8 – Quando as “near-falls” resultam
A anatomia de um clássico e de um grande combate variará sempre. Pode estar todo só na exibição atlética e na troca de spots impressionantes. Um desses já é capaz de deixar o Sr. Meltzer a precisar de uma caixinha de lenços por perto. Outros vão mais pela psicologia, pela forma como envolvem o espectador, pelo prolongamento da tortura que é ter-nos na beira da cadeira, à espera do momento do salto.
Isso faz com que se banalizem algumas coisas, à procura do clássico. Já se tornou enfadonho aquele spotfest que é uma execução de move atrás de move, cinco finishers e “kick out” seguido de outro “kick out” que é ripostado por mais um “kick out” e que origina mais um “kick out.” Começam a perder o significado, a força, muita da emoção. Fez mais para desvalorizar finishers do que para criar combates clássicos. Felizmente no anterior Sábado tivemos um exemplo de um belo combate cheio de “near falls” que resultou lindamente, teve algum significado, e deu num combate magnífico que lembraremos para sempre.
Também ajuda ter culminado uma das storylines mais marcantes dos últimos anos, na WWE. A união de Sami Zayn a Kevin Owens para destronar a Bloodline, tendo sido ainda os únicos a conseguir a sua parte. O combate com os Usos foi um digno main event – primeira vez que o main event de uma Wrestlemania é pelos títulos Tag Team, e segunda vez que o main event é um combate tag team, desde a primeiríssima – e cumpriu com tudo o que prometia e mais alguma coisa. Tremendo combate e sim, esteve cheio de “near falls” e “kick outs” a manobras das quais ninguém conseguia fugir. Ou dos imbatíveis Usos ou dos unidos irmãos-mas-não-de-sangue que faziam daquela a sua missão, especialmente Zayn, o membro traído, que mais lágrimas, suor e sangue tinha para derramar ali. Sentimos cada um daqueles ombros a levantar-se à rasca, enquanto nos era vendido de forma credível que nenhuma daquelas equipas conseguiria ser batida e isto ia ter que ir a prolongamento na noite seguinte. Quando aconteceu, foi feito com imposição e com um ponto de exclamação em vez de um ponto final. Cumprido. Está aí um clássico, como queríamos.
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