Sejam bem-vindos à 19ª edição do Signature Move. Agradeço desde já a todos os 14 que comentaram no último artigo relativo à importância de Paul Bearer na construção de Undertaker. Não foi um artigo tradicionalmente lírico como costumo apresentar, mas também não foi sisudo. Creio que se situou no meio dos dois, e que houve a paixão de sempre no tributo a um homem tão importante na indústria de wrestling.

Hoje, trago-vos as acções (que me surpreenderam) de uma personalidade que também não dá muito a cara em shows, nem aparece muito, mas que é fundamental (cada vez mais, acredito e espero eu) para o futuro da indústria. Não é tanto uma personagem, mas anda lá perto…

Claro como água

Toda a gente tem segredos, uns mais bem escondidos e profundamente enterrados, outros menos mas todos os têm e cada um de nós não revela algo. É o conceito de privacidade a entrar em jogo ou simplesmente parte de um jogo estratégico – seja aquele engate que estamos a tentar “arrancar”, seja a reputação que queremos manter perante aquele amigo influente, seja o traço de personalidade que toda a gente pensa que temos mas que é só uma defesa perante as fraquezas e esses tais segredos…

A nível do corporativismo isso também acontece. É inocente julgar que grandes CEO’s têm contas na Suiça por passarem férias no Monte Branco, assim como considerar que as avaliações ao estado das finanças das suas empresas é sempre correcto e que as projecções futuras das mesmas não são avaliadas em alta (eufemismo). Também é inocente pensar que os comunicados à imprensa surgem por acaso e não como estratégia comercial.

Todos (identidades) temos os nossos podres, e não há ninguém que os assuma publicamente. Nem mesmo que esses sejam por demais evidentes! Até em privado, no divã de um psicólogo, será difícil admiti-lo, quanto mais!

É tudo compreensível, embora, no caso das corporações, por vezes desonesto! Enquanto não se influenciar uma decisão e desde que se cresça sem pôr em causa o crescimento dos outros, tudo bem, mas quando isso acontece é claramente reprovável, e é precisamente essa vertente menos verdadeira aquilo que se verifica mais vezes na relação empresas-público.

É difícil admitir o falhanço das vendas de um determinado produto sem encontrar uma qualquer justificação estapafúrdia – ou surgiu à frente do seu tempo e é incompreendido, ou o povo é que é burro e não opta por ele. O orgulho costuma pesar sobre estas empresas.

Signature Move #19 - Claro como àgua!

O wrestling não foge ao caso, e a equipa de comunicação da WWE, por exemplo, revê sempre a sua empresa em alta, e fala sempre em números acima dos estimados por eles mesmos (estudos encomendados e por vezes feitos dentro da empresa) – 10 milhões de LARES, só nos EUA, são fãs hardcore da empresa?! A sério?!  Claro que não afecta ninguém que eles digam isso, mas é obviamente mentira, quando um rating generoso do maior show da companhia costuma corresponder a cerca de 6 milhões de espectadores.

Na TNA não acontecerá tanto isto, mas os escandalos também serão abafados na porpoção da empresa, contudo, eu fiquei com uma impressão completamente diferente do corporativismo e da faceta escandalosamente tendenciosa habitual entre grandes empresas depois de ouvir a presidente da TNA a falar numa recente entrevista a um conhecido programa de rádio:

Signature Move #19 - Claro como àgua!

Como acontece com todos os convidados daquele programa, Dixie Carter foi questionada sobre se queria que não se evitasse alguma pergunta ou se havia algum tipo de tema sensível que a presidente da TNA não queria discutir.

Bem, a lista de tópicos é gigante, e vai desde o incidente com Jeff Hardy no Victory Road de 2011 (onde apareceu drogado, no Main Event) ao mais recente esquecimento (igualmente INCRÍVEL e irresponsável!) de Bruce Prichard relativamente ao término do contrato de Bobby Roode (a entrevista foi feita no passado dia 8). É perfeitamente normal que, perante a exposição, se recusasse a disctuir fosse que tema fosse dentro da polémica, optando por preferir uma entrevista conduzida mais direccionada para o futuro que permitira promover a companhia em alta e com falsas esperanças.

Bem, ao contrário de todos os anteriores convidados (a maior parte deles com cargos muito inferiores ao de Dixie), a presidente da TNA não se negou a discutir nenhum tema, e deu uma entrevista onde conseguiu satisfazer as dúvidas mais sombrias e ainda olhar e fazer ver o futuro com optimismo e a sensação de que a empresa que nasceu em Nashville vai, de facto, dar O salto.

Começando pela presidente, não tenho dúvidas que isso irá acontecer. Só se progride tendo em conta as próprias limitações e assumindo os próprios erros… é esse o primeiro passo para o sucesso, e parece que o realismo poderá fazer crescer a TNA.

6 Comentários

  1. Excelente artigo.

    Não simpatizo muito com a Dixie Carter, mas já deu para ver que ela é muito terra-a-terra, daí a esperança que a TNA dá aos seus fãs num crescimento sustentado e futuro grandioso. Assim é muito mais fácil…

    Em relação aos podres de cada umn, bem, isso é óbvio. Todos os temos e a Dixie não seria excepção 😀

  2. Roberto Barros11 anos

    Belo artigo Juarez, a Dixie Carter parece ser uma pesso bastante sensata e que não foge do assunto, com toda certeza a TNA só tem a crescer em todo o mundo

  3. Um pequeno detalhe antes de mais, a situação do Bobby Roode foi um problema no visto de trabalho e não no contrato, até porque ele ainda tem mais um ano de contrato pela frente.

    Ao que interessa. Para todos os efeitos a TNA é ainda muito pequena quando comparada com a WWE e é natural que os estilos de gestão sejam diferentes. A WWE é uma empresa cotada em bolsa, e aqui em Portugal bem sabemos o quanto os mercados dão sensiveis a todos e quaisquer rumores, dai o cuidado com as entrevistas tem de ser muitissimo maior. Acredito igualmente que os estilos de gestão também sejam muito diferentes e a TNA é nesse sentido uma organização mais familiar e mais afectiva. Isso é descrito por vários lutadores que estiveram em ambas as organizações que compararam o Vince MacMahon e a Dixie Carter. A ideia que tenho é que o Vince é muito mais controlador e duro na sua gestão em comparação a um estilo mais sentimental da Dixie. O Jeff Hardy por exemplo, numa entrevista referiu que se dava bem com ambos, e que o Vince mantinha as relações a um nivel profissional, enquanto a Dixie dava muito importância ao vinculos afectivos, chegando a referir que a filha brincava com as filhas da Dixie.

    Aliás no próprio produto que cada empresa apresenta, é sabido que o Vince tem um enorme controlo sobre todos os detalhes, enquanto a TNA dá muita liberdade (ás vezes demasiada) aos seus atletas e funcionários (por exemplo nas promos que são improvisadas).

    Não senti no artigo que houvesse uma tentativa de dizer que a TNA era melhor ou pior que empresa A ou B e penso que esse é o caminho certo. A TNA tem o seu estilo gestão e percebe-se que gosta de ouvir os fãs, agradecer a ele, dar-lhe boas experiências e também criar um ambiente familiar para todos os que lá trabalham. Parte disso passa por aceitar o bom e o mau que inevitalvemente acontecesse a todas as empresas.

    Á pergunta, perante um incidente grave o que se deve fazer, a TNA responde (geralmente) lidando abertamente com a questão. Se é uma boa estratégia ou não, a história dirá.

  4. gabrielgustavo2311 anos

    Grande artigo Juarez.Com Dixie Carter na presidencia da TNA vai aumentar a empresa,pois ela é muito mais familiar e eu acho que a idéia de não esconder nada numa entrevista é optima pois dá um senso que a empresa não deve nada explicação a ninguém

  5. Vince It Factor11 anos

    A Dixie é uma líder diferente do que tivemos antes, até ver bastante comedida e racional e isso só abona a favor do crescimento sustentado da empresa como temos visto..

    Apenas como já corrigiram Juarez, afinal o Roode era apenas o visto de trabalho..

    Excelente artigo de resto.

  6. vascosilvavasco11 anos

    Bom trabalho Juarez mais uma vez,parece-me que a Dixie é uma boa líder para a TNA porque acho que faz as coisas com calma e racionalmente.