Wrestling. A situação de direitos de imagem é mais caricata que nas outras companhias. Sim, é a WWE a dona da videoteca, pasmem lá todos. E chegaram a colocar o arquivo na WWE Network… Até ter que ser retirada a mando de Bret Hart que provou que detém os direitos dos seus próprios combates. Afinal há impasses!
5 – OMEGA Championship Wrestling
Um caso diferente de uma companhia que já fechou e que actualmente revive esporádicamente. E também um caso de uma companhia fundada por alguém que tão bem conhecemos e actualmente tanto adoramos. O avançar da brincadeira de trampolim que os jovens irmãos Hardy fundaram em 1997! As razões para a sua fundação são as mais DIY possíveis: não tinham muitos sítios onde lutar e em vez de bater a tudo o que era porta, montaram o próprio ringue. E isto não é maneira de falar, é literal. Eram os próprios que montavam o ringue, onde quer que se instalasse. Quando deixaram de ser meros jobbers da WWF e obtiveram o contrato a sério com a companhia para se tornar a mítica equipa que hoje tão bem conhecemos, fecharam as portas à OMEGA, em 1999. Desde então a companhia não se pode considerar totalmente extinta, com vários shows esporádicos em 2013 e 2015 a marcar o retorno deste ringue que começou de forma tão amadora e teve uma projecção incrível. Desde Agosto do ano passado que têm parceria com a GFW de Jeff Jarrett, que pode permitir um “revival” a sério. E eu já gramava bastante que existisse apenas com eles os dois, num bloco semanal de uma hora, com o Matt no ringue a dizer disparates e a invocar fogo com as mãos, enquanto o Jeff canta à volta do ringue. Rendidinho!
4 – Dragon Gate USA
Se falarmos só em Dragon Gate, falamos de uma companhia activa e uma das grandes do território Japonês. Se falarmos em Dragon Gate USA, falamos de uma companhia adormecida. Que ainda pode voltar assim que reunirem as condições. Fundada em 2009, formou-se com o intuito de expandir a companhia Japonesa para território Americano, fundindo o plantel Japonês com vários talentos ocidentais, fundindo os géneros – cabia lucha libre, também, o que não faltava era malta a pinchar. Ao longo do tempo foi criando várias parcerias, sendo a parceria com a EVOLVE uma das mais notáveis. Em Dezembro de 2015 foi anunciado que a companhia seria colocada em hiato indefinido, apontando-se a necessidade de mais lutadores Japoneses seguros como uma das principais razões para a sabática. A qualquer momento, a Dragon Gate USA pode voltar!… E a WWE com o plantel todo lá na sua divisão Cruiserweight!
3 – Florida Championship Wrestling
E chega aqui um caso de algo que ainda devem conhecer muito bem. Ainda a devem ter apanhado e assistido a algumas coisas. Com uma antiga encarnação, como Championship Wrestling from Florida, que existiu entre 1961 e 1987, fundou-se em 2007 uma promoção associada à WWE, como o seu segundo território de desenvolvimento, assim que aboliram essa função à Deep South Wrestling. Com a emancipação da Ohio Valley Wrestling – a OVW para onde os Spirit Squad tinham sido encaixotados – tornou-se o único território de desenvolvimento da WWE, entre 2007 e 2012. O que fabricou? Nada de mais. Nomes como Seth Rollins, Dean Ambrose, Roman Reigns, Daniel Bryan, Cesaro, Dolph Ziggler, Paige, Bella Twins, Sheamus, AJ Lee, Michael Tarver, entre muitos outros… Dizem-vos alguma coisa? Pronto, todos passaram por aí. Aliás, durou bem até 2012, quando transitou para o formato que actualmente conhecemos do NXT, evoluindo para algo muito maior. Mas fez um óptimo trabalho no seu tempo. Mesmo com um fantástico NXT… a boa e velha FCW ainda vos deixa saudades?
2 – Extreme Championship Wrestling
Para esta têm que ir pesquisar aos confins, ao fundo do baú para a reconhecerem. Com certeza que nunca ouviram falar nesta ECW que fez ali qualquer coisa durante uns anitos. Fora de brincadeiras, hesitei sempre muito sobre qual colocar na primeira e qual colocar na segunda posição. A ECW foi muito influente, controversa, inovadora, pioneira, marcou bem o seu tempo, introduziu tremendos talentos. Num rascunho do posicionamento das dez entradas, cheguei a ter a ECW na primeira posição. Porque é difícil decidir qual das duas que faziam frente à WWF/E ou serviam de alternativa se pode marcar como mais importante. A ECW pode destacar-se como aquela mais preferida pelos fãs. E todos sabem bem a sua história. Mas recapitulamos na mesma: em 1992 fundou-se como Eastern Championship Wrestling e, como alguém que assistiu ao seu primeiro ano televisivo, posso dizer que era fraquíssima. Entretanto o Paul Heyman aconteceu e, em 1994, planeou uma “shoot” com Shane Douglas para mudar a companhia, o título e o seu rumo para sempre. Nascia a ECW como a conhecemos. Inovou todo o wrestling hardcore, toda a atitude – uma “Attitude Era” antes da “Attitude Era” como já disse Heyman – e ainda hoje permanece como um marco incontornável na história de todo o wrestling. As coisas dicifultaram-se e, em 2001, Paul Heyman fugiu para a WWE e a ECW fechou portas e foi comprada pela WWE para ingressar numa história de invasão. Viria a recuperar a marca em 2005 com um PPV especial “One Night Stand” e uma segunda edição em 2006 que serviu de pontapé-de-saída para o relançamento da ECW como uma terceira marca da WWE, misturando notáveis ex-astros da companhia com novos talentos. Com o tempo, a premissa foi-se afastando e, perto do seu fim, em 2010, era um programa curioso: com talento jovem e bons veteranos a ajudar, era o programa com o booking e wrestling mais sólido… Mas já em nada se relacionava com a sigla que lhe dava nome. Foi substituída pelo NXT, no seu antigo formato de concurso, e hoje permanece como uma companhia histórica… Pertencente à WWE, claro.
1 – World Championship Wrestling
Restava então a tal dúvida sobre qual das duas ficava na primeira posição. Se a ECW é bem mais preferida pelos fãs actualmente que se recordam mais das asneiras que esta companhia fez, que realmente conseguiu ofuscar muita da coisa boa que fizera antes, considerei a WCW mais importante e a razão tornou-se óbvia. Esta foi a companhia que realmente fez frente à WWF, que competiu directamente com ela e, algo impensável nos dias de hoje, chegou a estar a vencer e a quase levar a WWF ao fundo. Quase! Fundada em 1988, passou por várias fases e formatos até encontrar em Eric Bischoff alguém que podia tentar fazer frente à constante supremacia do produto da WWF. Arriscou em grande, em 1995, quando apresentou o programa Monday Nitro, a competir directamente com o Monday Night Raw da WWF, dando origem às lendárias Monday Night Wars, de que nunca falam actualmente nem nunca falaram. E estavam a vencer. O produto era bom e fresco. Os talentos da WWF estavam todos a saltar para este lado, empobrecendo a lista de estrelas da WWF. Esta viu-se à rasca com o produto televisivo e com as finanças. Impensável nos dias de hoje. Mas lá tiveram que dar a volta. Mudaram completamente o seu formato, mudando a atitude para algo mais apelativo, focando-se em novas estrelas que agradavam o público. Nascia a Attitude Era e a WCW parecia responder com o que quase parecia auto-sabotagem. Antes de darmos por isso, o antigo produto superior tinha o Hulk Hogan a ganhar títulos com um dedo e os resultados das gravações do Raw a ser anunciados em TV para “manter uns rabos nos assentos”, originando exactamente o contrário. A coisa ficou preta para a WCW e, num instante, coisas como viagra estavam penduradas em postes, mães de lutadores eram colocadas no topo de empilhadoras como prémio de combate, Rick Steiner entrava em rivalidade com o Chucky, dos filmes e o David Arquette era Campeão Mundial. O que lhe restava… Enterrou-se a si própria. Em 2001, a WWE obteve-a num acto histórico, serviu para a história da Invasion e ficou lá guardada e recordada no seu cantinho na videoteca da WWE. Sempre recordada como a humilhada derrotada, com um esfregar da vitória na cara sempre que possível. A lição: por muito que se tente, ninguém ganha ao Tio Vince! Ah, velho sovina!
Por aqui fico, o Top Ten não é para fechar como estas desgraçadas empresas. Uma coisa que também precisa, pelo menos esta edição, para continuar a ter vida não é dinheiro, é apenas a vossa participação. Mas se também me quiserem dar dinheiro, seria rude da minha parte recusar. Comentem o artigo, as companhias que conheciam, que até gostavam que ainda existissem. Acrescentam alguma que se recordem, nem que seja alguma mais independente, que achem pertinente. Podem também deixar os vossos cêntimos em relação à posição futura da TNA: em breve nesta lista ou não. Tudo o que quiserem acerca destas jóias do passado. Para a semana, lá está, isto não deve fechar portas, pretendo cá estar de novo. Portem-se bem, uma continuação de boas aulinhas para quem ingressou nelas e até à próxima! Deve haver algum PPV para breve, mas um gajo perde-se!
11 Comentários
Ótimo artigo. É uma pena por uma crônica como a sua não ter o feedback que merece. Sempre inovador e suas tiradas são sensacionais.
Sensacional artigo Chris , de todas eu só não conhecia direito a xpw a única coisa que sabia deles era aquela briga que tiveram com a ecw em um evento
Bom artigo, dos melhores que já escreveste. Gostava que a Stampede Wrestling ainda estivesse no activo, de certeza que viriamos muitos bons combates por lá. De resto, GFW? Tem estado tão apagada, ainda existe? 🙂
Belo artigo, de todas a que mais acompanhei foi a WCW, de 1996 a 1998 a WCW foi fenomenal, talentos como o Ric Flair, Hulk Hogan, Sting, Goldberg, Chris Benoit, Jericho, Rey Mysterio, Eddie Guerrero, Dean Malenko entre muitos outros grandes wrestlers. O melhor da WCW foi com toda a certeza a NWO, mas também foi o que originou a sua queda, o melhor ano da NWO foi 1997 mas infelizmete acabou muito mal com aquele final horrival no Starrcade e apesar de terem acabado de contratar o Bret Hart ele nem lutou, serviu apenas como arbito (devia ter sido logo o arbito de inicio do Sting vs Hogan, pelo menos não iria fazer nenhum botch).
Mas mesmo depois de tudo de mal que a WCW é o melhor que vai ficar na minha cabeça, NWO, criação de um Cruiserweight Division, uma abordagem mais adulta nas storylines, a sua maior criação, o Goldberg entre muitas outras coisas.
De qualquer maneira mais um grande Top Ten da tua parte Chris, um dos melhores.
* o meu texto tem alguns erros mas a culpa é do meu teclado, as vezes não assume a tecla.
A FCW era loka e a ECW mais ainda
Chris Sempre inovando
Excelente trabalho Chris!
Ótimo artigo, tenho boas recordações da WWECW, tinha o Miz e o Morrison, e deram algum destaque para o Cristian, além do fato da segunda versão do ECW Championship ser muito bonita.
Genial, sendo a única falha não colocar uma companhia que revelou Michael Tarver na primeira posição
Belo apanhado histórico, ótimo arigo.
Fantástico! Tua escrita cativa!