10 Momentos históricos de violência – Top Ten #426

8 – The Public Enemy vs… Cadeiras?

Se falamos disto da violência e das coisas extremas, temos que falar da casa que praticamente patenteou isso do “extremo.” Que pegou no seu original nome e mudou mesmo o significado do seu “E” para “Extreme.” Inevitável falar-se da ECW, quando a sua existência só podia ser o que preenchesse todo este Top Ten.

Mas é curioso olhar para a sua transição. Bem sabemos que quando era originalmente a Eastern Championship Wrestling, no seu início, a tentar estabelecer-se em TV, era completamente diferente. Mas procurava sempre como se distinguir. Queria estabelecer-se num mundo dominado pela WWF e pela WCW, nem que fosse como algo mais alternativo. Então começaram a ficar progressivamente mais “edgy.” Começou a notar-se a mudança de ambiente, andavam os performers a ficar mais loucos e à vontade, e a paixão dos fãs começou a ferver cada vez mais. Foi uma transição progressiva mas aponta-se ali o decorrer do ano de 1994 como a altura em que se começou a notar cada vez mais a ECW a ficar ECW. Selou-se quando se anunciou a passagem de “Eastern” para “Extreme” mas, para isso, coisas deveras “extreme” tinham que já ter acontecido.

Peguemos num bom exemplo e que seja protagonizado por alguns dos melhores representantes dessa vertente. E hoje caras inegáveis da “Old School ECW.” O veterano de todos os veteranos, renovado e inovador da violência, Terry Funk. O emergente brawler influenciado por esse mesmo Funk, Cactus Jack. Num combate entre eles, foram interrompidos pelos Public Enemy, tag team cada vez mais quente naquela arena, constituída por Johnny Grunge e Rocco Rock que, prontos e dispostos a trazer as ruas onde foram criados para o ringue, tinham bem menos de wrestling do que de mera briga. E não paravam de crescer. Interferiram e obrigaram Funk e Jack a unir-se para se defenderem. No meio desse reboliço, Terry Funk tem a brilhante ideia de pedir uma cadeira… A um fã. Que respondeu de imediato. Assim como uma arena inteira. Num instante choveram cadeiras, com toda a plateia a atirá-las para o ringue, não em motim, mas meramente em celebração e para participar. Debaixo do monte de cadeiras, que não parecia acabar nunca, estavam os Public Enemy. Por cima do monte estava um livrinho de história com um capítulo novo pronto a ser escrito e sempre acompanhado de cânticos de “EC Dub!” que viriam a ficar como marca. Num momento tão representativo da loucura daqueles tempos. Hoje em dia não dava para fazer disto e nós próprios questionaríamos a sanidade mental daquela gente toda, em prol do bem estar físico dos performers ali debaixo, que podiam ter saído dali com todo o tipo de danos. Mas na altura…