Depois de Eden ter defendido a atitude do seu marido, perante as críticas dos fãs, é a vez de Cody Rhodes usar o blog da esposa para explicar porque voltou como Stardust e porque quer enfrentar Arrow. O blog é dirigo a Dusty.
Aqui está a entrada:
“Onde começo? Porque me quis tornar lutador profissional? Ora, aqui está algo que só partilhei com o meu patrão. Nunca cheguei a partilhar com o meu pai.
Foi uma fotografia.
Uma fotografia que costumava decorar o quarto dos meus pais, na nossa velha casa em Marietta. O quarto com uma cama enorme, do tamanho de um apartamento de Manhattan.
É uma fotografia de Dusty Rhodes com o Título da WWWF (World Wide Wrestling Federation). Foi tirada a 26 de Setembro de 1977, na arena mais famosa do mundo: Madison Square Garden. O meu pai contou-me as histórias do Studio 54, de estar com a minha mãe no Warhol, dos polícias a andarem a cavalo e as noites na broadway.
Mas, com sete anos de idade, estava confuso. Estava confuso porque o meu pai nunca foi campeão da WWWF.
Foi então que ele me contou. O meu pai contou-me que tinha vencido, porque o adversário tinha sido contado fora do ringue. Um Título não pode mudar de mãos por desqualificação ou contagem. Por isso, tiraram-lhe o Título.
Foi então que soube. Aos sete anos de idade, soube de imediato qual seria o meu trabalho. A minha missão.
E, como é natural, fiquei obcecado com Wrestling. Tentei saber tudo o que havia para saber sobre a história da indústria e as manobras. Mas, a missão nunca mudou.
O objectivo era vencer o Título, agora WWE World Heavyweight Championship, pô-lo no ombro do meu pai, enquanto ele assistia na primeira fila com a minha mãe e as minhas irmãs. Então, tinha finalmente a oportunidade de lhe dizer: “Desta vez, ficamos com ele. E tinhas razão… é real.”
Esse sonho morre contigo, Dream. Não consegui.
Se vou ser sincero, desde Miami que não me tinha afastado tanto deste objectivo. E, pela primeira vez na minha carreira, estava a começar a duvidar se alguma vez o iria conseguir atingir. A audiência começou a associar-me cada vez menos a pessoas como Jimmy Stewart/Gable, e mais com Seth Rogen.
Algumas das disciplinas que achava que me iriam levar ao Título viram a sua importância ser diminuída, enquanto as áreas que se tornavam mais importantes eram aquelas em que, talvez, não sou tão bom. Sei que terias perdido as estribeiras comigo por pensar desta forma.
Terias-me dito que conseguiria ser e fazer qualquer coisa. Afinal, és o homem que iria tocar “The River” de Garth Brooks, todas as manhãs, antes de me deixares na escola.
O mesmo homem que um sem-abrigo de 40 anos poderia abordar, apenas para dizer que queria ser um astronauta e a tua resposta seria: “Começamos por onde? Tenho a certeza que, se quiseres mesmo muito, dentro de três ou cinco anos consegues fazê-lo.”
E terias acreditado nas tuas palavras.
Portanto, quando sonhei com um potencial combate – um cruzamento entre dois mundos, por assim dizer – a minha intenção era ter-te, juntamente com a mãe, na fila da frente, juntamente com mais 19,000 pessoas. E aí, irias ver. Irias ver que eu era especial.
Que poderia estar na tua companhia e ficar de fora da tua enorme sombra sem sentir vergonha. Essa visão já não pode acontecer exactamente como a tive. Tiveste que partir.
Sou extremamente influenciado por livros de banda-desenhada. Genuinamente, considero os livros de banda-desenhada a minha educação desde que dispensei a história do Wrestling. Um dia disse ao bastante talentoso escritor do Batman da DC Comics, Scott Syder, que para a nossa família, eras o Batman.
Soa tão parvo. Mas é verdade. Estende-se a toda a nossa família – padrinhos, tios, um primo que toma conta da campainha, uma linda esposa e apresentadora, dois filhos, vários protegidos, etc… Todos na mesma indústria. Somos todos a família do Batman.
E deixaste-me ser o teu Robin.
Então, o que queres que faça agora? O lugar principal da mesa está vazio. Não estou pronto para te deixar ir. A minha bússola continua a girar, a girar, sem encontrar direcção.
Poucos dias depois de te termos perdido, fiquei com a ingrata função de explorar o teu telemóvel para encontrar os vários números que precisava de contactar para o funeral. E ali estava ela…
A imagem de protecção de ecrã.
Era uma fotografia.
Era o Stardust a trocar olhares intensos com a figura mais valiosa do CW, Stephen “The Green Arrow” Amell.
“…acaba o que começaste, miúdo…”
E foi por isso que mandei quem nós sabemos na segunda-feira. E tenho a certeza que, quando começou a pintar a primeira linha de tinta na sua cara, a sua garganta ficou apertada e os seus olhos um pouco húmidos.
Deixar tudo o que tenho em ringue é a minha prenda para ti. E sei que o homem que, secretamente, queria lutar com Joe Frazier depois do Starrcade 1984 iria adorar isto.
Portanto, pai, espero que gostes do que vai acontecer a seguir e espero que os fãs gostem também. Tal como o Paul te disse um dia, eles não são marks. São clientes.
Em 1978, depois de teres tirado os óculos, para dares a entender que estavas a falar a sério, disseste que fazer os fãs felizes realizava os teus sonhos.
Quando “acabar”, quem sabe? Talvez me junte a Aubrey Sitterson e possamos finalmente escrever um ou dois livros de banda-desenhada de que as pessoas gostem. Talvez, finalmente siga o teu conselho e “viaja para Oeste, meu jovem…” e arranje aquele manager que tanto querias que eu arranjasse. Ou então, talvez meta o equipamento de Wrestling na mala (prometo levá-la comigo no avião, é a primeira regra) e viajar pela estrada, enquanto finjo que sou um cowboy como tu.
O fato de Stardust poderá acabar no armário, ao lado da máscara preta e dourada de Midnight Rider (nunca me disseste porque é que a máscara está lá em primeiro lugar… espera… tu… não eras ele… eras??).
Dar uma faca era dar “laços de amizade” e devolvê-la era cortá-los. Acho que me disseste que isto era uma tradição Apache ou Cherokee. Por isso, dei algumas da tua colecção aos dois garanhões que assistiram à última Wrestlemania contigo e ao teu amigo de booking do NXT.
Não quero fazer promessas em vão, mas estaria a ser descuidado se não partilhasse que, qualquer que seja a área em que estou a falhar, vou melhorar. Ou que farei o meu melhor para trazer “War Games” de volta… ahaha… ou que irei lutar, um dia, um combate com 60 minutos de tempo limite.
Mas, mais importante que tudo isso, vou tomar conta da mãe. Tens a minha palavra. É a única garantia que posso fazer.
Tenho tantas memorias inacreditáveis de ser o teu parceiro. Como quando estávamos na Waffle House e o cozinheiro te perguntou se o ‘rassli’ era falso. Levantaste-te tão rápido e deste-lhe uma estalada tão forte que lhe viraste o chapéu ao contrário, enquanto lhe respondias “Isso foi falso?” e lhe descrevias como querias o pequeno-almoço.
Não sei como, tornaste-te grande amigo desse mesmo chefe.
Ou como quase todos os miúdos que estudaram no Lassiter High School e jogaram futebol americano tiveram a oportunidade de ver os teus discursos motivadores que conseguiam fazer um orador experiente tremer. Depois de todas as maravilhas que fizeste com aquele simples programa para júniores e com o seu lema “O que é que vai custar? Tudo o que tens.”, eles ainda te chamam treinador.
Mas, a razão pela qual pedi para não fazer os DVDs e cancelei todas as minhas aparições que me forçavam a falar é bastante simples. Todas estas memórias são minhas e quero agarrar-me a elas por mais um bocadinho.
Entendam o próximo mês como uma prenda minha para ele.
Obrigado por lerem.”
Fonte: BeingBrandiRunnels
9 Comentários
Antes de mais nada, excelente trabalho na reprodução do texto.
A mensagem é muito emocionante e até inspiradora, no entanto, esta rivalidade tem tudo para falhar. Vamos ver o que acontece.
Salgado, parabéns pela tradução.
O texto do Cody Rhodes está muito bom. Emocionante, diria.
Força, Cody!
Cody ❤, grande lutador e grande filho!
Grande Cody, fantástico texto.
E obrigado pela tradução Salgado!
Obrigado pela tradução Salgado!
Excelente texto vindo de um grande lutador!
Enorme Cody !
Coisa que poucos se lembram: a última “atuação” de Cody foi brigando com o pai. Lutando para ser ele mesmo, e não a sombra do Dream. Para ser … Stardust?
Roteiro, amigo. Roteiro. Não misture a vida pessoal do wrestler com o script.
Obrigado, Salgado, pelo texto. Juro qud me emocionei…
Obrigada pelo excelente trabalho Salgado.
É muito triste e tenho muita pena pelo facto de o Cody, infelizmente não ter conseguido concretizar o seu sonho.
Bastante comoventes estas memórias do Cody Rhodes.