1 – Firefly Funhouse Fritanço
E que mais podia ser? Pronto, a entrada anterior realmente engloba muita coisa. Mas assim é batota, ah e tal, o primeiro classificado é tudo. Não, o primeiro classificado é esta trip de ácidos tão marada que consegue desafiar qualquer lei, entrar no paradoxo e, por si só individualmente, ser mais estranha que o total. É, merece esse destaque.
Fala-se de coisas já aqui mencionadas. A bizarra Wrestlemania pandémica. Combates cinemáticos. John Cena. Ingredientes de peso. Misturados… Sai uma coisa que ainda hoje não conseguimos explicar muito bem. Foi na segunda noite da Wrestlemania pré-gravada, ou seja já tínhamos noções de como aquilo funcionava. Combate cinemático? Tínhamos visto um também. Entre Undertaker e AJ Styles. Jeitoso e realmente fora do comum, mas nada assim tão over-the-top. Então que venha outro. Que entremos na mente de Bray Wyatt e/ou no subconsciente de John Cena, ou ambos, e passemos por uma viagem de simbolismo, história e percurso da carreira de Cena, paralelismo com outros heróis aos quais é comparado, muita escuridão e medo e, supomos nós, algum tipo de ácido ou qualquer outro alucinogénico natural ou químico.
Corta para a imagem de Titus O’Neil boquiaberto e de mãos na cabeça, assim que acaba. Não há outra reacção possível. Também nós estávamos todos como o Warrior Award Hall of Famer naquele momento. Diz que foi um combate. Foi vendido e assinalado como tal, um surreal e único “Firefly Funhouse match,” que nunca será repetido. Teve um pin ao fim, realmente. E querem saber a melhor? Única vitória de Bray Wyatt na Wrestlemania! Só no seu tenebroso ambiente é que podia ganhar, ao que parece. Quanto ao Cena… Ele partiu para Hollywood e mesmo assim não devia estar preparado para isto. Que ande a matar quantas pessoas com borboletas invasivas a controlá-las que queira e consiga… Que nunca recriará algo tão surreal como esta visitinha ao mundo Wyatt. Que deixará tantas saudades!
É este o Top Ten, é este o tributo que o espaço presta a Bray Wyatt. Ainda com tanto para dar. De uma criatividade única. Daí que até se entendesse que as suas ideias nem sempre resultassem igualmente bem. Daí que este não seja um ranking a fazer questão de realçar que ele só resultava às vezes. Nada disso. É mesmo para reforçar a ideia de que era alguém tão singular, que até era difícil acompanhá-lo. O certo é que não passava despercebido ou permitia que se fizesse esquecer. E fica também aquela pena de não ter tido a chance de dar asas à sua criatividade fora dos limites daquele quadradinho rodeado por cordas. Quem sabe onde poderia chegar. E é das coisas que doem sempre, ainda para mais quando se é tão jovem e com tanto pela frente. Partidas cruéis que a vida prega. Tudo se intensifica ainda mais quando chega à hora do tributo e levanta-se a cortina das personagens e desvenda-se o homem, que ele ainda conseguia manter bastante protegido para manter alguma mística à volta desses seus bonecos. E acontece que o monstro era mesmo só a personagem e todos dizem o mesmo: Windham Rotunda era mesmo muito bom homem. E é por tudo isso que ainda existirão algumas gargantas que se entopem, mesmo já tendo passado alguns dias desde tão inacreditável notícia cujas primeiras reacções do povo foram “deve ser algum work para uma nova personagem” ou “o twitter do Triple H deve ter sido hackeado,” tal era a incredulidade. Perdemos um Superstar de topo, de quem esperávamos ansiosamente o regresso, independentemente do quão boa ou menos boa tenha sido a sua anterior passagem. Era assim com ele, a nossa atenção presa era garantida. E agora fica este pesar, parece que também nós perdemos um amigo. Estranho mas era assim que gostávamos dele, sabíamos que pelo menos aborrecidos nunca estaríamos. Fica também um grande agradecimento ao lendário Terry Funk, que teve a chance de fazer de tudo e mais alguma coisa, aproveitar bem a vida para deixar a sua inigualável influência, sempre com maiores riscos que outros comuns. Algo triste mas para o qual já nos tinha preparado. E acendamos as nossas lanternas e sigamos os buzzards.
“I am the colour red, In a world full of black and white. I am the eater of worlds. I, Bray Wyatt, am forever!“
E aqui fica o tributo e o Top Ten desta semana. Volta para a semana, para ser mais animador. Apesar que a celebração de uma vida deve ser sempre animada. Ainda não entramos numa sequência de temas relacionados, mas dá para voltar para outro acontecimento mais positivo deste Verão, que foi o sucesso do All In. Um regresso ao berço da AEW, que até nos faz recordar aquele seu nascimento. Coisas dão voltas, pessoas vão e vêm e até há as controvérsias – que conste que broncas com estrelas praticamente cimenta que são uma companhia grande! E até dá para já nem lembrar as diferenças do seu tempo inicial. Então voltemos a subestimar as vossas memórias: na próxima semana será uma lista com dez estrelas que já nem se lembram que fizeram parte da génese da AEW! Valerá a pena? Nem que seja para espreitar, venham lá daí!
Um bom pica-boi a todos, agora que o Verão se despede, mas que venha agora uma óptima recta final do ano para todos. Força aí à juventude que retoma aulas. De volta à rotina, até mesmo esta! Fiquem bem e até à próxima!
5 Comentários
Que descanse em paz!
Lutas temáticas, Hell in a Cell, grandes personagens e muito mais, esse era o Windham/Bray, alguém que nos proporcionava grandes momentos, nos deixa grandes saudades e memórias, descanse em paz Windham!
A 11° poderia ser talvez a liderança da Waytt familly
O número 1 só podia ser este. O magnum opus da carreira do Bray Wyatt foi esse momento com o John Cena na WrestleMania.
E aquela citação que escolheste para acabar… Vieram-me as lágrimas aos olhos quando incluíram isso no vídeo de tributo.
O Bray foi o meu favorito nos últimos 10 anos, mesmo que em metade desse tempo eu já nem veja isto com muita atenção. Por exemplo, nunca vi o tal HIAC com o Rollins nem o combate em que ele venceu o Título Universal pela primeira vez. Também pouco vi da feud com o Strowman, só mesmo o combate do SummerSlam em que ele conquista o Título Universal pela 2ª vez e o Roman Reigns regressa no final como heel.
Mas o pouco que via eram as histórias protagonizadas por ele (e no últimos anos a história da Bloodline). Será sempre um dos melhores em termos criativos e isso nota-se pelo respeito que tem na indústria, além das qualidades como pessoa.
O Bray Wyatt era realmente fora da caixa. Bastante original e inovador. Com personagens excelentes e digo com toda a certeza que o The Fiend foi das melhores personagens que existiu na WWE. O Bray Wyatt era mesmo alguém que quando estava na TV, qualquer pessoa pensava: “o que ele vai fazer hoje?” porque estavamos sempre à espera de algo interessante vindo dele. Lembro-me do combate contra o John Cena na WrestleMania na Firefly Funhouse como mencionaste e antes do combate estar à toa de como é que iam fazer isto. E o Bray Wyatt não desiludiu. Fiquei fascinado a ver aquilo e a pensar: só mesmo o Bray Wyatt para fazer uma coisa destas. Ele pode ter pensado na sorte que teve de partilhar este momento com o John Cena, mas aposto que o John Cena também ficou feliz por ter praticipado nesta obra criada pelo Bray Wyatt. Acho que qualquer lutador(a) do roster queria trabalhar com esta mente brilhante. Uma pessoa que não conheço pessoalmente, está a deixar muitas saudades. E esta frase: “I am the colour red, In a world full of black and white. I am the eater of worlds. I, Bray Wyatt, am forever!“ é arrepiante. Linda e poética. É uma frase à Bray Wyatt.