Brain Buster #113 – 5 Lutadores Subvalorizados

2 – Bea Priestley/Blair Davenport

Segue-se a mais recente lutadora a assinar pela WWE e a ser reencaminhada para o NXT UK, a Bea Pristley, daqui em diante com o nome Blair Davenport. Confesso que é uma lutadora que conheço à bastante tempo, desde os tempos em que ver wrestling britânico se estava a tornar moda para um fã de wrestling da altura. Desde a sua presença em shows da WCPW, PROGRESS ou RevPro, a Bea sempre me pareceu uma lutadora interessante e, principalmente, uma heel muito fácil de odiar e com heat instantâneo, até pela força do seu aspeto. Contudo, ela ainda era bastante nova (ainda é, tem apenas 25 anos) e era notório que ainda não se havia encontrado como lutadora, enquanto a personalidade que a mesma queria transparecer.

Foi então que, passados alguns anos, a mesma rebentou na Stardom, chegando mesmo a tornar-se a sua campeã principal. Durante esta sua run, a mesma tornou-se numa das lutadoras que mais gostei de ver, principalmente pelos muitos bons matches que foi sempre apresentando com o talentoso roster da Stardom, e isto numa altura em que ainda não se assumia deliberadamente como antagonista, mas apenas como heel em comparação com o apoio que as suas adversárias iam tendo do público. Mais tarde, o seu heel-turn, com a traição às Queens Quest e juntando-se às Oedo Tai tornou-a, a meu ver, a melhor heel feminina do wrestling atual. É que a mesma é tão capaz de criar heat de um momento para o outro, seja com uma promo, com um ataque violento e perspicaz, com batota, etc.

Penso que visualmente a sua apresentação é excelente, quem olha para ela vê imediatamente uma estrela, tendo-se tornado numa lutadora fisicamente bem grande para a média atual. Por outro lado, é do tipo de heels que pessoalmente me fazem o gosto: não faz nada que uma pessoa goste de ver, quando ganha vantagem no seu combate é sempre por batota, fruto do acaso ou aproveitando-se de um erro da babyface e, principalmente, quando a babyface está quase a completar o seu comeback, é capaz de mudar a faceta do match com qualquer um dos seus golpes, pois visto que são todos muito duros dá a impressão que a mesma pode acabar o match ali mesmo ou que será muito difícil a babyface consegue recuperar rapidamente daquele golpe, criando apreensão no público.

Mas a Bea não está tanto nesta lista por aquilo que não ganhou e deveria ter ganho, visto que algo longo da sua carreira ganhou imensos títulos e esteve presente em vários main-events e feuds interessantes nas quais as várias promotoras em que esteve sempre apostaram. Decidi sim colocar aqui a Bea porque é uma lutadora que normalmente costuma até ser acusada de ser overrated e de não ser nada boa enquanto wrestler, afirmações com as quais discordo, como foi percetível por estes parágrafos. Espero que no NXT UK continue a fazer o mesmo trajeto que fez até aqui. Por outro lado, eu sei que em relação a ela há problemas da sua vida pessoal que vieram a público e que torna muito duvidosa a imagem que temos dela enquanto pessoa. Seja como for, enquanto wrestler, e apenas enquanto wrestler, é isto que tenho para vos dizer.

1 – Jinder Mahal

Por fim, fecho esta lista com um lutador ao qual já dediquei um artigo de defesa e que continuo a achar que é bastante subvalorizado pelos fãs. Muitas das críticas ao mesmo são em relação ao seu talento no que diz respeito ao in-ring, críticas que não acompanho. O Jinder escolhe sim usar um estilo que privilegie o mais simples ao meu complexo e, principalmente, que valorize a sua personagem enquanto heel, e nunca, mas nunca, tentando fazer algo que os fãs possam vir a gostar. É por isso que tenta sempre que o babyface nunca ganhe controlo, que saque os big moves apenas quando necessário, entre outros aspetos. Por outro lado, mesmo que o Jinder fosse um pouco limitado, que até acredito que possa ser, para mim, encontra-se na fed certa. A WWE nunca foi conhecida pelos seus combates do ponto de vista técnico, mas sempre sim pelos seus big showdowns entre duas personalidades imensas que se complementavam muito bem. Ora, o Jinder, mesmo apresentando um estilo de combate bastante diminuto, valoriza sempre todos os outros aspetos que se procura num lutador da WWE, desde logo o look e a sua apresentação, a sua capacidade de marcar uma presença, o facto de ter conseguido desenvolver uma personagem bigger than life e de se ter tornado num dos poucos heels com verdadeiro heat da nossa geração, e tudo isto sem ter sido devidamente construído, pois se fosse talvez a conversa tivesse sido diferente.

Por tudo isto, sempre achei que o Jinder foi e continua a ser um dos lutadores mais underrated da atualidade, e isto quer em relação aos fãs, quer em relação à sua carreira na WWE. Descontado os anos pré-2017 em que o mesmo era realmente uma nulidade enquanto lutador, por outras palavras, um “Baron Corbin desta vida”, nos anos que seguiram à sua conquista o Jinder raramente pôde continuar a ter o desenvolvimento que a sua personagem, atingido o topo, deveria ter continuado a ter, tendo sido vítima do booking da WWE, que não valoriza nada nem ninguém e que aposta muito pouco para tanta tentativa. Ultimamente, tem tido problemas com lesões e infelizmente tem demorado a voltar a ter uma run de regresso ao topo. Seja como for, é um lutador que considero adequado para o estilo que a WWE sempre quis oferecer, que chegou a dar bons combates com o Randy Orton com este numa fase de completo desleixo e merece pelo menos fazer parte dos quadros de destaque da WWE.

Hoje ficamos por aqui.

Até para a semana e obrigado pela leitura.