3 – Um “Loose Cannon”
O filho, tendo um maior destaque actual no NXT do que na AEW onde deu os seus primeiros passos mais notórios, vai tendo uma atitude que o faça lembrar. Lexis King faz referência aos seus genes, contudo a gimmick partiu da sua emancipação dos mesmos, procurando sair de imediato da sombra do pai. E ainda bem. Porque não é um posto fácil de se ocupar.
Brian Pillman foi um notável Superstar precisamente pela sua capacidade em manter o público na dúvida: deixava tudo ali na linha entre o real e o fictício e, dado o problemático que era na sua vida pessoal, também aparentava já estar suficientemente afectado para ele próprio já não saber bem onde começava e onde acabava a personagem. Isso mais perto do fim. Quando se fez notar sabia exactamente o que estava a fazer. Estava a levar as coisas um pouquinho mais longe, a dar que falar, não ia ser só um loirinho de baixa estatura destinado a ser o Jannetty para o Shawn de Steve Austin. Ia ser o “Loose Cannon.” O tão imprevisível Loose Cannon. Qual o momento aqui destacado para o Top Ten? É mais fácil inseri-lo a ele, de modo geral, a englobar todas as maluqueiras que tenha feito, que é mais fácil.
Desde o “I respect you, booker man” a surpreender o “booker man” Kevin Sullivan, tomando ele próprio a iniciativa de fazer esse ligeiro levantar da cortina para os bastidores, que a coisa nunca mais iria tomar controlo. Desde invasões à ECW, ao inevitável e destacável desacato doméstico que o levou a pegar numa arma e apontá-la para o antigo parceiro e amigo Steve Austin, algo ainda inédito em programação de wrestling, que viu a sua cega mas ruidosa conclusão incógnita… Pillman deixava os espectadores nervosos. Viam apenas um tipo descontrolado. Que até podia estar a começar a ficar mas, no seu tempo… Se calhar era só um tipo à frente do seu tempo e que sabia como contornar um segredo cada vez mais difícil ou impossível de se guardar. Lexis pode tentar parecido hoje em dia mas… Luta numa geração em que a internet já não o permite.
2 Comentários
Que excelente artigo! Ja me prendeu com a excelente introdução. Me identifiquei com a parte “bons tempos de infância sem internet…bom recuperar ingenuidade” acho que o autor resume o sentimento de muita gente ao ver wrestling quando criança/miudo e o contraste de agora, com internet a disposição e ter a noção do que se passa realmente nos bastidores… muito bom
Não sei qual tiraria, mas colocaria aqui sem dúvida a promo do Paul Heyman direccionada ao Vince McMahon no último SmackDown antes do Survivor Series de 2001. Algo que me diz que o “I hate you” do Rollins ao Punk também foi inspirado por essa promo do Heyman.