10 Segmentos ligados ao paranormal – Top Ten #513

1 – Warrior amaldiçoado

Antes de andar aí a atormentar pessoas em espelhos, à vista de toda a gente, também Warrior já teve contacto com o paranormal. Não fazia propriamente parte da sua personagem, aquela sua energia animal seria uma coisa fora-de-série mas ainda seria apenas um humano muito intenso, forte e eufórico. Portanto era a vítima.

Meteu-se com o gajo que realmente gostava de manter contacto com o além. Antes de encontrar um outro negócio, uns anos mais tarde, Godfather foi o infame Papa Shango, praticante de vudu e que tinha assim umas tendências estranhas. É recordado, mas nem sempre da melhor das formas.

Então apontemos um problema, ou um “problema,” se virmos que isso realmente até nem estorva assim tanto, para o surrealismo do segmento ser questionável. É que hoje em dia a gente encolhe os ombros, ri-se e avança porque sabe com o que já está a lidar. Mas nestes tempos, em 1992, o kayfabe estava vivo e ainda a ser protegido. A principal ideia vendida é de que aquilo era um desporto de competição legítimo, pelo menos para os mais inocentes.

Se o herói ganhava é porque o herói era mais forte. Se um lutador tinha uma certa personagem, é porque ele era mesmo isso. Se o Papa Shango era um bruxo tribal que praticava vudu e amaldiçoava pessoas, então Papa Shango era isso mesmo. Talvez uma gimmick que mais colocou a linha do realismo em causa, talvez mais ainda que o Undertaker, que sempre dava para ir vendendo como um mero acto para intimidar adversários.

Então a coisa das maldições tinha que originar assim uns segmentos fantásticos, como uma entrevista com Ultimate Warrior, a vítima. Nessa, o popular ex-WWE Champion começou a balbuciar coisas sem sentido. Pronto, mais do que o costume. Aparentemente possuído, também ele começa a transpirar um líquido escuro, para dar ideias à Alexa Bliss anos mais tarde, e a vomitar. Estava amaldiçoado. E, lembrem-se, se era aquilo que estava a acontecer, era aquilo que estava mesmo a acontecer.

Não foi um segmento que ficou assim tão over, assim como toda a personagem do Papa Shango, que arrecada prémios de “pior gimmick” e outras coisas de semântica próxima. O povo, depois desta e muitas outras, – como o final botchado do main event da Wrestlemania VIII – deve acabar por preferir o Godfather. E as maldições do Danhausen, que isto hoje em dia é muito diferente.


Por aqui ficam estes dez momentos bem dignos de um filme de terror, já que está no tempo deles. Podem comentá-los, os que lembram, os que têm agora o gosto de conhecer, outros que vos ocorram – podem ser daqueles mais evidentes que talvez tenham sido evitados por facilitismo e maior inclusão de coisas diferentes – e até o que acham deste elemento ocasionalmente numa modalidade que procura, não sempre mas maioritariamente, a vertente do realismo.

O espaço é vosso e espero que tenha sido um artigo do agrado que proporcione conversa. Até podem manifestar o quanto não gostam de momentos destes. Mas ao menos a maior parte do que está aqui até ficou bem feito. Uns melhores do que outros. Mas não ficaram todos assim tão parvos. É que às vezes querem fazer as coisas mas perde-se o efeito e conseguem tudo menos o susto. Às vezes corre menos bem. Vamos ver se há dez falhanços destes para aqui constar na próxima semana, na lista de dez segmentos que falharam em ser assustadores. Não quer dizer que estes aqui vos tenham asustado. Mas, para diferenciar verdadeiramente… Venham cá ver na próxima semana. Espero que estejam bem e que este tempinho que passou não vos tenha causado assim muitos estragos. Fiquem bem e até à próxima!

1 Comentário

  1. O Fiend era já paranormal, tinham superpoderes, levasse o que levasse, ele sempre se levantava.